Introdução
Apesar de existirem muitos MMORPG’s no mercado atualmente, é difícil encontrar algum que encante. Swords of Legends Online é mais uma opção que surgiu, mas agora, traz a cultura chinesa para nós aqui do ocidente.
Mesmo que o título já tenha saído na China antes, ele só foi lançado para o ocidente no dia 9 de julho de 2021 para PC. Foi desenvolvido pela Wangyuan Shengtang Entertainment Technology CO. e distribuído pela Gameforge.
História
Primeiramente é importante deixar claro que o Swords of Legends Online é um jogo chinês. Então, o conteúdo cultural do jogo é bem marcante para quem tem seu primeiro contato com esses costumes. Esse foi um obstáculo para mim, visto que meu contato com cultura oriental são basicamente os mangás japoneses.
O enredo mostra lâminas lendárias com poderes além do comum. São através dos fragmentos dessas lâminas que os heróis conseguem seu poder. Ou seja, todo personagem possui um resquício de poder dessa lâmina, que em certos momentos conversa com você. Logo no início existe um plot bem interessante, que une o inesperado com o esperado.
Porém, a história principal gira em torno do mesmo enredo da maioria dos MMORPG: algum personagem muito forte possui um poder grande e precisa ser parado. No início, acompanhei a história e fiquei intrigado. Contudo, os diálogos se tornaram grandes e eu me peguei lendo mais do que jogando. Na verdade, isso se estende para todo o jogo. A forma de entregar missão é na conversa, mostrando a resposta do seu personagem com a troca de câmera para ele. Confesso que no começo foi legal, mas com pouco tempo de jogo isso tornou-se massante.
Além disso, não ficou muito claro para mim a função do meu personagem no mundo. Por que eu estava ali fazendo as missões? Por que não é outra pessoa? Nosso personagem aparece na primeira cena do jogo, junto de outros heróis, então parece que já somos importantes de algum modo. Mas, ao mesmo tempo, os primeiros NPC’s que encontramos dizem não nos conhecer. Eu realmente fiquei confuso.
Enfim, a história é interessante e vale acompanhar. Algo que me incomodou foi a dublagem em inglês nas cutscenes. As falas e áudios em geral não estão sincronizados, causando estranhamento.
Uma pequena curiosidade
Eu tenho um amigo que os pais são chineses e ele conhece muito mais da cultura de lá. Quando eu comentei sobre esse fato de me sentir perdido na história, ele me contou que lá é normal as histórias terem o protagonista como o “escolhido”. Pelo que entendi, isso é tão comum por lá que fica subentendido que o nosso personagem é mesmo esse “escolhido” que resolverá os problemas.

Criação de personagem
Em Swords of Legends Online não existem raças diferentes para escolher. Somos sempre humanos, o que varia é a classe. Sendo assim, temos: Spearmaster, Berseker, Spellsword, Bard, Summoner e Reaper. É uma variedade legal, mas senti falta de opções para raça, ainda mais por estar acostumado com diversas raças diferentes em outros MMO’s. O que eu gostei nas classes é que elas são bem únicas, tendo diversas maneiras de jogar com cada uma, depende da build que você montar.
Na parte de customização do corpo, é o padrão. Você consegue mexer na boca, nariz, olhos, sobrancelha, ombros, pernas, mãos, e por aí vai. É capaz sim, de conseguir construir um personagem do seu gosto. Um ponto forte dessa criação é que eu fiz dois personagens e consegui colocar uma expressão diferente no rosto de cada um, o que tornou eles mais únicos ainda.
Outras opções para alterar é o cabelo (que também são opções bem comuns nos jogos do gênero), voz (que, sinceramente, não senti muito efeito in game), acessórios no rosto, cor de olho e tatuagem/maquiagem. No geral, fiquei satisfeito com a customização do personagem, é uma das melhores no mercado.

Progressão/Passar de nível
Esse é o meu maior problema com os MMORPG’s da atualidade. Depois que o World of Warcraft lançou a moda de criar missões onde você anda de um lado para o outro matando monstros e conversando com NPC’s, todos os concorrentes pensam que precisam fazer igual para superar. Eu era jogador de Ragnarok e a maneira mais eficiente de evoluir era matando monstros, muitos, muitos mesmo. Porém, eu sempre criava grupos e ficava conversando enquanto upava, nem via o tempo passar, juntava equipamentos e itens para vender. Isso não existe mais.
Agora, o que existe é uma corrida para ver qual jogador é mais rápido em pegar e entregar uma missão. Afinal, hoje em dia eu não conheço ninguém que lê o diálogo e o porque dela estar sendo feita. Tudo se baseia em pegar, ver o objetivo e tentar concluir da forma mais rápida. Para mim (e para muitos amigos meus) isso desanima e nos afasta do jogo. Principalmente missões que você tem que ficar andando muito de um ponto até o outro.
Swords of Legends Online é também dessa forma. A maneira mais eficaz de evoluir é completando essas missões. E grande parte delas são apenas de conversa, então, nas missões que não eram principais, eu só apertava para avançar de forma frenética. Quando elas pediam para matar monstros, eram poucos (e fáceis). E também existem as missões de interação com item, muitas delas. Ou seja, é bem massante toda a progressão até o “nível máximo”.
O famoso nível de estudante
Nós começamos como novato 1 e avançamos até o novato 36. Quando atingimos esse nível, nós conseguimos evoluir para Estudante 1 e vários recursos do jogo ficam disponíveis. Por exemplo, uma quest pedia para que eu participasse de um evento específico que eu não encontrava. Fui pesquisar e descobri que eu só conseguiria acesso quando atingisse o nível de estudante 1.
O problema começa quando você fica limitado a fazer coisas “simples” do jogo pelo nível. Não é simples (nem rápido) alcançar essa patente de estudante 1, me desanimando por diversas vezes.

O que fazer no final?
É esse o foco da maioria dos jogadores de MMORPG’s, o famoso late game. Alguns jogadores são fissurados em PvP (jogador vs jogador), outros preferem o conteúdo PvE (jogador vs máquina) e também existem os que gostam dos dois tipos.
Infelizmente, o Swords of Legends Online não possui muitas opções para o fim do jogo atualmente.
Para os conteúdos PvE estão disponíveis apenas cinco masmorras. Três delas estão disponíveis no começo do jogo, e as outras duas somente quando atingirmos o estudante 1. O que resta para fazer é concluir elas no modo difícil e buscar o melhor equipamento. Apesar de já terem anunciado novas masmorras, é necessário ter outro tipo de conteúdo PvE para o jogo, definitivamente.
E para o PvP, também são poucas opções. Na verdade, além do duelo contra um personagem que não vale nada, existe somente uma opção que te dá recompensas. Contudo, a quantidade recebida dessa recompensa é bem baixa para conseguirmos melhorar nossos equipamentos de PvP. Se quiser ter os melhores equipamentos, você precisará investir bastante tempo mesmo para isso.
O que ajuda, pelo menos, é que o combate do jogo é bem legal e polido. O ping não atrapalha tanto (o servidor fica nos Estados Unidos e jogamos com cerca de 150). As animações dos golpes são bem feitas e seus efeitos também, sinalizando bem para o jogador qual poder está sendo utilizado.

Direção de Arte
Bem como o combate de Swords of Legends Online, o gráfico é muito bonito. Me deparei com muitas paisagens bonitas durante a jogatina. A diversidade dos mapas também é bem grande e todos são bem feitos. Com a finalidade de imergir o jogador no mundo, existe uma mecânica criada para estimular a exploração dos mapas. Uma vez que você chega perto de um tesouro, aparece uma barra abaixo da sua bússola indicando para que lado ele está e você é guiado pelo som para encontrar o item. Eles não são nada de mais, mas são uma mecânica bem interessante e diferente de exploração.
Ainda falando da parte estética, algo que me incomodou foram os NPC’s. Visto que eu já comentei acima sobre o jogo ser sobre a cultura chinesa, todos os personagens possuem o mesmo esteriótipo: são magros, altos, de cabelo liso e muito brancos. Minha personagem era morena e meus amigos que me viram jogar falavam que eu era vermelha, só por conta da discrepância que existia entre a cor que escolhi e os demais personagens.
Algo importante para pontuar é que o jogo não é Pay-to-win (não é possível comprar atributos com dinheiro de verdade). A loja do jogo dispõe somente de itens cosméticos que são muito bem feitos e bonitos. Infelizmente, o que já parece ser caro até para os padrões de fora, chega ainda mais caro para nós.
As músicas são bem legais e gostosas. Combinam sempre com o momento em que estão. Apesar de encontrar músicas na internet onde havia letra, durante minha jogatina eu só me deparei com músicas instrumentais, o que me agrada bastante. Toda cena e momento vinha acompanhado com uma boa trilha sonora que fechava o combo de forma muito agradável.

Conclusão
Swords of Legends Online me causou sensações diferentes. Em princípio, eu não gostei do jogo, mas conforme eu fui jogando mais e mais, comecei a me interessar pelo mundo e pela jogabilidade. Apesar das missões massantes me atrapalharem, o mundo vivo, bonito e intrigante me fez seguir a jornada. Quanto mais eu explorei o jogo, mais divertido foi jogar, mas quando eu precisava voltar a evoluir, uma sensação de dever recaía sobre mim. É bom deixar claro que tipo de jogo Swords of Legends Online é para você ter certeza do que irá encontrar. Ao mesmo tempo que ele encanta com seu mundo, precisa ter paciência para avançar nele. É uma boa opção que chega ao mercado ocidental de MMORPG’s, oferecendo uma temática diferente da que estamos acostumados e, o mais importante de tudo, sem vantagens por gastar dinheiro no jogo.
* Chave cedida para análise