Introdução
Após o sucesso de Batman Arkham Asylum, uma sequência era inevitável. Depois de alguns anos de espera, mais precisamente no ano de 2011, chegou Batman Arkham City. O game tinha a promessa de expandir os melhores aspectos do game anterior, contar uma história original e por fim, introduzir os jogadores em um mundo aberto.
Portanto, a expectativa para o novo título era grande, pois Asylum havia se tornado um marco no mundo dos jogos. Graças ao estilo de combate revolucionário apresentado, a espera por uma evolução desse sistema era altamente aguardado. Felizmente, já adianto que a obra não só entrega tudo que foi proposto, mas vai além.
Batman Arkham City foi lançado originalmente no dia 11 de outubro de 2011, entretanto a versão que será analisada aqui é a remasterização incluída na coletânea Return To Arkham. Está edição está disponível para Xbox One e PlayStation 4, sendo que o game original também pode ser adquirido no Xbox 360, PlayStation 3 e PC, via Steam.
A controversa de Arkham City
Após os eventos do Asilo, o ex-diretor da famosa instituição para prisioneiros insanos, se tornou o mais novo prefeito de Gotham City. Uma de suas primeiras ações ao assumir este posto foi apresentar o projeto de uma super prisão. De acordo com ele, prisões comuns e hospitais psiquiátricos não eram mais o suficiente para conter os vilões presentes na cidade. Assim sendo, após uma grande pressão pública e a influência de um homem misterioso, foi finalmente construída a prisão chamada Arkham City.
O local por si só já se tornou um motivo de controvérsia em Gotham. Pois, foi cercada uma parte mais pobre do local e usado este ambiente para a prisão de criminosos. Embora inicialmente a ideia não, pareça algo inteiramente ruim, a realidade é que a construção deste local apenas abriria margens para um aumento de corrupção e violência em toda a cidade, pois, diferente das celas em locais isolados, estava sendo construída uma prisão ligada diretamente a cidade.
Este elemento por si só já demonstra o quão desprezada a classe baixa é pela elite de Gotham, sendo que grande parte dela é formada por criminosos. Eu já escrevi inclusive um artigo me aprofunda neste assunto e na ligação direta da família Wayne com a situação que a grande metrópole se encontra.
Bruce Wayne decide agir
Diferente dos casos envolvendo grandes vilões, Bruce Wayne percebeu que usar força bruta não adiantaria na luta contra Arkham City e os grandes nomes políticos envolvidos neste projeto. Portanto, ele decide usar sua influência como bilionário e agir diretamente como Bruce de forma política, realizando eventos e se manifestando publicamente sua repulsa em relação a toda está ideia.
O plano dele ao fazer isso era estimular os poderosos de Gotham, para que eles pensassem de forma crítica e lutassem contra está ideia absurda. Como já era esperado, não foi isso que aconteceu, pois, a mente por trás do gerenciamento de Arkham City, Hugo Strange, estava usando a força policial da prisão para capturar todos que se manifestassem contra o projeto, sejam eles políticos, jornalistas e até mesmo milionários filantropos.
Portanto, em uma de suas palestras contra a super prisão, uma série de soldados de Hugo Strange invade o local e captura todos ali envolvidos, incluindo jornalistas e até mesmo pessoas que não tinham nenhuma ligação direta com o ideal de Wayne. Assim sendo, Bruce é nocauteado.
Bem-vindo a Arkham City
Depois de um tempo desacordado, Bruce acorda amarrado em uma cadeira dentro de uma sala próxima ao portão de entrada da prisão. O gameplay então começa e devemos nos locomover com o analógico de um lado para o outro para cairmos no chão. Assim sendo, logo que conseguimos fazer isto um soldado entra na sala e tenta nos acertar com um chute, devemos então apertar o botão de contra ataque e quebrar o pé do inimigo.
Mesmo com este contra ataque eficaz, um outro inimigo entra na sala e atordoa Bruce batendo com sua cabeça em um vidro. Após isto, somos empurados para o portão de entrada da super prisão e damos de cara com Hugo Strange. Portanto, ele afirma que devemos entrar na cidade algemado, pois ele não quer facilitar muito as coisas para o protagonista.
No portão de espera, encontramos Jack Ryder, um jornalista sensacionalista que estava na conferencia de Bruce e acabou sendo levado para Arkham City. Assim sendo, temos um curto diálogo com ele no qual Jack nos diz que não foi uma boa idéia o envolvimento com política.
Quando o portão se abre, conseguimos noucatear alguns criminosos mesmo algemados (Batman é o Batman porque ele é o Batman né?, essa referência eu tiro o chapéu pra quem entender), entretanto, logo o Pinguim aparece e consegue nos derrubar.
Eu sou o Batman
Após isto, acordamos com o vilão prestes a fazer um discurso clichê sobre o porque ele vai nos espancar. Entretanto, Bruce consegue contra atacar e derrotar o vilão e os capangas dele. Portanto, nosso objetivo seguinte é subir no ponto mais alto de um prédio, sendo que fazemos isso usando escadas, e então equipar o traje do Batman.

Assim sendo, logo que colocamos o equipamento do herói, o objetivo principal é deter Hugo Strange e seu misterioso plano chamado de protocolo 10, ao mesmo tempo que devemos lidar com velhos conhecidos do Batman.
Uma narrativa com reflexões sobre a sociedade e ciclos de violência
Batman Arkham City consegue entregar sua narrativa de uma forma excepcionalmente bem feita. O game, embora apresente uma história que não foge muito do esperado do gênero, consegue ao mesmo tempo entregar reflexões sobre a sociedade e o universo que o personagem está inserido. Para exemplificar, um tema bastante recorremte no título é a relação do Batman e o seu envolvimento direto com a criminalidade de Gotham.
Pois, o herói não resolve os problemas em sua cidade na base do diálogo ou com iniciativas que incentivam o progresso. Muito pelo contrário, ele alimenta cada vez mais o ciclo de violência presente ali, pois os seus vilões sentem a necessidade de ficarem cada vez mais fortes para baterem de frente com o Batman.

A obra até levanta o questionamento se o Coringa seria o grande antagonista e palhaço do crime de Gotham se o Batman não existisse. Este é um aspecto interessante de se observar inclusive. Pois, embora tenhamos a abordagem de Todd Philips no filme Coringa, no qual ele faz um estudo de personagem do vilão de forma independente, na época do lançamento original de Arkham City em 2011, a resposta para este questionamento era unanime, o Joker não existiria sem o herói.
Este aspecto do personagem também foi abordado nos quadrinhos Cavaleiro Branco e The Dark Knights Returns, leituras que eu recomendo para aqueles que tem interesse em se aprofundar neste aspecto do personagem.
Uma narrativa que se destaca como uma das melhores do Batman
Batman Arkham City alcança o feito de ser uma das melhores narrativas do Batman. Assim sendo, o game aborda de maneira certeira as consequências das atitudes de Bruce Wayne como vigilante em Gotham. Além disso, o título apresenta uma narrativa que consegue manter o jogador intrigado, pois ela transmite um sentimento de urgência e que qualquer coisa pode acontecer.
No geral, também é abordado a dualidade entre o Batman e o Coringa. Este tema fica evidente em todos os jogos da franquia, entretanto, em Arkham City, temos a fagulha da profundidade que no título seguinte seria abordado de uma maneira genial. Porém, estou me adiantando um pouco neste assunto, sendo que falarei mais sobre isto em uma análise posterior.

Portanto, o elemento que mais se destaca em Batman Arkham City é está forma profunda de estudo de personagem que é demonstrada. Conseguimos sentir como é estar na pele do herói, a dificuldade em tomar certas escolhas e o quanto ele sofre, por ter que viver cada dia com o sentimento de perda e angustia, sendo que sua única forma de se sentir melhor, é se livrar desta dor usando a violência contra aqueles que causam este mesmo tipo de sofrimento aos inocentes.
Um gameplay que evoluiu tudo apresentado anteriormente
Como dito anteriormente, Batman Arkham City tinha a promessa de expandir em todos os aspectos o gameplay original apresentado em Asylum. Felizmente, é exatamente isto que nos foi entregue. Portanto, no game o protagonista pode andar, correr, andar abaixado, atacar com ataques corpo a corpo, usar equipamentos e até mesmo usar um arpéu para se locomover entre os prédios da cidade.
O game conseguiu aperfeiçoar a jogabilidade e torna-lá mais suave. Assim sendo, ao planarmos com o Batman, por exemplo, não temos mais aquele sentimento travado do título anterior. Além disso, a obra oferece um grande arsenal de equipamentos para utilizarmos, sendo que alguns deles usaremos de forma auxiliar, como o gel explosivo para destruir estruturas frágeis, e outros serão usados em combate, como a própria batgarra que deve ser usado para puxar inimigos que estão mais distantes.

Além disso, o combate apresentado aqui consegue ser uma renovação em comparação com o game anterior. Portanto, temos uma série de novos golpes que podemos usar para atingir os inimigos, sendo que a cada nível, poderemos liberar novas habilidades. Algumas delas incluem, novos movimentos, como a habilidade de contra atacar um inimigo usando uma faca ou até mesmo um equipamento que explode ao atingirmos inimigos armados.
Um mapa razoalmente grande para se explorar
Batman Arkham City apresenta um mapa aberto no qual podemos explorar da forma que preferirmos. Assim sendo, em nossa exploração é possível encontrarmos diversos segredos, inclusive os já conhecidos troféus e enigmas do charada. Além disso, o game apresenta a novidade de missões secundárias, quests estas que expandem a lore do título e apresentam alguns vilões bem interessantes.
A forma que a obra aborda os objetivos secundários aqui acaba sendo bem recompesador. Pois, não temos apenas objetivos que servirão como porcentagem de progresso ou missões genéricas do tipo, fazer objetivos sem um motivo claro. Portanto, todos os objetivos opcionais apresentados aqui contribuiem de forma direta com a narrativa apresentada no game, o que faz com que o entendimento da história seja maior para os jogadores que buscarem o 100%.
Trilha Sonora
Batman Arkham City apresenta a melhor trilha sonora da saga. Pois, temos aqui uma evolução das epícas músicas apresentas em Asylum. Portanto, ao explorarmos a cidade gótica, temos uma trilha mais calma, porém que deixa evidente que o perigo está a espreita em cada esquina. Ao mesmo tempo, durante os momentos de combate, uma música mais agitada toca, o que causa um sentimento de adrenalina no jogador.
Além disso, o game faz um uso adequado da trilha nos momentos mais emocionantes do game. Pois, Batman Arkham City apresenta diversas situações que irão deixar o jogador surpreso. Fica evidente, que as músicas acompanham o tom ousado da obra, sendo temos aqui uma narrativa que apresenta fatos que os players talvez não esperassem. Porém, os jogadores podem ter certeza, que a trilha sonora irá acompanhar o tom épico do game.
O pedaço de uma cidade quebrada e decadente
Batman Arkham City apresenta visuais incríveis, principalmente na questão da representação de Gotham City. Assim sendo, temos aqui ruas quebradas, predios decadentes e claro, as famosas gargulas por todos os cantos.
Todo este aspecto visual consegue transmitir a decadência presente em Gotham. Inclusive, este elemento traça um paralelo direto com o assunto abordado anteriormente sobre a influência do Batman em sua cidade.
Em relação aos gráficos em si, o visual da remasterização consegue entregar um resultado sensacional. Pois, o game foi portado para a Unreal 4, o que tornou os aspectos de luz mais bonitos em comparação com o original. Além disso, houve um cuidado na parte de melhorias de texturas e suavisamento de bordas, sendo que este era um problema recorrente na versão lançada em 2011.
Desempenho
Minha experiência foi no Xbox Series S. Entretanto, a versão em execução é a do Xbox One S por meio da retrocompatibilidade. Isto dito, o game funcionou de uma maneira totalmente fluida em 30 FPS. Além disso, os tempos de carregamentos são praticamente instantâneos e não tive nenhum problema para relatar.
Conclusão
Batman Arkham City é uma obra prima dos video games e do cavaleiro das trevas. O game consegue se aprofundar ainda mais que o seu antecessor no estudo de personagem envolvendo o herói e ainda adicionar mais aspectos. Pois, a obra consegue abordar de uma forma interessante a influência direta que o Batman tem em sua cidade, situação está que faz o jogador refletir sobre o ciclo de violência daquele local.
Além disso, o aspecto de jogabilidade do título consegue se superar e apresentar uma evolução natural do que foi apresentado em Asylum. A ambientação e a trilha sonora também contribuem para o destaque do título, tornando-a impactante, épica e visualmente bela.
Por fim, Batman Arkham City é um título que eu recomendo para todos os fãs do personagem e para aqueles jogadores que estão a procura de jogo que não só conta uma história de super herói. Mas faz com que um sentimento de reflexão seja transmitido em cada passo dela.