Uma nova fonte de inspiração
Que a indústria dos jogos é mais rentável e valiosa do que a do cinema, isso não é novidade para ninguém. Existem vários estudos que mostram que o mercado de games é avaliado em mais de 50% do que o das telinhas. Entretanto nos últimos anos vimos que os videogames estão servindo cada vez mais de inspiração para novas obras. Isso vai o contrário do que acontecia há uns anos atrás, quanto víamos apenas experiências esporádicas. Vide os exemplos das adaptações um tanto quanto problemáticas de Resident Evil.
Porém nos últimos anos as coisas mudaram um pouco. Essas duas mídias estão cada vez mais unidas e grandes obras estão saindo a partir dessa sinergia. Mas o contrário do que os grandes estúdios estão fazendo de criar filmes ou séries a partir dos jogos, essa lista tem o intuito de trazer filmes ou séries que dariam bons jogos. Afinal no cinema sempre tivemos grandes histórias que podem trazidas para essa outra mídia também.
Para montar essa lista, deixei de fora todas as franquias e personagens da Marvel e da DC. Isso faz com que a lista seja mais criativa e fuja do óbvio, sendo que temos muitas revelações de filmes e séries já programadas para os próximos anos.
Videogames chamando a atenção
Antigamente os videogames eram vistos como coisa de criança, mas com o passar do tempo esse público foi ficando mais velho, mais maduro e com isso as narrativas começaram a ser mais maduras também. Vide exemplos de Bioshock, Silent Hill e The Last of Us e tantos outros casos. Essa visão mais adulta foi o que chamou muito a atenção das grandes produtoras.
Por mais que já fazem alguns anos que os games começaram a chamar a atenção, foi na pandemia que começamos a ver quase semanalmente uma novidade, lançamento ou especulação. A que e a escassez de novas obras devido tudo estar parado e nada poder ser gravado. O resultado disso é o anúncio de séries como Halo, que será feita pela Paramount+. O mesmo vale para The Last of Us, que será adaptada pela Hbo e o filme de Uncharted, feito pela Sony. Não podemos esquecer também de um dos maiores destaques atuais que é The Witcher, sendo produzido pela Netflix. Além disso, temos as especulações de séries como Mass Effect e Twisted Metal, pela nova equipe da Sony que focará em adaptações de suas franquias famosas para as telinhas.
Jogador nº 1
O primeiro filme da lista é a obra de Steven Spilberg, Jogador nº 1. O longa estreado em 2018 do clássico diretor Steven Spilberg é um show de referências. Acredito que até hoje ninguém conseguiu identificar a quantidade exata de referências trazidas baseadas na cultura pop de todos os tempos. Todo esse trabalho foi reconhecido com a indicação ao Oscar de melhores efeitos visuais.
Entretanto, para adaptar Ready Player One nos games seria uma missão um tanto quanto difícil e limitada até certo ponto. O filme de Spilberg teve a façanha e a ousadia de em uma única cena, mostrar personagens de títulos como Tomb Raider, Street Fighter, Overwatch, Warcraft entre muitos outros. Enfim, a lista de referências é incontável. Porém, numa adaptação as aparições se limitariam aos personagens da publicadora ou do próprio estúdio.
A Nintendo, por exemplo, conseguiria fazer algo parecido, porém ficaria limitado aos seus personagens dos próprios jogos. A Microsoft, por exemplo, teria uma maior facilidade. Ela conseguiria trazer personagens dos seus incontáveis estúdios e dos mais variados tipos. Já a Sony poderia trazer personagens dos seus próprios filmes, já que é um estúdio de cinema também, facilitando e enriquecendo ainda mais um crossover.
Tenet
O filme de 2020 dirigido pelo diretor Christopher Nolan é uma ficção científica. A história é sobre um agente recrutado por uma organização chamada Tenet. Essa organização tenta capturar e impedir um oligarca russo de começar a terceira Guerra Mundial. O diferencial é esse vilão tem uma forma de como se comunicar com o futuro. No mundo de Tenet, existe uma máquina onde é possível andar para trás no tempo quando se passa por ela. Assim as pessoas no futuro conseguem voltar no passado e tentar provocar essa guerra, além de dar detalhes sobre os conflitos.
Toda essa explicação parece difícil de entender a princípio, mas é mais fácil entender do que parece. E adaptar uma obra de ficção científica como essa seria muito interessante de se fazer devido a sua narrativa e as mecânicas de gameplay que seriam necessários criar. Quando eu falo de toda essa ideia de terceira Guerra Mundial, voltar no tempo e toda essa viagem, só me vem uma pessoa em mente. E o nome dele é Hideo Kojima. Sim, isso é praticamente impossível de acontecer, mas quem conhece o histórico do diretor sabe que ele conseguiria fazer algo parecido com isso.
Blade Runner
Sim, mais uma ficção científica na lista, isso diz muito sobre mim. O filme de 1982 dirigido pelo Ridley Scott conta a história de um caçador de androides. Essas máquinas fogem em busca de seu criador com um propósito. Eles querem mais tempo de vida. Isso porque quando são criados, eles têm um período de vida previamente definido. A partir daí, começa a caça contra esses androides. Também não posso deixar de falar sobre Blade Runner 2049. Sequência dirigida por Denis Villeneuve, fazendo jus e ampliando o universo criado na década de 80.
Adaptar Blade Runner não seria uma missão tão difícil. Afinal em 1997 a obra foi adaptada para os games como um jogo de investigação. Apesar da boa recepção, já se passaram mais de 20 anos e seria um bom momento para trazer algo novo. C0m o lançamento e o hype em lançamentos como Cyberpunk e Deus Ex, Blade Runner teria muito material de inspiração, além da obra original. Gêneros como investigação e estratégia poderiam ser bem explorados com uma vibe futurista que serviu de molde para muitas adaptações e obras de ficção que vimos durante os anos. Outro fator que não poderia deixar de ser mencionado é a trilha sonora mágica. Tanto em 1982 com o compositor Vangelis quanto com Hanz Himmer em 2017.
Quando estava montando essa lista, fiquei na dúvida. Blade Runner ou Duna. Claramente Duna seria uma boa opção para adaptações. Apesar de já existirem games clássicos baseados na obra de Frank Herbert. A última revelada no último The Game Awards. De qualquer forma, escrevi um texto sobre o jogo perfeito de Duna e o que precisaria ter para ser um bom game.
Squid Game
Vamos falar sobre uma das séries mais vistas em 2021. Squid Game conta a história de algumas pessoas que a princípio entram por livre e espontânea vontade em um jogo onde quem perde morre e o vencedor ganha uma fortuna. E a definição de quem ganha as provas e prossegue nesse desafio é através de brincadeiras infantis. É interessante essa premissa de como utilizar pessoas pobres e deixá-las se enfrentar até a morte em jogos criativos. Tudo isso apenas por um prêmio milionário. E toda essa premissa esconde por trás dela uma crítica fortíssima ao capitalismo e a meritocracia.
Adaptar a série coreana mais vista de todos os tempos seria interessante. Quando pensei em Squid Game, pensei em referências como It Takes Two e Jogos mortais ao mesmo tempo. Seria legal trazer mecânicas diferentes semelhantes as que no vencedor de game of the year em 2021. Mas tudo isso numa versão mais trash e com bastante sangue. A história poderia ser simples, nos moldes da própria série. Mas com um foco em um personagem e as relações que ele tem com seus adversários.
1917
Provavelmente uma adaptação de 1917 me deixaria mais empolgado do que todas as outras obras citadas nessa lista. O filme de 2019 dirigido por Sam Mendes é uma verdadeira obra prima. Tanto que concorreu em 10 categorias no Oscar, vencendo como melhor fotografia.
Acredito que ultimamente os jogos de guerra perderam espaço para outros gêneros devido a sua falta de criatividade. Já os filmes de guerra já foram muito explorados também a partir do sucesso de obras como O Resgate do Soldado Ryan de 1998. Entretanto, nos games, a fórmula trazida já está muito batida e desgastada. Ainda mais quando vemos a EA errar novamente com sua maior franquia, Battlefield e esquecer sua franquia clássica Medal of Honor. Além disso, temos a Activision lançando anualmente títulos da franquia Call of Duty, que não vêm se destacando positivamente, tanto por história quanto por jogabilidade e inovação.
Hoje na indústria, existem outras alternativas que trazem um pouco de criatividade para jogos de tiro e de guerra. Como o exemplo da franquia Sniper Elite. Apesar de ser bem criativo em alguns aspectos, principalmente quando falamos da mecânica de stealth. Mas que por não ter outras mecânicas tão criativas com essa, ou com uma estrutura de jogo que desse um apoio, acabam ficando enjoativas.
Adaptar 1917 para os games com êxito, precisaria ter tudo o que o filme tem. Personagens com motivação, uma história que prende e o mais importante, uma direção em one shot, ou seja, sem cortes de câmera. Algo que já vimos algumas vezes na história. Como os casos de God of War (2018) e Dead Space.
Concluir
É sempre legal viajar na maionese e imaginar a quantidade de possibilidades que a indústria nos dá atualmente. Estamos falando de uma nova mídia, apesar de já ter os seus 30 anos. O cinema, por exemplo, tem muito mais de 100 anos. E apesar do atraso e da falta de visão por que levou anos, é legal ver que agora eles estão abrindo os olhos para novas possibilidades. Além disso, vendo os games como possíveis parceiras.
É legal também fazer parte de um momento na história onde está acontecendo essa revolução na sétima arte. E que podemos acompanhar de perto tudo o que está acontecendo e as maravilhas que isso pode gerar. Além de claro, todo o dinheiro que ambas as partes estão lucrando.