A Juggler’s Tale é uma aventura em plataforma 2.5D, com elementos de puzzle. Contudo, ele se destaca pela protagonista no mínimo diferente: Uma marionete chamada Abby.
Desenvolvido pela Kaleidoscube ele foi definido como: “Poderoso e Poético”, pela distribuidora.
A Juggler’s Tale segue o padrão de jogos como Limbo e Inside, com uma proposta mais carismática e que te pega pela emoção e não tanto pelo gameplay.
O Conto
A Juggler’s Tale é uma fábula sobre liberdade. A história segue a marionete Abby, uma malabarista que integra uma trupe de circo, mas que, insatisfeita com sua prisão, decide fugir em busca de liberdade, tentando levar junto seu amigo e companheiro de espetáculo, um urso.
Sua história é dividida em cinco atos, porém ela é contada de uma maneira bem peculiar. É na verdade uma mistura de poesia e canção, contada por um bardo, em uma taverna. Algo que lembra o jogo Bastion.
Contudo, este bardo não só conta a história, como até em determinado momento tenta controla-la. Até porque, A Juggler’s Tale é, em teoria, um teatro de marionetes, onde bonecos são manipulados por cordões.
Em suma, você deve ajudar Abby em busca de sua liberdade, mas claro que o dono do circo não vai ficar feliz com essa situação e vai tentar de todas as formas recuperar sua malabarista.
A Jornada
A Juggler’s Tale é um jogo plataforma que busca inspirações em mecânicas conhecidas, mas ao mesmo tempo consegue inovar usando sua própria narrativa como base.
Por exemplo, entre as mais básicas estão, pular, arrastar objetos, arremessar coisas e, além disso, desvendar alguns puzzles pelo caminho, todos eles em prol de alcançar o objetivo final: Liberdade.
Contudo, os desenvolvedores usaram o fato de que Abby é uma boneca de marionete para criar alguns momentos bem únicos em sua jogabilidade. Suas cordas a impedem de andar normalmente por determinados locais, como grandes galhos de árvores, em baixo de estruturas e outros.
Com isso, há um fator quebra-cabeça no jogo apenas para avançar. Por exemplo, em um momento Abby não consegue seguir seu caminho porque os fios que a prendem estão enroscando em uma pá de um moinho de vento.
Então, você precisa olhar ao redor e deduzir o que fazer para superar este empecilho.
Além disso, intercalado com a ação de plataforma, as vezes é necessário uma certa furtividade, já que há perseguidores atrás de Abby e você perde ao ser pego.
A Juggler’s Tale é uma boa mistura entre o básico e a novidade.
O jogo não tem contador de vida. Ao cair ou ser capturado você volta a um ponto bem próximo e tenta de novo. Além disso, não há sidequests. Ele é bem objetivo: Sua jornada é sempre em frente, para se livrar de seus perseguidores e fugir em busca de ser livre.
A Juggler’s Tale realmente aproveita o fato de se passar em um mundo de marionetes. Não só Abby está sob essa limitação, mas também nossos perseguidores e, muitas vezes, vamos tirar vantagem deste fator para conseguir escapar.
Mais do que os Olhos podem ver
Além do inteligente uso das cordas na jogabildiade, A Juggler’s Tale consegue dar uma profundidade até inesperada a sua trama.
Sem o risco de dar spoilers, mas é possível dizer que no meio do jogo veremos um plot twist sensacional. O bardo que está contando a história logo se envolve cada vez mais e passa a ser um personagem importante na fábula.
A uma porção metalinguística no jogo, já que, apesar da tentativa de fuga de Abby, ela segue presa as suas cordas. Além do mais, não é apenas do dono do circo que a mantém em cativeiro que ela está fugindo, mas de qualquer um que tente ter tipo de controle sobre ela.
A Juggler’s Tale não é só apenas sobre Abby, uma marionete. Ele conta uma linda história sobre liberdade, compaixão e coragem. Ainda por cima, consegue aproveitar suas metáforas e ambientação para trazer ainda mais sentimento ao jogo.
Aspectos Técnicos
Os gráficos de A Juggler’s Tale são ultrapassados, apesar disso, é um jogo bem resolvido visualmente.
Ele não tenta entregar algo acima da capacidade do estúdio, mas, dentro de sua proposta lúdica consegue agradar e encantar.
Cada ato começa em um cenário de “fake”, quase como uma página daqueles livros 3D, com casa e árvores de papel. Mas assim que a fase começa de fato, mudamos para o cenário real.
É importante salientar o quão esperta a equipe de desenvolvimento foi. O jogo é uma “fabula visual”, portanto, os gráficos que misturam realidade com fantasia são muito bem empregados.
A Juggler’s Tale está longe de ser uma obra de arte visual. Contudo, tem uma personalidade única e um charme que o torna especial.
Porém a sonoplastia do jogo é um destaque em tanto. Como já dito, a história é narrada e cantada pelo bardo chamado Jack e como este trabalho foi bem executado.
O desenrolar da aventura, sendo contada nesta estrutura dividida em versos ficou simplesmente encantadora.
Além disso, as músicas instrumentais, tocadas tanto em momentos um pouco mais tranquilos, como nas angustiantes fugas de Abby são perfeitamente encaixadas na história. O capricho é invejável.
E, tão caprichado quanto o texto original em inglês, é a localização para o português do Brasil.
O game é todo legendado, inclusive as músicas. Porém, elas não receberam apenas uma tradução literal, deixando as coisas fora de contexto.
Há uma atenção para que as rimas façam sentido também em português.
Problemas
Além da parte gráfica limitada, A Juggler’s Tale sofre com uma física imprecisa. Apesar de não haver tantas partes assim de plataforma, por vezes, é possível se frustrar com falhas em pular uma árvore durante uma fuga ou subir em um lugar alto.
Contudo, não chega a ser um problema que estrague a experiência, mas é necessário pontuar.
Algo que pode gerar certo descontentamento é o tamanho do jogo, A Juggler’s Tale é curto. Em uma primeira jogatina levei pouco mais de 3 horas para finalizar e este tempo é diminuído quase pela metade sabendo o que fazer.
O jogo vale e pena e é sim uma experiência emocional única, contudo acaba bem rápido, deixando até um sentimento de vazio.
Conclusão
A Juggler’s Tale é uma fábula sobre coragem e amizade, mas principalmente sobre liberdade. Sua ambientação sonora e narração traz uma imersão incrível e desperta sentimentos e emoções.
O estúdio alemão Kaleidoscube conseguiu executar um belo trabalho em um game que de começo da a impressão de ser só mais um, mas que na verdade carrega uma mensagem profunda e importante.
A Juggler’s Tale é rápido, contudo consegue alcançar um nível de carisma irrefutável, com um último ato intenso e memorável.
E ele faz tudo com uma mistura única com rimas em sua narrativa. Com toda sua história contada sem perder emoção de uma forma criativa.