Introdução
Dustwind: The Last Resort é um RPG pós apocalíptico ambientado em um grande deserto. Este estilo de localidade se popularizou graças a clássicos como Mad Max e Fallout New Vegas. Entretanto, uma ambientação interessante não é o único fator predominante em um RPG, pois se os outros elementos como a narrativa, não forem bem elaborados, o game pode cair no mais do mesmo e não entregar nada além de uma ideia promissora.
Portanto, chegou a hora de vermos se este novo jogo pós apocalíptico consegue entregar uma boa história e ao mesmo tempo imergir o jogador neste mundo devastado.
Dustwind: The Last Resort foi desenvolvido pela Duswind Studios e lançado no dia 15 de setembro. O título está disponível nas plataformas Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam.
Uma terra devastada
Dustwind: The Last Resort começa apresentando um vídeo de introdução que mostra como a humanidade se tornou uma terra devastada. Assim sendo, 25 anos antes dos eventos do game, um evento cataclísmico desencadeado por uma IA devastou o mundo. Portanto, agora cabe aos poucos humanos que restam, tentarem sobreviver a qualquer custo nesta terra desolada e coberta de areia.
Logo depois desta pequena introdução, o game apresenta ao jogador uma mulher e sua filha. Elas estão caminhando pelo deserto, quando são atacadas por bandidos de forma inesperada. Eles então espancam a protagonista e a deixam caída e aparentemente morta.
O despertar
Após este terrível evento, ela surpreendentemente acorda sem muitas lembranças do que aconteceu. Neste momento o gameplay começa, devemos então explorar o local até encontrarmos um misterioso personagem nos observando. Portanto, teremos um pequeno dialogo com ele, até que chegará o momento que a protagonista irá perguntar de sua filha. O misterioso homem irá nos aconselhar a ir em direção a um acampamento de bandidos logo a frente.
Portanto, ao chegarmos no local seremos introduzidos ao primeiro combate. Assim sendo, devemos derrotar os inimigos e buscar informações sobre o paradeiro de nossa filha. Logo de cara, as mecânicas de confronto se mostram pouco eficazes.
Pois, embora o game funcione na base de porcentagem de acerto, os comandos de ação não funcionam como deveriam. Para exemplificar, sempre que um ataque é feito, aparece na tela se acertamos ou erramos o golpe. Entretanto, em diversos momentos o game identificava como golpe executado e o inimigo não sofria dano. Esta situação é recorrente durante toda a jornada e acaba sendo bem frustrante.
Logo após derrotarmos estes inimigos iniciais, devemos coletar o loot. Depois, a personagem retorna com as informações que conseguiu para o NPC inicial. Assim sendo, ele nos auxilia para outro local que devemos ir e nos aconselha a ficarmos atentos aos perigos pelo caminho. Portanto, nosso objetivo é encontrar nossa filha e tentar sobreviver nesta terra devastada.
Uma história que poderia ter sido mais aprofundada
Durante o material de divulgação do game, a desenvolvedora frisou bastante em como a narrativa seria emocionante e profunda. Infelizmente, este acaba não sendo o caso aqui. Embora tenhamos alguns momentos interessantes e reviravoltas surpreendentes, no geral o título não consegue estabelecer uma conexão tão forte entre os personagens. Portanto, quando algum deles morre em batalha por exemplo, o peso emocional acaba não sendo algo presente.
Outro fator que contribui para está situação, é que o peso das escolhas do jogador acaba não sendo demonstrado com clareza. Assim sendo, durante a narrativa, não fica claro se as nossas ações estão realmente impactando aquele mundo e as pessoas ao redor dele.
A construção de uma equipe
Em Dustwind: The Last Resort poderemos ter alguns companheiros de jornada. Com eles ao nosso lado, é possível comandarmos suas ações em combate. Portanto, cada um deles terá características únicas que serão usadas em batalha. Assim sendo, é importante que o jogador fique atento nestas estatísticas, para então equipar seus companheiros com armas que condizem com suas habilidades.
Embora eles sejam de grande ajuda durante os confrontos, a forma de comando acaba deixando a desejar. Pois, ao abrirmos o menu de comandos, poderemos dizer a forma de ataque para eles executarem. Assim sendo, é possível selecionarmos uma forma mais agressiva ou defensiva, sendo que logo abaixo do comando teremos a porcentagem de sucesso desta ação.
Embora pareça efetivo, o resultado nem sempre acaba condizendo com os números apresentados. Portanto, em diversas vezes os danos aplicados eram suficientes para a vitória, entretanto, o game não contabilizava os números de forma correta. Assim sendo, está situação acabava dando a brecha que o inimigo precisava para sair vitorioso.
Um combate que poderia ser melhor
Por falar em combate, este é outro aspecto que poderia ter sido melhor trabalhado no game. Pois, ele também funciona na base de porcentagem de acertos, entretanto, a eficácia de cada golpe acaba muitas vezes não condizendo com a estatística apresentada, sendo uma situação similar aos comandos de equipe.
Embora inicialmente a impressão é que esta é a forma projetada, pois um sistema de estatística é na base do acerto e erro, este não é o caso aqui. Portanto, ao acertamos um golpe, um indicativo no inimigo aparece, o que indica o sucesso no acerto, entretanto, muitas vezes este este elemento está presente, mas o vilão não sofre o dano que deveria.
Este aspecto se aplica aos ataques com quase todas as armas no game, sendo elas facas, machados ou até mesmo armas de fogo, como pistolas metralhadoras ou arco e flecha.
Portanto, o combate funciona da seguinte maneira. Chegamos em um local com inimigos, e podemos escolher se iremos em uma abordagem mais próxima e letal ou a distancia e com cautela. Meu modo de ataque sempre era o famoso “modo Rambo” , ia pra cima dos inimigos com tudo. Entretanto, está não é a tática que eu recomendo para os jogadores. Pois, como dito anteriormente, os controles não são tão responsivos e isso acaba ficando ainda mais evidente durante confrontos frente a frente.
Exploração
Dustwind: The Last Resort apresenta grandes cenários para os jogadores explorarem em busca de itens. Entretanto, o game acaba não oferecendo uma grande variação entre os ambientes.
Portanto, embora passemos por diferentes cenários como casas abandonados, prédios e até mesmo algumas grandes cidades, o sentimento sempre é que estamos no mesmo deserto que começamos o título. Claro, temos que considerar que talvez realmente a intenção seja essa, de fazer o jogador se sentir preso naquele cenário, porém este aspecto acabou não me agradando.
Gerenciamento de inventário
Outro fator extremamente importante no game é o gerenciamento de inventário. Pois, por termos um número limitado de slots que podemos usar, é preciso que o jogador escolha com a atenção qual será seu estilo de jogo. Como dito anteriormente, meu foco era o ataque direto, portanto, eu sempre focava em ter armas de ataques rápidos e potentes a curto alcance, para então avançar com tudo para cima dos inimigos. Além disso, eu sempre fazia bom uso das granadas, sendo este um armamento extremamente útil em grandes confrontos.
Além das armas, também é importante ficar atento aos itens de armadura que encontraremos pelo caminho. Assim sendo, durante a jornada iremos nos deparar com diferentes roupas e peças que poderemos usar para aumentar a porcentagem de defesa da protagonista. Também é possível juntarmos peças e dar um upgrade nestas armaduras, o que fornece estatísticas maiores de defesa e até mesmo de dano.
Uma boa variação de inimigos
Além de inimigos humanos, os jogadores também irão se deparar com outros perigos nesta terra devastada. Enquanto busca por sua filha, a protagonista irá se deparar com diversos inimigos robôs e humanoides, sendo eles remanescentes da guerra contra a IA que devastou a terra. Portanto, ataca-los apenas de frente não será suficiente para lidar com esta ameaça. Assim sendo, será necessário um pensamento analítico e tático para derrotar está ameaça.
No geral, a forma que eu consegui ter sucesso contra eles era sempre mandar os companheiros em uma porcentagem média de ataque e então analisar quais armas davam mais dano nos inimigos. Após isso, eu focava total em um modo de ataque com aquele armamento em questão. Portanto, minha recomendação é que os jogadores sempre andem com companheiros diversificados, o que torna estes momentos de confrontos um pouco menos desafiadores.
Trilha Sonora
Dustwind: The Last Resort apresenta uma trilha sonora mediana, que se intensifica em momentos de combate. Portanto, durante a exploração temos uma trilha mais suave em ação, o que acaba tornando os momentos explorando bem interessantes. Quando chega a hora dos confrontos. a música se intensifica com o objetivo de passar o sentimento de adrenalina ao jogador.
Infelizmente, este recurso acaba não sendo efetivo por causa da repetição frequente das mesmas músicas. Portanto, embora em um primeiro momento o sentimento de adrenalina esteja presente, após mais algumas batalhas está sensação desaparece.
Um visual que poderia ser melhor e mais variado
Como dito anteriormente, os ambientes apresentados aqui acabam sendo repetitivos. Portanto, este aspecto também se reflete na questão visual, sendo que os gráficos acabam não sendo tão interessantes. Isto ocorre porque na minha experiência delays de render e o serrilhado acabaram sendo muito frequentes no game.
Além disso, a variação de inimigos acaba deixando a desejar, como também os visuais dos NPCs que encontramos pelo caminho. No geral, a maioria usa apenas uma jaqueta de couro e um capacete. Assim sendo, este aspecto acaba sendo incomodo em alguns momentos de grandes confrontos.
Desempenho
Minha experiência foi em um Xbox Series S. Portanto, me surpreendeu que durante a minha jornada eu tenha presenciado vários problemas, sendo alguns deles, travamentos, queda de FPS e crashs. O que mais me incomodou foram as quedas de frames, pois em combates, uma resposta fluida é essencial, e ao lado dos comandos pouco responsivos que eu citei acima, a experiência acaba sendo frustrante.
Conclusão
Dustwind: The Last Resort é um game que apresenta uma boa proposta. Entretanto, pela falta de aprofundamento narrativo e as mecânicas pouco responsivas, a experiência acaba sendo comprometida. A exploração é um fator interessante, porém o sentimento de ambientes muito parecidos pode incomodar alguns jogadores.
Por fim, Dustwind: The Last Resort é um game que eu recomendo para os fãs de mundos pós apocalípticos e de RPG, desde que não sejam muito exigentes nos fatores de história e sistemas complexos do gênero.
*Chave cedida para análise no Xbox