Introdução
Já ouviu falar das damas de escudo (Shieldmaiden), as guerreiras vikings? Não apenas eram guerreiras natas, como lutavam para acompanhar seus maridos e defendiam a casa de suas famílias. Agora, e se alguém acrescentasse o conceito cyberpunk?
Dessa forma, essa parece ter sido a inspiração dos designers do estúdio brasileiro da Dumativa ao lançar seu novo título indie, o Shieldmaiden. Logo, o jogo é do gênero ação, plataforma 2D com pixelart bem bonito, cores e iluminação retro wave que lembra muito os cenários de Ghost in the Shell, Blade Runner ou obras semelhantes.
De qualquer forma, Asta é uma heroína que busca o paradeiro de sua irmã, e para isso terá que passar por cima de hordas de robôs que tomaram conta de toda a cidade de Modigard, onde o enredo se passa.
Assim, o jogo está disponível desde 12 de Março de 2020, apenas para PC Windows via Steam. Confira nosso texto sobre jogos de plataforma neste link.
Cataclisma
Já faz 2 meses desde o fatídico Cataclisma, que consistiu em uma tempestade magnética que arrasou a cidade de Modigard e o restante do mundo. Logo após, o que sobrou foram apenas ruínas. Já se sabe que tudo foi obra de uma horda de robôs que ao mesmo tempo tomou conta das ruas, bem como invadiram todos os sistemas digitais.
Ao passo que a cidade ainda desmorona depois do desastre, uma das sobreviventes se chama Asta, a nossa Shieldmaiden. Só para ilustrar, o título dama de escudo vem do fato em que Asta utiliza um escudo de força tecnológico para combater as hordas robóticas.

A princípio, Asta quer reencontrar sua irmã Roza, pessoa na qual guarda muito carinho por serem muito próximas. As duas conviviam frequentemente para conversar sobre as novidades diárias que cada uma tinha. Consequentemente, com o Cataclisma, as duas irmãs estavam juntas quando tudo se apagou. Assim, quando Asta desperta, sua irmã não estava em lugar algum, mas alguma coisa foi deixada para trás por ela.

Dama de escudo e o Corvo
Desse modo, Roza deixou para trás seu sistema transmissor que ela mantinha por perto sempre. Quando Asta agarrou o objeto percebeu algo. Ela já usava por um bom tempo um bracelete dado de presente por sua irmã, cujo achava ser apenas uma joia comum. Porém, para seu espanto e no meio de toda aquela destruição, o item se ativa por conta própria e é nesse momento que a dama de escudo cyberpunk nasce para enfrentar a ditadura robótica e quem sabe encontrar sua irmã Roza.

Durante as incursões de Asta, ela recebe ajuda de seu amigo digital Romir. A saber, ele é uma inteligência artificial que de algum modo consegue se manter livre no sistema de rede de Modigard, sob controle dos robôs. A dupla incomum de amigos planeja encontrar Roza e enfrentar os robôs investigando pistas deixadas por ela. Em se tratando destes rastros, são resíduos eletromagnéticos nos quais Romir consegue detectar e guiar Asta em sua procura.
De fato, as pistas incluem um jornal em papel que Roza costumava ler, pois tinha a mania de consumir coisas retrô. Bem como um laço de cabelo e outros objetos espalhados pelo cenário.
À medida que os dois vasculham Modigard e destroem robôs inimigos, os dois percebem que máquinas da cidade foram dominadas, como a árvore Guardiã. Nesse momento, uma figura sinistra surge com poderes inumanos, que se esconde por trás de uma máscara de Corvo. No momento em que o estranho ser ataca Asta tentando deter seu avanço, ela e Romir chegam a conclusão que ele tem algo a ver com o Cataclisma e, possivelmente, com o sumiço de Roza.

Saltar, lutar e lançar o escudo de força
De acordo com o gênero de Shieldmaiden, ele bebe muito de clássicos como Megaman X e Ninja Gaiden (Nes 8-bits). A arrumação das fases de plataforma, o ritmo de jogo e a forma de enfrentar os inimigos condiz muito com títulos dos anos 90.
Dessa forma, Asta baseia seus ataques e defesa pelo seu bracelete. Com isso, pode atacar melee sem gastar força. Outro poder é o escudo de força, que a protege temporariamente tanto de rajadas de tiros, como de alguns lasers inimigos ou de armadilhas do cenário. Contudo, diferente dos socos, gerar escudo gasta força para cada ataque anulado.

Ao mesmo tempo, o escudo pode ser lançado nos inimigos no maior estilo Capitão América. Assim sendo, é possível até fazê-lo quicar na parede para atingir alvos atrás de obstáculos. Da mesma forma que os ataques melee, lançar o escudo também não gasta a barra de força, lançá-lo também tem um custo.

Agora, existe um losango no alto da tela que representa o bracelete de Asta. Este se enche ao se bloquear ataques com o escudo e permite que ela libere uma explosão de força acumulada, atingido tudo na tela. Dessa forma, não só robôs são destruídos, como barreiras em chefes de fase são quebradas, tornando-os vulneráveis.

Aliás, saltar confere umas ações legais. Saltar na parede gera impulso para se alcançar locais altos. Além disso, quando o espaço entre plataformas for distante, a dama de escudo pode realizar um dash tanto no chão como no ar.
Por fim, unindo o salto com o escudo de força, ela pode projetá-lo para debaixo de si mesma e realizar uma espécie de surfe sobre raios de energia.
Atravessando Modigard
Toda fase tem 2 setores com um chefe em cada, o primeiro sendo algum inimigo específico da fase e o segundo sendo um dos vilões corvos do plot, que demonstram sempre mais desafio no combate. No entanto, para alcançar os bosses, Asta terá que passar por inimigos voadores, turretas e robôs que a perseguem. Eles estarão em pontos estratégicos para dificultar a travessia, e podem até ser uma dor de cabeça dependendo da posição em que cada um estiver.

Além disso, as pistas encontradas de Roza servem como colecionáveis, e geram conquistas. Estes objetos podem ser achados com certa facilidade bastando explorar um pouco os arredores dos estágios.
Com efeito, o gameplay em si é bastante simples, sem muito a oferecer sobre encontrar segredos, upgrades, novas armas ou qualquer coisa do tipo. Isso torna o jogo um passeio meio blasé, sem acrescentar muito. Outra coisa são os diálogos em cada início e fim de fase que, além de um pouco extensos, tentam acrescentar conteúdo, mas em sua maioria fica mais no texto do que apresentado no jogo em si.
Arte retro-futurista
Decerto que o gráfico em pixelart é um dos pontos fortes de Shieldmaiden. Os lugares urbanos destruídos são muito bem feitos e transmitem bem o clima pós-apocalíptico cyberpunk. Do mesmo modo ocorre com Asta e os inimigos, com sprites mostrando um grande número de movimentos distintos.

Além do mais, todos os chefes de fase são bem bonitos e de conceitos bem distintos, mostrando várias formas e ângulos de como se postam em batalha. Como também um número razoável de ataques bem marcantes.

Em contrapartida, o número de inimigos nos estágios é limitada e o jogador se vê lutando diversas vezes com os mesmos robôs, o que desanima um pouco já que não faltam robôs e máquinas para se inspirar da cultura pop em geral.
Som techno-ópera
Nesse meio tempo de alguns games lançados da Dumativa, vê-se que o estúdio já tem potencial para grandes acervos de músicas para games. É animador ver que algumas trilhas lembram histórias épicas através de alguns trechos de ópera, e ao mesmo tempo trazem faixas que lembram sucessos do cinema como Blade Runner e Matrix.
Sem dúvida que ao trazer o tema cyberpunk, retro wave e músicas sintéticas, algumas trilhas lembram outros jogos. Um desses momentos foi lembrar a bela trilha de outro indie lançado este ano também, o Cyber Shadow, este que possui enredo com tema parecido. Outrossim, uma das faixas parece ter sido inspirada nas músicas do finado Daft Punk, que pertenceu a uma dupla de músicos franceses, fundado em 1993 e se estendendo até este ano de 2021, quando foi encerrado.

Concluindo sob ondas retro wave
Em resumo, Shieldmaiden possui belos gráficos em pixels, música e um gameplay que diverte, apesar de repetitivo em diversos momentos. É um jogo que retribui a conclusão de fases com belos combates de chefes muito bem feitos e que transmitem uma certa ameaça.
É sempre bom ver temas de futuros em distopia como o de Shieldmaiden, que recebem trabalhos carinhosos como esse, e nesse título os detalhes não deixam a desejar. Então, unido a uma bela mixagem de som, pode ser que muitos jogadores fãs deste estilo enxerguem muita coisa boa. Porém, não há nada grandioso que valha ser citado.
Enfim, temos mais um jogo de nosso Brasil, com devs dedicados tentando sempre criar a nossa marca nacional na indústria, e em Shieldmaiden valeu à pena observar o que a Dumativa se propôs.