Introdução
Jogos de plataforma existem desde os primeiros video-games, assim, com certeza é um dos estilos mais amados. Flynn: Son of Crimson entrega tudo o que esperamos de um bom jogo do gênero, ou seja, variedade, progressão, história e fluidez nos movimentos.
Lançado no dia 15 de setembro de 2021, o game chega para Playstation 4, Nintendo Switch, Xbox One e PC (disponível também via Xbox Game Pass). É o primeiro projeto que ganhou vida do estúdio Thunderhorse (apoiado pela Humble Games), o que mostra uma ótima competência da equipe.
A Ilha de Rosantica em perigo
Embora Rosantica seja grande e muito bela, sua paz está sendo ameaçada pela Praga. Isso porque a barreira mágica existente entre a ilha e a Praga está rachando, portanto, diversas criaturas conseguem atravessar e atacar diversos locais. Toda a comunidade está em perigo, tanto a vida marinha quanto a terrestre. Cabe a Flynn impedir que o mal vença.
Entretanto, não estamos sozinhos na jornada, afinal, contamos com a ajuda da nossa companheira Dex, a guardiã espiritual de Rosantica. Mas, logo no início vemos nossos inimigos tirarem a energia de Dex, fazendo ela adormecer fraca.
Saímos em busca de recuperar nossa maior aliada e companheira de vida, e assim o jogo nos apresenta que somos, herdeiros da força carmesim. A partir desse ponto, os NPC’s começam a explicar um pouco mais sobre nosso passado e como podemos fazer para parar a Praga.
Apesar de ter um enredo nada inovador ou fora da caixa, o jogo conta com uma história intrigante. Mesmo com plots conhecidos, todo o carisma do jogo, incluindo personagens, estética e até mesmo animação nas palavras das falas dos NPC’s ajudam a entregar um experiência bem gostosa e divertida.

Jogabilidade
Flynn: Son of Crimson é um jogo de plataforma 2D e aventura, então, sua estrutura é bem conhecida pela maioria dos jogadores. Andar, pular, derrotar inimigos e encontrar quebra-cabeças no caminho, isso é o que todo jogo básico do gênero traz. Contudo, Flynn não é apenas isso, ele consegue nos envolver com sua gameplay fluida.
Todos os elementos da jogabilidade são importantes na obra, visto que ela usufrui de seus princípios para criar momentos únicos no jogo. Por exemplo, em uma parte do jogo, aconteceu um evento onde o herói estava em um carrinho com duas plataformas. Para prosseguir, precisei “dançar” para escapar de todos os inimigos e obstáculos que o jogo colocou no caminho. Apesar de simples, foi um momento único e desafiador, que, no final, me fez sentir muito bem por concluir (mesmo tendo conseguido na primeira tentativa).
Além disso, o combate traz muitos elementos de RPG. A começar pela própria barra de vida e como a recuperamos, que lembra Dark Souls pelas cargas que temos disponíveis e por saber quando devemos usar. Mas, não é tão difícil assim, já que existem bastantes cristais que recuperam nossas cargas de cura. O que deixa o combate mais estratégico, também, é como o dano que tomamos é fracionado. Sempre tomamos 1 de dano, enquanto nossa barra de vida inicial tem 3 cargas.

Combate
É com certeza um dos combates mais responsivos que joguei em jogos de aventura e plataforma. Todas as ações têm resposta quase que imediata, o que me agrada muito. Se estivermos no meio de um ataque, o herói só vai dar o rolamento após finalizar a ação. Isso faz com que o combate seja mais estratégico do que somente apertar os botões. Porém, seria mentira dizer que o combate do jogo é difícil. Com certeza eu tive mais problemas nos desafios de plataformas do que nos combates.
E, na verdade, é por isso que gostei tanto desse aspecto de Flynn: Son of Crimson. Como ele é primeiramente um jogo de plataforma, o combate não toma o protagonismo para si. O que ele faz, contudo, é auxiliar no aspecto de variedade da obra. Vai ser difícil alguém cansar do combate, por dois motivos: eles geralmente são rápidos e existem diversas opções de como lutar.
Armas, nós temos três. A espada é a inicial e, como sempre, é a que contempla destreza e força, sendo assim, a mais equilibrada de todas. Depois, nós conseguimos o machado, sendo muito mais forte do que ágil e, por fim, a garra. A última é muito mais ágil do que forte. Ainda assim, existe a magia que Flynn pode lançar nos inimigos. Essa pode ser a básica ou de outros elementos que possuem efeitos distintos nos inimigos e obstáculos.
Ou seja, o combate faz a progressão do jogo acontecer de forma rápida e não cansativa. Ele não é o protagonista, mas também não é muito simples como no Mario, por exemplo. Quem jogar vai, com certeza, se sentir no controle total de suas ações e nem vai ver as fases passando.
A Fúria Carmesim
E, por fim, existe a Fúria Carmesim. Uma habilidade especial muito forte que só pode ser usada quando sua barra de fúria estiver completa e dura relativamente pouco.
Esse modo pode ser considerado uma trapaça, de tão forte que é. Qualquer inimigo que apanhar de Flynn nesse modo não consegue reagir. Por isso, é bem comum usar essa habilidade quando estamos cercados de inimigos ou em chefes.
Além disso, não é muito difícil recuperar a barra de fúria. E, sempre que estamos perto de alguma luta mais complicada, a obra nos presenteia com cargas da barra.
Os chefes
Mesmo nos jogos com combate mais simples, os chefes têm complexidade. Em Mario, precisamos utilizar o ambiente para derrotar muitos chefes, por exemplo.
Os chefões em Flynn: Son of Crimson não são difíceis, pelo contrário, encontrei muita facilidade para lidar com eles. No início do confronto eu entendia o padrão dele e pronto, não precisava de mais que isso para derrotar.
Diferente de jogos onde, mesmo com o padrão identificado, é difícil executar as ações para ganhar, nessa obra eu não senti isso. Os golpes são previsíveis e não alteram quase nada mesmo nas diferentes fases dos chefes. Com certeza, as batalhas contra os chefes não são o ponto forte da obra.

Progressão
Nesse tópico nós temos alguns tipos para abordar: a história, os mapas e também nossa árvore de habilidades.
Então, vou começar pelo enredo. Os devs fizeram um ótimo trabalho espalhando a história da região por toda a Ilha de Rosantica. Em cada mapa que chegamos, existem NPC’s que conversam sobre algo específico daquele lugar. Por exemplo, um pescador que pede para você procurar o amigo dele que sempre o encontrava para pescar naquele lugar, no mesmo horário, todo dia, mas que não aparece faz um tempo. Esses detalhes de cada região do mapa expandem o mundo e a lore do jogo.
Agora, diretamente ligado ao aspecto anterior, a variedade de mapas permite uma ambientação mais rica e, também, inova a experiência do jogador. Isto é, a cada momento quem joga está em um mapa novo e diferente do anterior, seja no level design dele ou apenas no tema. O que importa é que o jogo não cansa a vista, pelo contrário, maravilha e instiga o jogador a querer prosseguir.
E, por último, a árvore de habilidades. Essa é apresentada um pouco tarde (cerca de 15% do jogo completado). No início nós temos apenas a espada com um padrão de ataque. Até encontrar a NPC que libera as melhorias na árvore, confesso que foi massante jogar. Porém, quando nós conseguimos evoluir nossa árvore, as alternativas aumentam e o jogo fica muito mais dinâmico.

Conclusão
Flynn: Son of Crimson é inspirado em diversos clássicos dos jogos: Mario, Megaman, Crash, Sonic… E também em alguns novos clássicos, como o Dark Souls. A melhor parte é que ele consegue criar um carisma único, misturando elementos desses jogos todos. A parte artística e sonora do jogo é impecável, todos os mapas são lindos, as animações perfeitas e a trilha sempre dita bem o ritmo do jogo. Eu lembro que vi essa obra no kickstarter, há muito tempo, e quando tive a possibilidade de fazer a análise, não pensei duas vezes. A melhor parte é que eu não me decepcionei, pelo contrário, fiquei muito feliz com o resultado alcançado. Flynn: Son of Crimson é um experiência muito divertida e carismática, digno de um ótimo jogo de plataforma.
*Chave concedida para análise via Steam