Introdução
Artisan é um game que mistura elementos de visual novel e battle royale. Por mais estranho que possa parecer está combinação, é justamente está a narrativa do jogo. O personagem principal se encontra preso em um mundo misterioso e para escapar, deve sobreviver em combates mortais contra outros jogadores. A proposta do game é intrigante e chama a atenção por logo em sua premissa demonstrar uma visão única de um gênero já tão saturado atualmente. Entretanto, apenas uma boa ideia não o suficiente para entregar uma boa experiência. Portanto, será que Artisan consegue apresentar algo verdadeiramente único? Confira agora em mais uma análise do Garota no Controle.
O título foi desenvolvido pela Starryware e lançado no dia 3 de fevereiro para PC, via Steam.
O museu misterioso
Artisan começa com o protagonista Link acordando em um misterioso museu. Ele não se lembra como chegou naquele local, sendo que seu objetivo inicial por instinto é pegar o celular e buscar ajuda. Entretanto, ele logo percebe que não está com nenhum item e também se encontra preso em uma pequena sala. Após ficar agitado e tentar escapar chutando a porta, ela a abre e uma personagem chamada Lisa se apresenta.
Ela diz ao protagonista que ele está naquele local por um motivo e que qualquer tentativa de escape será ineficaz. Entretanto, o personagem ignora totalmente este aviso e tenta fugir pela porta mais próxima. Porém, ao sair do ambiente ele percebe que está em uma espécie de mundo alternativo no qual existem criaturas gigantes rondando o lado de fora. Logo, Link rapidamente retorna para o museu e Lisa nos explica qual o real motivo de estarmos ali.

Portanto, ela nos diz que se quisermos escapar, teremos que participar de um game battle royale em que apenas um jogador sairá vivo. Embora o protagonista fique receoso inicialmente, ele logo percebe que sua única escolha é aceitar a tarefa e tentar sobreviver neste jogo doentio.
O battle royale…, mas não da forma que você espera
Na introdução desta review eu disse que a mistura de dois gêneros tão distintos foi o que chamou minha atenção. Entretanto, o game infelizmente não consegue fazer um bom trabalho no seu desenvolvimento narrativo. Primeiramente, ao decorrer do tal jogo que devemos lutar contra outros jogadores naquele mundo, bom, estes embates simplesmente não acontecem. Pois, logo que nossa aventura se inicia, começamos a interagir com outros personagens e uma ameaça maior aparece, o que faz com que os participantes daquele jogo tenham que se juntar alá Vingadores para derrotar este inimigo.

O desenvolvimento de personagens poderia ser melhor
A obra não faz um bom trabalho em apresentar e desenvolver estes novos personagens. Pois, a maioria deles tem personalidades caricatas demais, a nerd que vive soltando referencias a outros jogos e cultura pop, a garota patricinha, a tímida, o que fala pouco mais que é bom de luta e outros. Estes personagens com desenvolvimento mínimo tornam eles pouco interessantes para o jogador, sendo que durante a minha aventura, não consegui me apegar a nenhum deles, nem mesmo o protagonista.

Além disso, a história do game não sabe qual caminho quer seguir. Pois, ela apresenta sempre novos elementos e simplesmente não desenvolve, apenas o joga na tela e espera que o jogador aceite e siga em frente. Para exemplificar, temos um segmento no qual um dos integrantes da nossa equipe é corrompido por uma força maligna e é isso… não tem explicação, nenhum desenvolvimento, apenas o acontecimento e um personagem falando “olha, ela foi corrompida” e fica por isso mesmo. No geral, Artisan poderia ter entregado uma narrativa boa, porém, a falta de foco no storytelling e a pouca inovação faz com que a história seja pouco cativante.
Jogabilidade
Como foi dito anteriormente, o jogo é um visual novel. Portanto, teremos cenas sendo mostradas na tela e muito texto, sem muita interatividade além de momentos pontuais em que selecionaremos diálogos. Entretanto, estas escolhas não interferem diretamente na narrativa e estão presentes ali apenas para diferentes interações entre os personagens. Além disso, existem alguns segmentos no qual poderemos ter conversas opcionais com alguns integrantes da nossa equipe. Embora seja um aspecto legal, o game não consegue desenvolver os personagens de maneira eficaz, pois, suas personalidades são muito caricatas e sem nenhum aspecto verdadeiramente surpreendente.

Portanto, fica evidente que Artisan poderia ter dito um desenvolvimento de personagem e história bem melhores, ainda mais quando estamos falando de um visual novel, no qual o aspecto principal é a narrativa apresentada.
Trilha sonora
A obra consegue entregar uma boa trilha sonora, sendo que o destaque fica com as cenas de ação. Pois, sempre que um segmento com algum acontecimento impactante entra em ação, uma música mais animada e com tons épicos se inicia, dando um grande impacto para a cena apresentada. Entretanto, o título usa muito a repetição de sons ambientes nos acontecimentos na narrativa.
Assim sendo, sempre que um personagem aparece repentinamente, o que acontece sempre, temos a mesma trilha característica, o que torna este elemento repetitivo e pouco interessante. No geral, o game faz um bom trabalho com a trilha sonora em segmentos envolvendo acontecimentos de impacto, porém deixa a desejar em faixas envolvendo acontecimentos básicos, como interações entre personagens e suas ações.
Gráficos
Artisan apresenta um estilo gráfico de desenho e anime. Logo, não temos aqui grandes inovações neste aspecto. Entretanto, o jogo apresenta algumas cenas feitas em CGI durante a campanha e elas são bem feitas, mesmo que breves. Para exemplificar, logo no começo do game temos a cena em que Link tenta escapar do museu. Logo que ele avista as gigantes criaturas uma pequena cena em CG se inicia mostrando claramente aquelas criaturas. Assim sendo, o game consegue introduzir este elemento acertadamente na narrativa.
Além disso, o design de personagens e de cenários é bem feito, porém, não é perfeito. Primeiramente, em relação aos cenários, o jogo consegue entregar ambientes detalhados, seja uma rua, grande sala de um prédio, quartos e até mesmo o museu inicial. Entretanto, logo fica evidente que o título repete demais estes mesmos locais, o que acaba incomodando em certo ponto da narrativa.
Elementos problemáticos
Outro fator incomodo, é que o game sexualiza demais alguns personagens femininas no título, portanto, em pleno 2022, acredito que este tipo de caracterização não deve ser simplesmente aceita e ignorada. Pois, não faz sentido que tenhamos mulheres sendo caracterizadas desta forma gratuitamente, isto acaba sendo desrespeitoso e até ofensivo. Felizmente, Artisan não chega a ser tão gratuito neste sentido, entretanto, o jogo poderia ter tomado um cuidado melhor.
Desempenho
Em relação ao desempenho, minha experiência foi em um PC equipado com uma GTX 1650. Por estamos falando de um visual novel, o título é bem leve e não apresentou nenhum problema de performance. Além disso, os tempos de carregamentos são rápidos e não tive bugs e nem travamentos.
Conclusão
Artisan é um game que apresenta uma proposta interessante. Entretanto, pela falta de desenvolvimento de personagens e de narrativa, acaba entregando uma história pouco desenvolvida e até mesmo sem sentido em muitos momentos. Além disso, o game apresenta um design de personagens problemático em relação às mulheres do título e isso pode ser algo incomodo. Por fim, o jogo consegue entregar uma experiência visual novel sem novidades, uma narrativa que poderia ser melhor e uma jornada pouco cativante do começo ao fim.
*Chave cedida para análise no PC