Introdução
Far Cry 6 apresenta uma jornada de luta pela liberdade. O jogador assume o papel de Dani Rojas, um revolucionário que irá lutar ao lado dos guerrilheiros da ilha de Yara contra um governo ditatorial. A premissa inicial é bem simples, e já adianto que ela se mantém desta forma por toda a campanha. Entretanto, o forte da famosa franquia de Ubisoft sempre foi a liberdade de exploração e a ação. Assim sendo, será que o objetivo de proporcionar uma grande diversão caótica? Confira agora em mais uma análise do Garota no Controle.
Far Cry 6 foi desenvolvido pela Ubisoft e lançado no dia 7 de outubro. Além disso, o título está disponível para Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC.
Dani Rojas
Far Cry 6 começa introduzindo Dani Rojas, o protagonista está em cima de um telhado conversando com alguns amigos sobre as consequências do regime do ditador Antón Castillo. Após alguns diálogos, o jogador deve escolher qual será o gênero de seu personagem, homem ou mulher. Esta escolha não muda em praticamente nada os diálogos e a história, sendo está apenas uma escolha estética por assim dizer.

Após isto, algumas das tropas do antagonista começam a atacar as ruas próximas e atirar em todos que estão pelo caminho. Neste momento, um dos amigos de Dani decide contra atacar e acaba sendo morto. Assim sendo, mais e mais soldados começam a chegar e começam a invadir o prédio que os personagens se encontram.
Logo, devemos seguir nossa amiga em furtivo, até o ponto que as duas possam escapar. Este aspecto de furtividade inicial me lembrou bastante o inicio de Far Cry 3, um dos games mais aclamados da franquia. Portanto, devemos andar abaixado e evitar que os inimigos nos detectem. Este momento acaba sendo bem fácil, já que temos a nossa companheira nos guiando pelo caminho, obviamente, eu consegui morrer 1 vez nessa parte, sabe como é…. tem que testar todas as possibilidades e tal.
O caos começa
Depois que avançamos por algumas quadras nas ruas, um dos inimigos acaba nos avistando. Assim sendo, devemos correr e pular pelos prédios para conseguirmos escapar. Portanto, a protagonista precisa subir escadas, pular pelos telhados e ao mesmo tempo ser cautelosa com os inimigos próximos. Eu achei esta parte bem divertida e conseguiu transmitir um sentimento de “inicio épico de Far Cry”.
Logo após escaparmos dos soldados, Dani e sua companheira chegam em um barco que está prestes a partir. Embora apresenta certa desconfiança, o dono deixa que as duas embarguem na tripulação, que é formada por alguns civis daquela região.
Entretanto, quando o veículo parte, uma das tropas consegue entrar no barco. Portanto, para a surpresa de todos o Antón Castillo em pessoa desce as escadas e começa um monólogo sobre poder e influência….. palestrinha clichê de vilão praticamente. Quando ele finalmente termina seu discurso, é revelado que o filho do ditador, Diego, estava presente entre os civis, pois, ele estava tentando fugir daquele local e da louco governo criado por seu pai.
Após Diego implorar para que Antón poupe a vida das pessoas ali, ele decide fazer isso. Entretanto, logo que ele e as tropas partem, o barco acaba sofrendo um acidente e mata quase todos ali……. menos a protagonista obviamente.
Bem vindo a Yara
Após o acidente, Dani acorda em uma praia na ilha de Yara. Ao olhar ao redor, ela encontra sua amiga morta e um bilhete mostrando que ela tinha planos de se encontrar com os guerrilheiros daquele local. Entretanto, a protagonista não quer se envolver em uma guerra politica, pois ela não tem nada a ver com este conflito. Assim sendo, ela decide encontrar Clara, a líder da guerrilha, para então encontrar um modo de fugir daquela ilha.
Neste momento, conseguimos encontrar um facão dentro de umas caixas na praia, sendo que estes itens eram carga do barco naufragado. Assim sendo, Dani adentra uma pequena floresta próxima da praia na qual encontra alguns inimigos armados. Após matarmos alguns deles e avançarmos no ambiente, finalmente conseguimos encontrar Clara e seus guerrilheiros.
A revolução
Ao encontrar Clara, Dani imediatamente diz que precisa de uma forma de escapar daquele local. Entretanto, as coisas não serão tão fáceis. Assim sendo, a líder dos guerreiros diz que se quisermos uma forma de locomoção para escaparmos da guerra, será preciso que façamos alguns favores para os revolucionários.
Portanto, o objetivo inicial é cumprir algumas missões para a guerrilha, que incluem desde a destruição de cartazes de propaganda do governo ditador como também a tomada de acampamentos inimigos. Neste meio tempo, Dani irá refletir sobre a situação do povo naquele local e decidir se irá ou não ajudar nesta revolução.
Um protagonista que se destaca
Uma das coisas que eu mais gostei em Far Cry 6 foi a forma que a protagonista interage com os outros personagens. Como citarei mais adiante, eu não sou fã da personalidade apresentada nos companheiros que iremos interagir ao decorrer da campanha. Entretanto, é notável que foi feito um excelente trabalho em dar uma personalidade para Dani.
Embora ela seja séria e com a cara de brava em grande parte do tempo, fica notável nos diálogos que ela realmente se importa com as pessoas ao redor dela. Isto fica ainda mais evidente, quando Dani desiste de fugir e escolhe lutar ao lado dos guerrilheiros pela liberdade.
Além disso, até mesmo nos momentos fora dos diálogos este carisma da protagonista é demonstrado. Portanto, enquanto dirigimos algum veículo pelo mapa, algumas vezes ela irá cantar alguma música que está tocando no rádio. Embora seja algo simples, este aspecto acaba dando uma humanizada na personagem, até porque quem nunca começou a cantar sozinho, do nada, não é mesmo?
Uma história simples….. até demais
Quando se fala em Far Cry, eu sempre digo que a narrativa nunca é a proposta principal. Porém, a história apresentada aqui acaba sendo conceitual até demais, o que acaba prejudicando algumas reviravoltas na campanha. Durante o começo da análise, eu disse que o antagonista faz um grande discurso clichê. Portanto, este elemento se expande além do vilão, pois a grande maioria dos personagens apresentados aqui são caricatos demais.
Além disso, a narrativa acaba não estabelecendo de forma clara aonde quer chegar. Isso faz com que o foco seja totalmente perdido, num ponto no qual não sabemos se estamos realizando missões principais ou secundárias. pois, elas são muito similares. Entretanto, irei falar mais sobre isso mais pra frente.
O antagonista poderia ser mais presente
Outro aspecto que deixa a desejar é o vilão principal, Antón Castillo, personagem este que é interpretado pelo renomado ator, Giancarlo Esposito. A partir do momento que o antagonista está sendo interpretado por um ator tão bom, é decepcionante quando o personagem acaba não sendo tão bem aproveitado.
Infelizmente, este é o caso aqui, pois o antagonista quase não aparece durante a campanha principal, sendo que durante minha jornada em vários momentos eu simplesmente esqueci da existência dele. Portanto, o game acabou seguindo a mesma abordagem dos títulos anteriores, na qual o vilão só aparece no começo e possui uma presença maior no final.

Felizmente, existem alguns poucos momentos, no qual vemos cenas de Antón ensinando algo para seu filho Diego. Embora sejam brutais, estas cenas são bem interessantes e demonstram a desaprovação de Diego em relação as atitudes do pai.
Personagens caricatos
Durante a campanha, teremos que recrutar diversos grupos para nos ajudar na luta contra o governo ditatorial. Em cada novo local que chegamos, é notável a forma pouco desenvolvida de cada personagem ali. Temos um ex guerrilheiro que precisa de um incentivo pra voltar a luta, uma família cheia de intrigas que devemos ajuda-los a se dar bem novamente e por ai vai……
O grande problema aqui não são os personagens com pouca profundidade, pois isso já era esperado. Entretanto, eu tive a sensação que cada um deles recebeu uma personalidade caricata, situação está que acaba prejudicando a experiência em um nível, que eu sinto falta dos personagens com pouco carisma do game anterior, pois lá o sentimento de verossimilhança era mais presente, mesmo com eles não tendo um grande aprofundamento narrativo.
Um mapa grande porém com pouca variação
Far Cry 6 apresenta o maior mapa da franquia até então. Inicialmente é empolgante pensar sobre os diversos locais que poderemos explorar, além de podermos descobrir diversos segredos ao redor de toda a Yara. Infelizmente, este sentimento logo passa quando notamos que as missões espalhadas pelo mapa, nada mais são do que as mesmas presentes na campanha, porém com um objetivo diferente.
Assim sendo, os objetivos sempre são, resgate os reféns, captura um acampamento, destrua uma plantação e por ai vai…. O que incomoda, não é a pouca variedade nas missões, pois isto já é esperado. Entretanto, pelo mapa ter um tamanho exagerado, acaba não sendo uma experiência muito boa ficar se locomovendo por grandes distâncias apenas para realizar objetivos repetitivos. Na minha visão, um mapa um pouco menor teria sido o ideal, entretanto, com mais variações de objetivos.
Felizmente, temos veículos a nossa disposição que irão auxiliar na locomoção, sendo alguns deles, carros, helicópteros e até mesmo barcos. Além disso, a protagonista possui um gancho que pode ser usado para alcançarmos lugares mais altos. Outro recurso presente no game são os fast travels, elemento este que acaba tornando a movimentação pelo mapa mais fácil ao decorrer da campanha.
Missões secundárias que poderiam ter sido melhor trabalhadas
Como citado anteriormente, as missões opcionais em Far Cry 6 acabam tendo um grande problema em relação a repetição. Além disso, elas acabam não apresentando narrativas interessantes o suficiente para manter o interesse do jogador. No game, temos os objetivos chamados de “histórias de Yara”, que na teoria deveriam apresentar histórias dos residentes do local e dar uma profundidade maior, mesmo que mínima.
Entretanto, o título opta por entregar um foco maior na ação desenfreada e absurda, em vez de uma narrativa minimamente consistente. Mais uma vez, eu repito, o problema não é termos ação exagerada, isto já é esperado, porém, todo o resto das missões também entrega isto, inclusive as principais. Portanto, acaba sendo decepcionante que até mesmo as missões que poderiam apresentar algo minimamente intrigante, acabam caindo no mais do mesmo.
Far Cry…… RPG?
Far Cry 6 possui alguns elementos de RPG e eu admito que inicialmente isto me assustou um pouco. Embora eu goste da execução deste modelo em alguns games da empresa, não acredito que este sistema seja compatível com a franquia Far Cry. Felizmente, o sistema é bem limitado aqui, sendo que ele se resume a nível de armas e da protagonista.
Portanto, a cada nível que evoluirmos, iremos desbloquear novas opções de armas e algumas peças de armadura. Porém, nada muito complexo, sendo que é naquele esquema de quanto maior o número melhor. Claro, existem algumas exceções, entretanto, este sistema não mudou quase nada a minha experiência.

Outra novidade, é que agora Dani possui um ataque supremo. Assim sendo, ela carrega uma mochila com mísseis que pode ser atirada após uma barra de especial encher. Entretanto, após fazer este ataque, é preciso esperar um tempo para usarmos novamente.
Customização e os parça
Far Cry 6 apresenta uma boa variedade de customização. Portanto, ao explorarmos a ilha de Yara, iremos nos deparar com diversas caixas espalhadas pelo local, no qual podemos coletar recursos e até mesmo armas. Ao obtermos estes itens, podemos usa-los para melhorar nossas armas e até mesmo nosso ataque supremo. Além disso, será possível encontrar novas peças de armadura, que além de mais proteção, também alteram o visual da protagonista.
Desde os trailers de divulgação, os parças se destacaram. Eles são alguns animais que iremos encontrar pela ilha e que poderão nos acompanhar pela jornada.

O companheiro que eu escolhi foi um tigre branco, assim sendo, o jogador pode dar comandos para ele, tanto para que ataque os inimigos como também recuar em momentos de furtividade. Eu gostei bastante desta introdução no game e foi bem divertido interagir com o bichinho durante a campanha.
Um combate divertido e viciante
Far Cry 6 apresenta um combate extremamente divertido e viciante. Podemos andar, correr, atirar com diversas armas que incluem deste metralhadoras, pistolas, espingardas e até mesmo um lança chamas. Cada arma tem uma pegada diferente, sendo suas formas de uso irão variar. Além disso, podemos encontrar armas “gambiarras”, que são recursos improvisados que podem ser usados de forma letal. O que mais se destaca, é o toca discos que atiro CDs para matar os inimigos.
Além disso, também usaremos veículos durante os confrontos. Portanto, o jogador poderá controlar tanques, helicópteros que lançam misseis e até mesmo um carro com uma metralhadora em cima. Todos estes elementos citados a cima, tornam os combates extremamente frenéticos e divertidos.
Infelizmente, a inteligência artificial dos inimigos não entrega muita dificuldade. Eles basicamente são ligados no modo ir pra frente atirar e não demonstram nenhuma variação ou estratégia nas suas formas de ataque.
Trilha Sonora
Far Cry 6 apresenta uma trilha sonora original, que cumpre totalmente o seu propósito na obra. Portanto, na maior maior do tempo ela é ausente, tocando apenas em momentos de grande ação ou grande emoção. Além disso, o título apresenta músicas na rádio, que no geral são bem legais e remetem a revoluções e luta por liberdade.
Uma ambientação belíssima porém os designs dos personagens deixa a desejar
Far Cry 6 apresenta uma das melhores ambientações já apresentadas em um game da desenvolvedora. Temos florestas densas, grandes cidades dominadas por milícias e lotadas de propagandas sobre o regime ditatorial. Além disso, iremos explorar cavernas, grandes bases e até mesmo mansões habitadas por generais de alto escalão.

Entretanto, o design de alguns personagens acaba deixando a desejar, sendo que seus rostos não parecem estar muito bem renderizados. Este aspecto fica evidente no rosto do vilão principal, sendo que na cena de sua primeira aparição, esta situação chega a ser incomoda. Acredito que este problema seja relacionado ao uso do rosto de uma ator como personagem, pois, este problema de render não acontece com muitos outros personagens na campanha.
Desempenho
Far Cry 6 apresentou um excelente desempenho no Xbox Series S. O game roda em 60 FPS fluidos a todo momento, sendo que não notei nenhuma queda ao decorrer da campanha. Além disso, surpreendentemente, não tive nenhum problema envolvendo bugs ou crashs, o que considero ser um ponto positivo. E os tempos de carregamento foram praticamente imediatos, o que tornou a jornada sempre rápida e sem tempo para espera.
Conclusão
Far Cry 6 é um game mais do mesmo que não inova em relação aos games anteriores da franquia. A narrativa simples e os personagens caricatos tornam a narrativa desinteressante e até mesmo forçada em alguns momentos. Além disso, o antagonista principal decepciona com sua presença mínima e personalidade clichê, sendo uma situação está ainda mais agravada pelo uso de um incrível ator como interprete.
Felizmente, um excelente trabalho foi feito com o protagonista, pois seu carisma e personalidade conseguem carregar com maestria a narrativa. Outro elemento que se destaca fortemente é a jogabilidade, principalmente no combate, o que torna o título uma experiência extremamente divertida e viciante nos seus momentos de ação.
Por fim, Far Cry 6 é um excelente game de ação e uma ótima jornada para os fãs da franquia. Entretanto, a falta de inovação e o mal aproveitamento do vilão são fatores que poderiam ser melhores.
*Chave cedida para análise no Xbox Series S