Introdução
Death Stranding se mostra um jogo diferente e bem fora da curva do que a indústria dos games estava acostumada. Com uma proposta contemplativa, um convite para reflexão sobre longas jornadas e uma pitada de maluquice, o mais recente jogo de Hideo Kojima é uma das experiências mais únicas que presenciei.
No entanto, há características de terror em Death Stranding. Um terror diferente do que estamos acostumados, algo abstrato, em que a sensação de medo chega através do desconhecido.
O que é o medo?

O medo é um sentimento extremamente necessário, ele é um dos fatores para a sobrevivência de uma espécie. Frequentemente sentimos a sensação de angústia, ansiedade, medo de qualquer que seja a fobia, e isso é natural, está dentro de nós.
Sendo assim esse sentimento é explorado de diversas formas na indústria do entretenimento. Por vezes com um tubarão que mata alguns banhistas e assusta os telespectadores através do suspense, ou através de uma moça que é morta várias vezes e sempre volta para assombrar aqueles que se envolvem com ela, mostrando assim o pior da sociedade.
Death Stranding e a imensidão

Os videogames levam o terror para um novo nível, colocando o jogador para encarar cenários escuros e recheados de momentos com jumpscare. Em contrapartida, em Death Stranding o medo aparece de outra forma, um pouco mais polida e menos escancarada.
Como resultado o jogador se deparará com ambientes recheados de EPs, estes são espíritos de pessoas mortas conectados ao mundo dos vivos. Além da chuva temporal que envelhece tudo que toca. Portanto, o medo é constante e a cautela é a sua melhor amiga nesses momentos.
Todavia o medo se estabelece por completo quando um dos EPs consegue pegar Sam (protagonista) e, dessa forma, o terror de Death Stranding mostra tudo de si. O chão se torna um Oceano cheio de ondas, a locomoção de Sam cai pela metade, as cargas vão ao chão e um animal marinho cheio de tentáculos aparece pulando na tentativa de puxar o jogador para o mundo dos mortos.
O desespero é instantâneo! A bizarrice de toda essa situação, o tamanho dos inimigos e o Oceano enorme que aparece engolindo Sam é, de certa forma, assustador. Não há jumpscare, apenas uma sensação estranha, tudo aquilo é tão imenso que causa desconforto.
Nesse sentido a história de Death Stranding aborda questões como as 6 grandes extinções em massa, vida após a morte e o valor individual de cada ser vivo. De algum modo a imensidão dentro do jogo se mostra assustadora e atraente, estando presente nas gigantescas montanhas e dentro do próprio Sam. Funcionando como um lembrete da vastidão do tudo e do nada, do micro e do macro.
Death Stranding: vida, morte e esperança

Certamente Death Stranding discute muitas questões interessantes, sendo inclusive uma espécie de reflexão sobre esperança e um convite à união e contemplação. Suas belas paisagens e trilhas sonoras são a combinação perfeita para caminhar e curtir a brisa do vento.
Contudo, eu preciso destacar como Hideo Kojima, mente por trás de Death Stranding, utilizou da imensidão para falar sobre o terror da morte, da falta de sentido existencial e, por fim, nos lembrar da importância da contribuição de cada ser humano para um mundo melhor. E mesmo que não existam muitos sustos ao longo do jogo, o terror se esgueira por todo o cenário, principalmente no desconhecido.
Death Stranding é um prato cheio para diferentes interpretações, há um outro texto aqui no site sobre essa maravilhosa obra, aproveite e leia: Death Stranding em tempos de Covid