Introdução
HORROR TALES: The Wine apresenta uma ideia central bem peculiar. O foco aqui promete ser a sobrevivência contra um perseguidor em uma ilha no mediterrâneo. Logo que vi o trailer do game, está proposta me chamou a atenção. Pois, no material de divulgação, os ambientes apresentados eram bem bonitos. Além disso, o vilão aparentava ser aterrorizante, me causando até um susto durante o trailer.
Assim sendo, chegou a hora de vermos se o título entrega tudo que promete. O game é desenvolvido por Carlos Coronado e foi lançado no dia 30 de julho para Xbox One, Playstation 4 e PC, via Steam.
Uma pandemia e vinho
Após uma pandemia atingir diversas partes do mundo, causando assim doenças com sintomas como alucinações e raiva, rumores surgiram que existia uma cura. Um vinho presente em uma ilha do mediterrâneo poderia ser a salvação para todos os afligidos pela doença.
Assim sendo, o protagonista, Martí Vermelló decide ir até o local a procura desse vinho peculiar. Logo que chegamos lá já podemos observar uma diferença em comparação a outros games do gênero horror. Nos deparamos com uma ambientação de dia e não o famoso tarde da noite com uma escuridão característica. Esse fator se mantém presente em grande parte do título, escolha está que foi bem única.
Logo que chegamos lá, temos uma liberdade relativamente ok no fator exploração. Podemos ir para as partes de cima do local, explorar a área de barcos e até mesmo entrar em algumas casas. Durante este momento de paz inicial, encontramos vários documentos que contam a história dos habitantes do local.
No geral, elas são bem interessantes, pois dão uma contextualização dos eventos que se passaram por ali. Além disso, é possível ler relatos que fazem o jogador questionar se realmente existe uma cura para a pandemia.
Assim sendo, nosso objetivo durante todo o game será procurar o vinho milagroso para então acharmos a cura para a doença. Portanto, para isso, teremos que sobreviver aos terrores apresentados pelos perseguidores e resolver diversos quebra cabeças.
Os primeiros sinais do perseguidor
Durante o período de exploração, já começamos a ter os primeiros sinais que estamos sendo observados. Assim sendo, logo podemos ver uma figura armada e com um chamativo chapéu nos observando. Embora sua presença tente criar uma atmosfera de terror e tensão, isso não funcionou comigo. Embora o título tenha arriscado usando o uso de ambientes claros, isso acabou minimizando os sustos que o game tenta causar.
Além disso, as tentativas de amedrontar o jogador são previsíveis. Temos portas batendo a nossa volta, barulhos de tiro e até mesmo um momento em que o vilão atira em uma garrafa próxima. Todas essas formas de causar medo e tensão foram usadas no formato jump scare. Ou seja, acompanhados de um alto barulho sonoro característico desta técnica do terror.
Após explorarmos mais alguns locais, como casas, cavernas e até mesmo um labirinto, nos deparamos com nosso primeiro quebra cabeça. E aqui as coisas ficam menos interessantes.
Quebra cabeças fáceis e repetitivos
HORROR TALES: The Wine não apresenta quebra cabeças desafiadores e diversificados. Durante todo o game, teremos que resolver o mesmo puzzle porém em quantidades diferentes. Basicamente, o desafio proposto é que o protagonista encontre papeis vermelhos com símbolos e os use para colocar a combinação correta na “fechadura” e depois puxe a alavanca. Após isso, a porta para um novo local irá abrir.

Durante a campanha apenas teremos algumas variações desse puzzle. Assim sendo, em alguns momentos a resposta não estará em papeis vermelhos e sim pichados na parede. Também teremos trechos em que a alavanca do quebra cabeças estará ausente. Portanto, será preciso procurarmos ela para então resolver o enigma.
O mais próximo que chegamos de uma variação de puzzles, são alguns momentos de criar passagem no cenário. Para exemplificar, existe um momento no game que nosso caminho está em um lugar alto. Entretanto, temos uma madeira que se aplicarmos um peso certo, ela pode ser usada como ponte.

Para isso, temos que colocar algumas pedras em uma ponta da madeira, para que ela suba e possamos alcançar o local mais alto. Infelizmente, este tipo de quebra cabeças não é muito presente, sendo aplicado aqui em raros momentos específicos.
Um vilão ausente
Grande parte do marketing de HORROR TALES: The Wine é feito em cima do vilão. Assim sendo, temos a impressão que ele será aterrorizante e fortemente presente. Infelizmente, este não é o caso aqui. Pois, a figura ameaçadora, que até mesmo está na capa do título, só tem participação ativa no final. E mesmo assim, chega a ser uma aparição curta.

Eu não esperava uma narrativa prolongada e profunda para o vilão. Entretanto, a simples promessa do game de termos um nemesis, um grande arco inimigo….. não se cumpre. Portanto, para compensar essa ausência do antagonista, temos presente em todo o título um outro inimigo.
Este segundo vilão consegue ter um visual bem único. Ele usa vestes pretas e não possui cabeça. Suas aparições costumam ser sempre repentinas com o objetivo de aterrorizar o player. Eu admito que na primeira vez que ele apareceu o susto foi bem grande, provavelmente se eu estivesse tomando café, a bebida iria conhecer o mundo gelado do chão da minha casa. Esse primeiro susto do vilão foi realmente bem feito.
Porém, após a primeira aparição da figura aterrorizante, o game volta ao padrão de ser previsível. Assim sendo, sempre que o protagonista precisa procurar a resposta para o puzzle, este inimigo irá aparecer. Embora o título seja curto, admito que em certo momento do jogo eu já estava cansando deste processo.
Pois, para avançarmos em áreas diferentes, o caminho sempre é o mesmo. Encontramos o puzzle, vamos atrás da resposta e o perseguidor secundário aparece.
Um momento de terror clássico
Por incrível que pareça, a parte que mais me agradou no game foi justamente quando ele foge de sua proposta. Existe um momento do título, em que estamos em um ambiente escuro a procura da solução de um enigma com uma lanterna piscando e apagando. Este cenário foi o mais divertido durante meu gameplay. Pois, durante este breve trecho, eu senti que estava jogando um clássico do terror, me lembrando até Slender The Arrival.
Um gameplay simples
HORROR TALES: The Wine apresenta o famoso gameplay “simulador de andar”. Assim sendo, não temos aqui nenhum tipo de armas para nos defender. Durante nossa jornada, apenas andamos, corremos e interagimos com objetos e quebra cabeças.
Em relação a movimentação do personagem, ela é bem travada, o que me fez ficar preso em objetos enquanto caminhava diversas vezes. Além disso, a corrida do protagonista tem um certo limite e ele cansa rápido. Sendo assim, é preciso que o player use ela com sabedoria, principalmente em perseguições.
Falando em momentos de perseguição, elas são bem frustrantes na maior parte do tempo. Pois, durante elas percebemos a limitação da movimentação do personagem. Assim sendo, em diversos momentos eu morri porque o protagonista simplesmente travou em algum lugar, entre caixas por exemplo.
Um som ambiente imersivo
HORROR TALES: The Wine possui uma trilha sonora ausente. Portanto, o maior foco aqui é no som ambiente. Está escolha foi bem feita, pois no quesito de sons ambientes o jogo faz um bom trabalho. Temos então grandes ventanias, tiros ao fundo e até mesmo o som do mar, elemento este que é fortemente presente e me agradou bastante no inicio do game.
Em relação aos inimigos, poderia ter sido feito um trabalho melhor. Pois, o “grande antagonista” só é caracterizado pelo som de sua arma. Além disso, o inimigo secundário faz uma espécie de som, que eu não consigo exemplificar com palavras. Porém, durante o meu gameplay aconteceram alguns bugs de áudio e os vilões simplesmente ficavam sem som. Este problema só foi resolvido após a reinicialização do game.
Um visual problemático
Embora o game apresente um visual único, existem problemas. Pois, durante o meu gameplay estavam presentes muitos delay de render. Assim sendo, sempre que eu dava load no game, o cenário demorava quase 5 segundos para carregar completamente. Portanto, minha imersão era totalmente quebrada por este fator. Entretanto, após o loading dos ambientes, tudo funcionava corretamente.

Os locais do game conseguem se destacar por serem diversos. Temos grandes casas, cavernas e até mesmo um mundo paralelo nível Stranger Things. São raros os momentos que vamos para este local, porém todas as vezes que o protagonista se encontra neste peculiar ambiente caracterizado por gelo e um mar de vinho…… é simplesmente lindo.
Um desempenho que poderia ser melhor
Minha experiência foi no Xbox Series S. Entretanto, a versão que estava em execução era do Xbox One S por meio da retrocompatibilidade. Embora seja compreensível o sacrifício visual que precise ser feito, pois, estamos falando de um hardware de 2013, alguns aspectos poderiam ser melhores. Um deles é o desempenho, pois temos aqui um game rodando a 30 FPS.
Portanto, embora estejamos falando de um desenvolvedor indie e seja compreensível algumas limitações, o título poderia pelo menos ter o seu framerate alterado para 60 no Xbox de nova geração.
Conclusão
HORROR TALES: The Wine é um game que poderia ser melhor. Embora ele apresente algumas boas ideias, como fugir do clássico terror noturno, a execução não é bem explorada. Além disso, o vilão não tem uma presença forte, o que acaba decepcionando.
A ambientação e os sons ambientes do game são bem únicos e bem feitos. Entretanto, o visual e a performance do título acabam sendo prejudicados pela má otimização no console.
Por fim, HORROR TALES: The Wine foi um bom começo para essa nova série. O desenvolvedor Carlos Coronado já prometeu mais dois títulos para este ano. Sendo eles, HORROR TALES: The Beggar e HORROR TALES: The Astronaut. Com isso em mente, o tempo dirá se o futuro destas histórias de terror serão promissores e conseguirão se destacar em meio ao gênero.
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