Simples e com qualidade
Existem jogos que nos encantam pela sua arte e simplicidade. Out of Line é um desses.
Lançado em 16/06/21, sendo desenvolvido pela Nerd Monkeys e distribuído pela Hatinh Interactive para Nintendo Switch, PS4, Xbox One e PC. Tratando-se de um jogo no estilo plataforma, com câmera 2D side scrolling (quando a câmera vai se movendo de lado junto com o personagem, ao estilo Mario, por exemplo), baseado em puzzles com uma arte muito caprichada.
Cubo mágico
Nosso protagonista se chama San. E, logo de início, somos acordados por um cubo dourado, no meio do nada. Então, obviamente, seguimos o cubo até uma árvore cheia de cubos azuis em seus galhos (como se fossem frutas mesmo) e, de repente, uma garra (igual as que usamos para pegar bicho de pelúcia em parques de diversão) surge do céu e espalha todos os cubos, e com isso, deixando a árvore sem vida. Em seguida, acordamos em outra área e o jogo nos mostra que podemos coletar os cubos azuis espalhados pelo mapa e devolvê-los a árvore.
E, após alguns passos, a mecânica essencial do jogo nos é apresentada. O cubo dourado se transforma em uma lança mágica que vamos usar para tudo (literalmente). E ai, o jogo começa.

A fiel escudeira
Agora, vamos para as mecânicas. Out of Line é um jogo totalmente focado nos puzzles. A todo o momento vamos resolver algo, e para isso contamos com a nossa lança mágica. Ela funciona de forma muito simples, arremessamos ela com o gatilho direito do controle (como joguei no Switch, usava o ZR), e podemos trazer ela de volta pressionando o gatilho novamente, bem ao estilo martelo do Thor mesmo. A princípio a função inicial dela é permitir que a gente suba em lugares mais altos, já que ela serve de impulso. Mas, à medida que o jogo passa, ela se revela útil em várias outras coisas, como por exemplo, travar engrenagens que coordenam a movimentação de algum mecanismo, e etc.
Ao passo que vamos progredindo, também encontramos um outro tipo de lança, dessa vez preta. Tais lanças podem ser usadas em conjunto com a principal, porém, assim que elas atingem um alvo (seja uma parede ou uma engrenagem), elas ativam um contador de tempo, então temos que correr antes que ela volte ao local de origem (elas sempre ficam guardadas em uma pedra, ao estilo Excalibur).
Por fim, ainda existem alguns bichinhos meio inseto meio planta, no decorrer do mapa, que nos ajudam a ativar mecanismos e, com isso, resolver puzzles. São tão fofos quanto úteis.

Bonito e perigoso
Ao mesmo tempo em que resolvemos vários enigmas, nós podemos ficar admirados com a arte desse jogo. Sério, parece que os cenários foram pintados a mão. Você fica admirado com os detalhes de todo os cenários. É realmente impressionante.
Mas, assim como na vida, nem tudo são flores. Out of Line não é um passeio no parque. Várias vezes vamos nos deparar com um perrengue aqui, e outro ali, graças às garras demoníacas que estão sempre a espreita atrás do San. Quando você vir uma delas, se esconda rapidamente, porque se ela vir você, é morte certa.
Além delas, ainda existe a versão maligna dos insetos que nos ajudam. Eles também não dão nenhuma chance, só precisam encostar para te matar, mas eles não podem passar na luz, então é possível fugir deles até certo ponto. E essa fuga, tanto das garras, quanto dos insetos, acabam trazendo alguns momentos de tensão bem legais para a campanha.
Agora, com relação aos puzzles, existem alguns que eu vou te contar viu… Complicados. Porém, outros a gente passa sem nem perceber. Ou seja, tem um equilíbrio bem bacana na progressão.

Enredo conceitual
Em seguida, o enredo. Então, agora vem a parte complexa de Out of Line. Aqui temos um tipo de jogo que eu chamo de ‘’conceitual’’, que nada mais é do que um jogo que não possui falas, ou legendas, ou qualquer tipo de texto (Little Nightmares, Abzú, Journey, são exemplos). Basicamente são jogos em que você sente a história. Mas, isso torna um pouco complicado avaliar a trama, já que podem existir várias interpretações. Portanto, vou explicar o que achei, com base no que entendi.
Out of Line, logo de cara, já se mostra uma história de fuga, onde San tem que fugir de uma espécie de fábrica, que é controlada pelas garras malvadas. E, logo depois, nós começamos a nos deparar com outras versões do San, em segundo plano no mapa, que nos ajudam a passar por obstáculos e, inclusive, salvam nossa vida. Ao mesmo tempo em que podemos procurar pelos cubos azuis, para reconstruir a árvore (eu não senti que isso tem algum peso, mas fica de atividade extra).
Ou seja, temos que salvar nossa pele, e salvar a árvore ao mesmo tempo. E, no meio dessa jornada, nós encontramos mais dois personagens misteriosos que nos auxiliam. Entretanto, só descobrimos quem são, ao final do jogo, e foi essa revelação que me ganhou (mesmo que eu já suspeitasse dela).
A história tem momentos de tensão, de felicidade, de companheirismo, e até conta com uma revelação. Ou seja, é o tipo de aventura que você tem que sentir (e a trilha sonora ajuda bastante), e esse sentimento é muito pessoal.

Erro crucial
Por último, o lado técnico. Já mencionei algumas vezes, mas vale um reforço, a arte desse jogo é lindíssima. Enquanto que a trilha sonora, eu achei bem feita, e se encaixa muito bem com os momentos que o jogo proporciona. Agora os controles, eu tive problemas somente com a lança (o que é triste já que a lança é a função principal). Após apertamos o gatilho, usamos o analógico direito para mirar, e essa mira é muito imprecisa (ao menos no Switch), inclusive morri algumas vezes, pois não consegui a firmeza na hora de mirar, e na hora da correria, essa precisão faz toda diferença. Além disso, o jogo recebeu uma atualização que, simplesmente, travou meu save. Uma parte do mapa, que era essencial para o meu progresso, simplesmente sumiu, me forçando a começar de novo. Foi bem triste.

Conclusão
Portanto, Out of Line é um jogo indie, com uma campanha curta, mas rica em momentos variados, com personagens que, mesmo sem falar, são carismáticos, puzzles divertidos e desafiadores. Com uma arte linda, ele te leva em uma viagem contemplativa da história. Para aqueles que gostam de puzzles, e de jogos em 2D, ele é uma experiência bem divertida.
*Chave cedida para análise