Em Lost in Random temos um jogo de aventura inspirada em contos de fadas, que vai depender de cartas e dados para acontecer. Todavia, o diferencial não está apenas no gameplay, já que sua arte e seu mundo encantam muito facilmente. Principalmente, se você gosta de outro título da EA, chamado Alice: Madness Returns.
Lost in Random foi lançado no dia 13 de outubro de 2021 para as plataformas Windows, Nintendo Switch, PlayStation 4 e 5, Xbox One e Series. Foi desenvolvido pela Zoink e Thunderful, e publicado sob o selo EA Originals.
O universo
Vai ser difícil jogar Lost in Random e não pensar em Tim Burton. O visual sombrio e dark, o encanto nos detalhes, os traços que não tentam ser o padrão da indústria. E lógico, o brilho da imperfeição de cada personagem.
Vai ser no reino de Random, que vai acontecer essa história. Um reino inspirado nos contos de fadas, onde o rolar dos dados determina seu futuro. Neste reino, controlaremos Even, uma menina em busca de sua irmã, que passará por uma aventura sombria dividida em seis regiões e governada por uma rainha Má. A vida de todos neste lugar é ditada por um dado amaldiçoado.
Mas Even também encontrará sue próprio dado, Dicey, que vai se tornar seu companheiro. E é com seu companheiro que enfrentaremos os maiores desafios dessa aventura. Já que toda a jogabilidade de Lost in Random vai depender de jogar o dado e da escolha das cartas.
O uso das cartas
Embora a arte e o mundo sejam os principais brilhos desse jogo, é na jogabilidade que ele busca inovar. Primeiramente, a jogabilidade vai se basear no uso do estilingue de Even para acertar regiões estratégicas dos inimigos, que soltam cristais azuis, os quais Dicey coletará.
Para usarmos as cartas, que vão vindo de forma aleatória para nossa mão, precisamos atingir uma quantidade de cristais e então jogar o dado. O número que sai no dado, indica a quantidade de pontos que poderemos usar nessa rodada. Cada carta tem uma quantidade necessária para ser usada, e podemos usar mais de uma por rodada
Essas cartas variam bastante. Por exemplo, podemos conseguir uma espada que Even usará para atacar os inimigos. Ou, simplesmente recuperar nossa vida, ou colocar alguns tipos de armadilhas para atrapalhar inimigos. Além disso, temos possibilidade de diminuir o número de pontos necessários para colocar cartas no cenário, ou aumenta o número de pontos que podemos usar na rodada.
Logo, existe uma variação para fazer diferentes estratégias, e lógico que temos de aprender lidar com o Caos do random. Até porque, no início apenas podemos conseguir 1 ou 2 no dado, Dicey vai sendo upado durante a história e então poderemos alcançar pontuação de 1 a 6.

A experiência inicial
Inicialmente, eu gostei muito dessa ideia, pois acreditei que levar o jogador a se adaptar a diferentes situações seria bem divertido. Pois, o nosso ‘baralho’ pode ser personalizado com o passar do tempo, com as moedas que pegamos no jogo. Poderíamos comprar novas cartas e novas estratégias seriam feitas.

Logo, a sensação de evolução e novas possibilidades estariam presente a todo momento. Considerei isso um grande acerto dos desenvolvedores, já que tudo se encaixava bem e era uma ideia nova. Ou seja, uma evolução interessante para a indústria.
Então veio o problema que fez com que eu percebesse que a experiência não seria bem assim. Após 3 mundos, o jogo se torna cansativo, e isso deve-se pela pouca variação de inimigos, à exaustão de muitas partidas para dar continuidade com a aventura e o como o random acaba por tornar essas batalhas mais demoradas. Por exemplo, se você quer determinada carta para conseguir atacar e só vem cartas que não permitem isso, você vai ter de conseguir cristais várias vezes até alcançar seu objetivo.
No início isso não é um problema, pois tudo acaba por ser novo, então o fator novidade te prende. Mas, com o passar do tempo, isso acaba por cansar o jogador. E sinceramente, muitas vezes até frustrar.
O tabuleiro
Em vários momentos, temos um desafio de tabuleiros, nos quais temos de fazer uma peça de xadrez andar até o final. Para prejudicar o avanço, vários inimigos vão nos atacar. Nessa situação, ao jogar o dado, além de usar os pontos para colocar cartas no cenário, que nos ajudem, são também uma forma de andar no tabuleiro. Por exemplo, se tiramos 3, esse número será usado tanto para avançar nossa peça, quanto para nos ajudar a derrotar os inimigos adicionando o conteúdo da carta no cenário.
Essas partes são bem interessantes e criativas. Mas novamente, os inimigos que enfrentamos são os mesmos de sempre, e como vai depender do resultado do dado para chegar até o final, pode demorar bastante e tornar tudo mais repetitivo ainda.
Os chefões
Um grande ponto forte do jogo acaba por ser a criatividade de criar chefões com diferentes formas de derrotá-los. Por exemplo, um dos chefões você deve derrotá-lo em uma batalhar de rimas, além da batalha normal. Assim, fugindo bem do comum.
Dito isso, o ponto positivo não está só na variação de estratégia, mas também na aparência, pois todos são bem únicos. E isso tanto na aparência quanto na personalidade, o que faz com que o jogador queira saber mais sobre cada um deles.
Vale lembrar, que em várias situações temos que fazer pequenas missões antes de enfrentar os chefões. Por exemplo, achar itens pela fase ou ajudar determinadas pessoas.
O que é bem interessante, mas novamente acaba por aparecer muita repetição de inimigos aqui, e o que era para ser uma variação de jogabilidade que enriqueceria o jogo como um todo, acaba não funcionando.

A inovação que gerou problemas
A aleatoriedade, que foi uma ideia interessante acabou por não ter uma execução tão boa. Pois, embora tenhamos cartas e possibilidade de comprar novas, independente da sua estratégia, teremos situações onde nos vemos matando os mesmos monstros várias vezes, para conseguir cristais e acabar por não conseguir fazer até jogada alguma, já que podemos ficar só com cartas de defesa na mão, por exemplo.
Então, o problema está na repetição de inimigos, junto à aleatoriedade que pode aumentar o número de batalhas. Logo, faz com que muitas vezes você esqueça toda a beleza e cuidado realizado na arte, no conto e na trilha sonora.
Infelizmente, não acredito que Lost in Random seja aquele tipo de jogo que as pessoas consigam jogar muitas horas seguidas por isso.
Conclusão
Lost in Random foi um dos jogos que mais me surpreendeu esse ano, pois tentou criar uma jogabilidade bem única. Todavia, a falha da repetição e a falta de uma sensação maior de evolução se tornou cansativo ao ponto de tirar parte do brilho da obra.
Mas, vale lembrar os seus principais acertos também. Sua arte e referências a obras como O Estranho Mundo de Jack, Coraline e Alice no país das Maravilhas, fazem com que o mundo seja incrível. Assim, você vai querer conhecer mais sobre o mundo e chegar até o final do jogo, pois existe uma expectativa para ver o que mais será apresentado para nós jogadores.
Além disso, cada chefão vai ficar em sua memória, pelas suas variações e criatividade. A trilha sonora vai te envolver e o narrador te surpreender, e então a história contada vai ser mais que o esperado para um conto de fadas comum.
Logo, vale a pena jogar Lost in Random. Mas acredito que a melhor opção seja intercalar ele com outro jogo para a repetição ser amenizada e seus aspectos positivos prevalecerem.
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