Em Going Under, você controla uma estagiária de marketing que acabou de iniciar em uma startup, mas que vai descobrir que suas tarefas são um tanto diferentes do que imaginava que seriam. Você vai passar umas boas horas explorando dungeons geradas proceduralmente, e em cada jogatina você terá acesso a diferentes armas e habilidades que podem te ajudar (ou não) em sua jornada para vencer os bosses.
O jogo foi desenvolvido pela Aggro Crab e publicado pela Team17 em 23 de setembro de 2020. Está presente na Steam e, atualmente, está disponível na Game Pass. Além disso, é possível jogá-lo no PlayStation 4, no Nintendo Switch e no Xbox One.
História
Na cidade distópica de Neo-Cascadia, Jacqueline Fiasco, ou Jackie, é contratada para trabalhar na Fizzle, uma startup de bebidas gaseificadas que acabou de entrar para o conglomerado da Cubicle. Ela vai ser a nova estagiária de marketing, mas ao chegar lá, o gerente de projetos, Marv, lhe dará uma tarefa um tanto diferente do que esperava: descer até uma dungeon que nada mais é do que a ruína de uma startup falida. Lá, Jackie terá de vencer os monstros que, anteriormente, eram funcionários dessa startup.

Usando diferentes objetos como arma, desde latas de lixo, passando por grampeadores, até espadas e lanças, você irá conhecer as startups que não deram certo, seus funcionários monstros e os chefes dessas empresas falidas: uma empresa de freelancers, outra de criptomoedas e um site de relacionamentos.
Além disso, você conhecerá seus colegas de trabalho na Fizzle e eles também vão te pedir para fazer algumas tarefas – aí estão as sidequests. Ao completá-las, eles se tornam seus mentores, e disponibilizam bônus para serem usados nas dungeons.

Jogabilidade
Como dito anteriormente, você vai para uma dungeon gerada aleatoriamente. Porém, existem algumas características comuns: elas sempre têm 3 andares cheios de salas com inimigos, diversas armas para escolher, algumas salas onde se podem escolher entre duas skills, lojas e o quarto, e último andar sempre terá uma loja e a sala do chefe.
As armas são bem variadas, como por exemplo, a lata de lixo, que tem pouca força e só pode ser usada bem de perto. Algumas armas têm um alcance maior, como lanças e vassouras. Também existem armas à distância, ou seja, temos bastantes opções. Mas o mais interessante é que todas tem um esquema de durabilidade e só podem ser usadas algumas vezes, similar a The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Logo, você estará sempre trocando de arma.
Você coleta dinheiro ao vencer inimigos e pode comprar nas lanchonetes, que vendem itens de cura ou habilidades. Cada vez que você pega uma mesma habilidade você vai enchendo uma barra. Ao chegar em 100% dela, você a “endossa” e pode entrar na dungeon com ela já equipada.

Inovação
Para mim, o mais inovador é a forma como se aborda e critica a cultura de startups. Todo o jogo consegue passar bem essas críticas, as falas de seus colegas de trabalho são incríveis e me arrancaram muitas risadas. É uma pena que não esteja disponível em português, pois assim aquelas pessoas que não conseguem ler em inglês perdem um aspecto bem divertido.

O sistema de habilidades e o de mentores é muito interessante, pois ele vai te ajudando a passar das dungeons, te incentivando a fazer as sidequests e incentiva sua imersão no jogo. O esquema de armas já é visto em outros jogos também. Com isso, o grande ponto positivo de Going Under é juntar vários sistemas bons em um único jogo.
Outro aspecto interessante é o “assist mode”. Similar ao modo de mesmo nome presente em Celeste, jogo de plataforma da Matt Makes Games, você pode alterar algumas mecânicas para que fique mais fácil de jogar. Esse tipo de modo é incrível, pois permite que o jogo seja mais acessível, e faz com que pessoas com deficiência também consigam aproveitar. Além disso, muitas vezes, há a preferência em deixar o jogo um pouco menos desafiador, pois nem todos apreciam dificuldade em excesso.
Entre as opções disponíveis no “assist mode” estão: até 5 corações extras para sua personagem, aumento na durabilidade das armas, maior tempo de invencibilidade após receber dano, mais tempo de invencibilidade ao rolar no chão e diminuir o HP dos inimigos.

Arte e trilha sonora
Going Under é muito bem-feito visualmente, tendo bastante cor, mas ao mesmo tempo sendo simples. Sinto que todas as fases passam uma imagem bem clara e os cenários são muito bonitos. A Fizzle tem cores vivas e alegres, mostrando a imagem jovem e divertida que se costuma ver em startups, para parecer um lugar ótimo para trabalhar.

Já a trilha sonora é cativante, te deixa mais imerso no jogo e as músicas não são cansativas – um fator importante para um jogo no qual você precisa tentar uma fase de novo, de novo e de novo. Os efeitos sonoros também são muito bons. No quarto da personagem principal, você pode ouvir as músicas e confesso que fui um bom número de vezes ouvir as mesmas músicas repetidas vezes.
Conclusão
Going Under faz críticas de uma forma engraçada e atende bem à sua proposta: ser uma sátira das startups. Além disso, o jogo tem mecânicas muito interessantes, a maioria já vistas em outros jogos, mas Going Under une elas de uma forma bem positiva. O segredo para ir bem é utilizar estrategicamente as armas e as habilidades que a fase te proporciona.
Alguns pontos negativos são a falta do idioma português e a presença de bugs. A maior parte dos bugs do jogo são inofensivos, como uma arma tremendo sozinha no chão. Mas eu tive problema com uma das linhas de sidequest, na qual mesmo cumprindo os requisitos, a quest não contava como completada. Infelizmente, isso me impediu de pegar todos os bônus de um mentor específico.
Apesar dos pontos negativos citados, eu recomendo o jogo para todos que curtem roguelike, ou que estejam interessados no gênero.