Introdução
Já se imaginou preso em um lugar onde, para se livrar, você precisa vencer templos infestados de armadilhas e protegidos por um guardião? Pois bem, Phantom Abyss coloca o jogador para provar sua destreza e agilidade. Ainda que o jogo não tenha nenhuma conexão clara com um dos aventureiros mais famosos, é impossível não se sentir o próprio Indiana Jones.
A obra entrou em acesso antecipado no dia 21 de junho de 2021, foi desenvolvida pela Team WIBY e distribuída pela Devolver Digital. É o primeiro projeto criado pelo time e está disponível somente para PC. Phantom Abyss é um jogo de plataforma 3D, aventura com uma pitada de roguelite.
Motivação
Primeiramente devo falar dos personagens principais, os templos. Afinal, é dentro deles que o jogo acontece. Mas, para isso, é necessário explicar o porque existem.
Nós somos uma alma presa em um labirinto de templos e, junto de nós, existe uma entidade que pretende também se libertar. Esta nos explica que devemos entrar nos templos e capturar as relíquias no final deles, pois só assim nos libertaremos. Sem mais nem menos, essa é nossa motivação. Fica claro que a história não é o foco de Phantom Abyss e sim a sua proposta e jogabilidade.
Templos
Estes são a parte mais importante do jogo, já que passamos todo o momento aqui. São gerados de maneira aleatória, colocando salas já montadas em diferentes ordens. Após poucas horas de jogo já é possível identificar a maioria dessas salas, o que facilita o avanço do jogo. Porém, hora ou outra eu me deparo com uma nova sala em meio a tantas já conhecidas.
Essas câmaras têm as armadilhas colocadas de modo que atrapalhe o jogador mais desavisado. Perdi a conta de quantas vezes pulei de susto enquanto jogava. Enquanto subia uma rampa, subiam estacas de ferro e me atingiam. Ou então caía algo do teto e impedia meu avanço. Embora elas sejam bem efetivas no início, é possível entender o padrão delas em todas as salas e aí fica muito mais simples desviar e evita-las.
Além disso, existem baús espalhados pelos templos, onde conseguimos dinheiro para melhorias e chaves que abrem os níveis mais baixos do percurso. Essa é uma mecânica bem interessante, pois entrega uma dinâmica na jogabilidade por termos que procurar por entradas escondidas pelo recinto. Claro que também encontramos baús sem precisar procurar por eles, mas é difícil conseguirmos sobreviver só com eles.
E, por fim, temos o guardião que protege o templo. Pelo tempo que joguei, consegui enfrentar três deles. São monstros que aparecem em determinadas salas e atrapalham nossa travessia, seja te perseguindo, atirando raio laser ou jogando bolas que explodem e formam uma cortina de veneno. Confesso que não senti muita dificuldade em fugir deles no início, mas conforme avançamos, eles ficam mais fortes, atacando mais rápido ou mais vezes.

Recursos
Para vencer todos os templos, nós temos apenas a ajuda de um chicote. Tão simples quanto parece, mas o game toma forma devido ao objeto. Ele serve apenas para quebrar alguns vasos que podemos encontrar (que possuem moedas dentro) e agarrar em algum lugar para nos levar até lá. Esta segunda função é o que nos guia durante toda a jogatina, afinal, diversos lugares só são alcançados por ele e também abre maneiras mais fáceis de passar por certas armadilhas.
Conforme concluímos templos, nós ganhamos chicotes com poderes, como, por exemplo, um coração de vida a mais ou gastar menos dinheiro para comprar bençãos. Porém, eles vêm também com um status negativo que só é tirado se concluirmos um templo com ele. Contudo, caso fracassarmos ao tentar concluir o templo, nosso chicote (apenas os com efeito) fica preso lá até alguém conseguir completar.
Por fim, existem as bençãos. Elas custam dinheiro e nos ajudam a concluir nossa jornada. Sempre começando em um valor de 150 e subindo gradualmente conforme compramos uma nova, elas possuem diversos efeitos. Pulo duplo, cura de um ou mais corações, obtenção de mais corações, etc.. Com essas melhorias a nossa travessia fica mais fácil, mas procurar e ir até os baús de dinheiro podem trazer a nossa morte.

Jogabilidade
Por mais que Phantom Abyss pareça (e seja) simples, ele é bem divertido. Não é um jogo para jogar mais de cem horas (mas também nada o impede de fazer) e nem para todo mundo. Sua premissa é bem simples: correr, pular e desviar.
A dinâmica da obra é entrar no templo e correr, entrar nas salas e identificar seu padrão, ir atrás das entradas que possuem baús e abrir, analisar e procurar o caminho mais seguro. É lógico que no começo não vai ser fácil, mas é desafiador o bastante. Até porque as fases possuem três “andares”: o templo, a caverna e o inferno. Então, assim que estamos familiarizados com o design do templo, ficamos com mais confiança para descer até as cavernas, e, depois, para o inferno.
A dificuldade desses andares é bem feita, sendo o templo o mais fácil e o inferno o mais difícil. No final da minha jogatina para fazer a análise eu já não encontrava mais problemas no templo, achava uma ou outra sala nova nas cavernas e no inferno o bicho pegava. Além de novas armadilhas e salas nos andares mais inferiores, os guardiões já estão acumulando melhorias e também se tornam uma ameaça maior.
E, para coroar, Phantom Abyss possui um modo de multijogador assíncrono, onde nós vemos os fantasmas dos jogadores que já tentaram vencer a fase, mas falharam.

Multiplayer
Sendo sincero, eu me perguntava o porquê da obra ter esse modo assíncrono. Quado vi gameplay antes de jogar, não senti nenhum impacto em ver os fantasmas que já fracassaram ali, afinal, eles não conseguiram chegar até o final. Mas, eu me surpreendi.
De certa forma, eles dão uma motivada no jogador. Eu me sentia deixado para trás quando resolvia explorar as salas e via os outros jogadores passando mais rápido. Mas isso não significa que eles são melhores ou piores, e sim que já passaram por essa fase mais vezes que você. Fica nítido que existem fantasmas mais experientes que você como também menos.
E cabe a você decidir como entender a presença deles ali. Como eu disse, no início eu não entendia, mas assim que encontrei minha primeira dificuldade com as armadilhas, eu observei um dos espectros para ver como ele resolveu o problema. Depois disso eu comecei a enxergar eles como verdadeiros companheiros, que podem me mostrar respostas que eu não encontrei.
Como somente um jogador será capaz de terminar o templo, após falhar e perder nosso chicote lá, ficamos dependendo dos outros jogadores para recuperar nossa arma. Ou seja, Phantom Abyss mostrou o porquê de usar esse modo assíncrono. Só é possível entender isso quando você está no meio do perigo.

Conclusão
Phantom Abyss é uma obra curiosa. Eu só tive vontade de jogar, sem mutos motivos, talvez seja porque às vezes eu só quero um jogo que não me estresse e que seja rápido. Diferente de outro roguelikes que a progressão após uma morte é clara, aqui é tudo mais ameno e simples. Graficamente o jogo é bonito e ambienta bem o jogador com sua trilha sonora (simples, porém eficaz), apesar de sofrer com quedas na taxa de quadros em alguns momentos. A jogabilidade bem polida e com movimentos responsivos entregam uma experiência bem agradável.
Quanto mais eu jogava, mais ideias para escapar de armadilhas eu tinha. É confuso falar de Phantom Abyss, afinal, ao mesmo tempo que eu gostei bastante da minha aventura, é difícil garantir que você terá a mesma experiência. É uma obra que não tem pretensões fora da caixinha, mas só a execução do jogo já é diferente do que está no mercado. No final, o que eu deixo para você leitor é que, caso você tenha curiosidade sobre o jogo, dê uma chance.
*Chave concedida para análise