O Fantasma de Esparta
Toda e qualquer saga grande, pode acabar deixando algumas pontas soltas, isso é normal. O lado bom, é que isso da margem para explicações muito boas de fatos ‘’ocultos’’. E God of War – Ghost of Sparta faz exatamente isso, da profundidade para um easter egg do primeiro God of War, e ainda nos mostra um período extremamente importante para a saga. Mas deu certo?
Lançado em 02/11/10, sendo desenvolvido pela Santa Monica Studios em parceria com a Ready at Dawn, e distribuído pela Sony como um exclusivo de PSP e relançado anos depois para PS3. Tratando-se de um jogo de ação e aventura, no gênero hack ’n slash. Tendo como temática central a mitologia grega.
O Deus inquieto
A história começa com Kratos sentado no trono de Deus da Guerra. Porém, mesmo após a sua vitória espetacular contra Ares, o nosso ‘’herói’’ ainda não se sente confortável, já que os deuses negaram à ele o seu pedido para que as visões do seu passado o deixassem. Mas, Zeus não fez nada, e agora novas visões assombram Kratos, visões da sua infância com sua mãe e seu irmão.
Agora o Fantasma de Esparta não vai deixar de lado essas visões, pois algo o diz, que essas ele pode mudar. Então, Kratos parte para Atlântida em busca de respostas, e é ai que o jogo começa.

As novidades do fantasma
Bom, como Ghost of Sparta também saiu para o PSP, ele segue a linha do Chains of Olympus na questão dos controles adaptados para o portátil. E, da mesma forma, ele segue com algumas mudanças na versão de PS3 (está tudo explicado na análise do Chains). Entretanto, por mais que o combate seja essencialmente o mesmo, aqui foi adicionado um movimento novo, e eu diria até que bem viciante, chamado Hyperion Charge. Ao pressionarmos L1 + Bolinha, Kratos executa uma investida feroz contra o inimigo e o derruba (estilo MMA de Esparta), e com isso nós podemos dar vários socos nele apertando quadrado até finalizar, ou uma finalização mais rápida com triângulo, e ainda é possível arremessar o inimigo para longe apertando bolinha. Ou seja, tem para todos os gostos.
Mas, aqui temos algumas evoluções em comparação ao seu irmão portátil. Primeiro, as magias. Ghost of Sparta deu um upgrade se comparado ao anterior que tinha magias funcionais, porém um pouco esquecíveis. Entretanto, agora eles capricharam mais. Ainda não está no nível dos jogos dos consoles de mesa, mas evoluiu. Vale ressaltar que eles também mudaram os comandos das magias, já que agora, elas funcionam apertando o direcional correspondente. Sendo sincero, até hoje não me decidi entre os dois modos, acho que depende do dia mesmo.

Adições muito bem vindas
Inclusive, gostaria de destacar duas delas. Thera’s Bane que imbuem as lâminas de Atena com um fogo mágico, permitindo que a gente quebre armaduras de alguns inimigos, ou seja, acabamos usando bastante ela. E também, a minha favorita: Arms of Sparta. Essa, é uma arma secundária, e admito que abandonei as lâminas, várias vezes, para usá-la (juro). Elas são a lança e o escudo que Kratos usava quando era general de Esparta, e são muito divertidas e ainda úteis para alguns trechos. Capricharam bem nessas duas.
Além disso, aqui eles mantiveram os olhos de górgona para aumentar a vida, e as penas de fênix para a magia, porém foram adicionados os chifres de minotauro, que servem para aumentar a barra que gastamos ao usar a Thera’s Bane (viu como ela é importante?). Mas, os três seguem o mesmo esquema de sempre, coletar se fortalecer. Ao passo que falamos sobre os itens coletáveis, gostaria de mencionar que somente nos dois jogos de PSP (Ghost e Chains) é possível coletar baús embaixo d’água. Não sei bem o porquê disso, mas acho uma curiosidade interessante.

Tecnicamente bem feito
Em seguida, o quesito técnico. Se Chains já fez bonito no portátil da Sony, imaginem o Ghost of Sparta! Pois é, ele foi além do seu antecessor e conseguiu melhor o que já era bom graficamente. Já sobre a trilha sonora, sinceramente não tem o que dizer, incrível como sempre. E o level design também melhorou, ainda segue abaixo dos dois primeiros jogos, mas houve evolução, inclusive nos puzzles. Mas a beleza dos cenários permanece forte.
Um caminhão de respostas
Finalmente, o enredo, e que enredo. Bom, Ghost of Sparta se passa entre o primeiro e o segundo God of War, com Kratos vivendo como Deus da guerra. Aqui nos é revelado que o irmão de Kratos (mencionado nos extras do primeiro jogo), foi sequestrado quando criança e separado da família, e, agora, sua mãe está à beira da morte e presa em algum lugar de Atlântida.
Então, Kratos decide que vai passar por cima de tudo e de todos (até porque ele é um Deus agora) para poder resolver esse mistério. E essa história é muito boa, várias perguntas são respondidas, e conta com momentos épicos e muito tristes. Kratos passa por cada desventura, que fica impossível a gente não ficar sensibilizado com ele, e ir contra os deuses.
Inclusive, tanto Chains, quanto Ghost tem dois pontos muito interessantes. Ambos nos mostram o porquê de Hades e Poseidon nos odiarem muito (não que gostassem antes), além disso, um personagem que aparece no primeiro jogo acaba retornando aqui de uma forma tão interessante que, antes gostávamos dele, agora ele gera até desprezo.
Ou seja, para mim, o enredo é o ponto alto de Ghost of Sparta, e inclusive é o que mais gosto nele. Tanto, que a minha vontade é contar ele inteira aqui para vocês de tanto que eu gosto. Não adianta ser um prequel, se não tiver nada para acrescentar.

Extras
Em seguida, os extras. Aqui, temos o Challenge of the Gods de volta (ainda bem), e por ser recorrente em todos os jogos da franquia até então, vocês já sabem como funciona. Além disso, no God of War 2 tínhamos a Arena of the Fates, que agora se chama Combat Arena, mas segue o mesmo conceito. Ou seja, o Challenge para se desafiar e a Arena para se divertir. Porém, como novidade temos o Temple of Zeus, que consiste em um local onde podemos trocar os orbs vermelhos que sobram na campanha principal (e são muitos) por itens secretos que só descobrimos após compramos, e acreditem, vale muito a pena comprar todos os itens.
E para fechar, os vídeos de making of e galeria de arte conceitual, bem padrão da saga. Além de alguns itens que vamos coletando ao longo da campanha, e que podem ser usados ao zeramos novamente para conseguirmos alguns bônus, igual às urnas no God of War 2 lembram?

Curiosidade
Por fim, gostaria de deixar apenas umas curiosidades sobre Ghost of Sparta. Como ele foi lançado após God of War 3, ele herdou algumas coisas estéticas do mesmo, assim como Chains herdou aspectos dos dois primeiros. Por exemplo, as penas de fênix que eram azuladas nos dois primeiros jogos (consequentemente no Chains também) e no Ghost são laranjas como no três. Além disso, temos os save points que puxam a estética do terceiro jogo também, e ainda, o ataque forte de Kratos com triângulo é executado com o espartano meio ‘’de lado’’ nos dois primeiros jogos, enquanto que no três é um ataque mais frontal, e o Ghost também traz isso.
Por último, mas não menos importante, nos primeiros jogos, quando os botões dos quick time events apareciam na tela (quadrado, bolinha, etc), eles ficavam no meio da tela, porém, no God of War 3 eles foram realocados para os cantos, correspondendo a posição dos botões na manete. Por exemplo, o bolinha fica na direita, logo, ele aparece no canto direito da tela e essa evolução foi carregada para o Ghost.
Informações inúteis, mas fica aí a curiosidade de alguns detalhes.

Conclusão
Em síntese, God of War Ghost of Sparta entrega uma gameplay visceral e satisfatória como sempre, com gráficos ótimos, uma ambientação bem feita com cenários memoráveis, uma trilha sonora impecável e ainda uma história muito bem pensada, emocionante e reveladora. Eu acho um pecado quem é fã da saga ainda não ter tido oportunidade de jogá-lo. Por mais que a trilogia funcione sem ele, as respostas e momentos que ele traz são incríveis e acrescentam de uma forma que eu realmente não esperava. Mesmo não sendo tão longo, faz valer cada segundo.