Crysis Remastered Trilogy é uma coletânea que reúne a remasterização de Crysis 1, lançada em 2020, com suas continuações, mas também atualizadas para a nova geração.
Lançado no último dia 15 de Outubro, para PC, Xbox One e Series S|X, Playstation 4 e 5 e Nintendo Switch, o jogo vai possibilitar que novos jogadores conheçam e outros revisitem Crysis 2 e 3, assim como a Crytek fez com o primeiro, que você pode conferir a análise aqui.
História de Crysis 2
Sendo uma continuação direta a história do primeiro jogo, Crysis 2 coloca o jogador na pele de Alcatraz, um soldado da marinha dos Estados Unidos que faz parte de uma equipe de suporte convocada por Prophet.
A caminho de Nova Iorque, o navio da equipe é atacado por uma nave alienígena e você é fatalmente atingido. Prophet acaba infectado pelo mesmo vírus alienígena que se alastra pela cidade e diz que Alcatraz é a única esperança para salvar a todos.
Desta forma, ele te salva e transfere a Nanosuit 2.0 para o seu corpo.
Logo após receber o traje militar, você será caçado pelos soldados da CELL, uma empresa militar privada da Crynet.
Acreditando que você é na verdade Prophet, a CELL começa a te caçar. Contudo, Alcatraz não está sozinho, o cientista Nathan Gould, vai te ajudar a sobreviver e conter o ataque alienígena a cidade de Nova Iorque.
Mas então, por que ele estava sendo perseguido? Porque Jacob Hargreave, o dono da companhia, quer a Nanosuit de volta?
O enredo de Crysis 2 consegue, no início, despertar atenção do jogador, mostrando um potencial até interessante. Contudo, assim como no primeiro jogo, ele é superficial, mal aproveitado e consegue até ser confuso, mesmo não sendo nada complexo.
Os personagens são pouco interessantes, nem mesmo o protagonista consegue te criar grande empatia. Assim sendo, mais uma vez, Crysis foi um bom FPS com uma história descartável.
História Crysis 3
Crysis 3 não foge a regra da franquia. Seu enredo é superficial, nada interessante e previsível.
Ele se inicia duas décadas após o término de Crysis 2. A cidade de Nova Iorque continua em ruínas após a batalha contra os Ceph.
Prophet sacrificou tudo para tentar conter a invasão. Mas agora ele está preso pela corporação CELL devido aos acontecimentos do segundo jogo.
Apesar dos 20 anos passados, ele não está velho, já que ficou em uma câmara criogênica, sendo libertado por um rosto familiar: Psycho, do primeiro jogo.
Mas claro que o resgate tem um objetivo: Desvendar tudo sobre uma conspiração envolvendo uma forma de energia alternativa e descobrir mais sobre a nova invasão dos Ceph.
Não é possível falar muito mais do que isso sem dar grandes spoilers, porém, não é preciso esperar grandes coisas. A narrativa segue pouco tangível e sem momentos marcantes.
O foco de Crysis sempre foi o gameplay.
O Jogo
Crysis Remastered Trilogy é a grande afirmação que as diferenças de jogabilidade entre os 3 jogos da franquia não são muito grandes. Especialmente falando do segundo para o terceiro jogo.
Assim como no primeiro jogo, nas continuações é possível andar, correr, andar abaixado, socar os inimigos e atirar.
E assim como em Crysis 1, você pode alterar os componentes de cada arma que encontrar usando silenciador, tipo de mira, e etc.
Uma das principais mudanças em relação ao primeiro jogo é o conceito de mundo de Crysis. Antes ele era pensado quase como um mundo aberto, com cenários que permitiam mais de um caminho para completar os objetivos.
Tanto em Crysis 2, como no 3, isso mudou bastante, os caminhos são bem mais lineares e levando a muitos espaços confinados. Essa nova ideia, implicou em alguns problemas.
Por exemplo, os veículos, que pouco aparecem bem menos dessa vez, acabam por vezes mais atrapalhando do que cooperando. E vemos isso logo no primeiro que é possível comandar em Crysis 2.
Nanosuit 2.0
Em Crysis 2, os primeiros momentos são para introduzir as habilidades do Nanosuit 2.0, tanto as já conhecidas como algumas novas.
Esta nova versão da armadura faz uma leitura do DNA de seu hospedeiro e se funde a ele. Por sinal, é justamente o toque de individualidade de Crysis 2.
O novo Nanosuit tem 3 modos distintos: O “comum”, onde ela não apresenta nenhuma característica especial; Armor Mode, em que ela te protege com um “escudo” extra de proteção; e Cloak Mode, que torna você e qualquer objeto que ele esteja segurando invisíveis.
A armadura conta também com 3 tipos de visor. O de combate, que seria o comum; o de Nanovision, uma espécie de visão térmica; e o visor tático, que mostra pontos de interesse no mapa.
Além disso, é possível coletar Nano-Catalyst, um tecido alienígena, necessários para realizar upgrades para sua armadura, como por exemplo, um detector de inimigos, ver o rastro da bala disparada, entre outras opções.
Quase sem diferenças
Crysis 3 segue exatamente a mesma receita de bolo do 2 em sua jogabilidade. A mudança é praticamente nula, a única realmente relevante é a inclusão do Predator Bow.
Ele é uma arma fixa e não pode ser substituída. É extremamente versátil e com maiores opções de customização do que as demais armas. Você pode ajustar até o dano das flechas.
São 3 opções: O “low”, o arco é puxado de maneira mais rápida, mas isso implica em menos dano; O “medium”, como o próprio nome diz, é uma opção de meio termo entre rapidez e dano; E por fim, “Strong”, onde o arco é puxado lentamente, porém o dano que ele proporciona também é bem maior.
Além disso, o tipo de flecha também pode ser alterado, como por exemplo, usar uma flecha explosiva, ou então uma de choque.
Outra característica importante do Predator Bow é que, ao ser usado no modo cloack da Nanosuit, você permanece invisível mesmo ao atirar, diferente de todas as outras armas do game.
Aspectos Técnicos
Crysis Remastered Trilogy veio com uma intenção principal: Corrigir o terrível problema de quedas de quadro que os jogos da franquia tinham nos consoles. E a Crytek conseguiu.
A versão original raramente se mantinha nos 30 fps, baixando para os 20 com frequência. Enquanto isso, o remaster, nos consoles da nova geração, se mantém firme nos prazerosos 60 frames por segundo. E isso vale para os 3 jogos.
Dito isso, outros aspectos, como a resolução que também foi aumentada, além de introduzir inúmeros melhoramentos gráficos em termos de texturas, sombras, reflexos, e iluminação. Um destaque especial para os efeitos de fumaça e fogo, que mesmo hoje em dia são impressionantes.
Com relação às modelagens dos rostos, fica visível que o jogo foi apenas repaginado. Eles são estranhos, travados e nem mesmo suas texturas acompanham o restante do cenário.
Com relação à trilha sonora destaque para Crysis 2, que tem uma fantástica trilha composta por Hans Zimmer. De resto, os dois jogos tem uma sonoplastia razoável, uma boa dublagem, mas que pode se chamar de datada, comparando com outros jogos recentes do gênero.
Problemas
Crysis Remastered Trilogy cumpriu sua função de trazer um FPS clássico para a nova geração, com uma taxa de quadros alta e estável, mas para por aí.
Os bugs, assim como no primeiro remaster seguem intactos. Claro, são em menor quantidade, contudo, vez ou outra você vai enfrentar crashs, bugs de som e IA desligada.
A inteligência Artificial, aliás, continua horrível. As continuações até deixaram os inimigos um pouco menos burros, mas ainda é frequente eles virem para cima sem cobertura ou virar de costas para você no meio de uma troca de tiros.
Além disso, nem o segundo nem o terceiro conseguiram fazer de Crysis um jogo com uma história decente. É tudo superficial, mal contado e desinteressante.
Conclusão
Crysis Remastered Trilogy tem um proposito e cumpre ele com louvor. Trazer a trilogia para a nova geração e fazer o jogo rodar estável nos consoles.
Crysis 2 e 3 tem altos e baixos, sem inovar praticamente nada entre eles. Com exceção do Predator Bow e dos cenários modificados de Nova Iorque por 20 anos de diferença, eles são basicamente o mesmo jogo.
A trilogia é um dos maiores clássicos do gênero de FPS, mas seu remaster não acrescenta nada de experiência, além de não corrigir os erros do passado, tornando ele, apesar de lindo, datado.
Se você era muito fã da franquia e não pode aproveitar da maneira correta, por não ter um PC de ponta, com certeza vale a pena revisitar e jogar Crysis “direito”.