UNSIGHTED é um RPG com metroidvania, que será lançado no dia 30 de setembro de 2021, para PC, Nintendo Switch, Xbox e Playstation. O desenvolvimento foi feito pelas garotas do Studio Pixel Punk e publicado pelo Humble Games.
Vale lembrar que o jogo também estará disponível no Gamepass.
Conheça mais no trailer abaixo:
Essa entrevista é uma oportunidade de conhecer mais sobre jogos brasileiros. Sobretudo para ajudar a ter uma visão do mercado nacional para desenvolvedores e fãs de videogames.
Agradeço à Fernanda Dias por responder nossas perguntas sobre o jogo UNSIGHTED, e com isso permitir que este post fosse realizado.
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Entrevista
Garota no Controle: O que veio primeiro, a mecânica ou temática?
Fernanda Dias: As mecânicas vieram primeiro, nossa ideia desde o começo era fazer um jogo inspirado na franquia Zelda, especialmente os 2D, mas que tivesse não só um combate interessante e expressivo, mas que desse mais liberdade de exploração para o jogador. Várias outras ideias se juntaram no meio do caminho, claro, mas essa ideia inicial ainda informa a maior parte da filosofia de design do jogo. Sobre a temática, apesar dela ter vindo depois, nós tentamos imbuir no jogo várias das nossas inspirações não apenas dos jogos, mas de filmes, animações, livros, música, coisas como Steven Universo, Utena, Matrix, Kipo, etc. Vários dos personagens e da ambientação do jogo vêm disso, mas sempre adicionando a nossa interpretação e, claro, se encaixando no projeto como um todo.
Garota no Controle: Que jogos inspiraram ‘UNSIGHTED’ ?
Fernanda Dias: Como a gente já mencionou, Zelda é uma das maiores inspirações, as séries Metroid e Dark Souls também são duas fontes de onde a gente pegou muita coisa. Mas as nossas influências são bem diversas mesmo nos jogos, nos inspiramos em vários jogos, desde Pikmin até Gears of War, passando por Hades, Crypt of the Necrodancer, JRPGs como Final Fantasy e várias outras.
Garota no Controle: Qual o diferencial do jogo de vocês?
Fernanda Dias: O que nós valorizamos, acima de tudo, no UNSIGHTED é a expressão do jogador, em todos os aspectos do gameplay. No combate, por exemplo, você pode equipar várias armas com propriedades e comportamentos bem diferentes, e temos dois sistemas, as Cogs e os Chips, um para melhoras temporárias e outro para melhoras intercambiáveis que permitem ainda mais camadas de customização. Isso permite o jogador não só a ajustar o nível de desafio desse aspecto do jogo de acordo com a sua preferência, mas também a experimentar com risco x recompensa e até mesmo estilo. Na exploração existem muitas possibilidades de rotas para chegar em qualquer lugar no mapa, muitas possibilidades de adquirir os itens de exploração de formas alternativas, como o sistema de crafting, além de vários atalhos espalhados pelo mapa. Esperamos que seja divertido explorar todas essas possibilidades no ritmo que o jogador quiser, seja tranquilo e descobrindo cada cantinho do mapa, ou rápido e estiloso, pegando todos os atalhos possíveis, e claro todas as possibilidades entre essas.
Garota no Controle: Qual o tamanho da equipe de vocês?
Fernanda Dias: No Studio Pixel Punk mesmo somos só nós duas, mas para o UNSIGHTED nós tivemos ajuda de algumas outras, como a Amelia Molino, no texto do jogo, do Glauber Kotaki para a pixel art de alguns bosses, nossa publisher a Humble Games e várias outras.
Garota no Controle: Quais as principais dificuldades encontradas para desenvolvimento e para conseguir que o jogo fosse publicado?
Fernanda Dias: Chamar atenção da mídia internacional está sendo a maior dificuldade que estamos encontrando atualmente, é difícil num mundo tão focado nos EUA chamar atenção sendo um estúdio Brasileiro, pequeno e LGBT.
Garota no Controle: Pretendem lançar outros jogos?
Garota no Controle: Qual foi o maior aprendizado que vocês gostariam de passar para outras pessoas, sobre produzir o próprio jogo?
Fernanda Dias: É muito importante não se deixar desanimar por comparações. É muito fácil cair na armadilha de se comparar com pessoas que têm muito mais experiência, muito mais oportunidades, muito mais recursos disponíveis, com equipes muito maiores e mais bem financiadas. Estamos sempre passando por esse aprendizado, e tentando apreciar tudo o que nós já conquistamos!
Garota no Controle: Sobre mulheres na área de desenvolvimento de jogos, o que vocês têm a comentar sobre isso?
Fernanda Dias: Sempre existem desafios e a área de jogos ainda é muito machista, transfóbica e LGBTfóbica no geral, em muitos aspectos, grandes e pequenos, e é muito difícil lidar com pessoas que não te levam a sério por ser mulher, por ser LGBT etc.
Garota no Controle: Que mensagem gostaria de passar para aqueles que querem desenvolver jogos no Brasil?
Fernanda Dias: Nossa dica é não esperar a ideia perfeita para começar a fazer jogos, os recursos para esse aprendizado nunca foram tão abundantes na internet. Tentar vários e vários protótipos porque essa experiência de fazer, tentar, falhar, iterar e melhorar é indispensável no processo de desenvolvimento. É mais fácil ter boas ideias quando você já tentou várias coisas diferentes, e às vezes uma boa ideia até surge de onde você menos espera!
Garota no Controle: Para vocês, é possível viver de jogos no Brasil?
Fernanda Dias: Para nós está sendo, mas a gente reconhece que é uma área muito competitiva e que nem todo mundo tem vários privilégios necessários para facilitar o acesso a essa indústria. Infelizmente o sucesso depende de muito mais além do próprio esforço e talento, outros fatores como privilégio e até mesmo sorte pesam bastante também.