Introdução
Com uma combinação de RPG, com diferentes classes, equipamentos e habilidades, com a estrutura de repetição de um Roguelite, Skul: The Hero Slayer consegue o grande feito de incentivar o jogador a matar várias vezes as mesmas hordas de monstros, sem se tornar cansativo ou repetitivo.
Lançado originalmente em acesso antecipado para a Steam no começo de 2021, Skul agora chega para Nintendo Switch em sua versão final. Este jogo foi desenvolvido pela Southpaw Games, e publicado pela NEOWIZ (a mesma de Dandy Ace), e lançado para Steam e Nintendo Switch.
Perdendo a Cabeça (e Achando Outras)
Skul: The Hero Slayer é um Roguelite 2D, onde devemos guiar um pequeno esqueleto na sua batalha contra o exército dos humanos, em uma missão para resgatar o Rei dos Demônios. Para esta tarefa, Skul contará com o poder de dezenas de outros esqueletos. Quer dizer, apenas de suas cabeças.
O grande diferencial deste jogo está em suas classes, identificadas pelas cabeças que você encontra pelo caminho. Aqui, você pode carregar até duas cabeças, cada uma com poderes e jogabilidade diferentes. Algumas focam em ataques físicos, outras em magias, algumas dão mais importância à velocidade, enquanto outras preferem ser mais parrudas. No total, temos várias dezenas de combinações para fazer.
Além das classes, nosso personagem pode carregar até 9 equipamentos, e um item especial chamado Quintessência. Em cada nova partida, começamos sem nenhum equipamento, e apenas com a cabeça básica de Skul. Assim, temos de nos adaptar às cabeças e equipamentos que vamos encontrando no meio do caminho, tentando criar uma build otimizado para o estilo que queremos.
Esse sistema torna cada novo começo uma nova possibilidade de testar as diversas combinações possíveis. Como tudo é randômico, não temos a opção de nos acostumar com apenas uma classe e um conjunto otimizado de itens. Dessa forma, começar do zero se torna algo prazeroso e empolgante, pois não temos como saber como será esta nova partida, e quais surpresas vamos encontrar.
A grande variedade de cabeças também garante que você encontrará alguma que se encaixe com a combinação de itens que você encontrar. Seria bem triste começar com uma cabeça mágica, e encontrar apenas itens que fortalecem ataques físicos. Felizmente, isso nunca me aconteceu, e sempre tem a possibilidade de ir ajustando no meio do caminho.
Em Direção Ao Castelo
Sendo um Roguelite, Skul segue a ideia de que o jogador irá repetir várias vezes as mesmas fases, ficando um pouco mais forte a cada morte. Os cenários são divididos em 5 áreas, começando na floresta, entrando no castelo, e culminando em uma épica batalha contra o grande herói dos humanos.
Cada área também é dividida em pequenas fases, onde temos de derrotar todos os inimigos, e evitar as armadilhas. No final das salas, recebemos uma recompensa, e podemos escolher entre duas portas qual caminho seguir. A porta das salas indica qual a recompensa no final. Temos as portas de caveira, que te dão uma nova cabeça, as de tesouro, com um equipamento, e a de ouro, que te premia com dinheiro.
Conforme avança, você receberá 3 tipos de “dinheiros”. Primeiramente, temos as moedas, usadas para comprar itens nas lojas que aparecem em intervalos regulares durante suas runs. Em seguida, temos os ossos, que você recebe ao destruir cabeças que não usará. Estas, são usadas para evoluir a sua cabeça atual, fortalecendo suas habilidades. Esta evolução some ao morrer. Por fim, temos o quartzo negro, usado para melhorar os status do personagem, como ataque, vida, velocidade de movimento e diminuir o tempo de espera para usar uma habilidade. Dessa forma, seu personagem ficará um pouco mais forte para a próxima partida.
Finalmente, no fim de cada área temos uma batalha de chefe. Estes são bem mais desafiadores do que qualquer coisa que você teve de enfrentar no caminho, e são um verdadeiro teste de suas habilidades. Tanto, que várias vezes senti estar indo bem, apenas para morrer nestes chefes. Portanto, Skul é um jogo onde você não pode ficar confortável só porque está matando centenas de “Trash Mobs” facilmente.
Repetição Prazerosa
Talvez o grande problema que um Roguelite tenha de resolver é pensar uma forma de convencer o jogador de que é divertido começar do zero, e visitar as mesmas fases novamente. Skul resolve este problema com sua enorme variedade de builds possíveis, com suas cabeças e itens.
Não apenas as cabeças têm um visual diferente, como também seu comportamento é completamente único. Chega a ser incrível a variedade de estilos que este jogo apresenta.
Com um sistema de “rankings”, temos desde as cabeças comuns, com visual e habilidades pouco chamativas, até as lendárias, com características bem mais distintas. No entanto, estas cabeças comuns também podem evoluir gastando ossos nas runs, até chegarem (em alguns casos até superar) o poder das lendárias.
Dessa forma, o jogador geralmente começa com algo simples, como um cavaleiro ou ladrão, e vai evoluindo até conseguir um Lich que invoca correntes amaldiçoadas, ou um Bárbaro e sua espada enorme. Pessoalmente, a mais divertida de encontrar foi a do Rockstar, que utiliza do poder da música para danificar os inimigos. Se tocar a guitarra por tempo suficiente, ele irá invocar a banda inteira para tocar, destruindo tudo em seu caminho. Isso dá uma sensação de progresso de poder incrível, além de evitar a grande repetição, inimiga de roguelikes.
Repetição Não Prazerosa
Contudo, há um aspecto que não se encaixa muito bem nesta definição, com relação aos chefes e os cenários. Apesar da variedade de classes e poderes do jogador, o mesmo é bem mais limitado para os inimigos.
Visualmente, as salas de cada área muda pouco. Mecanicamente, temos uma boa variedade de salas, com diferentes layouts e configuração de plataformas e inimigos. No entanto, não é grande o suficiente para que você não sinta a repetição depois de algumas poucas runs.
Embora bem distintos em seu visual e combate, os chefes também sofrem de repetição, sendo que temos apenas um no final de cada área. Dessa forma, enfrentamos sempre os mesmos chefes em cada partida. O primeiro chefe é o que mais sofre dessa repetição, já que é o mais fácil de se derrotar, e um que você verá muitas vezes.
Contudo, a variação de inimigos normais é bem satisfatória. Cada área apresenta uma versão melhorada dos inimigos da anterior, e ainda apresenta tipos novos. Assim, uma área nova não traz apenas os mesmo inimigos com mais vida e uma skin levemente diferente. Mas traz um desafio completamente novo para se superar.
Problemas de Desempenho
Embora tenha adorado o jogo, fiz esta análise na versão de Nintendo Switch, e sinto informar que ele tem um sério problema de queda de frames em algumas partes, especialmente na última área.
Isto acontece sempre que a tela fica com muitos inimigos, ou quando você usa uma habilidade com muitos efeitos especiais. Em certos momentos, o lag é tão grande, que o personagem pode parar de responder direito.
A Caveira Herói
Skul é um ótimo Roguelite, que apresenta uma enorme variedade de builds com seu sistema de caveiras e equipamentos. Aliado a uma bela arte pixelada, e uma trilha sonora gostosa de ouvir, Skul é um jogo que recomendo facilmente para amantes do gênero. Muitas combinações, muitos inimigos, e aquela sensação de ficar mais forte com o passar do tempo, tornam este jogo extremamente viciante.
Além de bem difícil. Assim, devo admitir que ativei o “modo iniciante”, onde o personagem recebe apenas metade do dano. Mesmo assim, a dificuldade é bastante alta.
Portanto, é um jogo desafiador e divertido, que fará você esquecer do mundo e se afundar nessa aventura, em busca de todas as caveiras deste reino.
*Chave cedida para análise