Introdução
Buddy Simulator traz o seu mais novo melhor amigo, uma IA que irá te amar, e fará de tudo por você. Você também irá amá-lo, não é? Não é?!
Desenvolvido pelo estúdio Indie “Not a Sailor Studios”, Buddy Simulator 1984 é um jogo de “Terror Fofinho”, lançado no dia 18 de fevereiro de 2021 para Steam.
Amigo Virtual, Amizade Real
Grandes amizades começam das mais diferentes formas. Esta aqui, começa com uma tela preta, e algumas letras brancas na tela. Após digitar alguns comandos, você inicia o pequeno programa “Buddy Simulator 1984”. Após responder algumas perguntas pessoais, como seu nome, data de aniversário e sobre algumas coisas que você gosta, seu novo amigo está pronto para te entreter.
No começo, vocês podem brincar com jogos simples, como forca e pedra, papel e tesoura, mas Buddy sabe que isso não é o suficiente para manter sua atenção, e começa a usar da criatividade. Assim, ele cria novos jogos, só para você. Inicialmente, é apenas uma aventura de texto, mas vai evoluindo conforme o tempo passa e você completa os jogos. Logo você estará andando por uma cidadezinha 2D, cheia de NPCs e aventuras, lutando contra monstros, se divertindo muito com tudo que seu melhor amigo faz para você.
Enquanto joga, algo irá te incomodar, pois Buddy diz gostar demais de você, seu melhor amigo em todo mundo, mas detalhes nos jogos parecem muito estranhos. Principalmente, quando estranhos bugs começam a acontecer, e os jogos de Buddy passam a agir de forma estranha.
Mas não se preocupe, já que seu melhor amigo estará sempre ao seu lado.
Proposta boa, mas…
Primeiramente, devo dizer que o trailer do jogo me chamou bastante atenção quando o vi pela primeira vez. Um jogo 2D, com uma pegada de terror que abusa de glitches no sistema. Me pareceu uma mistura entre Undertale e Doki-Doki, então meu interesse foi fisgado.
O jogo entrega justamente aquilo que promete nos trailers e o que eu esperava, mas sinto que ele tentou misturar duas experiências diferentes, que se atrapalharam.
Por um lado, temos a história de “terror”, e por outro uma aventura “fofa” de RPG sobre amizade. Ambos os adjetivos estão entre aspas por não serem exatamente isso. O terror não é exatamente feito para te dar medo, mas deixar desconfortável, enquanto a aventura fofa está cheia de detalhes obscuros.
Meu problema com esta abordagem, é que senti que a aventura se estendeu demais, mesmo sendo curta para o padrão de video-game. As sessões de terror estavam separadas por longos trechos de uma aventura que o próprio jogo me desincentivou a aproveitar.
Pois, o RPG é uma aventura que ainda está sendo construída pelo Buddy. Já o terror é um “Meta-Jogo”, que envolve interagir com bugs e glitches, e alguns arquivos misteriosos que aparecem na pasta do jogo.
O Buddy constantemente comenta que o jogo está inacabado, e o quanto ele se esforça para completá-lo. Por um lado, o diálogo serve para que você se apegue a este amigo tão esforçado, e tenha uma certa pena dele. Porém, isso me deixou com a sensação de que esta parte do jogo não seria importante, o que acabou com minha experiência.
Os jogos de Buddy
Como dito acima, Buddy Simulator pode ser descrito como um Undertale com inspirações em Doki-Doki (sem toda a parte de morte e sangue). A jogabilidade vai mudando ao longo da história, conforme Buddy cria novos jogos.
De início, a aventura é apenas por texto, com tudo a sua volta sendo apenas descrito. Logo, Buddy aprende a fazer gráficos 2D, e você pode sair para explorar uma cidadezinha, e ajudar seus moradores. Avança mais um pouco, e o jogo introduz um sistema de batalha, sendo até criativo.
É a clássica batalha por turnos de RPGs 2D, com a diferença que os ataques dos personagens dependem de sua habilidade de digitação. Pois, para o ataque funcionar, você deve digitar as letras que aparecem na tela. Algumas skills podem até ser poderosas, mas se errar as letras, erra o ataque também.
Porém, o sistema é bem simples, não tendo nada de evolução de personagem, ou customização. Bem, o Buddy está fazendo o jogo às pressas, então é de se esperar que esteja meio cru.
Por isso, a apresentação também é bastante simples. Os sprites dos NPCs, apesar de bem variados, tem poucas animações. A arte lembra jogos dos anos 80, onde era possível contar todos os pixels da tela. A trilha sonora já é um pouco mais elaborada, com algumas músicas surpresa para descobrir.
No entanto, a parte mais interessante do visual está mesmo nos glitches. Os efeitos em tela são desconfortáveis, e até preocupantes. Quando o jogo pende mais para o terror, então, consegue apresentar alguns visuais bem tenebrosos.
Pane no Sistema
Apesar de todos os esforços de nosso amigo, algo sempre dá errado. Estranhos Glitches piscam na tela, personagens começam a dizer algo, apenas para serem interrompidos bruscamente, mensagens estranhas escondidas pelo cenário.
Neste aspecto, Buddy Simulator faz um bom trabalho em prender sua atenção, e deixar curioso com o que está acontecendo. Sinceramente, foi o que me motivou a explorar este pequeno mundo, e conhecer seus personagens. Pois, este é aquele tipo de jogo feito para pessoas que gostam de caçar segredos, e examinar o significado do que está acontecendo.
Muitas coisas estranhas vão acontecer em sua experiência, que talvez não façam sentido em um primeiro momento. O que é bom, já que o jogo pode te entreter mesmo depois de acabar, já que é difícil não ir para a internet procurar o significado do que jogamos.
Conclusão
Buddy Simulator 1984 é um jogo com uma proposta interessante, feito para aqueles que gostam de investigar os mistérios por trás de um jogo. Porém, boa parte do que jogamos, não é tão interessante quanto as ideias que ele nos apresenta.
O jogo é uma experiência bastante simples, onde você enfrenta alguns monstros, e encontra com alguns personagens. Porém, essa parte não é tão empolgante, e em minha experiência, estava querendo mais da parte de terror, que demorava a chegar.
Por um lado, pode-se dizer que foi proposital, com o meu “melhor amigo virtual” se esforçando tanto para me fazer feliz, e eu aqui reclamando do que o coitado fez. Porém, não muda o fato que passei metade do jogo esperando chegar a outra metade, o que não é um bom sinal.
Fazendo a média das metades, ainda digo que foi uma boa experiência, com uma leve dose de terror existencialista, e outra porção de empolgação para pesquisar que outros segredos as pessoas encontraram nesta pequena aventura, feito com muito amor por um amigo dedicado (de uma forma nem um pouco saudável).