Introdução
The Anacrusis é um game cooperativo de até 4 jogadores em que o objetivo é sobreviver contra hordas de monstros no espaço. Está proposta não é novidade no mundo dos games, sendo que a obra Left For Dead 2 foi um dos grandes marcos deste gênero. Entretanto, o novo game apresenta uma proposta diferente. Pois, aqui os jogadores terão que enfrentar diversas criaturas no espaço, em uma ambientação futurista que possui a estética dos anos 60.
O novo projeto chega em acesso antecipado, sendo que a desenvolvedora promete melhorias constantes e novos conteúdos regulares para os players. Além disso, o título está previsto de ter a sua versão completa lançada ainda no segundo semestre deste ano. Portanto, será que este novo game consegue entregar algo único e inovador em um gênero que já se encontra saturado?
The Anacrusis foi desenvolvido pela Stray Bombay e foi lançado em acesso antecipado no dia 13 de janeiro para Xbox One, Xbox Series X|S e PC, via Steam, Epic Games Store e Microsoft Store. Além disso, o título está disponível no Gamepass, contando com crossplay entre todas as plataformas.
Uma narrativa inexistente
O grande forte de The Anacrusis não é a narrativa. Pois, o game apresenta apenas uma pequena introdução inicial no começo de cada fase e logo os players já partem para a ação. Assim sendo, no game somos apresentados a 4 personagens presos em uma grande nave espacial prestes a ser atacada por alienígenas. Portanto, os jogadores precisam se equipar e avançar pelos locais matando o máximo de inimigos possível.

O game apresenta um conceito simplista demais e que não deixa claro para o jogador como os personagens foram parar naquele local e muito menos o porque eles estão ali. Assim sendo, fica evidente que a tentativa de construir uma pequena história em volta dos personagens acaba não funcionando, sendo que não temos um real contexto dos acontecimentos. Portanto, na minha opinião, o caminho ideal a ser seguido seria não tentar construir uma narrativa envolta dos heróis e sim focar no que realmente importa, a jogabilidade.
Pois, a forma que o título tenta entregar um storytelling acaba não sendo o suficiente para a compreensão. Claro, estamos falando de uma obra ainda em acesso antecipado. Entretanto, já fica evidente que este aspecto é um dos fatores que deixa a desejar no título, porém não é o maior dos problemas.
Uma jogabilidade que poderia ser melhor
O gameplay de The Anacrusis entrega pouca variação. Assim sendo, nos 3 capítulos disponíveis no acesso antecipado, não existe uma boa variedade na jogabilidade, com exceção do visual dos ambientes. Assim sendo, a partida começa, escolhemos com qual arma jogaremos e vamos para frente matando monstros. Basicamente, é apenas isto que fazemos aqui. Além disso, o game não consegue empolgar ou passar um impacto durante os momentos de ação.

Pois, todas as armas possuem o mesmo som, e não transmitem uma sensação de impacto nos tiros. Assim sendo, ao atirarmos com uma pistola ou shotgun, o impacto no inimigo será o mesmo, sendo que durante o meu gameplay, chegou um momento que eu não me importava mais em trocar de arma, pois a sensação, é que mesmo que eu mudasse, não perceberia nenhuma mudança.
Outra grande promessa de The Anacrusis, é que nenhuma partida seria a mesma. Durante minha aventura no game, joguei algumas vezes os 3 capítulos disponíveis e todas as partidas foram extremamente semelhantes. Segundo a desenvolvedora, teríamos aqui um sistema de IA que iría sempre mudar o local dos itens e dos inimigos.
No caso das criaturas, este sistema não funciona bem, pois, nas partidas que joguei, os monstros apareceram sempre no mesmo lugar ou muito próximos da li. Para exemplificar, no primeiro mapa do game, ao irmos para a localidade abaixo da nave, uma criatura puxadora irá aparecer e agarrar o jogador, Assim sendo, nas 5 vezes que joguei este capítulo, a criatura apareceu no mesmo lugar.
Habilidades e itens
Outra promessa de The Anacrusis, é que em todas as partidas os itens estariam em lugares distintos. A proposta deste sistema, seria dar uma maior variedade durante o gameplay e tornar cada sessão única. Neste aspecto, o game consegue fazer um bom trabalho. Pois, ao explorar os locais presentes no game, podemos encontrar diferentes itens para fortalecer os personagens, sendo que o local em que eles se encontram sempre é diferente.

Mesmo com este aspecto sendo interessante, a obra não entrega uma boa variedade de melhorias e habilidades, o que acaba tornando está imprevisibilidade da localidade dos itens algo não tão eficaz. Pois, se tivéssemos habilidades interessantes, o título conseguiria estimular a exploração a cada nova partida. Portanto, as habilidades que mais se destacam aqui é uma na qual podemos soltar um pulso e jogar os inimigos para longe e alguns itens que aumentam a porcentagem de vida. As outras acabam sendo tão irrelevantes que pouco uteis que não faz sentido o uso delas no game.
Para exemplificar, temos uma habilidade que se assemelha a uma torreta. Entretanto, no jogo estaremos sempre em movimento e não faz sentido pararmos para usar o item, ficando assim em desvantagem e vulneráveis a ataques. Pois, é muito mais vantajoso e eficaz, ficarmos sempre nos movendo e atirando nas criaturas a distância.
Criaturas com pouca variação visual
The Anacrusis não apresenta uma grande variação visual nos inimigos. Os mais comuns agem como zumbis, simplesmente correndo em direção aos jogadores e atacando, e os especiais possuem o mesmo design característico, porém com ataques diferentes. Neste aspecto fica ainda mais evidente a inspiração do game em Left For Dead, sendo que os monstros especiais incluem um que cospe acido, outro que agarra o jogador e claro, o tanque, que possui muita resistência a dano.

Além dos visuais pouco variados, em nenhum momento do game eu me senti desafiado ao enfrentar as criaturas. Pois, a inteligência artificial deixa muito a desejar, sendo que era comum os inimigos simplesmente pararem de atacar. Isso fazia com que só fosse preciso atirar infinitamente neles até todos morreram. Este problema ocorreu varias vezes durante a minha jornada, sendo que só aumentou o sentimento de nunca progredir no jogo.
Gráficos e trilha sonora
O game apresenta uma estética que mistura futurismo e retrô. Entretanto, logo no primeiro capítulo do título, fica evidente que está combinação não funciona muito bem. Pois, temos uma predominância de cores brancas nos cenários com objetos antigos espalhados por todos os cantos. Este aspecto visual se mantém por todos os três capítulos, causando uma sensação de que nunca mudamos de ambientação.
Além disso, a trilha sonora aqui se demonstra ausente na maior tempo, para em teoria entregar uma maior imersão ao jogador. Algo que não acontece, pois, as criaturas não possuem sons variados, as armas também não e os personagens não apresentam diálogos que sejam importantes ou expandam a história.
Desempenho
Minha experiência foi no PC equipado com uma GTX 1650. O game rodou no médio a 60 FPS na maior parte do tempo, entretanto, durante a espera no lobby, um local todo branco e vazio, o título apresentou travamentos simplesmente inexplicáveis. Além disso, o game possui diversos bugs, desde inimigos com IA desligada, atravessando paredes, armas sem som e até mesmo um momento no qual os personagens ficavam no lobby e a partida nunca começava. Em relação aos loadings, os tempos de carregamentos foram rápidos, isto graças ao SSD.
Conclusão
The Anacrusis é um game que tenta apresentar algo diferente em vários aspectos ao mesmo tempo, e não consegue ser bom em nenhum deles. O título possui boas ideias, porém ao não construir uma base sólida e desenvolver algo de forma acima da média, torna o conjunto da obra esquecível.
Entretanto, o game ainda está em desenvolvimento, portanto, existe tempo para que o game seja retrabalhado e entregue algo verdadeiramente único e aceitável.
* Chave cedida para preview no PC