Introdução
A espera acabou. Pois The King of Fighters XV está entre nós. Mesmo após uma espera a mais desde a data de anúncio de desenvolvimento, o “KOF” chegou. Essa franquia que conquistou os fliperamas do Brasil e do mundo ain/da segue forte. Apesar de ter um retorno morno no título anterior, este título vem com tudo. Afinal segue uma tradição de longa data: lança um, melhora no próximo.
Porém, o que importa aqui é que a espera valeu à pena. Acompanhe esta análise feita com carinho e veja porque The King of Fighters XV ainda é o rei dos fliperamas. Mas, agora, em sua casa.
The King of Fighters XV traz a emoção dos arcades para praticamente todos os consoles: Playstation 4 e 5; Xbox Series S e X, EPIC, Steam e Microsoft. E, lógico, desenvolvido pela SNK.
The Spoilers of Fighters XV
Antes de começar a análise, um recado precisa ser dado. Ainda que houve recentemente uns spoilers do modo história, vamos evitar dar informações chaves o máximo possível. Pois, a experiência do jogo foi trabalhada para que tanto jogadores que acompanham a franquia a mais tempo e os novatos pudessem descobrir as coisas sozinhos e se divertir com os detalhes.
No caso dos jogadores clássicos, verão diversas referências e algumas surpresas relacionadas a sagas anteriores. Enquanto os novos, poderão descobrir uma nova história sem precisar revisitar os jogos antigos. Porém, ficarão mais interessados a conhecer outros títulos da série à medida que jogarem.
Então, se você não teve o azar de ver algum desses vazamentos, você está seguro aqui. Caso já tenha visto, não tem problema, vai confirmar algumas coisas que pode ter ficado com dúvida. Lembrando que a SNK removeu e denunciou vários produtores de conteúdo pela má fé de espalharem o conteúdo antes da hora. Não podemos esquecer também a falta de respeito com os jogadores que não terão acesso antecipado. Nós escrevemos um texto sobre leaks, que você pode conferir aqui. Mas só se você quiser.

The Story of Fighters XV
The King of Fighters XV mantém o padrão da franquia: ter uma boa história. A saga de Shun’ei continua aqui. Claro, você vai ajudar a desvendar os mistérios envoltos no torneio do rei dos lutadores. Após os eventos de The King of Fighters XIV, alguns times sofrem alterações porque possuem objetivos distintos.
Embora um ser misterioso chamado Verse tenha destruído a arena KOF no campeonato anterior, sua ameaça foi reprimida graças aos bravos esforços dos desafiantes vencedores. Então, o tempo passou desde o encerramento daquele torneio tumultuado, e o próximo The King of Fighters começa, apoiado por um novo patrocinador.
Enquanto isso, Chizuru Kagura sente algo interferindo no selo de Orochi, também conhecido como Vontade de Gaia. Ela se une a Kyo Kusanagi e Iori Yagami para irem ao torneio e investigar. Além disso, alguns mistérios precisam ser esclarecidos. Por exemplo, explicar a relação de Verse com Shun’ei. Para criar mais perguntas, surge Isla, uma garota com poderes similares ao do protagonista. Ainda, o time Chris, Yashiro e Shermie (CYS) está de volta enquanto Orochi está selado. Por fim, o lutador misterioso Kukri se junta a Elizabeth e Ash, alguém que nem deveria existir. A solução desses mistérios está no torneio.
Figuras novas e antigas se juntam em um elenco de 39 personagens. Para um jogo de luta, geralmente a história fica apenas como uma desculpa para as brigas. Entretanto, em The King of Fighters XV é parte essencial do jogo. Além de ter um enredo bom, estimula o fator replay. Pois, o jogador ficará mais inclinado a terminar com todos os times. Justamente para entender melhor a história.
Para saber mais detalhes da história, acesse aqui (em inglês).
Recomendamos ver essa animação feita especialmente para o jogo
Onde se fazem os reis
The King of Fighters XV cumpre a cartilha básica de jogos de luta. Pois entrega os modos de jogo básicos. Infelizmente, não tem o modo survival ou endless que são comuns a série. Porém, os que entrega, entrega bem e vamos para eles agora.
Versus
Como o nome já indica, é onde você pode enfrentar um amigo tranquilamente (ou não). Pode escolher o modo tradicional de 3X3 ou 1×1, caso queira tentar se aprimorar com um personagem apenas.
História
O qual podemos traduzir como “Arcade”. O que sempre foi padrão em The King of Fighters. Com exceção do KOF 13. Neste modo em que vemos as animações em CG e interação dos personagens. Ainda sobre as interações, ficou muito bom como o primeiro adversário de cada time é apresentado. Pois, o narrador comenta algo característico daquele personagem. Por exemplo, no caso de Ralf Jones, ouvimos o narrador falar (em uma tradução livre):
“Aquele que passou por incontáveis guerras, o exército de um homem só. Ralf!”
Para os jogadores mais clássicos, nessas apresentações, terão referências ao mundo da SNK. Inclusive, Ryo Sakazaki é chamado de o “Dragão Invencível”.
Ao final do modo história, há dois chefes para enfrentar. Mas, antes dos chefes, devemos enfrentar o time rival. Cada time possui o seu com diálogos e interações próprias.
Dependendo do time, as animações entre lutas dos chefes mudam. Mas não muito. Os finais são bem legais e mais longos do que em jogos anteriores. Apesar de serem em imagens estáticas com diálogo abaixo, são bem feitos e explicam os acontecimentos. Um leve spoiler: tem cenas pós créditos. Porém, não conseguimos identificar se há finais secretos (muitos times para terminar). Pois algumas combinações que tentamos não deram certo.

Treino
Um modo treino bem completo. Excelente para um jogo de luta. Nele, podemos colocar várias situações para testarmos e depois fazer em batalha real. Por exemplo, por o inimigo para sempre defender e assim testar quais golpes possuem defesa ou não. Limitar o número de barras a serem usados para praticar ou criar combos para determinadas situações. Além disso tudo, podemos ainda gravar ações para que a CPU realize a fim de treinar uma contra tática.

Modos online
Seria desnecessário falar de todos separadamente. Afinal, eles têm diferenças bem sutis. Partida Ranqueada e Casual são bem semelhantes. Você pode esperar um oponente te enfrentar ou criar uma partida para um adversário duelar contigo. A diferença é que no modo casual, não há classificação de ranking, ganho ou perda de pontos. Já na sala, o jogador pode enfrentar um número limitado de pessoas, um de cada vez. O que decepcionou em relação ao jogo anterior. Porque, ao criar a sala, os outros jogadores não precisavam entrar numa fila e poderiam se enfrentar livremente como se fosse “várias TV’s”.
Por fim, o treino online. Para tempos em que fica difícil ir à casa do amiguinho, ou vice versa, o jogador pode combinar de testar algumas situações sem o limite de tempo e de barra de vida de uma luta comum. Ideal para suprir aquelas situações difíceis ou impossíveis de reproduzir no modo treino sozinho.
A boa notícia aqui é que, para toda essa jogatina na rede, se usa o netcode rollback. Ideal para jogos de luta. Infelizmente, não tivemos muitas partidas para testar. Porque jogamos antes do lançamento. Mas, as partidas jogadas fluíram muito bem. Parecia offline.
Tutorial
The King of Fighters XV trouxe mecânicas novas. Apesar de ser praticamente o mesmo estilo do XIV. Além do mais, aprimorou algumas mecânicas antigas. Por isso, consideramos importante visitar o tutorial. Ainda ganha troféu se completar tudo.
Missão
Enquanto no modo Tutorial se aprende o básico, no modo missão se aprende a usar os personagens. Cada um tem cinco desafios de combo (ou cinco missões). Com elas, o jogador pode se familiarizar com as possibilidades de sequências de golpes aceitas pelo jogo. Além de entender melhor o personagem utilizado. O problema é que são poucas. Mesmo que deem uma boa base para o jogador desenvolver seus próprios combos, ainda é pouco.

DJ Station e Galeria
Galeria é onde fica as imagens, vozes e finais habilitados. Os jogadores podem conferir os finais sem precisar ter que terminar o jogo novamente. Além de ter acesso às vozes dos personagens para tentar entender o que eles realmente falam.
Um destaque de The King of Fighters XV é o DJ Station. Conforme prometido, mais de 300 músicas da série disponíveis. Contudo, o jogador deve habilitá-las durante o jogo. Vale à pena. Deu até uma saudade de 1994…
Como os reis duelam
Como citado anteriormente, The King of Fighters XV trouxe novas mecânicas e aprimorou as novas. Dessa forma, esquentando mais as partidas e dando novas formas de enfrentar aquele personagem apelão.
Golpes EX/Rush Combo
Os golpes EX continuam. A diferença é que eles não precisam de ativação de MAX MODE e consomem apenas meia barra de especial. Lembrando que esses ataques são versões mais fortes de golpes de comando. Executados com dois botões de soco ou chute.
Os Rush Combos são sequências pré definidas que resultam em um ataque especial. Basta o jogador apertar o botão de soco fraco quatro vezes. Para mudar o final, suficiente alternar o último botão para soco forte, chute fraco e chute forte.
Shatter Strike
Este novo comando possibilita que o jogador defenda e logo em seguida contra ataque o adversário. Para usá-lo, precisa ter ao menos uma barra de especial cheia. O comando é o seguinte: [ ↓ ][ ↘ ][ → ] +[HP][HK]. Uma nova mecânica que tem propriedades tanto para defesa como ataque. O jogador pode utilizar como extensor de combo.
Max Mode/Quick Mode
Estas mecânicas possuem pouca diferença entre si. Quando um jogador possui duas ou mais barras, ele pode ativar um dos modos. Ao ativar o MAX MODE, o ataque do personagem fica mais forte e ele pode realizar ataques que consomem barras de especiais (especiais/golpes EX) enquanto o MAX estiver ativo. Enquanto no QUICK MODE, ele é ativado durante um ataque, permitindo que o personagem possa executar mais ataques. Entretanto, não deixa o personagem mais forte e a barra acaba mais rápido.
Jogabilidade
Juntando todas as mecânicas novas e velhas, o resultado ficou bom. Durante a divulgação dos trailers de personagens durante o ano de 2020, os jogadores tinham receio sobre a efetividade desse sistema de batalha. Ao chegar as betas, já foi possível ver que fora bem implementado.
A jogabilidade ficou bem polida e, até o momento, o jogo parece equilibrado. Algumas coisas que quebravam o jogo foram retiradas. Por exemplo, poder repetir um mesmo golpe várias vezes sem punição com determinado personagem. Também, o jogador deve pensar muito em como utilizar suas barras de especial. Analisar os riscos de tentar um combo grande ou guardar para o próximo personagem.
Outro fator que favorece o equilíbrio é o risco/recompensa. Quanto mais difícil algo no jogo, maior será sua recompensa. Mesmo que o jogo esteja mais acessível para jogadores novos, não quer dizer que perdeu sua profundidade. Então, para atingir o potencial máximo, necessário melhorar o nível como jogador.
Uma novidade aqui é a sinalização de algumas ações como punição, contra ataque e assim por diante. Apesar de sempre haver a menção de COUNTER desde 1996, apenas agora podemos ver o PUNISH. Então, agora fica bem sinalizado se um golpe deixa o personagem vulnerável ou não. Ajudando os jogadores a ajustarem melhor suas estratégias.

Visual
The King of Fighters XV teve como desafio recuperar a credibilidade dos fãs. Tanto na jogabilidade, quanto nos gráficos. Muitos jogadores ficaram receosos sobre o visual do jogo. Porém, essa preocupação acabou. Mesmo que tenha quem associe character design com gráfico, temos de deixar bem claro aqui.
Primeiramente, o character design e o conceito de arte são os mesmos de The King of Fighters XIV. Mas não significa que são os mesmo gráficos. Pois, temos que lembrar que o motor gráfico do título anterior foi descartado para utilizar Unreal Engine. Ou seja, usando a mesma arte com gráficos melhores.
Assim, teremos uma mesma arte com mais detalhes e efeitos mais bonitos. Contudo, de forma alguma o “gráfico é o mesmo”. Depois de todo o feedback dos fãs, a SNK trabalhou para entregar algo de excelência e conseguiu. Além de ter bons efeitos de golpes, a iluminação ficou ótima.
Por fim, os cenários. Um item que ressurgiu das cinzas. Desde sempre, SNK sempre trabalhou bem nos cenários com easter eggs, referências e tudo mais. Não está diferente agora. O cenário de gelo é bem bonito, para citar o mínimo. Há cenários que remetem a outros jogos da empresa tais como Metal Slug, Fatal Fury e o clássico bar Pao Pao Cafe.

Som
Os efeitos sonoros do jogo e as músicas fazem jus à franquia. Suas músicas ajudam no clima de batalha frenética. Mas não apenas isso. Toda a trilha está excelente e os temas de cada time são adequados a cada um. Destaque aqui para a música tema do jogo e quando ela tocada nos créditos. Vale à pena conferir. Também é possível ouvir músicas clássicas de jogos anteriores do DJ STATION. Mas, como falado anteriormente, o jogador deve habilitá-las.
Fora do ringue
A parte mais difícil dessa análise de The King of Fighters XV. Pois o jogo teve um bom trabalho envolvido. Entretanto, algumas coisas passaram despercebidas. A primeira delas é a inexistência do modo survival. Mesmo que tenha muita coisa para se fazer offline no jogo, esse modo faz falta. A segunda é novamente o conceito de cinco níveis de dificuldade. Padrão desde o XIV. Porém, antes eram oito níveis, o que ajudava no aprendizado dos jogadores de primeira viagem.
Terceira, alteração de comando de golpes. Confesso que não entendo a necessidade de tanta alteração. Algumas, até bem inúteis. Por exemplo, um comando que se fazia com chute fraco, agora o mesmo comando, mas com chute forte. Dessa forma, jogadores mais clássicos podem se sentir mais desconfortáveis.
Por último, o Rush Combo. Este traz umas polêmicas se deve haver ou não. Mas não entraremos nelas. Porém, vamos comentar do fato de que dele é possível realizar o Climax (especial mais forte do jogo) apenas apertando um botão. Evidentemente, a ideia de finalizar com cada botão ser um ataque diferente ficou boa. Por outro lado, justo o mais fácil ficou com o especial mais forte.

“Viva para lutar de novo”
The King of Fighters XV entregou a experiência dos anos 90 da série: competitividade, boa história, boas músicas e gráficos bonitos. Entendo que muitos jogadores da época do 2-D possam estar receosos. Mas altamente recomendado. Caso você seja um jogador que nunca pegou nada da série, este é um ótimo título para começar. Palavra de quem jogou todos da franquia (até os de GBA). Um jogo para competitivos e casuais para se divertirem igualmente.
*Análise feita em Playstation 4 Fat com chave cedida por Koch Media.