A Roma antiga
O grandioso império Romano. Quem aqui nunca ouviu falar dele? Conhecido como uma das maiores, se não, a maior civilização da história ocidental (durou nada menos do que cinco séculos!), ele inspirou várias histórias e lendas que ouvimos até hoje. E uma das obras que usaram disso foi The Forgotten City, que se passa em uma cidade Romana cheia de mistérios e intrigas (e uma pitadinha de gente falsa).
Lançado em 28/07/21, sendo desenvolvido pela Modern Storyteller e distribuído pela Dear Villagers, para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC. Tratando-se de um jogo investigativo, em primeira pessoa, ambientado no império Romano. Vale ressaltar que, The Forgotten City, era inicialmente um mod de Skyrim, mas foi adaptado para um jogo próprio.
E para quem não sabe, um ‘’mod’’ é uma modificação feita para um certo jogo no Pc, podendo ser apenas uma mudança gráfica, ou adicionar fases novas e por ai, e alguns ficam tão famosos que acabam se tornando jogos. Esse é o nosso caso.
O rio misterioso
O jogo começa com o nosso protagonista acordando na beira de um rio. E a nossa frente, está uma mulher chamada Karen. Ela nos pergunta quem somos e qual a última coisa de que lembramos. Essa é a parte onde decidimos o sexo do personagem, o nosso nome, e também a nossa classe onde temos quatro opções. Arqueólogo, onde nós temos conhecimento sobre civilizações antigas (desbloqueia algumas opções de diálogo e foi a classe que escolhi). Amnésia, onde nós sofremos um trauma na cabeça, que faz com que a gente possa aguentar 50% a mais de dano (famoso tanque). Fugitivo, onde simplesmente corremos 25% mais rápido. E por último, soldado, onde você começa com uma pistola e dez tiros.
Então, após isso, Karen nos pede para ir até um templo e encontrar o amigo dela chamado Al, mas antes, podemos fazer várias perguntas à ela. E sendo assim, com somente uma lanterna (a não ser que você tenha escolhido a classe soldado), iremos em busca do grande Al. E assim, a viagem ao passado começa.

Controles simples, mas funcionais
Em seguida, vamos falar do que podemos fazer em The Forgotten City. Nós podemos correr, pular, usar a lanterna (muito útil), agachar e dar um zoom na nossa visão (provavelmente apertando os olhos e forçando as vistas como um bom míope) e conversar com qualquer NPC que encontrarmos.
O foco aqui, não é o combate. Por mais que você possa ter a pistola no início, depois também um arco, nós não temos combate corpo a corpo, por exemplo. O que não que dizer que você não possa sair atirando na cara de quem quiser, inclusive está liberado, mas, tudo tem consequência.
Porém, mesmo não tendo foco no combate, ele funciona bem quando necessário. Por ser um mod de Skyrim, a gente sabe que o combate não é lá aquela perfeição, mas funciona.
Além disso, nós também podemos recolher itens, que ajudam na nossa investigação, além de flechas, pão, garrafa de vinho e etc.

Capricho com o cenário
E, falando em recolher itens, gostaria de mencionar a ambientação dessa cidade. Então, estamos em um desfiladeiro, onde para cima só vemos rocha e um pedacinho de céu, mas, a cidade a nossa volta, meus amigos… De antemão já quero falar, ela é bem bonita. Tanto em coisas grandiosas como o próprio cenário, as construções, quanto em detalhes como nos jarros de cerâmica, por exemplo. Tem muito ouro na cidade, e como se passa durante o dia, vemos a luz bater e os objetos brilharem. A ambientação em The Forgotten City faz bonito. Inclusive, a sua trilha sonora também brilha muito, para quem gosta da trilha de God of War, por exemplo, vai se deleitar aqui, de verdade, é muito boa.
Tecnicamente o jogo faz bonito, bem como seu level design, que parece simples, mas à medida que vamos progredindo, vamos encontrando caminhos que se interligam de forma inesperada. É bem legal.

A regra dourada
Finalmente, o enredo. Eu deixei essa parte mais para o final, por ser a melhor parte de The Forgotten City. Seguindo do início da campanha, quando partimos para encontrar o Al, nós nos deparamos com uma civilização antiga, destruída, e cheia de estátuas douradas. E no caminho, encontramos uma placa com os dizeres ‘’Muitos sofrerão pelos pecados de um’’ (podemos ler caso sejamos arqueólogos). Andamos mais um pouco e encontramos uma estátua de um homem, enforcado e com roupas modernas que descobrimos ser o Al. Em sua carta de suicídio ele conta que não aguentava mais viver daquele jeito e que essa era a única saída.
Logo após, encontramos um templo e lá, entramos em um portal que nos leva de volta ao passado (mais precisamente entre 54 e 68 antes de cristo, época que o Nero governou o império Romano). Ao sairmos do templo, somos apresentados a um dos NPCs mais gente boa que já vi, Galerius. Ele explica que, qualquer pessoa recém-chegada, deve ir conversar com Sentius, o magistrado (que nada mais é do que a pessoa que dita as regras, leis, julga, entre outras coisas, ou seja, um prefeito de antigamente) para que ele possa nos explicar sobre a ‘’Golden Rule’’ (regra dourada).
Como bons visitantes, nós vamos até Sentius sem questionar, e chegando lá, somos apresentados a famosa regra da cidade e o ponto-chave da campanha. Aqui nessa cidade, são proibidos quaisquer tipos de crimes (não pode roubar, matar, estuprar, entre outras coisas), e, caso essa regra seja quebrada, a fúria divina se abaterá sobre a cidade, e todos os habitantes serão transformados em estátuas de ouro (‘’muitos sofrerão pelos pecados de um”, lembram?).
Logo depois de descobrirmos sobre a regra, Sentius nos conta que uma eleição está por vir, e que ele teme que alguém irá quebrar a Golden Rule, e assim causar a ruína de todos na cidade. Então somos incumbidos de descobrir quem é esse ser de luz (ironia) e evitar que a cidade acabe da mesma forma que nós a encontramos no futuro, toda destruída e cheia de estátuas douradas
Os desdobramentos
Assim, o enredo de The Forgotten City, eu poderia descrever como uma dobradura de papel. Imagina que te dão um pequeno quadradinho de papel, menor que a palma da mão. Mas, a medida que você vai abrindo, ele vai virando uma folha de papel enorme! É assim que funciona a trama. Porque basicamente é: Descobrir quem vai quebrar a regra, e para isso precisamos conversar com os moradores da cidade. Porém, o jogo é cheio de intrigas, cheio de gente mentirosa, mas também tem muita gente boa e gentil.
É preciso conversar com todas as pessoas, e digo mais, vale a pena até fazer anotações de pontos importantes dos diálogos. Além disso, aqui temos uma mecânica interessante, caso você falhe e quebre a Golden Rule (ou algum NPC quebre), nós temos que correr de volta para o templo de onde saímos, e assim, retornamos para o início, como se fosse um ‘’reset’’, conhecemos os NPCs todos novamente, porém, guardamos as memórias e os itens da jornada anterior, ou seja, podemos pular diálogos e ainda adiantar processos.
Por exemplo, imagina que um personagem X precisa que você pegue um item qualquer para que ele te dê uma chave. Ai você fez todo um processo longo para pegar tal item, e quando está prestes a entregá-lo, seu tempo se esgota. Não tem problema, porque quando você der o ‘’reset’’, já estará com o item no inventário. E vale lembrar que esse ‘’reset’’ é diferente de morrer. Além disso, gostaria de lembrar que nós temos um tempo para resolver o mistério, porque no fim do dia a eleição irá acontecer, e dependendo de como o jogo decorreu até ali, ao fim dela a Golden Rule será quebrada, então, fiquem atentos.

O fator replay
A verdade é que eu poderia ficar aqui falando sobre todas as nuances que esse jogo tem, sobre os vários diálogos interessantes, tocantes, duvidosos e por aí vai. Mas aí o texto seria absurdamente grande. The Forgotten City conta com quatro finais, sendo divididos em uma espécie de linha do tempo para mostrar qual demora mais a ser realizado (quando zeramos aparece essa linha), e eles são bem distintos entre si, para não falar dos plot twists que o jogo reserva (sim, tem mais de um plot absurdo).
Em suma, nós temos uma história muito boa, com vários personagens interessantes, todos com sua personalidade, problemas e passado (que possuem semelhanças). É, de longe, o ponto mais alto do jogo e sem dúvida vale a pena fazer todos os quatro finais.

Conclusão
Portanto, The Forgotten City é uma aventura muito focada no enredo, mas que não faz feio no combate. Com um mistério excitante, uma ambientação muito bem feita, trilha sonora impecável e cheia de personagens cativantes e odiáveis e ainda aquela intervenção dos deuses romanos (que são os gregos, porém, com outros nomes) só para complicar tudo. Quem diria que um simples mod, se tornaria um jogo tão cativante e que vai prender a sua atenção e atiçar sua curiosidade por um bom tempo! Curte um mistério? Então acabou de esbarrar em um.