Anos de estrada
Muitos de nós passamos anos sem, sequer, saber da existência de jogos chineses. Sendo Genshin Impact um dos mais famosos atualmente. O que não significa que eles não sejam bons e populares por lá. Esse é o caso da série Xuan Yuan Sword, que chega ao seu sétimo jogo, e já soma trinta anos de estrada na indústria!
Lançado em 30/09/21, sendo desenvolvido pela DOMO Studio e pela SOFTSTAR, e publicado Yooreka Studio para PS4, Xbox One e no dia 29/10 para PC. Tratando-se de um RPG de ação, baseado na cultura e mitologia chinesa.
Começo trágico
Nossa jornada começa com o protagonista, Taishi Zhao, defendendo a sua cabana de um lobo demoníaco. Logo depois, somos levados ao passado, na infância de Taishi, onde descobrimos que ele e sua irmã, Li Xiang, eram filhos de um imperador. Mas, logo no início, sua casa é ataca pelos Lijun (um exército de fanfarrões), e Taishi tem de fugir com sua irmã, após presenciar a morte de seus pais. Então, ele se vê sozinho com um bebê, e é com esse início trágico que a história começa.
Inspirado em Dark Souls
Como de costume, vamos ao aspecto combativo de Xuan Yuan. Aqui nós temos um RPG de ação, e devo dar ênfase na ação. Ou seja, é quase um hack ‘n slash. O combate lembra bastante a série Souls, já que podemos bater com R1 o ataque fraco e com R2 o ataque forte, bloquear com L1, além de ser possível travar a mira nos inimigos e alternar entre eles. Mas, não se enganem, Xuan Yuan não tem mais nada de Souls-like, tirando o combate, e eu falo principalmente pela dificuldade que é bem tranquila, e porque temos uma barra de estamina, mas não precisamos administrá-la em nenhum momento (eu fiquei sem estamina somente uma vez no jogo inteiro), mas até pelos elementos de RPG que são bem menos aparentes.
Entretanto, aqui temos uma esquiva dupla com X, onde ao apertarmos uma vez, executamos um pequeno dash, e se dermos um clique duplo, Taishi rola (eu rolava mais para andar rápido pelo mapa do que no combate em si). Contudo, existem alguns quick-time events que aparecem do nada em algumas ceninhas. Eles são bem fáceis de acertar, mas aparecem quando menos se espera.

A força do Elysium
Juntamente com o combate corpo-a-corpo, nós também possuímos algumas magias e ataques especiais (que são bem fortes na verdade). Em Xuan Yuan, Taishi tem duas companheiras, Xiang e a Chu Hong, e ambas atacam independente do que fazemos, mas, existem dois comandos que podemos executar para que elas ataquem com golpes mais fortes (esses especiais precisam de um tempo para recarregar), usamos o L1+ quadrado para Xiang e L1+ triângulo para Chu Hong. Além disso, também temos mais dois comandos com o L1, o L1+ X onde Taishi cria uma armadilha para prender inimigos (extremamente útil), e o mais poderoso de todos, o L1+ bolinha, onde, literalmente, paramos o tempo e podemos atacar livremente.
Sendo sincero, eu achei bem apelão, mas se está no jogo é para usar (quem nunca?). Por fim, ainda temos as posturas que determinam o nosso ataque forte (R2). Nós começamos com a do touro, e depois vamos liberando outras. Eu usei muito a do tigre, mas vai do seu estilo! O que é realmente importante sobre o ataque forte, é que os inimigos possuem uma barra abaixo do hp que representa o atordoamento, e quanto mais dano você dá, mais ela enche, e quando isso acontecer, podemos aplicar uma execução que mata inimigos comuns e dão um grande dano nos chefões (teve chefão que eu só bati usando o ataque forte). Vale ressaltar que cada postura possui um ataque especial com quadrado, que enche bastante da barra de atordoamento, e podemos carregar duas posturas ao mesmo tempo, trocando entre elas com o L2.

Gastando recursos
Nesse meio tempo, vale ressaltar que o jogo ainda possui algumas formas de progressão, afinal é um RPG. No início parece complicado, mas depois tudo se ajeita. Os personagens em Xuan Yuan possuem nível, normal, padrão. Conseguimos experiência ao derrotar inimigos, nada demais. Mas, eles também dropam itens que usamos como material (aço, bronze, etc), e esses itens são usados para várias coisas, então vamos por partes. Primeiramente, temos a aba Elysium e nela nós encontramos cinco ‘’casinhas’’, que servem de oficina que podemos, tanto forjar itens, quanto fortalecer a própria ‘’casinha’’ para que assim, novos itens mais poderosos sejam liberados. E suas funções são bem simples: Weapon, armor, accessory, fusion e harness.
As três primeiras são bem básicas, mas as duas últimas vem como novidade. Fusion nada mais é do que o local onde fundimos os recursos para adquirimos itens chamados de Souls, e essas souls nos concedem atributos extras, e com isso nós podemos montar uma ‘’build’’ baseada neles. Por exemplo, eu usei três souls que me ajudavam a recuperar hp e duas que aumentavam a minha defesa, mas tem de vários outros tipos, vai da sua escolha. Do mesmo modo que no fusion nós criamos as souls, no harness nós podemos fortalece-las (também as custas de materiais).
Ou seja, tudo depende dos itens que coletamos (também podem ser comprados) e temos que ir administrando entre fortalecer o workshop e fortalecer as armas e etc. Na real eu gostei bastante dessa mecânica.
O vício em Zhuolu Chess
Em seguida, gostaria de mencionar o mapa e a nossa progressão sobre ele. Xuan Yuan possui um mapa linear (bastante inclusive), então, existem poucos pontos extras. Mas o mapa tem alguns afazeres. Aqui, nós encontramos fogueiras onde podemos descansar (referência maior, impossível), e quando descansamos, nós podemos presenciar um diálogo entre os personagens, falando sobre a vida, ou sobre acontecimentos recentes, vale muito a pena descansar nas fogueiras (mesmo que ela traga os inimigos de volta). Além disso, é possível salvar nela, mas existem alguns templos nas cidades que também nos permitem salvar. Podemos encontrar monumentos de viagem rápida, baús e jarros espalhados pelos mapas, ambos contendo itens de cura, dinheiro, e materiais (tudo isso pode ser comprado com vendedores, exceto o dinheiro, claro).
Simultaneamente a esses pontos, nós também temos missões secundárias pelo mapa, o que na verdade me decepcionou um pouco. A grande maioria não são interessantes, tendo uma me marcado bastante negativamente, onde eu fiquei andando por uma vila conversando com as pessoas e colhendo informações. Entretanto, existe uma missão específica que me conquistou. Fui apresentado a um jogo chamado Zhuolu Chess, que é basicamente um jogo de comer as peças do adversário, e eu admito, fiquei viciado. Existem peças especiais que nos dão ‘’poderes’’ durante as partidas, e o objetivo da missão é sair pelo mapa desafiando os melhores jogadores, sério, fiquei muito determinado! Recomendo.
Enquanto progredimos, também encontramos alguns puzzles, mas são bem poucos, e nada memoráveis. Mas, gostaria de dar uma dica. Existem alguns sapos espalhados pelo mapa (são grandes), que ao matarmos, eles nos dão alguns itens bem uteis.

Salvando a Xiang
Em seguida, o enredo. Já vou começar dizendo que fui surpreendido. Não esperava muita coisa da história de Xuan Yuan, mas fui fisgado pela trama, que, mesmo não sendo original, me deixou determinado. A história se desenrola de vez, quando Xiang é ferida gravemente logo no início, então Taishi vai até um rei que está aprisionado em uma região chamada de Elysium (é de lá que o nosso caçador tira seus poderes). Esse rei promete que vai salvar Xiang, mas antes nós precisamos libertá-lo (quem jogou Shadow of the Colossus já viu essa história).
Então, ele nos ensina uma técnica para extrairmos a alma de Xiang e colocarmos ela em um autômato (uma máquina humanoide), para que ela possa nos acompanhar na missão para trazê-la de volta! E ai nós entramos em uma vibe ao estilo Fullmetal Alchemist, ou seja, amei.
Mas, a cultura chinesa também se destaca, com seus chefões bem inspirados e marcantes, além de um vilão principal que, mesmo não sendo tão carismático e memorável, faz seu papel de ser odiável.

Trilha impecável
Por fim, o lado técnico. Xuan Yuan tem pontos positivos e negativos. Vamos começar pelo que faz bem. Logo de início, a trilha sonora já me chamou atenção pelo lado positivo. Eu não sei vocês, mas eu amo musicas orientais, sejam instrumentais ou cantadas, desde abertura de animes, a temas de jogos. Então, eu me apaixonei com todas as músicas aqui. Já a ambientação, eu também devo destacar, pois é bem bonita e caprichada, além de ser mais variada do que eu esperava. Vamos de florestas até áreas com neve, gostei bastante.
Mas, como nem tudo são flores, Xuan Yuan tem uma quantidade exagerada de quedas de quadro. A sorte é que raramente acontece nos combates. Então eu não morri por causa disso, mas no início da campanha, estava caindo enquanto eu andava.

Conclusão
Em síntese, Xuan Yuan 7 é um jogo de ação, com elementos de RPG que possui um combate bastante agradável, principalmente para quem gosta de Souls-like (mesmo esse sendo no modo fácil), com elementos de forja simples, mas interessantes, uma história cativante onde a Xiang rouba a cena. Tudo isso em um mapa linear e bonito, com uma trilha sonora linda e empolgante, e um jogo de xadrez extremamente viciante. Como não é necessário jogar os outros jogos da franquia para entender a história, esse é um que vale a pena dar uma chance.