Introdução
Não é comum encontrar um jogo indie de mundo aberto, até porque, na maioria das vezes, eles buscam trazer novos conceitos para a indústria. Black Skylands é, contudo, o oposto desse pensamento. Ele não inova, mas mostra como fazer coisas com amor é tão bom quanto.
Com acesso antecipado liberado no dia 9 de julho na Steam, GoG e Epic Store, a obra conta com diversas traduções, inclusive em português brasileiro. É o primeiro projeto da desenvolvedora Hungry Couch e, além disso, é distribuído pela tinyBuild.
História
O povo de Aspya mora nos céus, já que muitos anos atrás à Terra se transformou em milhares de ilhas flutuantes. Aspya, portanto, é o nome dado a essa nova formação da Terra. Além disso, este é um lugar onde seu povo costumava viver em paz. Porém, certo dia, criaturas chegaram nessas ilhas, o que causou estranhamento em parte da população.
O pai da Eva (nossa heroína) é um aventureiro e líder dos Provedores. Assim como em diversos roteiros, o pai de Eva não tem muito tempo para seus filhos, principalmente agora, por conta da invasão dessas criaturas em Aspya. Por ser um aventureiro, ele tem pesquisado e estudado bastante sobre esses monstros, até que resolveu trazer uma criatura para os cientistas da comunidade estudarem.
Não é preciso dizer que a ideia não foi das melhores. Após um acontecimento da noite em que trouxe a espécie para casa, tudo mudou.
Admito que a história me cativou, de verdade. Apesar de ser simples, os personagens têm carisma e traços bem perceptíveis que te fazem se importar na hora. A jogabilidade e o mapa giram em torno desse enredo apresentado logo no início, o que traz a sensação de que tudo o que fazemos tem impacto no mundo.
Além disso, o recurso de “flashback” deve ser usado com muita sabedoria, para que não soe como algo preguiçoso e de simples solução para encaixar algo no roteiro “do nada”. Além de orgânicos, rápidos e objetivos, os flashbacks em Black Skylands tem naturalidade no enredo.
A história avança sem problemas e a linha de quests ajuda, afinal, elas guiam o jogador e também o entretêm. Diferente de muitas obras AAA, onde seguimos a linha principal de missões porque é necessário, aqui é por interesse genuíno.

Jogabilidade no céu
Bom, para começar, vamos falar do mundo aberto. Sim, sua fórmula de mundo aberto é bem inspirada na Ubisoft: encontra um local dominado pelo inimigo, derrota eles e então conquista a região. Cada região possui uma força específica, denominando áreas mais fáceis até as mais difíceis.
Contudo, o estúdio coloca mais um elemento nessa equação. As regiões já dominadas sofrem ataques dos inimigos e você precisa ir defender, caso contrário, você não consegue melhorar sua heroína. Isso porque cada região dominada nos rende pontos de população. Quanto maior nossos pontos de população, mais melhorias podemos fazer em nosso barco ou na Eva.
Como foi dito antes, o jogo acontece nas alturas. Nós pilotamos um barco voador, indo para todos os cantos do céu e das ilhas voadoras. É interessante por ser a primeira vez que vi algo assim: um mundo aberto no céu, com combate de barco voador e invasões em ilhas já dominadas. É impossível não fazer ligação com os piratas. Afinal, somos constantemente atacados por inimigos e seus barcos aéreos.
Controlar o nosso barco é desafiador. Precisamos estar sempre atentos na vida dele, na quantidade de gasolina, nos arredores e também controlar nossos canhões para atirar de forma precisa. A força do tiro afeta a movimentação da embarcação, então não dá para ficar parado atirando. Com certeza a parte de explorar o céu, destruir asteroides, invadir barcos abandonados e guerrear em alto céu é uma experiência bem divertida e funcional.

Jogabilidade sob terra firme
Black Skylands é um shooter com vista de cima, ou seja, bem simples de entender e aprender a jogar. Seus controles principais são fáceis, já que nós precisamos nos focar apenas em andar e atirar. Para ajudar na defesa, podemos usar o famoso rolamento, que nos permite esquivar de balas que venham em nossa direção. Já, no ataque, contamos com o ataque corpo a corpo que pode ser muito forte se usado da maneira correta.
As batalhas terrestres são bem divertidas e fluídas, sendo possível também invadir as ilhas no modo furtivo. Aliás, as armas são bem diferentes entre si na maneira de usar, assim como na maioria dos jogos de tiro. Suas melhorias são realmente impactantes no jogo, visto que elas passam a ter um desempenho bem melhor.
Além disso, devido ao enredo, nós precisamos reconstruir nossa base. Isso inclui construir, por exemplo, uma fazenda (para cultivar recursos para comidas e equipamentos), uma forja (refinamento de minérios), um arsenal (permite criar armas e modificações), entre outros. Nada que seja muito difícil, mas o fato de ser você quem limpa o espaço para construir, recolhe os recursos e escolhe o que construir com eles mostra que é realmente você quem decide o que e quando fazer.
O jogo não traz nenhuma inovação em combate nem no crafting, mas tudo é muito bem feito e na medida certa.

Conclusão
Com uma pixel art muito bonita e feita com carinho junto da trilha sonora na medida, onde passa tensão quando necessário, te acalma quando está seguro e te move enquanto explora, Black Skylands é uma grata surpresa no mundo dos jogos indies. Enquanto joguei, presenciei poucos bugs e que não atrapalharam a jogatina nem a progressão. Apesar de não inovar em quase nada no gênero, o estúdio Hungry Couch entrega uma obra feita com muito amor e carinho que é realmente divertida de jogar. Por fim, eu me sinto um cidadão de Aspya enquanto jogo, sensação rara quando estou no mundo de vários games AAA de mundo aberto.