Tunche é um jogo peruano que fala sobre a amazônia e o folclore da região. Além disso, para inovação, o mesmo une o gênero Beat ’em up com Roguelite. Mas será que funciona?
Foi desenvolvido pela LEAP Game Studios e publicado pela HypeTrain Digital, para as plataformas PlayStation 4, PC, Nintendo Switch e Xbox One. O lançamento aconteceu no dia 2 de novembro de 2021.
O início
Quando iniciamos o jogo, temos vários personagens em volta de uma fogueira. Então, podemos selecionar qualquer um dos cinco para jogar.
Primeiro é importante falar que cada um dos personagens vai ter habilidades diferentes, não sendo apenas uma escolha de skin. Além disso, cada vez que morremos, podemos escolher um novo personagem para a próxima rodada, ou ir com o mesmo.
É importante mencionar que, se você evoluiu habilidades em um personagem, o outro não terá essa evolução. Pois, cada um deles tem sua própria árvore de habilidade. Enquanto isso pode aumentar seu tempo de jogo, caso você queira testar como é jogar com cada um, isso também desincentiva a troca de personagens, já que você terá de começar tudo do zero com o outro.
Particularmente, mudei de personagem apenas uma vez, para ver como funcionava, mas depois, sempre que eu morria, optava pelo mesmo. Por achar o jogo com cenários e gameplay muito repetitivo, então trocar de personagem só faria a repetição ainda mais visível. Já que matar os bichos vai levar mais tempo, por não ter evoluído a árvore desse novo personagem.
O gameplay
Cada personagem de Tunche têm suas habilidades. Mas basicamente são: esquiva, ataque de perto, ataque de longe e pular. Além desses, temos um poder especial que depende da árvore de habilidade.
A árvore de habilidades é constituída de 4 tipos: ataques, táticas, recursos e potencial. Para explicar melhor os dois últimos citados, recursos está relacionado a recuperar mais vida ou mana, e potencial é um poder de uma besta que nos ajuda matar mais inimigos. Para comprar essas habilidades precisa de essências, que conseguimos após as batalhas com os inimigos.
Além disso, também podemos melhorar os núcleos encontrados no jogo. Esses núcleos te dão habilidades durante a run, por exemplo, o núcleo sanguessuga te dá um pouco de vida a cada inimigo derrotado. E conforme mais você upa ele, mais vida ele vai te dar.
Os núcleos variam muito, e nem sempre são muito úteis para o jogador. Esse citado, foi um dos únicos que senti diferença, pois realmente estava me ajudando.
Então, o ciclo do jogo vai ser de vir vários inimigos, derrotar eles, escolher qual caminho seguir, e progredir assim até o chefão. Lembrando, que, se morrermos, começamos tudo de novo, mas podemos melhorar as habilidades para a próxima partida.
Sobre os chefões, esses são bem desafiadores e interessantes. A cada run, eu não via a hora de chegar neles, pois o percurso até eles consiste em matar vários inimigos não tão interessantes, em fases com pouca variação de cenários e inimigos. Ou seja, jogar Tunche se torna cansativo rápido.
Arte e Trilha Sonora
Embora a arte seja muito bonita e vai trazer um sorriso a nós brasileiros, por mostrar muito do ambiente da Amazônia, a repetição de cenários e inimigos, faz com que esse brilho suma aos poucos. Então, mesmo com uma arte bem feita, com personagens bem únicos, florestas e animais que encantam, a falta de variedade quebrou um pouco isso.
Já a trilha sonora acaba por cumprir seu papel, de ilustrar bem o momento, transmitindo a emoção das ações realizadas, mas não é marcante. Sendo assim, acaba por não empolgar o jogador, e assim como arte, se torna repetitiva muito rapidamente.
A inovação deu certo?
Embora eu seja fã de Roguelike e de Beat ’em up, a junção de ambos na minha opinião não foi bem executada. Já que, o que torna o primeiro gênero algo divertido, são as runs diferenciadas que, através de poderes ou árvore de habilidades, faz com que o jogador seja incentivado a continuar.
Entretanto, eu não senti isso. Para mim, a evolução dessas habilidades tem pouco impacto, o que faz com que a repetição se torne bem visível. Além disso, as nossas escolhas de ir para caminho x ou y, aqui não é interessante. Pois, não parecem ter tantas opções assim.
Em um momento, você pode achar um desafio, talvez até um lugar para recuperar vida, ou comprar uns itens, mas a maioria das vezes são apenas muitos dos mesmos inimigos. E isso é normal em Beat ’em up, enfrentar uma quantidade grande de inimigos juntos. Mas aqui, quebra um pouco a ideia do Roguelike, de diversificar para não se tornar repetitivo.
Outro ponto que é importante levantar, Beat ’em up tem muita repetição porque tende a ser um jogo curto, então antes do jogador enjoar, o jogo acaba. Entretanto, roguelike repete o mesmo ciclo de gameplay várias vezes, o que obrigaria ele ter gameplays diferente para não cair na mesmice. Quando juntamos os dois, sentimos que a combinação, ao invés de agregar, acaba por não funcionar.
Problemas de bugs
Para deixar claro que a plataforma testada foi o Nintendo Switch e eu não sei se nas outras isso também acontece.
Primeiramente, os bugs que aconteceram no jogo são graves e prejudicam completamente o andamento do mesmo. Em vários momentos o jogo crashou.
Dito isso, outro problema que encontrei são inimigos que ficam posicionados fora da tela, ou seja, não dá para vê-los. Então, se não matar todos os inimigos, não conseguimos dar andamento ao jogo. Logo, a situação acaba por ser bem frustrante, quando começa acontecer várias vezes, porque as escolhas de gêneros já é repetitivo por si só.
E o último grave problema aconteceu no segundo chefão, o boto, ao chegarmos nesse ambiente a tela começou piscar, em que a imagem do jogo apagava a tela ficava preta e depois voltava. Isso impossibilitou de derrotar o chefe, e morri devido a problemas técnicos. Notem que não dependeu de habilidade ou empenho para ir adiante e sim um problema que bloqueia dar andamento.
Todos esses probleminhas foram fazendo com que eu perdesse a vontade de continuar a jogar Tunche, pois por mais que fosse bom o jogo, a todo momento algo evitava meu progresso.
Conclusão
Tunche tinha tudo para ser um dos indies mais diferentes e únicos do ano, mas a parte técnica deixou tanto a desejar que a sensação que me passa é que faltou um cuidado maior na hora de testar.
E esses problemas técnicos se intensificam mais já que a união de Roguelite e Beat ’em up do jogo não conseguem estimular tão bem o progresso. Pois, cada nova run parece ser exatamente igual a anterior. Logo, diferente de Hades, Binding of Isaac e Children of Morta, aqui cada nova partida não parece tão única. Por consequência o brilho vai se perdendo aos poucos.
Eu recomendo você tentar Tunche após algumas atualizações, e veja se as correções resolvem a maioria dos problemas citados, pois atualmente você pode acabar por se decepcionar, pelo menos no Nintendo Switch.
* Chave cedida para análise.
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