Introdução
Corrigindo muitas das falhas, e reforçando os pontos fortes, Horizon: Forbidden West é o tipo de continuação que será amada pelos fãs do primeiro jogo, e que tem boas chances de finalmente conquistar aqueles que ainda tinham suas dúvidas.
Desenvolvido pela Guerrilla Games e publicado pela Sony, Horizon: Forbidden West será lançado no dia 18 de fevereiro de 2022 para PS4 e PS5.
O Fim Foi Só o Começo
A história de Aloy continua alguns meses depois do final de Horizon Zero Dawn. Após derrotar Hades na grande batalha de Meridiana, nossa heroína partiu em uma viagem solitária em busca de um backup da IA responsável pela reconstrução da vida na Terra, Gaia.
Porém, suas buscas entre as antigas ruínas usadas pelo Zero Dawn apenas a frustraram, com sua última pista se mostrando falsa. Para piorar, uma estranha praga está se espalhando pelo mundo, matando plantas e animais, e adoecendo as pessoas. Sem Gaia, a humanidade não terá como combater esta ameaça que não pode ser combatida com lanças e flechas. A vida na Terra se encaminha para uma nova extinção, e ninguém sabe por quê.
Isto é, até que um velho conhecido lhe envia uma mensagem. Sylens, o antagonista do primeiro jogo, também esteve buscando a Gaia, usando de seus próprios meios. Dessa forma, ele descobriu pistas interessantes, mas precisa da ajuda de Aloy para dar continuidade em seus planos. Mas, para isso, ela precisa viajar para o Oeste Proibido, uma região dominada pelos Tenakth, uma tribo que esteve em guerra com os Carja por muitas décadas, e que não aceita facilmente estrangeiros em seu território.

Nesta jornada, Aloy irá descobrir novos segredos do mundo antigo, encontrará com velhos amigos (e inimigos), negociará a paz entre facções em guerra, e enfrentará um novo inimigo aparentemente invencível.
Ao fazer esta continuação, a Guerrilla conseguiu identificar os pontos fortes do Horizon Zero Dawn e deixá-los ainda melhor, além de corrigir muitos dos pontos fracos. Porém, algumas das falhas do primeiro jogo se repetem aqui, mas deixaremos eles por último.
O Oeste Proibido
Primeiramente, o mundo e mitologia se expandem de forma natural e interessante aqui. Nesta sequência, visitamos uma região do mundo que já era comentada pelos NPCs do primeiro jogo, como uma terra misteriosa e exótica, dominada por tribos de selvagens sedentos de sangue, que só conhecem a guerra.
A realidade, no entanto, tem mais nuances do que isso. Pois, os Tenakth se dividem em 3 facções diferentes, cada um ocupando uma região deste mundo, sendo que uma tribo vive nas montanhas nevadas, outra no deserto escaldante, e a última, na região da selva e rios.

Além deles, também temos a tribo dos Utaru, que idolatram máquinas do tipo Arador como divindades, as Deusas-Raiz. Pois, estas máquinas trabalham para fertilizar o solo da região, portanto, responsáveis pelo bem-estar dos povos do Oeste.
Narrativamente, o mundo do jogo se parece muito maior agora, com tantas culturas diferentes para conhecer. Ao conversar com NPCs, e fazer suas missões, você irá pegar muitos detalhes interessantes sobre estas tribos, que tornam este mundo muito mais vivo. Por exemplo, o fato da tribo Utaru ser toda baseada em música, com suas cidades tendo nomes como Sonora, e seus governantes serem conhecidos como O Coro.
Estes diversos detalhes contribuem para a sensação de um mundo habitado e vivo. Esta já era uma característica muito legal do primeiro jogo, e que aqui mantém a qualidade ao criar culturas interessantes de se conhecer.
Matando Robôs Gigantes
Este é mais um dos pontos fortes do original que ficaram ainda melhor, as lutas contra as máquinas.
Forbidden West continua sendo um jogo de mundo aberto, com combate em terceira pessoa, com foco no uso do arco e flecha. Mas, dessa vez, temos diversas melhorias que tornam o combate ainda melhor.

A principal mudança, é que agora a Aloy pode ativar um modo especial chamado “Impulso de Bravura”. Estes impulsos são liberados na nova árvore de habilidades, e cada um tem um efeito poderoso, mas que dura pouco tempo. Assim, você pode equipar um impulso que triplica o dano de armas de longa distância, ou um que causa uma grande explosão elétrica a sua volta, ou até ativar um módulo que te deixa invisível. São várias as opções para cada estilo de jogo.
Além de adicionar armas novas, como dardos de arremesso e um lança-virote (basicamente uma metralhadora pré-histórica), todas as armas agora possuem habilidades especiais. Estas podem ser usadas com mais frequência que os impulsos, mas são específicas para cada arma, e há até três habilidades para cada uma. Dessa forma, seu arco de caçador pode atirar três flechas de uma vez em um alvo, ou disparar uma chuva de flechas em uma pequena área.

Mas, não são só as armas que receberam um “Upgrade”. A própria Aloy andou treinando bastante nestes meses, e aprendeu muitos golpes novos. Apesar de não ter a variedade de um Hack’n Slash, há vários combos de combate corpo-a-corpo, misturando golpes rápidos e pesados, com diferentes efeitos. Alguns dão mais dano, enquanto outros podem nocautear inimigos pequenos, ou lançar Aloy para longe. A combinação destes combos ajuda a tornar o combate muito mais rápido e ágil.
Viajando e Lutando com Estilo
Além de mudanças exclusivas para combate, uma adição muito útil para o jogo são o Lança-Gancho e o Planador. Certamente, em termos de diversão, estas são uma das melhores adições o jogo. Ambos os itens servem tanto para exploração, quanto para batalhas.
Na exploração, a utilidade de um planador é bem óbvia. Agora, Aloy pode saltar com mais tranquilidade de lugares altos, o que também facilita chegar a certas áreas. Já o gancho, além de puxar Aloy a locais difíceis de alcançar, também é usado na resolução de puzzles ambientais, arrastando caixas e vigas para servirem de apoio, e também para abrir buracos em paredes frágeis. Infelizmente, você ela não se balança neste gancho, como acontece em Ghost Of Tsushima, uma pena.

Além disso, a combinação destas duas ferramentas no combate torna ele muito mais ágil e empolgante. Pois, se a arena da batalha tiver os locais para usar o gancho, você pode usar isso para se mover rapidamente de um lugar para outro, evitando ataques poderosos. Aloy também consegue realizar um grande salto no final da puxada para se lançar para cima, onde o planador permite ataques aéreos.
Evoluindo Aloy
O sistema de progressão do jogo foi repaginado, e agora está bem mais interessante. Forbidden West continua com um sistema de Levels e árvores de habilidades, mas cuja apresentação e evolução conseguem passar a sensação de melhoria constante.
As habilidades de Aloy são divididas em 6 árvores, com diferentes focos. São elas Guerreira, Emboscada, Caçadora, Sobrevivente, Sabotadora e Maquinista. Respectivamente, temos uma árvore para combate corpo-a-corpo, armadilhas, armas de distância, poder de cura, furtividade e controle de máquinas.
As habilidades em cada árvore são divididos entre reforços passivos, técnicas de arma e Impulso de Bravura. Os reforços passivos melhoras algum aspecto da Aloy, seja o dano causado por uma arma, ou a recuperação de vida de itens. Já as técnicas e Impulsos liberam as habilidades citadas na sessão anterior.

Visualmente, esta árvore é muito mais interessante, pois separa de uma forma fácil de entender os diferentes efeitos das habilidades. Já sua funcionalidade apresenta melhorias substanciais à forma de se jogar, já que uma nova técnica ou impulso adicionam uma nova estratégia ao jogo.
Outra grande mudança na forma de evoluir do jogo, é que as missões também dão pontos de habilidade como recompensa. Apenas subindo de nível, não é possível completar todas as árvores. Portanto, é mais um incentivo para fazer o conteúdo do jogo, e até missões de nível baixo se tornam atraentes. Pois, mesmo que elas deem apenas 10% de um nível em experiência, ainda darão 2 ou três pontos para gastar na árvore
Melhores Personagens
Uma de minhas maiores críticas ao primeiro jogo, foram suas missões secundárias e seus personagens. Pessoalmente, considero que a história do primeiro é incrível, com grandes reviravoltas, uma trama intrigante, e muitos momentos de “explodir cabeças”. No entanto, os personagens do jogo não acompanharam esta qualidade, sendo que comecei o Forbidden West lembrando do mundo, da história, mas de pouquíssimos personagens.
O que se traduziu em um começo de jogo levemente “frustrante”. Pois, no prólogo, nos encontramos com diversos dos amigos que Aloy fez no primeiro jogo, e todos, com exceção do Erend e sua fabulosa barba, eram praticamente estranhos para mim. Reconhecia seus rostos, mas esqueci completamente de sua participação na história.
Outra grande exceção a este padrão é o Sylens, cuja fala suave e busca por conhecimento o fizeram ser o personagem mais memorável dessa história.
Dessa forma, Forbidden West também melhora nesse aspecto, já que seus personagens secundários estão mais bem desenvolvidos, com desejos, medos e relacionamentos mais detalhados. Isso se deve ao fato de cada um ter sua própria missão secundária, e que cada novo capítulo da história traz novos diálogos, onde eles comentam sobre o acontecido, e seu relacionamento com Aloy e os outros companheiros dela.
Fora os personagens principais, as missões espalhadas pelo mundo também deram uma boa melhorada. Muitas delas trazem alguma narrativa interessante, com suas próprias reviravoltas e dramas, ou aprofundando o mundo. Assim, vamos ajudar uma avó a resgatar seu neto que se juntou a um grupo violento, ou ajudar uma mulher a consertar um rádio e recuperar uma mensagem do Velho Mundo.
O Mundo para explorar
Não posso dizer com certeza, mas o mundo aqui parece estar maior do que o primeiro. Porém, o que posso dizer com certeza, é que ele está mais variado.

Por aqui, você encontrará diferentes biomas, já conhecidos do primeiro jogo. Portanto, o Oeste Proibido tem a região de deserto, a região da selva e várias montanhas. Além disso, também temos uma nova região, a mais divulgada nos trailers, que é a região das praias e da ilha.
Este é um dos lugares mais belos do jogo, com suas águas cristalinas e praias de areias brancas. Você pode mergulhar para procurar tesouros nas ruínas submersas, ou explorar os arranha-céus despedaçados da região.
Fora os diferentes biomas, há diversas máquinas novas para enfrentar e analisar. Em Forbidden West, temos 40 máquinas diferentes, além dos pescoções e algumas que só aparecem na história.
Além disso, máquinas do primeiro jogo retornam, e algumas até com comportamentos diferentes. A minha máquina nova preferida, certamente é a Tortuga, uma tartaruga de 20 metros de comprimento, com uma casca protetora quase impenetrável.
Essas mudanças no comportamento das máquinas também deixou o jogo bem mais desafiador. Na dificuldade normal, as máquinas já causam um dano considerável, e é difícil escapar de seus ataques. Elas também estão bem mais agressivas, dando pouca margem para erro, e tornando a concentração, que desacelera o tempo ao mirar, uma habilidade essencial para sobreviver.

No entanto, o jogo te dá muitas opções de acessibilidade, e permite customizar a dificuldade do jeito que quiser. Assim, você pode ajustar o tamanho da vida dos inimigos e seu dano, e até se itens de cura são usados automaticamente.
Forbidden West, uma continuação perfeita…
Resumindo tudo o que escrevi até agora é que, Horizon Forbidden West é uma continuação melhor que o primeiro jogo. O combate com as máquinas está bem mais divertido e desafiador, com mais opções de armas e poderes. A evolução da personagem traz mais peso, e a evolução é mais constante. As missões secundárias estão mais interessantes, e os personagens mais bem-desenvolvidos. O mundo está maior, com uma maior variação de cenários e muito mais máquinas para enfrentar.
Porém, há alguns detalhes no meio de tanta melhoria que ainda me incomodaram, e em alguns pontos houve até um retrocesso em relação ao primeiro.
…Mas tem problemas na história…
O principal ponto negativo do jogo continua sendo sua história. Ela está longe de ser ruim, assim como a do primeiro. No entanto, aqui ela perdeu um pouco do brilho da descoberta que o primeiro trouxe.
Como já conhecemos quase tudo sobre os acontecimentos que levaram à extinção da humanidade, não sobrou muita coisa para descobrirmos na continuação. Portanto, a história não se foca em investigar os segredos do passado, mas sim em combater os perigos do presente.

Apesar de ter algumas revelações bombásticas no meio do caminho, nenhuma delas chega ao ponto de cair o queixo como quando descobrimos sobre os sistemas de Terraformação ou o projeto Zero Dawn no primeiro. As motivações do vilão também pareceram fracas, e após o confronto final fiquei me perguntando o sentido de algumas atitudes.
A narrativa também dependeu de algumas facilitações, como um personagem desenvolver um aparelho crucial para o andamento da história apenas com gravetos e restos de máquinas, dando como explicação apenas que é segredo, o importante é que funciona.
Neste tópico, também posso incluir a enorme quantidade de textos e arquivos de áudio, que no primeiro já eram cansativos pela maioria não ser importante, e continuam não sendo.

…Mas tem problemas no mapa…
O fato do mundo estar “maior e melhor” também trouxe algumas mudanças que podem não agradar algumas pessoas. Pois, com um maior número de personagens e lugares para visitar, também aumentaram o número de missões para resolver. As missões secundárias são, em grande parte, bem elaboradas, e com uma narrativa interessante.
Porém, para preencher o mapa, Forbidden West se inspirou em outros jogos de mundo aberto, trazendo muitos colecionáveis, acampamentos de rebeldes, e missões de coleta. Dessa forma, o mapa acaba ficando coberto de ícones de missões e itens, cujo papel é extender o tempo de jogo, e te manter ocupado por mais tempo.

Mas, não se engane, muitas adições vieram para o bem. Como a arena, onde você pode encarar desafios de caça contra diversas máquinas com limite de tempo e de equipamentos. Até mesmo os colecionáveis, muitos estão atrelados a algum tipo de desafio ou puzzle para resolver. Além disso, temos o novo jogo de tabuleiro Ataque, onde você usa peças representando máquinas para enfrentar os exércitos de seu oponente. Este pode acabar capturando mais tempo do que o esperado, com sua jogabilidade simples, mas empolgante.
Vamos Para o Oeste
Horizon Forbidden West é uma delícia de se jogar, e uma continuação que melhora quase tudo em relação ao antecessor.
O mundo está maior e com muito mais coisas para se fazer, os personagens estão bem mais interessantes e o combate traz muito mais opções de habilidades e armas. O mundo está maravilhoso de lindo no Playstation 5, e a trilha sonora é de emocionar. As várias novidades certamente irão agradar os fãs da série, e pode conquistar até quem não era tão fã assim.
No entanto, a história continua sendo seu ponto fraco. Aonde a construção de mundo brilha ao trazer diversas culturas e criaturas interessantes, a narrativa falha em trazer antagonistas e revelações tão interessantes quanto o primeiro.
No entanto, o mundo de Horizon é tão diferente, e seu combate e exploração tão prazerosos, que até mesmo estes pontos negativos são fáceis de se relevar. Imergir neste mundo é muito fácil, mas sair dele sim é difícil.