Introdução
Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction é a nova aposta da Ubisoft no gênero FPS tático. O game anterior, Rainbow Six Siege, apresenta os elementos base que temos neste novo jogo. Portanto, o trabalho em equipe, uso de equipamentos e gameplay tático é essencial para o sucesso aqui. Particularmente, eu sempre fui fã da forma com que Siege conseguiu sempre adicionar novos conteúdos ao game e manter uma fã base sólida. Assim sendo, este game atualmente é uma referência no gênero, sendo um título que conseguiu grande destaque até mesmo nos Esports.
Com o sucesso de Rainbow Six Siege, era questão de tempo até que a empresa lançasse outra obra ambientada no mesmo universo. Logo, tivemos o lançamento de Extraction, um game que apresenta os elementos de jogabilidade do game anterior, mas com uma nova ambientação e proposta. Entretanto, será que apenas aplicar uma fórmula conhecida em uma nova temática é o suficiente para entregar um game excelente? Confira agora em mais uma análise do Garota no Controle.
O jogo foi desenvolvido pela Ubisoft Montreal e lançado no dia 20 de janeiro. Além disso, o título está disponível nas plataformas Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, sendo que também pode ser acessado por meio do Gamepass.
A invasão
O game começa apresentando uma cinemática belíssima narrando os eventos que iniciam Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction. Então, vemos o começo da invasão de aliens, sendo que logo somos informados que o esquadrão de operadores foi recrutado para lidar com esta ameaça. Em seguida, temos alguns personagens em uma base se preparando e treinando para enfrentar as ameaças, e ainda temos um resumo dos locais que adentraremos no gameplay e… é isso.

O grande foco do game não é entregar uma narrativa profunda e cheia de reviravoltas. Inclusive, o jogo em si nem conta uma história com personagens ricos ou carismáticos, todas as cinemáticas que temos aqui servem apenas para nos dar uma breve apresentação do local que adentramos e nosso objetivo lá. Assim sendo, sempre que selecionamos uma missão, uma cinemática irá contar um pouco sobre nosso objetivo e a melhor forma de agirmos naquele ambiente, além de um pequena previsão dos monstros que podemos encontrar.
O título até tenta dar uma certa personalidade para alguns destes personagens. Mas isto acaba não funcionando e a sensação que eu tive é que o jogo tenta dar uma “enchida de linguiça” em algumas situações que não são necessárias. Portanto, em algumas cenas, os personagens falam coisas pessoais entre si, talvez como uma forma de tentar se conectar com os jogadores. Entretanto, o nosso objetivo principal é sempre começar as missões, e essas interações entre os integrantes acaba apenas sendo algo que alonga um pouco demais o tempo de espera.
Os operadores
Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction apresenta alguns dos operadores presentes em Rainbow Six Siege. Então, o backstory dos personagens continua o mesmo, sendo que o game se passa no mesmo universo do título antecessor. No entanto, quando o jogo começa, temos poucos personagens disponiveis, e ao decorrer da progressão poderemos desbloquear os outros. O número de operadores presentes inicialmente é decepcionante, pois em comparação com Siege, aqui temos uma limitação muito grande de heróis. Embora a Ubisoft prometa que o jogo receberá mais conteúdos no futuro, está limitação inicial acaba não sendo um bom incentivo.

Embora o jogo apresente poucos personagens, é elogiável que cada um deles tenha alguns aspectos e equipamentos únicos. Alguns podem usar bombas para explodir paredes, usar pulsos que detectam inimigos a distância e até mesmo usar armas especiais que causam um grande dano aos inimigos.
Portanto, ao jogar em cooperativo, cada integrante da equipe irá assumir um personagem diferente. Isso faz com que cada um tenha a sua função designada com base nos equipamentos do operador em questão. Logo, um personagem com mais itens ofensivos, consegue explorar os locais de forma mais direta e atacando os inimigos, enquanto que os personagens com equipamentos mais táticos, devem manter um avanço mais cauteloso.
Personagens que podem ser perdidos
Uma das coisas mais incômodas em Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction é o sistema de salvamento de operadores. Isto é, se nosso personagem morrer durante uma partida, não poderemos seleciona-lo na próxima sessão. Portanto, será preciso selecionar outro herói e ir em uma missão de resgate naquele mapa que o operador anterior morreu. Ao chegar lá, temos de encontrá-lo no cenário e realizar o seu resgate.
Estas missões são cansativas e quebram totalmente o ritmo do game, principalmente jogando em cooperativo. Pois, na maioria das vezes, cada jogador já possui a sua função estabelecida. Assim sendo, no momento que o personagem morre, todo o time acaba sendo prejudicado, pois é preciso arranjar novas formas de avançar. Este elemento até pode ser considerado uma forma de diversificar o gameplay. Na teoria, é uma boa idéia, mas na prática, acaba não funcionando e apenas fazendo com que o loop de missões se torne repetitivo.
Mapas variados mas que não são perfeitos
Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction consegue apresentar uma boa variedade de mapas. Temos algumas regiões disponíveis, sendo que cada uma delas possui sub áreas para explorarmos. Os locais incluem prédios, bases e até mesmo ambientes mais abertos como praças e uma pequena floresta. Entretanto, pela predominância de locais fechados, muitas vezes ficamos com a sensação de estar sempre no mesmo ambiente. Este detalhe fica ainda mais evidente em locais infestados por gosmas alienígenas, pois, elas são caracterizadas apenas como um liquido preto que se manifesta no chão e nas paredes.
Além dessa sensação de repetição, o game acaba deixando a desejar com a progressão dos cenários. Pois, o game não começa com todos os locais liberados.

Portanto, precisamos cumprir missões em cada região para então liberar um novo local. Este elemento acaba forçando os jogadores a realizarem as mesmas missões em cenários repetidas vezes, o que se torna cansativo rápido demais.
Armas e equipamentos
O título apresenta uma boa variedade de armas, com metralhadoras, shotguns, pistolas, granadas e muito mais. Entretanto, mesmo com esta boa variação, o game não consegue apresentar sensações e pesos únicos em cada uma delas. Portanto, na maioria das missões não faz muita diferença qual arma usamos, pois a munição dificilmente fará falta, e os inimigos vão reagir como uma esponja de balas, seja qual for a arma empunhada.

Em relação aos equipamentos, a progressão funciona semelhantemente aos desbloqueios de cenários. Temos de realizar as missões para ganhar XP. Logo, com pontos suficientes, será possível liberar novos itens para usar em missões. No geral, a maioria deles é de suporte e auxílio tático, usados no reconhecimento dos locais que adentrarmos. Entretanto, aqui existe mais um problema. Pois, não somos motivados a correr trás deles. A minha descrição deles pareceu algo simples demais né? E é exatamente isto que estes equipamentos são, itens que não fazem uma grande diferença nos combates e o jogador não se sente motivado em desbloqueá-los.
Uma boa variedade de criaturas
Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction consegue apresentar uma boa variedade de inimigos. Com isto, teremos criaturas únicas em cada local que adentramos. Assim sendo, o mais comum são alienígenas lentos que ficam andando pelo cenário próximos de um grande casulo. Além disso, temos inimigos especiais, que vão desde vilões que atacam usando a gosma preta, inimigos que explodem quando se aproximam e até mesmo chefes, sendo que estes aliens são mais resistentes.

No geral, a forma mais recomendada de se jogar é abusar do stealth e da jogabilidade tática. Pois, os inimigos são fortes e ao avistar os jogadores irão emitir um grande grunhido que irá atrair todas as criaturas para o local. Portanto, neste aspecto tático, Extraction consegue ser superior ao seu antecessor, Siege, o que é um ponto bem positivo.
Um loop de gameplay repetitivo
O grande problema de Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction é a sua repetição. A falta de incentivos para que o jogador continue voltando aos mesmos ambientes acaba sendo um aspecto que se torna evidente após as primeiras horas de gameplay. Pois, os objetivos que teremos durante as excursões em cada cenário não é algo variado. Nosso objetivo sempre será algo nos moldes de vá lá e encontre tal item, ou resgate tal personagem, mate as criaturas do local, destrua um casulo… basicamente é apenas isso. Com exceção da variação dos cenários, o game não tem mais o que apresentar.
Este aspecto, em conjunto com progressão lenta, torna o título cansativo rapidamente, mesmo jogando em cooperativo. Diferente de Rainbow Six Siege, no qual cada partida é única graças ao PVP, aqui isso não acontece. Pois, os inimigos sempre serão os mesmos aliens, com uma IA sempre programada para chamar outros inimigos se nos avistar. Assim sendo, a sensação que eu tive é que estava em loop interminável, fazendo as mesmas coisas e não sendo recompensado por isso. Além disso, muitas vezes o sentimento presente era o de punição, pois cada vez que um personagem meu morria, eu tinha que repetir o mesmo processo para resgata-lo, e mesmo quando este objetivo era alcançado, não era nada recompensador.
Trilha Sonora
Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction apresenta uma boa trilha sonora nos momentos cinemáticos. Temos uma música intensa que deixa no ar o sentimento que a ação irá começar a qualquer momento. Entretanto, este elemento não acontece durante o gameplay. Pois, durante as missões as músicas são ausentes e temos um foco maior no ambiente e os sons dos inimigos, que são repetitivos, com o caracteristico grunhido de monstro e nada além disso. Outro fator que deixa a desejar é o som das armas, pois, além delas não terem impacto ao atirarmos nos inimigos, o som emitido por elas não possui variação, mesmo atirando sem silenciador.
Gráficos e desempenho
Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction consegue impressionar com os gráficos apresentados em suas cinemáticas. Temos uma clara evolução da engine de Siege, com o destaque sendo as expressões faciais dos personagens. Entretanto, quando falamos do game graficamente durante o gameplay, alguns elementos deixam a desejar. Além da pouca variação nos cenários, ao olharmos alguns elementos nos ambientes, como portas e janelas, fica evidente que alguns aspectos poderiam ter sido melhor trabalhados, principalmente em relação a qualidade da textura.
Minha experiencia foi no Xbox Series S. Portanto, o título roda em resolução 1440p, com quedas abaixo de 1080p, sendo que em momentos de ação, este detalhe fica evidente, pois a imagem fica borrada. Essa situação pode ser incômoda em alguns momentos, mas não chega a ser algo recorrente, acontecendo uma vez ou outra apenas. Em relação ao framerate, o título consegue manter 60 FPS a todo momento, e não notei nenhum travamento. Além disso, os tempos de carregamento são rápidos e tornam a experiencia dinâmica.
Conclusão
Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction tenta inovar o que foi apresentado em Rainbow Six Siege. Porém, este objetivo não foi alcançado. O game apresenta pouco conteúdo no lançamento e o sistema de progressão faz com que o jogo se torne repetitivo rapidamente. Além disso, para os jogadores do game anterior, o sentimento é que este jogo poderia simplesmente ser uma DLC de Siege e não um novo título.
A obra até tenta apresentar elementos novos, como cinemáticas entre as missões e a perda de operadores caso uma missão fracasse. Entretanto, estes novos sistemas acabam sendo prejudiciais na experiência, tornando a gameplay um loop sem fim que torna a jogabilidade frustrante e pouco recompensadora.
Por fim, Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction é um título que eu recomendo para os jogadores que querem tentar algo novo no universo já estabelecido de Siege. Entretanto, para os players que esperam algo totalmente inédito e viciante como o seu antecessor, podem se decepcionar.
*Chave cedida para análise no Xbox