A estrada da vida
A vida é feita de escolhas. Todos nós (independente da idade), já nos perguntamos: ‘’E agora, o que será da minha vida?’’. Road 96 trata, justamente, de adolescentes que buscam um futuro melhor e uma solução para os problemas do seu país. E para isso, eles caem na estrada e tem de lidar com várias escolhas, boas e ruins.
Lançado em 16/08/21, sendo desenvolvido pela Digixart e distribuído pela Plug in Digital em conjunto com a própria Digixart para Pc e Nintendo Switch. Tratando-se de um jogo de aventura linear, em primeira pessoa, com alguns momentos de ação e baseado nas escolhas do jogador, com campanhas geradas de forma procedural, ou seja, aleatoriamente.
Um país problemático
À primeira vista, nós passamos por um pequeno questionário e, logo depois, temos um vislumbre dos sete personagens principais com quem vamos interagir (de forma totalmente aleatória) durante a campanha. E, de cara, já notamos alguns aspectos do mundo de Road 96. Estamos em Junho de 1996 em um país chamado Petria, a três meses de uma eleição de extrema importância, e para completar, ainda existem crianças desaparecendo por toda parte, além da Brigada (um grupo extremista que é contra o governo).
Logo depois, nós simplesmente caímos em um cenário aleatório, e começamos nossa jornada para atravessar a fronteira.

Anda e Clica
Então, vamos ao que podemos fazer durante a nossa jornada. Road 96 é focado nos diálogos, e podemos caminhar por alguns cenários e executar algumas ações. Mas, no geral, nós só andamos, corremos, e clicamos em objetos. Claro que, falando assim, parece pouco variado. Porém, cada ocasião nos gera situações em que ganhamos ações diferentes, como por exemplo, atirar com uma pistola de pregos, ou dirigir em alta velocidade na estrada, e até trabalhar como frentista em posto de gasolina.
Entretanto, de forma geral, nós realmente só andamos e clicamos nas opções de diálogo, e fazemos ações como abrir porta, ou pegar um galão de gasolina no chão e etc. O que não quer dizer que isso deixa o gameplay chato, muito pelo contrário. Eu admito que, no início, estranhei um pouco o cursor que usamos para clicar nas coisas, mas após a primeira ‘’fase’’ eu já acostumei e fiquei viciado em clicar em tudo. Sem falar que, a interação com os objetos é bem importante.

Sobrevivendo na estrada
Por exemplo, nós podemos comer e beber, e isso recupera nossa barra de energia. Tal barra é usada para executarmos ações, como por exemplo, arrombar a traseira de um caminhão. Mas, é bom ficar de olho já que, sempre que finalizamos uma área, nós gastamos energia. Então sempre que chegar à um local novo, tente se alimentar ou dormir em algum cantinho, para estar sempre energizado, porque se ficarmos sem energia, seremos presos, e você não vai querer isso.
Contudo, em algumas das situações que vivemos, nós podemos adquirir certas habilidades (e não, você não vai sair por ai soltando poderes na policia ou dando salto duplo, sossega), e elas nos ajudam de várias formas durante a nossa viagem. Existem seis ao todo, são elas: Omen do Vigor, Passe do Governo, Estrela da Sorte, Abrir Fechaduras, Hackear, Inteligência.
Cada uma possui uma função e nos é dada por um personagem. A que eu menos usei, foi o Passe do Governo, mas todas são bem úteis.

Eventos imprevisíveis
Em seguida, eu já quero ir direto para a parte que mais gostei em Road 96. O enredo e os personagens. Bom, como eu disse, existem sete personagens principais, que vão ditar as nossas situações. Porque aqui, nós somos colocados em vários momentos a cada jornada que fazemos, e esses momentos vão nos levar, ou não, até a fronteira.
Vou dar um exemplo de situação, para ficar claro o modo com que o jogo progride. Na primeira jogatina, eu comecei a noite, na porta de uma festa. Logo de cara já conheci a Sonya, uma âncora de jornal. Ela gostou de mim e me colocou na festa (que era só para famosos), e lá nós nos separamos. Fiquei livre para conversar com alguns NPCs, fuçar nas coisas, jogar fliperama etc. Mas, o arco principal era ir até a Sonya e interagir com ela (nesse caso foi um jogo de copos bem divertido), e nisso, aquela história, com aquele personagem específico se desenrola (não vou dar spoiler).
Quando essa interação acaba (nesse caso após eu sair da festa), nós podemos prosseguir com a viagem de cinco maneiras diferentes. Podemos pedir carona na beira da estrada, pagar um ônibus, pagar um táxi, ir andando, ou roubar um carro. Lembrando que nenhuma delas é garantida, pois pode não ter táxi disponível na Happy Taxi, ou o ônibus não passar (realidade do brasileiro), ou ninguém aceitar te dar carona, e além de tudo, só é possível roubar um carro caso você tenha a chave (pelo visto adolescentes não sabem fazer ligação direta). E, dependendo do que você fizer para sair de um cenário, vai te levar até outra interação aleatória, é realmente bem legal.
Andar na beira da estrada sempre funciona, porém, consome muita energia.

O posicionamento político
Mas, se é tudo aleatório, então Road 96 não tem história? Pois é, ele tem. Então, a situação é a seguinte: Existem algumas formas com que podemos prosseguir nessa história, mas vou tentar simplificar. Nós, os adolescentes, queremos simplesmente atravessar a fronteira. Porém, Petria é liderada por um ditador chamado Tyrak, e existe a candidata da oposição chamada Florres. Nós temos três opções mais impactantes durante as nossas conversas, e essas opções vão aparecendo ao longo das nossas interações com os personagens principais (as opções que impactam no mundo sempre vem com um símbolo na frente).
Aqui, podemos ser a favor do voto, e por consequência a favor da Florres, ou seja, sempre que possível, deixamos claro na conversa que somos a favor dela e que ela fará de Petria um país melhor. Nós podemos ser a favor da Brigada, que são os rebeldes que querem, basicamente, resolver tudo na base da força. E por último, existe a opção de nos abstermos de tudo e somente focarmos em escapar, bem do tipo ‘’dane-se esse país’’.
Desenvolvendo os personagens
E, além dessas três falas que impactam no mundo, nós temos os diálogos que impactam os próprios personagens e suas interações com nossos adolescentes, ou seja, cada personagem tem uma porcentagem de história que vamos vivenciando e descobrindo. Então, cada vez que encontramos eles, nós vamos aumentando essa interação. Eu não consegui zerar com todos em 100%, porém existe um New Game + onde continuamos com a mesma quantidade de interação, portanto não se preocupe.
Gostaria de mencionar também, que o jogo é divido em episódios, e cada episódio é jogado com um adolescente (entre 15 e 18 anos na maioria das vezes), e, independente do fim que levamos, seja fugir, ou morrer, ou ser preso, no episódio seguinte vemos o jornal, com a parcial das eleições e uma pequena recapitulação do nosso fim na jornada anterior, logo depois temos a tela de seleção do nosso novo fugitivo.
Mas, eu falei muito, e não respondi: A história é boa? E eu posso dizer que sim, ela é boa. Cada personagem tem seu próprio background, e seu próprio envolvimento com a situação do país, e ao mesmo tempo, alguns se importam com você ou te odeiam (dependendo das suas escolhas), mesmo você sendo uma pessoa qualquer que eles acharam na estrada. Além disso, a situação de Petria é algo que realmente intriga, e quanto mais fundo você entra, mais você fica tendencioso a escolher um lado, independente de qual seja. E, o meu final, apesar de não ter fechado todos os personagens, foi bem emocionante e satisfatório!

Toda viagem precisa de música
Logo depois, vamos para o lado técnico. E aqui, diria que são dois pontos distintos. A trilha sonora é muito boa. Ela vem com música country tipicamente americana, mas também trás eletrônicas, e até uma música tema. Gostei demais da trilha, tudo muito bem feitinho. O level design eu diria que não tem muito que avaliar, já que é bem linear e os cenários são pequenos.
Agora, a parte mais complexa são os gráficos. Bom, o gráfico de Road 96 não é ruim, mas eu diria que ele é instável. Em alguns momentos, nós temos quadros muito bonitos, com por do sol ou lua cheia, mas em outros fica tudo muito serrilhado. E isso acontece, inclusive com os personagens que às vezes ficam bem feitos e às vezes não. Mas, eu sinceramente achei isso bem tranquilo, não me incomodo nem com a vegetação aparecendo no cenário.
Porém, algo que me incomodou foram as quedas de quadro. Teve uma fase dentro de um bar onde eu tinha que servir bebida, que eu até passei por ela ‘’correndo’’, de tão ruim que estava. O fps facilmente ficou abaixo de 20, sem exagero. Cheguei a ter uma leve tontura (acabei servindo as bebidas todas erradas, péssimo barman). Mas tirando essa parte especifica, no geral, o fps fica instável porém jogável. Não é totalmente fluido (já fica o aviso), mas é tranquilo de jogar.
Lembrando que joguei na versão do Nintendo Switch, não sei como está no Pc.

Várias campanhas
Por fim, nós temos fitas cassete colecionáveis espalhadas pelos mapas, e podemos ouvi-las tanto no som dos carros, quanto em jukeboxes nos restaurantes, etc. E ainda vale ressaltar, que Road 96 tem um fator replay bem forte, já que além de ser difícil (talvez impossível) completar todas as histórias com 100% em uma jogada, ainda tem o fato de tudo ser gerado aleatoriamente, então é bem interessante zerar novamente.

Conclusão
Em síntese, Road 96 é focado na relação com seus personagens e no seu enredo. Com vários personagens carismáticos, um país totalmente caótico e muitas situações inusitadas, eles nos traz momentos emocionantes, engraçados, e ainda vai te deixar indignado. É o tipo de jogo para aqueles que gostam de moldar o próprio caminho, mas que também curtem uma leitura, uma boa história e, porque não, uma boa viagem clandestina para fugir do país. Quem nunca?
Atualização feita por Nana:
A versão de PC foi testada e não apresenta queda de desempenho.
* Chave cedida para análise