Uma empresa trilionária
Na última geração, a Xbox ficou conhecida como uma empresa que possuía poucos estúdios em seu portefólio. Além disso, uma pequena quantidade de exclusivos de peso. Ficando para trás de seus concorrentes na indústria dos games. Portanto, visando mudar essa imagem, nos últimos anos, a divisão de games da Microsoft apostou na aquisição de vários estúdios.
Em 2021 a Microsoft surpreendeu com a compra da ZeniMax pelo valor de US$ 8,1 bilhões. Logo, menos de um ano depois, outra grande compra foi feita. Eles anunciaram a compra dos estúdios Activision Blizzard. Esta aquisição foi feita com valores estratosféricos, se tornando a mais cara da indústria, por US$ 68,7 bilhões. Entretanto, muitas vezes esquecemos que a divisão Xbox está em um patamar muito diferente das outras concorrentes na indústria dos games. Muito pelo fato de estar debaixo do guarda-chuva da Microsoft, o que da uma maior tranquilidade para a equipe liderada por Phill Spencer trabalhar.
As primeiras grandes aquisições
Na geração Xbox 360 e em boa parte da One, a Xbox tinha pouco estúdios. Principalmente considerando a saída da Bungie, criadora de Halo, ainda em 2010. Porém, como estratégia de mudar essa realidade, a primeira resposta mediante a isso veio ainda em 2018. Nesse ano, foram adquiridos os estúdios Playground Games, conhecida pela franquia Forza, Undead Labs, de State of Decay, Compulsion Games, de We Happy Few e a Ninha Theory, desenvolvedora de Hellblade: Senua Sacrifice.
Essa estratégia é semelhante a da Sony na aquisição de alguns estúdios. Exemplos da Housemarque, Blue Point, Insomniac, entre outras. Mas além das aquisições, houve também a criação do estúdio The Initiative. Como o próprio nome sugere, trata-se de uma inciativa com membros experientes e conhecidos na indústria.
Por mais interessante, lucrativo e atrativo que Game Pass possa ser para os players, muitos jogadores preferem jogos first-party com exclusividade. Certamente é uma forma de diferenciar uma empresa da outra, seja por um jogo ou por personagem. Portanto, uma forma da Xbox se colocar num patamar semelhante ao de seus concorrentes foi adquirindo e criando estúdios. Até para suprir a necessidade e trazer novidades para os consumidores do Game Pass a longo prazo.
A aquisição da ZeniMax Media em 2020
Para quem pensava que a aquisição de estúdios em 2018 faria com que a Microsoft se desse por satisfeita, se enganou. Pois, no final de 2020, foi anunciada a compra da ZeniMax Media. A empresa é dona de estúdios como a Bethesda, responsável por franquias como The Elder Scrolls e Fallout. Além disso, a companhia detém empresas como Id Software, Arkane, Machine Games e Tango Softwork. Na prática, isso quer dizer que agora a Xbox é a empresa responsável por franquias como Doom, Quake, Wolfenstein, The Evil Within, dentre muitas outras.
O valor da compra foi de cerca de US$ 7,5 bilhões. Portanto, fica evidente o tamanho da ambição da Microsoft em se tornar a maior empresa da indústria dos games. E o fato dela ser uma empresa trilionária faz com que as coisas fiquem um pouco mais fáceis. Contudo, para os consumidores dos serviços da Xbox, as coisas ficaram melhores. Boa parte dos jogos da ZeniMax entraram gratuitamente no Game Pass. Pelo menos os mais famosos ou recentes. Se alguém tinha dúvida da qualidade do serviço, provavelmente mudou de ideia.
A chegada da Activision Blizzard
Quando muitos consumidores já se davam como satisfeitos com as chegadas dos jogos que a aquisição da ZeniMax trouxe, fomos pegos de surpresa novamente pela Xbox. Em janeiro de 2022, Phill Spencer, chefe e CEO da divisão de jogos da Microsoft anunciou mais uma compra gigante. Entretanto, dessa vez foi a mais cara da história de toda a indústria. A Activision Blizzard foi comprada por US$ 68,7 bilhões. Mais uma vez a Microsoft agitou o mercado. Porém, a compra ainda não está totalmente finalizada. Ainda há algumas etapas á serem aprovadas por órgãos reguladores americanos.
Portanto, no momento que a aquisição for finalizada, a Xbox será dona de franquias como Diablo, Overwatch, Crash, Tony Hawk, Guitar Hero, Call of Duty dentre muitas outras. As possibilidades são grandes aqui. Desde retornar com franquias famosas e adormecidas, ou até mesmo criar franquias a partir desses grandes estúdios.
Contudo, existirá a possibilidade de termos um maior tempo de desenvolvimento para algumas franquias famosas. Este é o caso de Call of Duty. Ela possui vários títulos lançados anualmente e vêm sofrendo internamente para conseguir produzir os jogos. Algo que também é percebido pelos fãs da franquia. E no futuro, entrando no Game Pass talvez não haja essa necessidade.
Porém, em meio as recentes polêmicas e crimes cometidos, dos mais variados tipos envolvendo a Activision Blizzard e seus funcionários, a Xbox terá uma difícil missão de melhorar as condições de trabalho e recuperar a imagem da marca no mercado. Principalmente internamente com seus próprios colaboradores. Onde recentemente sofreu com a perda de vários talentos por conta das incontáveis polêmicas de assédio e outros crimes. Esse é o ponto principal que Phill Spencer precisará agir antes de trazer novos jogos para os jogadores.
Mas como ficam a Sony e a Nintendo?
Todas essas aquisições feitas pela Microsoft geram impacto em toda a indústria. A Nintendo, por outro lado, parece não se abalar com todas essas ambições da Xbox. Já é sabido por todos que ela vive numa realidade totalmente diferente da Sony e Microsoft. Afinal, sua geração começa e termina em anos totalmente diferentes em comparação com as principais concorrentes. Além disso, ela está focada em videogames híbridos. Ou seja, console portátil e de mesa. Portanto, ela está em outro nicho no mercado. Com um público totalmente diferente, onde ela tem caminho livre para explorar. Inclusive é uma máquina de vender jogos. Quase todo grande jogo exclusivo bate algum recorde. Desde game mais vendido da franquia até mais vendido do ano.
Talvez a empresa mais incomodada seja a PlayStation. Embora logo antes da aquisição da Activision Blizzard pela Xbox, a gigante japonesa já dava sinais que apostaria em um modelo de negócio semelhante ao Game Pass. Até o momento não existe nada de oficial, apenas o nome Spartacus. Porém, essa iniciativa já é algo que os fãs pedem há anos. Pela quantidade de grandes jogos que a empresa teve ao longo dos 20 anos. Desde o PlayStation 1 quanto por jogos que ficaram perdidos em consoles anteriores. Como, por exemplo Metal Gear Solid 4.
A PlayStation se mostra incomodada com a quantidade de aquisições feitas pelo seu maior concorrente. Não é atoa que já se pronunciaram sobre a compra da Activision e uma possível perda na publicação de jogos como Activision. Ainda mais com a possibilidade desses títulos serem lançados no dia 1 diretamente no Game Pass.
Para o consumidor é bom, mas devemos abrir o olho
Certamente a aquisição de grandes estúdios teriam menor impacto se o Xbox não tivesse o Game Pass. De 2018 para cá, os estúdios comprados pela Microsoft não tiveram tempo suficiente para grandes lançamentos. Além disso, alguns desses estúdios tinham acordos de exclusividade com a Sony. São os casos de Deathloop em 2021 e Ghostwire Tokyo em 2022. Mas, com a existência de um serviço como o Game Pass observamos os jogos das novas desenvolvedoras da Xbox chegando gratuitamente para os assinantes. Da mesma forma, será com os jogos Activision Blizzard num futuro próximo. E isso irá ficar melhor com o tempo, quando os novos estúdios tiverem lançamentos.
O que os consumidores devem ficar atentos é sobre o preço do serviço. Geralmente os custos dessa aquisição são repassadas aos consumidores. Em 2021 a Microsoft voltou atrás em relação ao aumento da Live Gold no Brasil, o acréscimo seria cerca de 50%. Essa estratégia acabou não dando certo devido às críticas vinda dos fãs. Portanto, visto esse histórico, pode ser que exista algum aumento no Game Pass em algum momento.
Além disso, um fator preocupante deve ser analisado. Com a compra de empresas gigantes como a ZeniMax e a Activision Blizzard, começa a ligar um sinal de alerta sobre um possível monopólio vindo da Microsoft. Não é atoa que até o momento, a última aquisição anunciada em janeiro ainda não foi totalmente sacramentada. Embora nos Estados Unidos hoje existem uma série de órgãos regulamentadores analisando os detalhes dessa operação. Com isso, eles têm a opção de vetar ou aprovar a compra. Nessa análise é observada a existência de perigos de um monopólio nas próximas gerações. E por melhor que possa ser para o consumidor a curto prazo, a longo prazo pode ser ruim.
E é só o começo!
Com o valor de mercado e a quantidade de aquisições feitas pela Microsoft, fica claro que a concorrência dela não é a Sony ou Nintendo. Os verdadeiros concorrentes dela são as maiores empresas do mundo. Afinal, desde a chegada de Phill Spencer e a estratégia do Game Pass fizeram com que a Xbox mudasse de patamar. Com isso, ela conseguiu se diferenciar dos seus rivais em um mercado que bate recordes de faturamento e assinantes.
Ainda mais em um período em que a indústria ainda está se consolidando. Porém, o grande receio é que a Xbox entre em uma zona de conforto, como a Sony e PlayStation já estiveram no passado. Portanto, é preciso ter atenção, pois, se hoje toda essa ambição é bem vista pela indústria, se não for bem administrada, no futuro pode não ser.