Introdução
Cada novo anúncio de jogos feitos por brasileiros, maior o orgulho dos nossos devs que superam tantas dificuldades para entrar na indústria. Logo, em A prisioneira da Noite, guie Nartide que foi sequestrada pelo vento frio da noite Cruviana. Agora, ela se vê presa num pesadelo obscuro de perigos e criaturas horríveis e precisa escapar desse lugar.
Assim, o jogo foi produzido e lançado pelo estúdio indie nacional RMAL (Twitter). Consiste em título do gênero plataforma com elementos de puzzle e gráficos no estilo 2.5D. O lançamento foi no dia 1º de Outubro de 2021, apenas para PC via Steam.
Em se tratando de jogos sombrios de plataforma, confira nossas primeiras impressões de Source of Madness.
Prisioneira da noite
Em princípio, havia uma casa grande onde a pequena Nartide vivia feliz com sua família. Sobretudo, pela casa parecer enorme para uma criança como ela, sonhava que seu lar era um grande castelo. Assim, ela deseja um dia se tornar a princesa desse enorme castelo quando se tornar adulta.
De todo o modo, a mãe sabendo que sua filha estaria a mercê das criaturas do pesadelo por ser tão sonhadora, pede para que ela use seu cobertor para se proteger quando for dormir. O temor de sua mãe era que a entidade Cruviana, o vento frio da madrugada, surgisse e roubasse sua filha. Por outro lado, Nartide descumpre os pedidos de sua mãe, sendo levada por Cruviana.

A seguir, a pequena heroína se vê prisioneira dentro de um pesadelo tomado por criaturas sedentas em devorá-la, caso tente fugir. Mas ela não irá se acovardar e usará os poderes da roupa de princesa e tantos outros para superar os desafios espalhados por todo o mundo do pesadelo de Cruviana.
Jogando pelo Pesadelo
Em se tratando do gameplay, em A Prisioneira da Noite existem elementos que são um padrão em jogos de plataforma, como buracos tomados por espinhos que matam na hora. Em contrapartida, não há combate contra quaisquer monstros, e as criaturas presentes exigem que o jogador fuja para que Nartide não seja devorada.

Nos setores por onde menina passa, ela terá que ativar alavancas e pressionar botões espalhados por lugares que muitas vezes escondem armadilhas. É preciso se apressar para fugir de certos lugares para evitar morte certa. Fora isso, buracos de espinhos, lâminas e diversos outros perigos vão ameaçar Nartide em sua fuga do pesadelo de Cruviana.

Além disso, não há barra de vida nem mesmo estoque de vidas que evitem game over. Porém, mesmo quando o jogador morre, os medalhões presentes em lugares certos dos estágios servem como checkpoint.
No geral, a locomoção de Nartide é um pouco truncada, até mesmo com a roupa normal em que ela se mostra mais ágil. O comando de pulo dificulta um pouco a precisão devido à decisão de se ativar a função através do analógico de movimento.
Poderes das roupas
Outrossim, a ausência de batalhas não significa que não haverão desafios. por isso, Nartide usará suas roupas encantadas que fornecem poderes especiais que normalmente ela não tem. Logo, o jogo inicia com a heroína portando um vestido de princesa que, apesar de diminuir a velocidade ao andar, correr e pular, permite que ela realiza pequenos voos. Essa habilidade é muito útil para atravessar mares de espinhos, que com pulo comum não seria possível.

Outra roupa permite invocar um boneco flutuante, o pijama, fazendo com que Nartide flutue e alcance lugares altos inacessíveis sem ele. À medida em que o jogo avança, novas vestimentas são desbloqueadas para que outros lugares bloqueados sejam alcançados.

Arte sombria
Os gráficos são todos trabalhados em um 2,5 D, que emulam muito do que era mostrado em jogos de PC do final dos anos 90. A arte em si não economiza na temática sombria, com muitos ambientes escuros. Bem como trazendo a sensação de tensão de a qualquer momento alguma criatura surgir para devorar Nartide, ou dela sofrer o pior ao cair em alguma armadilha inesperada.

De todo o modo, a animação da heroína, dos demais personagens e das criaturas que surgem no jogo parecem um pouco duras e estranhas, mas nada que cause problema ou não compreensão do que acontece.
Sonoridade
É muito bom ver como os jogos brasileiros estão evoluindo. Nesse sentido, ver a narração da história toda em PT-BR mostra como somos capazes de atribuir nossa cultura, nossa brasilidade nas obras nacionais.
Ao mesmo tempo, as faixas criadas por Graciele Callado, Walter Yanko e Naldinho Braga elevam o tom e vontade dos produtores de A Prisioneira da Noite em carimbar nossa cultura neste jogo.
Por outro lado, algumas músicas de fase infelizmente precisavam de um maior trabalho. Em pouco tempo se tornam repetitivas e passam a incomodar um pouco durante o gameplay. Por mais que seja possível desativá-las, acho que uma boa trilha enquanto se joga fornece espírito, mais personalidade para o jogo em si.
Concluindo
Certamente o Brasil nunca teve um número tão grande de lançamentos originais como ocorre nos últimos anos. E não há limite de estilos e gêneros. Decerto que vemos jogos de ação, RPGs, estratégia dentre tantos outros formatos, com gráficos 2D tanto quanto 3D que se aprimoram cada vez mais.
A Prisioneira da Noite é a prova de que uma grande indústria nacional está aos poucos surgindo e tem futuro promissor. Como também sabemos de todas as dificuldades que os devs brasileiros encontram em desenvolver seus jogos, o orçamento, tempo, acesso à profissão onde os cursos disponíveis são muito elitizados e caros. Aliás, muitos profissionais não conseguem viver só de jogos, a não ser que consigam ir para o exterior por alguma sorte que surja.
Em sua maioria, precisam trabalhar para se sustentar, encontrar tempo para trabalhar em jogos em suas folgas. Ainda mais, caso não consigam financiamento, precisam botar dinheiro de seus salários para ter a chance de ver seus produtos acabados e lançados nas plataformas da indústria, que não são baratas, diga-se de passagem.
Dessa maneira, A Prisioneira da Noite é só o primeiro trabalho do estúdio RMAL. Nitidamente, existe amor e dedicação neste título. Porém, é possível que precisasse de mais tempo de polimento e construção da estrutura geral do jogo. O tema é maravilhoso, a história do jogo é interessante sendo bem diferente de tudo que costuma ser mostrado nos videogames. Mas, como foi dito, talvez os inúmeros obstáculos de se produzir jogos no Brasil tenha atrapalhado a execução final.
Mesmo assim, vale muito experimentar jogar A Prisioneira da Noite. É preciso valorizar nossos devs que não deixam nada a desejar com os de fora do país. Precisam apenas de apoio, que infelizmente ainda é difícil por aqui.