É difícil encontrar qualquer franquia que seja tão influente na cultura pop como Star Wars. Criado por George Lucas há mais de 40 anos, a história de Luke Skywalker, Darth Vader e companhia está conosco há gerações.
O primeiro filme de Star Wars estreou em 1977 e, desde então, surgiram inúmeros jogos para contar histórias além da dos filmes nesse universo gigantesco. Do mesmo modo que podemos dizer que não existia blockbusters antes de Uma Nova Esperança, é possível falar que adaptações de filmes para jogos não eram o foco da indústria naquela época.
De antemão, é preciso saber que indústria de games caminhava lentamente no início dos anos 80, e Star Wars com certeza ajudou a fazê-la crescer. Passando por diversas gerações de console, a franquia, sobretudo, se consolidou como um produto lucrativo em qualquer mídia que se propusesse a fazer parte.
Portanto, vamos dar uma olhada em como Star Wars evoluiu conforme os videogames ganhavam mais destaque no universo da cultura pop.
A pré-história dos jogos
No início, havia apenas a escuridão. Depois, veio a luz pixelada. Em 1978, a Apple produziu um jogo da saga não licenciado para o Apple II. Como um piloto especial em treinamento, o jogador deveria destruir TIE fighters usando um display em primeira pessoa.
Logo depois, veio o primeiro jogo licenciado, como um table-top da Kenner. O jogo tinha três níveis e, dessa forma, o jogador deveria examinar sistemas estelares, evitar buracos negros e localizar inimigos.
Nesse ínterim, surgiram os jogos para Atari 2600, que fizeram bastante sucesso. A Parker Brothers, antiga empresa de brinquedos, publicou diversos jogos baseados em cenas da primeira trilogia.
Nos anos seguintes, outros jogos para Atari 2600 surgiram. Um deles foi o primeiro simulador de lutas de sabre de luz em um console de mesa, chamado Star Wars: Jedi Arena.
Enquanto isso, a Atari lançou diversos jogos com a licença para arcades. O mais famoso foi baseado no final de Uma Nova Esperança, quando Luke acerta o alvo para destruir a Estrela da Morte.
A empresa fabricou arcades para O Retorno do Jedi e Império Contra Ataca ao longo dos anos 1980. Enquanto a indústria de games sofria com o fracasso do jogo de E.T., os arcades de Star Wars se tornaram bastante populares, principalmente nos Estados Unidos.
Até o início dos anos 1990, a licença dos jogos passava de mão em mão, sem ter uma força centralizadora. O importante era ganhar dinheiro com a marca, e não realizar obras de arte.
Quando George Lucas percebeu o erro que era entregar essas licenças de mão beijada, começou a trabalhar para reverter isso.
A era de ouro
George Lucas, visionário como era, quis investir em videogames desde o início dos anos 1980. Através da Lucasfilm, ele criou a LucasArts em 1982, braço da empresa que focaria apenas na publicação de jogos.
No entanto, como ele vendera a licença de Star Wars para outras publishers, não tinha como publicar jogos da franquia com sua própria empresa. A ironia.
De qualquer forma, durante esse período, a LucasArts publicou simuladores de voo e outros jogos focados em história, como Monkey Island. Foi apenas em 1993 que os direitos voltaram para suas mãos.
Com essa experiência, a LucasArts publicou Star Wars: X-Wing. Esse foi o primeiro simulador de voo baseado na saga a ser lançado, além de ser o primeiro título independente lançado pela LucasFilm. Até hoje, é considerado um dos melhores jogos de Star Wars.
Ao mesmo tempo, a LucasArts marcou o SNES com o lançamento da Super Star Wars Trilogy. Os três jogos dessa super saga seguem livremente a trilogia clássica. Todos foram recebidos com elogios da crítica especializada.
Assim como a transição do 2D para o 3D marcou os anos 1990, é óbvio que os jogos de Star Wars não ficariam de fora. Em 1995, Star Wars: Jedi Forces foi o pontapé para essa mudança. Sua sequência, Star Wars Jedi Knight: Dark Forces II, foi recebido com a mesma aclamação.
Star Wars: jogos canônicos e a expansão de Lore
Novos filmes, novos jogos
Em 1999, Star Wars retornou aos cinemas com filmes inéditos. Histórias novas significam uma nova pancada de adaptações de jogos para a LucasArts publicar.
Todos os filmes ganharam jogos tie-in e diversos spin-offs. Enquanto alguns são excelentes e adorados até hoje, outros foram vistos apenas como caça-níqueis pelos fãs.
O mais famoso dessa leva deve ser Star Wars Episode I: Racer, baseado na corrida de podracing de A Ameaça Fantasma. Em 2020, ele foi portado para Nintendo Switch e Playstation 4, garantindo uma nova leva de fãs para o jogo.
Em contrapartida, Star Wars: Obi-Wan lançou com bugs, uma câmera quebrada e level designs risíveis. O que poderia dar errado em um jogo com o jovem Obi-Wan? Aparentemente, tudo. Similarmente estava Star Wars: Bounty Hunter, que colocaria o jogador na pele de Jango Fett. O lançamento, no entanto, foi marcado por bugs e problemas técnicos.
Jedi Knight 2: Jedi Outcast, por outro lado, trouxe um novo brilho para os fãs da franquia. Com batalhas de sabres de luz espetaculares, ainda é possível encontrar pessoas para jogá-lo online.
Os anos que mudaram tudo
2003 foi o ano em que os jogos de Star Wars deixaram de ser meninos para se tornarem homens. De um lado, tínhamos Star Wars: Galaxies, que mudou tudo o que se sabia sobre MMO na época.
Do outro, tínhamos Knights of the Old Republic, possivelmente um dos melhores jogos da história e o melhor jogo da franquia. Com KOTOR, a BioWare entregou não só um RPG de Star Wars, mas uma experiência única para qualquer pessoa que ousasse encostar nessa obra prima.
Nos anos seguintes, a LucasArts não decepcionou. Battlefront chegou em 2004, provando que a fórmula de Battlefield funciona, sim, em uma galáxia muito, muito distante. Republic Commando veio um ano depois como um FPS single-player que lembrava bastante os primeiros dias de Call of Duty.
Por outro lado, Lego Star Wars surgiu na mesma época. A LucasFilm foi pioneira em licenciar sua marca para a Lego, liderando eventualmente toda uma geração de jogos licenciados com os personagens de montar.
Posteriormente, Knights of the Old Republic II foi lançado e, mesmo contendo uma história ambiciosa e reflexiva, não ficou livre de problemas técnicos. A sequência foi menos aclamada, mas não deixou de ser um clássico instantâneo.
A morte da LucasArts e o contrato com a EA
Na segunda parte dos anos 2000, a genialidade da LucasArts foi posta em xeque. A qualidade dos jogos começou a cair, e poucos jogos relevantes foram lançados até 2013.
Battlefront II e The Force Unleashed I e II receberam grandes elogios da crítica e dos jogadores. Contudo, a queda parecia certa. Entre 2010 e 2013, um MMO do período da República Velha e um jogo especial para o Kinect foram lançados. Além disso, apenas Angry Birds Star Wars tinha certeza relevância no mercado.
Para uma empresa que viu seus melhores dias na transição do 2D para o 3D, o fim estava próximo. Como era uma empresa submissa à LucasFilm, não tinha muito o que fazer.
Em 2012, a Disney comprou a LucasFilm pela bagatela de 4 bilhões de dólares, levando tudo que estava sob suas asas. Nesse ínterim, a LucasArts trabalhava em um jogo focado em Boba Fett, chamado Star Wars 1313. Ironicamente, em 2013 a Disney fechou a empresa e o jogo nunca viu a luz do dia.
No ano seguinte, Mickey Mouse anunciou uma parceria exclusiva com a EA Games para produzir jogos da franquia pelos próximos dez anos. Apesar dos frutos dessa parceria estarem expostos para todos verem, vou escrever um artigo focado especialmente nela.
É impossível contar a história dos videogames sem tocar no nome Star Wars. A franquia é responsável pela criação do conceito de cultura pop, do hype e de tudo que tanto consumimos atualmente.