Impostor Factory é a aguardada sequência (da sequência) de To The Moon! Feito totalmente em RPG Maker em pleno 2021, ele foi desenvolvido e publicado pela Freebird Games e está disponível para PC!
Um começo peculiar
Todo mundo sabe que é muito simples começar uma história de terror. Basta uma mansão isolada, um dia chuvoso e um protagonista inocente.
Impostor Factory começa exatamente assim. Quincy foi convidado para uma festa extremamente exclusiva em uma mansão afastada da cidade. Ele não lembra porque está ali. Mas está chovendo e pareceu ser algo chique demais para recusar.
Ao entrar na propriedade, ele repara que o terreno está meio abandonado. E imagine a surpresa de Quincy ao chegar na casa e ela estar perfeitamente bem-cuidada por dentro!
Depois de reparar em alguns detalhes peculiares, como por exemplo o sistema de auto-limpeza e a privada de ouro. Ele sobe as escadas e vai de encontro aos donos da casa: a doutora Yu e doutor Haynes.
É neste momento também que Quincy tem o primeiro encontro de muitos com a interessante e misteriosa Lynri.
Após o resto dos convidados chegarem, coisas estranhas começam a acontecer. E por ‘coisas estranhas’ eu quero dizer mortes!

Preso em um loop temporal?
Além das mortes, Quincy repara que toda vez que ele entra no banheiro para lavar as mãos, o tempo é resetado.
Então, ele logo percebe que está preso em um loop temporal dentro daquela casa. E a morte de certos personagens é um evento aparentemente inevitável.
Mas… Espera aí!
Impostor Factory não deveria ser o equivalente de To The Moon 3? Onde estão Eva e Neil? Onde está toda aquela parafernália de mudar memórias e realizar desejos?
O que realmente está acontecendo?!
Bom, depois de um tempo Quincy percebe que ele não é o único que reparou que coisas estranhas estão acontecendo. E a misteriosa Lynri é a peça importante para desvendar esse enigma temporal.
Investigando memórias
Tudo isso que eu falei é só a parte introdutória de Impostor Factory. A história realmente começa no melhor estilo To The Moon: você, jogador, controla o personagem enquanto ele revive as memórias de outra pessoa.
Nesse caso, guiamos Quincy enquanto ele acompanha a vida de Lynri. E aqui, já temos pequenas diferenças dos jogos anteriores. Impostor Factory é muito mais sobre acompanhar a história do que efetivamente interagir com os objetos.
Embora seja em um contexto diferente, você ainda deve coletar as orbes das memórias para poder desbloquear o caminho e acompanhar a vida de determinado personagem.
Uma mudança importante é que, dessa vez, começamos da infância de Lynri. E não de sua memória mais recente, como acontece nos outros jogos.
Embora exista a coleta das orbes, não é necessário muita investigação. Impostor Factory se mostra extremamente linear nesse quesito. Sua única ação é mover o personagem para os locais que o jogo te mostra.
E o resto se constrói sozinho.

Sempre sutil e delicado
To The Moon não é um jogo famoso por inovações gráficas ou de gameplay. Mas por ter uma história incrivelmente delicada e emocionante.
Sua sequência, Finding Paradise, mantém o mesmo nível de delicadeza. E, bem, imagine a minha surpresa ao descobrir que Impostor Factory cumpriu todas as minhas expectativas.
Exatamente. TODAS as minhas expectativas. E eu sinceramente não sei como Kan Gao conseguiu manter o mesmo nível de excelência, sutileza e carinho em todos os seus jogos.
Mas ele conseguiu.
Impostor Factory te faz gostar e se importar com seus personagens. Ele os coloca em situações bobas, fofas e de cortar o coração. Cenas que te farão rir até ficar com a barriga doendo.
Entretanto, também apresenta cenas que te farão ficar com a visão turva de tanto chorar.
E o melhor de tudo é que todas essas cenas têm um propósito além de despertar emoções no jogador. Um momento triste não é assim de graça.
Cada cena contribui para justificar as escolhas dos personagens e o rumo da história.

Tem coisa nova?
Uma das questões mais difíceis de se avaliar em Impostor Factory é se ele trouxe algo novo consigo.
Ele certamente não é igual aos seus antecessores. Porém, não existe nada que você sinta ser realmente novo sem ser sua história.
O que, se parar para pensar, faz sentido. Afinal, é um jogo que depende fortemente da sua narrativa para engajar seus jogadores.
Se existe alguma inovação nele, certamente é na sua abordagem da temática.
O conceito de inception certamente já foi usado muitas vezes em peças de entretenimento. O famoso ‘estar preso dentro de um sonho, que está dentro de um sonho. Que, por sua vez, também está dentro de um sonho…’ e assim vai.
São tantas simulações dentro de outras que você começa a perder o senso do que é a realidade de fato. E, vou te falar, esse jogo trata a realidade como algo bem trivial.
Você já se perguntou como seria viver numa realidade ideal? Porque Impostor Factory faz exatamente essa indagação. E ainda traz uma carga emocional enorme junto.
Ele certamente é um jogo que vale a pena ser experimentado.

Arte e trilha sonora
Aqui temos o exemplo perfeito de que, quando um jogo possui uma história tão boa que os gráficos não importam.
E é claro que Impostor Factory foi feito no melhor estilo RPG Maker. E o mais legal é perceber que, em comparação ao primeiro jogo (lançado em 2011!!!), as sprites dos personagens e dos cenários estão de uma qualidade excepcional.
A gente sabe que gráfico não é sinônimo de qualidade, mas ainda é muito satisfatório perceber isso na prática.
E a trilha sonora? Novamente me encontro naquela posição em que, não importa o quanto eu escreva, nada fará jus à qualidade da trilha desse jogo.
Todas as músicas traduzem os sentimentos dos personagens muito bem. E complementam todas as cenas com maestria. A única coisa que senti falta é que, dessa vez, não tivemos uma faixa marcante.
To The Moon possui a icônica ‘For River’ e Finding Paradise tem a incrível ‘Time is a Place’. Com ambas tendo cenas de destaque, onde o próprio enredo te faz prestar atenção nas músicas.
Impostor Factory não possui um momento assim. Entretanto, isso não impede de ter uma trilha sonora marcante, divertida e emocionante em praticamente todas as suas faixas.
Nem tudo é perfeito…
Nem mesmo esse jogo. Embora sua história possua todas as qualidades já citadas, To The Moon começou um enredo que ainda não se viu fim em Impostor Factory.
Para quem não sabe, além dos títulos principais, existem dois ‘minisódios’ que mostram um pouco mais dos protagonistas além da sua rotina de trabalho.
E é neles que uma história paralela muito intrigante começa. Porém, se você esperava algum tipo de desenvolvimento no jogo novo, sinto informar que isso não ocorre.
Fica aí a expectativa para o próximo título da série…

Impostor Factory
Se você gostou de To The Moon, esse é um jogo que você definitivamente precisa jogar.
Porém, se você encontrou Impostor Factory por acaso na Steam, também pode se aventurar. Por ter protagonistas diferentes, é um jogo que pode ser aproveitado sem conhecimento prévio. Mas, é mais emocionante perceber as referências que ele faz.
De um jeito que só Kan Gao pode fazer, Impostor Factory mantém o mesmo nível de excelência que seus jogos anteriores. Com uma narrativa significativa, personagens cativantes e um humor muito estranho, é um jogo que todas as pessoas da face da Terra deveriam ter contato.
Portanto, para encerrar esse texto da melhor forma possível, eu não poderia deixar de citar também que ele está inteiramente localizado em português!
Jogue Impostor Factory. Jogue To The Moon. E jogue Finding Paradise também! Se emocione, se divirta e me agradeça depois por seguir o meu conselho!
*Chave cedida para análise.
Gostou da análise? O Garota no Controle tem muito mais!