Um ano de jogos “diferentes”
Diferente do que vimos nos últimos anos, 2021 foi um ano com muitos games com propostas diferentes do que estamos acostumados a ver na indústria. Devido a pandemia, muitas desenvolvedores estão atrasando o lançamento de alguns títulos grandes. Outro fator é o início de uma nova geração. Dessa forma poucas pessoas ainda tem os novos consoles. E esse fator somado a pandemia fez com que os grandes lançamentos fossem atrasados um pouco, muito como estratégia para não perder dinheiro com baixas vendas.
Por esses fatores, muita gente considerou o ano de 2021 fraco nesse quesito. Entretanto ao analisar tudo o que foi lançado, vimos que não é bem assim. Muitos títulos lançados se destacaram positivamente, mostrando que a indústria está a todo vapor. Assim, cada um dos integrantes da equipe do Garota no Controle fomos convocados para trazer uma lista pessoal com os 8 melhores jogos do ano. Eu sou o Lucas Vieira e esses goram os meus favoritos esse ano.
Lembrando que teremos duas ausências nessa lista. O primeiro deles é Ghost of Tsushima Director’s Cut, por mais que a expansão Iki Island tenha vindo com a edição final, o game original é de 2020. O mesmo para Death Stranding Director’s Cut, que teve seu lançamento para o PlayStation 5 com novos conteúdos. Porém a base é a mesma.
8 – New Pokémon Snap

Certamente um dos dos melhores jogos de Pokémon nos últimos anos. E o responsável pela façanha foi a Bandai Nanco. E isso foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, um desenvolvimento que não seja feito diretamente pelas mãos da Niantic e da The Pokémon Company. Eu não tive a oportunidade de experimentar o primeiro Poke Snap, de 1999 para Nintendo 64. Porém New Pokémon Snap fez muito barulho no seu lançamento. Não é atoa que ele está concorrendo na categoria de Jogo para a Família.
Ele é bem simples afinal de contas. Falando de sua gameplay, basicamente percorremos com um veículo por algumas telas, com uma máquina de fotografar, algumas frutas e uma espécie de scan. Falando assim parece ser bem chato ou até repetitivo. Mas é muito divertido voltar nas telas, fazer caminhos diferentes, tentar formas diferentes de interagir com os monstrinhos e claro, achar o melhor ângulo para uma ótima foto. Outro ponto positivo é que tudo acontece rápido demais, nos dando um maior senso de urgência e claro, faz aumentar o fator replay, caso você seja um verdadeiro explorador.
7 – Ratchet & Clank: Rift Apart

Ratchet & Clank: Rift Apart ou Em uma Outra Dimensão aqui no Brasil é o mais recente lançamento da Insomniac. O estúdio da PlayStation que vem se destacando desde 2014 com Sunset Overdrive, sem esquecer os mais recentes Marvel’s Spider Man e Miles Morales. A Sony fez muito marketing no lançamento do título da série pois ele tinha a missão de ser o garoto propaganda para os jogadores conhecerem as novidades do PlayStation 5 e do DualSense. E nisso eles acertam em cheio.
A Insomniac traz mecânicas de gameplay justamente mostrando o poder do SSD e da sua velocidade de carregamento, com uma ambientação linda e muito bem detalhada. É possível carregar novos cenários inteiros instantaneamente, algo que não tínhamos visto até então. Além disso, o DualSense se destaca, dando novas possibilidades no gameplay, que vão além das vibrações que já estamos acostumados. Agora temos novas alternativas no combate. Usando as armas, por exemplo, podemos mudar a forma de atirar, dependendo da intensidade da força que colocamos nos gatilhos. Em Rift Apart, temos 20 armas, então as possibilidades são muitas. Certamente se você souber usar as armas da maneira correta, o combate não ficará enjoativo para você em momento algum.
Além das novidades que Ratchet & Clank traz, ele é extremamente divertido. As características do novo console da Sony foram trazidas de uma forma bem orgânica. As fases são ricas em detalhes, tudo isso graças ao SSD. As possibilidades diferentes de atirar com o novo Dualsense. Tudo isso aumenta a imersão na história, que não deixa a desejar. Não podemos comparar com a história de God of War e The Last of Us por exemplo, entretanto, esse não foi o foco dos desenvolvedores. A história é simples, porém bem desenvolvida, dando um foco maior no combate.
6 – Forza horizon 5

Quando falei que Returnal era um dos mais injustiçados do The Game Awards, é porque também temos Forza Horizon 5 nessa lista. O jogo mais recente da Playground está concorrendo em apenas 4 categorias, Melhor Jogo de Esporte/Corrida, Melhor Design de Som, Inovação e Acessibilidade e Melhor Multiplayer. Mesmo sendo lembrado de alguma forma, o peso das categorias em que ele apareceu não faz jus a toda a qualidade que o título tem.
Alguns atribuem essa ausência a alguns fatores. Talvez o fato dele ter sido lançado no começo de novembro tenha feito com que ele não tivesse sido percebido por muita gente, mesmo recebendo notas altíssimas da crítica especializada. Contudo, outras pessoas atribuem o “esquecimento” de Forza Horizon 5 a falta de inovação comparada com seu título antecessor. O fato é que mesmo com as poucas novidades comparadas com Forza Horizon 4, continuamos vendo o que de melhor temos no gênero corrida.
Certamente não veremos nem tão cedo alguma outra franquia lançando algo que seja tão criativo e inovador comparado ao que a equipe da Playground fez aqui. Outro fator importantíssimo é que por ser um exclusivo de Xbox, ele está gratuito para quem assina o Game Pass. Assim, torna-se praticamente obrigatório testar o novo Forza, um dos melhores jogos de 2021.
5 – Returnal

Para mim, um dos mais injustiçados da atual premiação. Returnal está disputando 3 categorias: Melhor Design de Áudio, Melhor Direção e Melhor Jogo de Ação. Acredito que ele ganhe 1 ou 2 prêmios. Entretanto ficou de fora da principal categoria, a de Game do Ano. Returnal tem uma proposta semelhante a de Deathloop. Um foco em narrativa e em mecânicas de loop temporal. Embora eles tenham muitas semelhanças, eles são muito diferentes. O game, desenvolvido pela Housemarque (estúdio Finlandês recém adquirido pela Sony) tem frenéticas batalhas em solos espaciais, agora com uma protagonista mulher, um dos destaques que valem a pena ser mencionados.
A narrativa é boa, porém não é o grande destaque, ela serve como um ótimo plano de fundo, com ótimas pitadas de terror psicológico. Assim, deixando a experiência mais intrigante e tensas. O grande foco é criar uma atmosfera onde nós ficamos com um pé atrás antes de prosseguir. O mais legal disso tudo é que vimos em Returnal, um exclusivo de PlayStation 5 diferente dos outros que já vimos anteriormente, do gênero ação e aventura com foco na narrativa.
Aqui, a Housemarque nos traz um Roguelike, um sub-gênero do RPG, que tem como características os níveis procedurais (algo feito por algoritmos e não algo já predefinido) e o permadeath (quando morremos perdemos todos os nossos itens). Eles também tiveram total liberdade para deixar um pouco a história de lado e dar prioridade para um gameplay divertido, no estilo Bullet Hell, algo que me lembrou alguns inimigos de Nier: Automata. A ousadia, a ambição e a competência de Returnal o fizeram entrar na minha lista de melhores do ano, por mais que tenha sido esquecido na premiação.
4 – Resident Evil: Village

O oitavo game numerado de uma das franquias mais conhecidas da indústria é um sucesso completo. Tanto pela mídia especializada quanto pelo público. Para quem não sabe, Resident Evil passou por um Soft Reboot depois de seu lançamento de 2012 e o seu fracasso de crítica com RE 6. Com o sétimo título, a Capcom optou por mudar a visão de terceira pessoa para primeira pessoa, pegando muita gente de surpresa. Assim a desenvolvedora pode dar um destaque maior para o terror, elemento que muitos queriam trazer de volta. Alias, fazia muito tempo que eu não me assustava com jogos de terror e Resident Evil 7 me trouxe isso de volta.
Em Village, temos uma sequência direta do título anterior porém agora com uma experiência bem mais democrática, optando por trazer elementos que agradem todos os tipos de fãs. Primeiramente os fãs dos jogos clássicos, focados em terror, que consolidaram a franquia e que funcionou no sétimo jogo. Mas também sem desconsiderar quem conheceu Resident Evil a partir do 4º, 5º e 6º jogos, conhecidos por terem mais ação.
Temos novamente Ethan como protagonista. Porém agora com muito mais desenvolvimento e importância para a história. Todas essas mudanças trouxeram um equilíbrio perfeito. Além disso com um final corajoso e mistério, deixando todos que jogaram curiosos para o que está por vir.
3 – Psychonauts 2

Para muitos, é o queridinho e o favorito na premiação desse ano. Estamos falando de mais uma obra prima do criador Tim Schafer e da desenvolvedora Double Fine. Um jogo de plataforma 3D muito criativo e com muitos cenários, todos eles diferentes e recompensadores. Caso você não tenha jogado o primeiro Psychonauts, uma cutscene apresenta tudo de uma forma bem resumida no início da campanha sobre tudo o que já aconteceu.
É outra experiência que é essencial entrar nela sem saber de muita coisa. Então é bom se deixar levar por tudo o que acontecendo. São várias fases e muitas mecânicas de gameplay diferentes, não deixando Psychonauts 2 repetitivo em momento algum. Mesmo que para zerar a campanha, você tenha que dedicar aproximadas 15 horas e se você for aquele jogador que adora explorar, levará tranquilamente mais de 20. Contudo, não podemos deixar de falar da parte principal disso tudo, Psychonauts 2 está no catálogo do Game Pass. Dessa forma, torna-se praticamente obrigatório pelo apreciar a última criação do gênio Tim Schafer, um dos melhores jogos de 2021.
2 – It Takes Two

It Takes Two é outro favorito para ganhar o prêmio mais desejado da indústria em 2021. Estamos falando de uma das experiências mais divertidas, ambiciosas e originais do ano. É incrível a quantidade de mecânicas de gameplay vistas durante as aproximadas 13 horas de campanha. O estúdio Hazelight foi o responsável pelo desenvolvimento. Porém faz parte de um projeto da EA para divulgação e publicação de jogos com propostas interessantes de estúdios menores.
O gameplay é muito divertido, a cada 30 minutos nos deparamos com uma mecânica de gameplay ou um mini game diferentes. Então conseguimos ver o capricho dos desenvolvedores em trazer algo bem específico apenas para aquele trecho e que provavelmente não será vista novamente. Outro ponto que vale ser citado é que você precisará de mais alguma pessoa para jogar It Takes Two. Afinal estamos falando de um jogo cooperativo. E para que isso seja possível, a Hazelight disponibilizou um passe de amigo.
Dessa forma, conseguimos presentear qualquer pessoa com esse passe e mesmo que ele não tenha comprado o game, ela consegue baixar e jogar com você. Recentemente, o Game Pass adicionou It Takes Two ao seu catálogo, agora é possível jogar com alguém que também tenha o serviço do Xbox. Ficou claro que esse ano foi excelente para quem é assinante do Game Pass e esse é um dos melhores jogos disponíveis.
1 – Deathloop

Esse é o meu favorito para o premio de Game of The Year. Certamente estamos falando de um dos jogos mais corajosos dessa lista. Eu nunca tinha zerado nenhum título da Arkane, desenvolvedora de Deathloop. Eles são conhecidos também pela franquia Dishonored e o remake das franquias Wolfenstein e Prey. Como nunca tinha zerado nada da Arkane antes, fiquei surpreso e viciado na proposta que foi trazida. Então para quem não conhece, a característica principal nos títulos desse estúdio é o level design as possibilidades e a liberdade que o jogador tem durante as fases. E é muito legal ver que o estúdio está cada vez mais experiente e como eles aperfeiçoam as mecânicas que eles já trazem há anos.
Outro ponto que me fez ficar viciado em Deathloop é a sua história. A premissa de acordarmos numa ilha, sem lembrar de nada, num lugar hostil, e com o tempo começar a descobrir tudo o que está acontecendo é muito boa. E conforme exploramos somos muito bem recompensados. Cada fragmento de história, cada item que coletamos e cada personagem que interagimos, deixam o mundo muito mais rico e intrigante. Não quero contar muito sobre a história e sobre o gameplay pois é interessante entrar de cabeça sem saber de pouco o que está acontecendo, da mesma forma que eu entrei. Acredito que Deathloop não ganhe o GOTY de 2021, entretanto esse é o meu preferido para o grande prêmio.
Afinal de contas, foi um ótimo ano
A lista poderia ser ainda maior. Tivemos vários outros ótimos lançamentos em 2021 para colocar nessa lista. Quero citar um deles, que por pouco não entrou nessa lista, The Artful Scape. Ele está concorrendo para Melhor Estreia de Jogo Independente, Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora e Música. Apesar da sua simplicidade, ele é muito divertido, mas como decidi trazer apenas 8 títulos, esse e alguns outros acabaram ficando de fora. Então The Artful Scape serve como uma homenagem para todos os outros ótimos jogos que ficaram de fora.
Se compararmos com os últimos vencedores da categoria mais importante do The Game Awards, como por exemplo The Last of Us pt. 2, Sekiro: Shadows Die Twice e God of War (2018), acho que esse ano, estamos um pouco abaixo de qualidade. Mas é dificil fazer essa comparação ao pé da letra. Estamos falando aqui de um final de geração, onde os desenvolvedores já exploraram ao máximo o potencial dos consoles. Agora estamos no começo de geração. Então os estúdios ainda têm muito o que aprender. Mesmo assim, tivemos várias experiências muito boas e muito criativas, fazendo com que 2021 tenha sido um ótimo ano para nós apaixonados por videogames.