Há no estilo beat’em up uma fórmula mágica. Pois, essa fórmula tem como elemento principal encher de porradas os inimigos. Desde os tempos primordiais dos games, esse conceito vem recebendo incrementos que variam a jogatina e aumentam a diversão. Assim, é difícil aparecer algo novo ou diferente. Mesmo assim, Okinawa Rush trouxe novos elementos que somam ao ingrediente principal dos jogos de briga de rua.
Considerado como um jogo de artes marciais em plataforma com elementos de RPG, Okinawa Rush, desenvolvido pela Sokaikan, chega distribuindo socos no Playstation 4, XBOX ONE, Nintendo Switch, Windows e para o incrível Dreamcast. Disponível a partir de 21 de outubro de 2021.
Correndo em Okinawa
Eu descobri da pior maneira o que o Rush de Okinawa Rush significa no jogo. Pois, velocidade é a força motriz desse jogo. Assim como um tal de Guns’n Runs, o jogador deve prestar a atenção ao relógio e correr para evitar um game over. Há checkpoints espalhados pelas fases que servem de marco inicial para contagem regressiva do cronômetro. Então, cabe ao jogador derrotar todos os inimigos e atingir o próximo checkpoint antes que o tempo termine.
E derrotar os inimigos é a parte mais divertida. Pois, além de comandos básicos, os personagens possuem várias técnicas que deixam as lutas mais legais. Assim, quem joga esse título se sente em um filme de artes marciais dos anos 80. Porque não apenas distribui sopapos, mas distribui com estilo. Há diversas técnicas disponíveis e que o jogador pode descobrir durante o jogo ou no modo treinamento.
A cada “run“, o jogador acumula uma quantidade de dinheiro. Mas isso, só se utilizar continues. Ou seja, se você chega até determinado ponto da fase e morre, você pode utilizar esse dinheiro para comprar upgrades. Porém, isso só funciona se não pegar continues. Caso o faça, perderá todo o dinheiro acumulado e começará do último checkpoint.
Não pense que terá uma tarefa fácil. Talvez, precise desse dinheiro mais do que imagina para seguir adiante no jogo. Para isso, há um simpático vendedor que oferece os mais diversos produtos. Resumimos aqui o modo Arcade, o principal modo do jogo. Adiante, explicaremos como funciona o modo história.
Cuidado para não ver esta tela.
Lendas de Okinawa
Em Okinawa Rush, o jogador assume os papéis dos personagens Hiro, Meilin, ou Shin. Hiro, o protagonista, é o mais equilibrado. Em seguida, Meilin a mais rápida. E por fim, Shin, o monge lutador com maior barra de vida. Ainda que cada um tenha sua história individual, todos buscam a aniquilação do clã inimigo Black Mantis.
Modos de história
No modo história, em Okinawa Rush, há modos para melhorar o status do personagem. Tais como:
Treino
Neste modo, o jogador pode realizar pequenas tarefas que contribuem para melhorar ataque, defesa e velocidade. Portanto, bastante útil para aquelas situações em que você precisa de um reforcinho para derrotar os inimigos. Ponto negativo aqui é o treino de Kata. Apesar de divertido, tive sensação que ao solicitar que aperte o botão, algumas vezes o jogo não reconhecia o comando.
Combate
Na parte de combate, temos duas opções: Sobrevivência e Homem Rocha. Na primeira, o jogador enfrenta ondas de inimigos até que sua vida vá embora. Dessa forma, cada onda vai ficando mais difícil com mais inimigos que estarão mais fortes. Extremamente viciante e pode te fazer esquecer da aventura principal. O modo Homem Rocha é habilitado após derrotar o primeiro chefe. Assim, você pode enfrentá-lo quantas vezes quiser nessa opção. Bom para treinar formas diferentes de derrotá-lo sem ter que passar por tanto desafio e cut-scenes obrigatórias.
Editar Dojo
Infelizmente, um modo que teria um potencial melhor, mas não foi bem utilizado. Pois, ele se baseia nos conceitos de Feng Shui. Um resumo breve: “[Feng Shui] Alega usar forças energéticas para harmonizar os indivíduos com o ambiente ao seu redor.” (fonte). No jogo, utilizamos essa prática chinesa para organizar uns itens que compramos na loja do game para ganhar alguns atributos. Desse modo, a forma como colocamos os itens na prateleira vão definir se teremos melhor defesa, vida maior, mais ataque e assim por diante.
O motivo de não ser bem aproveitado é que algumas mudanças são mínimas. Além disso, não há um guia para dar uma orientação da melhor forma de usar. Para piorar, o menu de edição é sofrível. Provavelmente, o jogador terá que sair e voltar várias vezes até ter o dojo ideal.
Com tanto morcego, espero que não me confundam com Castlevania.
Paisagem de Okinawa
Okinawa Rush possui um visual nostálgico da era 16 bit. Assim, mesclando o estilo desenho de sprites com um ambiente denso. Mesmo que os personagens sejam “pequenos”, não há nada de fofo aqui. O estilo gráfico consegue compatibilizar o aspecto cartunesco com a violência dentro do game. Os efeitos de impactos são bem legais e dão a sensação da força aplicada nos golpes.
Sobre o level design, não há o que reclamar. Pois, eles conseguem dar um vislumbre de uma ilha do antigo Japão. Outro fator que acrescento de forma elogiosa é o efeito dos golpes nos inimigos. Porque eles reagem de diversas formas e torna mais divertido não apenas atacá-los, mas também como atacá-los. Eles ficam ofegantes, ricocheteiam na parede. Por causa disso, um grande destaque para a batalha com chefe. À medida que o derrotamos, sua fisionomia muda. Fica cansado, machucado, lembrando estilo Art of Fighting e Rumble Fish de efeitos de combate.
Eu te bato com o que eu quiser
Som dos meus punhos
Os efeitos sonoros de Okinawa Rush não trazem novidades. Entretanto, são bem legais. Como a intenção é trazer a atmosfera de antigos filmes de ação, o jogador encontrará sons conhecidos ou que lhe atingem a memória. Tais como uma voz grave dizendo para escolher seu personagem.
Os sons de impacto de golpes e dos inimigos atingidos acrescentam à experiência. Sobre a música, ela possui sua compatibilidade com o clima proposto. Porém, nada de extraordinário. Mas que encaixa bem na aventura.
Ouça minhas palavras ants de eu arrancar seus dentes.
Okinawa não tão rush
Ninguém duvida da diversão de espancar inimigos em Okinawa Rush. Porém, isso tem um preço. Apesar de acertar em muitas coisas, não acerta na apresentação do jogo. Sim, ele tem uma história legal e gráficos interessantes. Entretanto, a questão é como deixa o jogador perdido ao iniciar o jogo pela primeira vez. Pois, ele entra em uma tela que tem apenas as opções de arcade e modo história. Evidentemente, depois de configurar o jogo. Mas, ao entrar na opção de história, o jogador não vê uma história.
História que não tem história
Na verdade, o que aparece é um modo de evolução e treinamento que mal o jogador sabe para que serve. Após ele fazer um tour pelas opções do modo história, ele vê o menu “Combate”. Lá está disponível o modo survival e logo abaixo, um item que só será aberto depois da primeira fase. MAS QUE PRIMEIRA FASE? Aí, nós nos damos conta que devemos jogar o modo arcade primeiro. Há quem questione que isso só ocorre se o jogador começar pelo modo história. Porém, eu digo que esse equívoco pode ser mais comum do que parece. Pois, em muitos jogos, o modo arcade só é habilitado após terminar o modo história. E essa confusão que citei pode afastar tanto jogadores experientes e inexperientes do jogo no começo. Afinal, podem ficar muito tempo apenas treinando no modo história esperando aparecer uma fase para jogar.
A tela não sabe onde fica
Outro fator que afeta a experiência é a transição de tela. Enquanto o personagem distribui sopapos e ele estiver perto de uma transição no cenário, o jogo fica confuso. Assim, o game transporta todo mundo de forma abrupta para a tela seguinte. Pior quando você dá um passo para trás nesse momento. Aí, volta todo mundo para a parte anterior. Por se tratar de um jogo rápido, esse pequeno problema, pode confundir a percepção do jogador e consequentemente realizar um movimento errado e de brinde, ganhar um game over. Além de fazer morrer numa armadilha que não estava lá até a tela mudar.
Game Over como melhor amigo
Sobre game over, há outro problema. Entendo que o jogo nasceu com o objetivo de dar desafio, mas exagera na facilidade de morrer e empurrar o jogador lá para o início. Isso incomoda mais no começo quando se tenta habituar ao jogo. Então, prepare para repetir muitos pedaços. Muitos longos pedaços.
Observe que as coisas mencionadas podem ser superadas (não facilmente). Contudo, já aparecem no começo do jogo. Talvez, o jogador se acostume. Porém, ele pode perder o interesse. Assim, deixa de aproveitar o que o jogo tem a oferecer.
Será que aqui eu escapo do problema de transição de tela?
Okinawa Rushado
Okinawa Rush engloba beat’em up, plataforma e rogue-like. Porém, nada formidável. Tem seu fator diversão, mas é facilmente ofuscado por algumas falhas que torço para serem corrigidas. Indicado para fans de jogos antigos que sentem falta de uma dificuldade insana e bugs que se tornam obstáculos a serem ultrapassados. Um bom jogo para testar suas habilidades e pensamento frio em momentos de tensão.
*Análise feita com chave cedida para versão Windows
Olá, eu sou o Bill. Com mais profissões que o seu Madruga e menos que a Barbie, formado em Letras e Antropólogo em construção, fã de retrogames, jogos de luta, quadrinhos e com idade suficiente para ter apanhado da mãe por ter ido ao fliperama.