Minute of Islands é um jogo de aventura em 2D desenvolvido pelo Studio Fizbin e publicado pela Mixtvision Games. Mo é a protagonista, uma menina que se vê com a necessidade da maior missão de sua vida: Salvar sua Terra e todos que vivem nela.
O game tem um visual ousado e atraente, que lembra bastante os traços do conhecido desenho “Hora da Aventura”. Ele pode ser definido como um Puzzle de Plataforma, mas com foco em uma narrativa marcante e fundamental para o entendimento do que ele quer representar. Minute of Islands consegue despertar sentimentos aos jogadores.
Lançado em 18 de Março na Steam, Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One, também sendo compatível com PlayStation 5 e Xbox Series.
História
Minute of Islands se passa em um arquipélago que é rodeado por um perigoso esporo. Entretanto, ele sempre foi seguro devido às antenas construídas por gigantes em épocas passadas. Porém, estas máquinas pararam de funcionar.
Agora é preciso conserta-las para que a vida seja preservada. Claro que esta missão fica a cargo da protagonista e engenheira Mo, juntamente com uma versátil ferramenta: o Omni Switch.
Mas é importante um aviso logo cedo. Apesar dos traços bonitos, da protagonista “fofinha” e de uma história aparentemente simples, o game carrega assuntos delicados e que podem ser sensíveis a determinados públicos.
Tanto que, logo no início, nos deparamos com um alerta sobre tais assuntos.

O mundo de Minute of Islands é habitado e protegido por quatro seres gigantes: Safan, Bergan, Ande e Afla. Foram eles que criaram as máquinas para defender as pessoas do “Fungo”. Um vírus que envenena tudo e qualquer ser vivo que interage com ele.
Essas máquinas de proteção são alimentadas pelos próprios Gigantes, em um eterno esforço físico. Entretanto, os quatro Gigantes simplesmente “dormem”. Dessa maneira, Mo sai em uma missão contra o tempo para fazer com que eles voltem a “vida” e sigam protegendo o mundo.
Sem muitas explicações, ao menos de início, esses Gigantes escolheram Mo como a portadora do Omni Switch, um tipo de chave “tecno-mágica”, capaz de interagir com as máquinas e reestabelecer a energia.
O jogo parte deste princípio, aparentemente simples: Salvar os gigantes para salvar o mundo.
Um enredo mais profundo do que parece
Ao longo de Minute of Islands vamos encontrar as memórias de Mo. São através delas que nos tornamos mais íntimos de nossa protagonista, mas não apenas a “atual”, também conhecemos quem ela já foi.
A heroína, apesar de focada na missão de salvar o Mundo, leva em seu coração momentos inesquecíveis e pessoas amadas.
Mo decidiu se afastar da família, inclusive de sua irmã, Mirri, com quem tinha uma relação muito achegada e de companheirismo. Em um determinado momento, ela acusa Mo de não visita-la há muito tempo e, diz que, se ela for embora novamente, não precisa nunca mais voltar.
Todo a enredo de Minute of Islands carrega consigo lições importantes sobre responsabilidade, compromisso com o trabalho e o desejo do ser humano de ser um espírito livre.
Mas não é só isso. O jogo trata assuntos ainda mais profundos: Traumas passados, ansiedade e comportamento destrutivo.
Ao cumprir o principal objetivo, recuperar a energia das máquinas, também teremos mais encontros com a família de Mo. Todos eles emocionam, mas um, em particular, pode causar maior impacto, especialmente no momento em que vivemos.
Este reencontro retrata muito bem os danos que a ausência pode provocar em uma relação. Seja por vontade própria, ou por um vírus que atingiu à Terra, tornando seus habitantes desprovidos de sentimentos e emoções. Te lembra alguma coisa?
Uma comparação triste e inevitável
Estamos no meio de uma pandemia e, quando qualquer um fala em vírus, é inevitável pensar: “Covid-19!”. Portanto, será impossível jogar Minute of Islands e não fazer uma analogia com a nossa realidade atual.
Quando algo como este acontece somos forçados a se adaptar, até mesmo criar novos hábitos. Realizar tarefas “comuns” pode se tornar algo desafiador. Além disso, é preciso ter motivação em realizar tudo isto e isso não é necessariamente fácil.
Em muitos momentos, em Minute of Islands, é exatamente com essa barreira que Mo vai lidar. Como e o porque é preciso realizar uma tarefa, que talvez nem fosse sua, ou que estaria mais ao seu alcance se não fossem as circunstâncias adversas, impostas pelo mundo ao redor.
Já é de conhecimento geral que a atual pandemia de Covid-19 afetou a saúde mental de centenas de milhares de pessoas.
Durante a gameplay você vai sentir que já passou ou ainda passa por algo que a protagonista enfrenta. Solidão, desespero e ansiedade se tornaram corriqueiros no mundo à nossa volta.
Mas, assim como em Minute of Island, e assim como Mo, temos a oportunidade de ser a melhor versão de nós mesmos e recuperar a motivação, apesar das dificuldades.
O Jogo
Em Minute of Islands você pode andar, correr, escalar certos locais, usar o Omni Switch para interagir com vários locais e resolver puzzles. Sobre eles, de uma maneira geral, eles são simples: Como abrir uma porta, subir até um ponto.
Mas em certos trechos é preciso um pouco mais de lógica e raciocínio. Contudo, nada com muita dificuldade.
O jogo é bem linear, não é difícil perceber para onde ir, até porque o Omni Switch também tem a função de guiar, ao apontar a direção correta quando empunhado.
As mecânicas de Minute of Islands são simples. Apesar de ser listado como um jogo de aventura 2D, as interações com o mundo são básicas. Além de ligar as máquinas usando os gatilhos do controle, você só aperta um botão para interagir com objetos e acionar memórias.
Essas memórias, que funcionam como Colecionáveis, explicam a história do mundo. Além disso, fala do passado de Mo e sua interação com as pessoas.
Aspectos Técnicos
Minute of Islands é desenhado a mão pelos artistas do Studio Fizbin. Sua arte é linda e combina perfeitamente com a narrativa de exploração proposta pelos desenvolvedores.
Os cenários são coloridos e retratam muito bem a situação daquele mundo, envolto em um fungo mortal. Além disso, os visuais dos robôs são chamativos e únicos. Tudo pensado e executado com maestria para aflorar as sensações emotivas da narrativa.
Ademais, a trilha sonora e sons do jogo são maravilhosos, encantando pela eficiência na imersão. A trilha casa de forma brilhante com a arte visual. Faz com que sinta a solidão, a tristeza, a agonia da protagonista. É impossível vivenciar o jogo e não se emocionar em certas ocasiões.
Problemas
Não há muito o que apontar aqui, mas, talvez o principal problema seja a duração do jogo. Em uma tarde você consegue completar tudo. Isso não tira o mérito narrativo da experiência, contudo, é uma constatação necessária e importante: Minute of Islands é uma experiência única, intensa, mas curta.
Infelizmente outro problema é que ele não tem nem legendas em português, o que pode afastar alguns jogadores desta belíssima obra.
Conclusão
Eu gosto de definir jogos como Minute of Islands de uma “Experiência Narrativa”. Mais do que apenas um game, ele tem, no mínimo, uma lição de vida aos seus jogadores.
Além disso, este em especial ainda conta com uma estética diferenciada e encantadora, uma trilha sonora tocante e imersiva, além claro, uma história envolvente e marcante. Minute of Islands tenta fugir do óbvio, faz algo que a maioria na indústria de games não faz: Se arriscar.
Ele consegue, sendo “apenas um jogo”, transmitir emoções fortes e realistas. Permite olhar a nossa realidade atual, pensar sobre como atuamos em nossa vida e como damos suporte aqueles a quem amamos.
Sua temática não poderia ser mais atual e arrisco dizer que este deveria ser um jogo obrigatório para todos, para quem sabe, consigamos viver de fato em um mundo melhor.
* Chave cedida para análise