Happy Game não é exatamente um jogo fácil de se descrever. Mas acredito que podemos vê-lo mais como uma obra de arte interativa, onde um mundo surreal vai te conquistar gradualmente, e o inusitado vai ser algo comum em cada nova fase.
Embora o seu lançamento tenha acontecido perto do Halloween, aqui a experiência vai ser muito mais seguindo a ideia de algo único e bizarro do que assustador. Foi desenvolvido e publicado pela Amanita Design, no dia 28 de outubro de 2021 para as plataformas PC e Nintendo Switch.
O estranho mundo de Happy Game
Após jogar mais de 80 jogos esse ano, posso afirmar que Happy Game foge do comum.
Começamos em um mundo extremamente sombrio, onde temos um quarto, com um garoto e uma cama. E cada vez que nosso personagem dorme, ele vai tentar encontrar algo seu nos sonhos, por exemplo, um bichinho de pelúcia.
Então, o objetivo em cada fase é resolver um pequeno puzzle para poder avançar. A jogabilidade é típica de jogos point and click, onde temos de clicar em partes do cenário e descobrir como podemos interagir com as coisas dali.
Por exemplo, em uma das fases começamos em um lugar escuro, contendo apenas três cubos iluminados por feixes de luz. Ao clicar neles, um ursinho estranho sairá. No primeiro e terceiro, são ursos onde metade do rosto é cortado, revelando uma vela dentro de suas cabeças. Já no segundo, aparece um urso dançando com fogo nas das mãos, e nós temos então de entender o tempo certo de acender as velas, usando o fogo.
Acreditem, a melhor parte sempre vem após resolver o problema, pois sempre acontece algo estranho. E incrivelmente eu ria muito disso. Sei que pode parecer medonho rir das situações, por ser um jogo dark, mas a sensação de surpresa e de estranhamento para mim foi muito engraçada.
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— Garota no Controle (@nananocontrole) October 27, 2021
Apreciar é necessário
Como eu disse, o foco em Happy Game está em apreciar as situações insanas. E os desenvolvedores executam isso de forma excepcional, pois torna uma simples jogabilidade em algo incrível.
Em outra fase, temos inúmeras carinhas felizes. Estas são amarelas com um sorriso, e os olhos escorrendo algo vermelho remetendo sangue. Como podemos perceber, existe um contraste do fofo com o dark. E nesta fase, temos um juiz de um lado, a torcida, e um gol. Quando colocamos nosso personagem, ele começa correr para chutar uma bola.
E enquanto nós corremos, sentimos por meio do grito da torcida e do ritmo, como se estivéssemos em um jogo de futebol mesmo. Ao chutar a bola, machucamos o goleiro. Porém, vamos chutar mais algumas vezes, tomando distâncias e ouvindo a torcida, até que enfim vamos fazer o gol. Mas, e daí? Bem a situação estranha é que quebramos a carinha feliz do goleiro, e a torcida vai gritar muito, e as cores da tela vão se alterar de forma tão surreal que você vai sentir como uma experiência muito louca. Novamente o contraste, com a felicidade de várias carinhas se agitando para a comemoração e o goleiro morto em um canto.
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— Garota no Controle (@nananocontrole) October 27, 2021
Dessa forma, todas as fases vão contar com um contraste entre a alegria com algo estranho e bizarro acontecendo. Em um momento, todas as carinhas estão felizes, em outro são esmagadas ou explodidas na sua frente, jorrando sangue para todo lado. Assim, vão lembrar que a experiência pode ser sangrenta e aterrorizante.
Vale lembrar que o jogo não apresenta nenhum diálogo. Tudo aqui depende de sua interpretação, inclusive para resolver os puzzles, já que não existe uma ajuda do que fazer. E, na minha opinião, Happy Game tem game design muito bem feito e intuitivo, não precisando realmente de qualquer explicação.
Experiência no Nintendo Switch
Como comentei, o gameplay tem como mais foco procurar o que interagir na tela. Ou seja, com mouse a experiência se tornaria mais simples e fácil. Pois, no Switch, depende do uso do analógico no controle, o que acaba por ser mais lento e impreciso.
Entretanto, Happy Game combina muito com o console da Nintendo, por ser bem casual.
Visual surreal e trilha sonora
Vai soar muito creepy se eu falar que a arte do jogo me encantou? Bem, pois é o que aconteceu. A arte, além de ser muito bem feita, sabe criar contrastes nas situações de forma tão inusitada que vai te prender. A mistura de cores super chamativas, com momentos de uma paleta mais sombria, cria um contraste muito interessante.
Os coelhos, cada um de uma cor, cortar um coelho ao meio e ele virar 2. A felicidade em cada parte da tela, o sangue voando com nossas ações. Não se engane, não sou fã de jogos sangrentos, mas aqui caiu muito bem, pelo objetivo que ele é usado, pelo contraste e impacto entre a felicidade e o de algo ruim acontecer.
Além disso, a sonoplastia de cada situação é tão boa que podemos notar facilmente como a equipe da Amanita Design tem uma sincronia boa, pois, tudo parece ter uma dedicação e carinho tão grande. Não foram poucas às vezes que me peguei gravando vídeos e revendo várias vezes, para ver o como tudo ali se uniu para criar cada situação insana.
Conclusão
Happy Game se tornou para mim um dos melhores indies do ano. Pois, foge do comum, sai do perfil de jogo que a indústria está acostumada a fazer, além de criar uma experiência incrível e única, onde se torna até difícil descrever o porque o jogo é tão bom.
Recomendo esse jogo para todo mundo que busca algo que causa estranhamento e para quem busca jogos diferentes dos padrões atuais. Que você caro leitor jogue cada uma dessas situações, pois esta obra de arte deve ser apreciada pessoalmente para entender por que é especial.
* Chave cedida para análise
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