O jogo de ”navinha”
Nostalgia. Por incrível que pareça, Chorus me fez lembrar do saudoso Space Impact. Um jogo de nave que vinha no Nokia 1100. E, desde essa época, eu curtia uma aventura onde controlávamos apenas uma nave e tínhamos que derrotar vários inimigos. Então, para mim, foi muito gostoso revisitar esse estilo após tantos anos!
Lançado em 03/12/21, sendo desenvolvido e publicado pela Deep Silver, para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S|X, Pc, Google Stadia e Amazon Luna. Tratando-se de um jogo de ação e aventura, em um mundo semiaberto, com temática futurista, ambientando no espaço.
A ascensão do Profeta
A história de Chorus começa nos apresentado Nara, uma pilota que servia a uma ordem chamada de o Círculo. Essa tal ordem, tem como líder um homem conhecido como Profeta. Nara era uma guerreira simplesmente fantástica e implacável, porém, em certo ponto, o Profeta se perdeu em seus ideais e começou um movimento para expurgar a galáxia daqueles que iam contra seus conceitos.
Então, logo após destruir um planeta, Nara percebeu que não poderia continuar com tais atitudes, e decidiu fugir, largando tudo que ela conhecia para trás. E é a partir desse ponto, que o jogo começa.

Naves também explodem
Primeiramente, vamos falar sobre como Chorus funciona. Como esperado, a dificuldade dos controles vai depender, do quão acostumado você está com jogos neste estilo. Ou seja, eu demorei um pouco para pegar totalmente. Mas, a base é simples. Nós sempre estaremos voando na nave, então, é possível atirar, voar em linha reta em três velocidades diferentes, girar a nave para desviarmos de tiros, e ainda usar os Ritos (mais a frente eu explico).
Portanto, a ideia acaba sendo simples: voa, atira e desvia. Mas a execução não é tanta. Em Chorus o combate acontece de forma frenética, com muitas naves inimigas e muito tiro vindo. Ou seja, às vezes vai dar confusão! Porém, com um pouco de treino, você se acostuma. E vale ressaltar, que o combate é bem satisfatório! Nós conseguimos sentir quando o tiro acerta uma nave inimiga, e ver elas explodindo entrega uma sensação de conquista muito boa.
Detalhe, Chorus possui um combate difícil, mesmo depois que se pega o jeito! Existem várias missões com muitos inimigos, tiro de todos os lados, e você tem que se preocupar em não perder o escudo, enquanto tira o escudo das rivais, e por vezes ainda precisa proteger outra nave! É bem divertido, e às vezes, estressante. Então, prepare-se.

A Notável
Em seguida, vou explicar os aspectos da nave que diversificam o combate de Chorus. Como eu expliquei, Nara é uma guerreira incrível, porém, não é só isso. Ela é uma notável, e possui poderes conhecidos como Ritos. Os Ritos são como sentidos apurados (que são explicados no decorrer da história), e nós podemos usá-los a nosso favor, porém, eles gastam uma barra de energia. Inicialmente possuímos a capacidade de usar um pulso que funciona como um sonar, nos permitindo visualizar objetivos, itens espalhados e inimigos, é bem útil.
Mas, à medida que vamos progredindo, liberamos novos. O meu favorito é o da tempestade, que permite destruir o escudo dos inimigos. Do mesmo modo que os inimigos possuem escudos, Nara também possui. Além disso, nossa nave conta com três tipos de tiro, sendo eles Gatling, Míssil e o Laser. Vai da sua preferência (eu passei o jogo quase inteiro só de Gatling, porém os Mísseis se provaram úteis contra inimigos poderosos).
Assim como em outros jogos, Chorus conta com uma sessão de upgrades que, no caso, chama-se Hangar. Nele nós podemos aumentar o máximo da vida e do escudo, além de podermos comprar novas armas (lembrando dos três tipos disponíveis). Por fim, a nave de Nara conta com três espaços para modificações, e existem quatro tipos de equipamentos: defesa, ataque, poderes e utilidade.
Na defesa, tem equipamentos que ajudam na redução de dano de forma geral (como permitir que o escudo dure mais). Enquanto o ataque fortalece os danos das armas. Já os poderes, têm como propósito auxiliar na utilização dos Ritos, como por exemplo, aumentar a barra de energia. Por fim, a utilidade conta com melhorias para a nave em si, por exemplo, aumentar a velocidade do impulso.

Explorando Asteroides
Logo depois do combate, queria comentar sobre o mundo de Chorus. Como eu adiantei, é um mundo semiaberto, que nada mais é do que um conjunto de mapas abertos, mas sem ligação direta entre eles. Ou seja, é preciso passar por um portal para visitar outras áreas.
Mas, o que podemos fazer nesses mapas? Bom, como era esperado, existem missões secundárias espalhadas pelo mapa, tanto em lugares desconhecidos (marcados com uma interrogação), quanto encontros aleatórios durante a exploração.
Agora, sobre a variedade das missões, muitas vezes elas terminam com uma batalha. Porém, a forma de chegar varia bastante. Existem missões de escolta, perseguição, destruição de destroços, e até hackeamento de dados. Então, por mais que muitas acabem de um jeito caótico, o caminho até o caos varia bastante. Admito que me vi fazendo várias delas.
Além da variedade nas missões, elas também possuem uma variedade de recompensas. As armas e equipamentos não são só comprados. Alguns podem ser ganhos no fim das missões. Ou seja, elas não dão só crédito (e moeda do jogo que usamos para comprar itens), mas também os próprios itens, então acaba valendo a pena muitas vezes.
Vale ressaltar, que Nara possui a Maestria, que nada mais é do que objetivos pessoais que podemos cumprir e que geram bônus. Por exemplo, matar uma quantidade de inimigos com a Gatling aumenta o dano total dela. Ou seja, explorar os mapas também auxilia nisso.

In Chorus
Nesse meio tempo, enquanto exploramos e batalhamos, ainda temos a história de Chorus, e eu já adianto, ela é pesada. Como eu falei, Nara fugiu do Círculo e decidiu ganhar a vida como caçadora de recompensa. Mas, toda a galáxia sofre pelas atitudes do Profeta, que domina e mata quem estiver em seu caminho.
Ou seja, por mais que Nara tente fugir do seu passado, ela se vê novamente na batalha, mas agora do lado oposto. E, a cada missão que fazemos, as pessoas começam a confiar mais nela, e ela se vê mais envolvida com a causa.
Porém, não é tão simples. Nara possui seus próprios demônios, e lutar com eles não é nada fácil (isso fica claro nas missões que fazemos para conseguir Ritos novos). Então, vemos ela sofrer numa luta interior, e até o reencontro com velhos amigos é difícil para essa guerreira. Realmente é difícil não se importar com ela.
Entretanto, Chorus peca um pouco nos personagens. Além da Nara, e do seu amigo Forsa, não há mais ninguém realmente interessante. Sav e Ree são os mais presentes, mas nenhum deles tem carisma. Enquanto que nas missões, a maioria dos NPCs nem possuem rosto. Até mesmo o próprio Profeta, o grande vilão, não desperta tanto interesse, e olha que vemos um pouco do seu passado nos ecos de memória (existem vários espalhados pelo mapa, e alguns são obrigatório para a trama).
Mas, a relação entre Nara e Forsa é muito boa e me agradou do início ao fim! Trazendo um desfecho muito ‘’badass’’ e me deixou bem satisfeito! Nara tem seus problemas, mas é muito forte, corajosa, e tem bom coração, apesar de tudo que passou.

A beleza do espaço
Por fim, o lado técnico de Chorus. Aqui, admito que fique surpreso pelos gráficos! Os cenários no espaço são bem bonitos. Podemos ver as estrelas, com alguns mapas sendo mais claros (como se tivessem um sol), outros mais escuros. As explosões das naves, as estações espaciais, tudo bem caprichado e agrada os olhos. Inclusive, no interior das construções, eles também capricharam! Até nas cavernas.
Todavia, a trilha sonora me decepcionou um pouco. Com exceção da batalha final, nenhuma música me marcou. Além disso, enquanto estamos voando atoa, não toca nada, e quando toca nas batalhas normais, não é nada memorável. Uma pena.
Gostaria de comentar sobre a variedade de inimigos. Como era esperado, são, na maioria, naves. Porém, existem vários tipos, com tamanhos e poderes diferentes. Sempre que encontramos uma nova, tem uma apresentação com as características de cada uma, fiquem atentos. Existem também naves maiores, que podemos voar no interior delas e destrui-las de dentro para fora, e isso é muito legal!
E para fechar, os bugs. Chorus correu liso até o final. Trazendo apenas um bug onde a missão não continuou e eu precisei reiniciar, mas fora isso, tudo perfeito!

Conclusão
Em síntese, Chorus traz aquele sentimento dos clássicos ‘’jogos de navinha’’ de antigamente, mas totalmente modernizado. Com um mundo bonito, ele traz atividades variadas que compensam a vontade do jogador em fazer tudo. Além disso, seu combate desafiador é um prato cheio para aqueles que buscam um desafio. Por fim, uma história sobre superação e sobre perdoar a si próprio, faz a gente se importar com a Nara do início ao fim! Sem dúvida é um prato cheio pra você que gosta de uma aventura espacial e para aqueles que nunca jogaram algo nesse estilo antes.
*Chave cedida para análise