O retorno de um classico das Lan Houses
Crossfire X é um jogo de FPS lançado dia 10 de fevereiro exclusivamente para consoles Xbox e PC. Trata-se de uma sequência do famoso Crossfire de 2007. Jogo de PC que nasceu a partir de um mod gráfico gratuito de Counter Strike. Mas que fez muito sucesso na época por ter skins coloridas, chamativas e totalmente diferentes das que víamos no CS na época. Entretanto o sucesso não durou muito tempo. O game sofria constantemente com hackers e perdeu popularidade. Apesar de não ter ficado tão famoso na época quanto o título que deu origem, teve sua relevância. Pelo menos o suficiente para voltar com uma versão renovada para os consoles de nova geração. Contudo, dessa vez com legendas e dublagem para PT-BR.
Modos de jogo
Em Crossfire X existem 3 modos de jogo. Sendo dois online e a campanha offline. Contudo antes de explorá-los uma coisa precisa ficar bem clara. Estúdios diferentes desenvolveram o multiplayer e o singleplayer. O online foi desenvolvido pelo estúdio Smilegate, conhecida pelo recente Lost Ark. Mas a campanha foi desenvolvida pela Remedy. Desenvolvedora conhecida por Control e Quantum Break.
O primeiro deles é o modo clássico. Onde é recriada a experiência de Crossfire original. Basicamente o mesmo estilo de gameplay do jogo clássico. Ou seja, sem nenhum tipo de zoom na mira. Afinal o jogo original era inspirado em CS, que não tinha esse recurso. Essa escolha é totalmente questionável para os jogadores dos consoles. Nós vimos várias evoluções que o gênero FPS trouxe durante os anos e as adaptações para os vídeo games, que deixam esse modo ultrapassado. O segundo modo de jogo é o moderno. Só que aqui podemos utilizar todas as novidades e atualizações que o gênero pode trazer. Nela fica clara a diferença de gameplay entre o moderno e o clássico, dando uma opção diferente para os jogadores.
O terceiro modo e o melhor deles é a campanha desenvolvida pela Remedy. Em resumo, nele temos duas campanhas. A primeira delas é a Catalyst. Ela veio com a promessa de ser lançada no Game Pass junto com o lançamento do jogo. A segunda delas campanha é a Operation Spectre. Essa campanha é vendida separadamente e tem o foco de contar o outro lado da guerra e da história. Também é possível adquirir as duas campanhas juntas caso você não tenha o serviço de assinatura da Xbox. Sobretudo, existe também a opção de adquirir as duas campanhas com um passe de batalha por um custo adicional, contando com novas skins e novos operadores para o multiplayer.
Multiplayer
Em crossfire X, o maior problema está no multiplayer. Afinal há muitos problemas com pouco conteúdo e com problemas na jogabilidade. No modo clássico, ele tenta recriar a experiência do Crossfire de 2007. Entretanto sem fazer nenhum tipo de atualização para os consoles. Além de não poder dar zoom nas armas, aqui não existe assistência de mira ou controle de recuo das armas. Além disso a sensibilidade das armas é extremamente baixo. Assim, a experiência se torna muito mais difícil e desinteressante para os jogadores pelas limitações do controle comparados ao mouse e teclado.
E para piorar as coisas, é nesse modo onde existe mais conteúdo. Mas isso não quer dizer muita coisa. Porque no modo clássico existem no total apenas 4 mapas e apenas dois tipos de jogo. O primeiro deles é algo semelhante ao Domination, onde temos pontos no mapa onde temos que dominar. E o segundo é o Team Deathmatch, onde enfrentamos a equipe inimiga livremente no mapa. Embora tenha mais conteúdo do que o modo moderno, o fato de ser um modo extremamente difícil e desinteressante, praticamente mata o multiplayer de Crossfire X.
O outro modo de jogo é o moderno. Ele é o menos problemático em gameplay mas o mais fraco em conteúdo. Ele tenta adaptar a jogabilidade de Crossfire X para jogos FPS atuais. Aqui as armas tem recuo, é possível dar zoom nelas e correr com o personagem por exemplo. Melhorando um pouco os momentos de confronto com os inimigos. Mas mesmo assim a gameplay é bem travada como no modo clássico, não sendo tão atrativo para os jogadores.
Além disso, existem apenas dois mapas. E em cada mapa existe a possibilidade de jogar apenas um modo de jogo cada. Um deles é bem parecido com Counter Strike. Onde um time planta a bomba e o outro tenta desarmá-la. O outro é o mais interessante, onde precisamos fugir do mapa, enquanto a equipe adversária tenta evitar isso de acontecer. Então para piorar tudo, Crossfire X sofre por quase não ter conteúdo online.

Campanha
A partir de agora, deixando o multiplayer de lado, focaremos na melhor parte de Crossfire X, sua campanha. A história desenvolvida pela Remedy não possui um enredo e personagens cativantes. Entretanto, ela não fez um trabalho ruim. Se as campanhas fossem um pouco maiores por exemplo, talvez desse para desenvolver um pouco melhor os protagonistas. No total as campanhas duram certa de 4 horas cada. Enquanto cada uma delas conta um lado da história. E é bem clichê, como a maioria dos jogos do gênero FPS. Os americanos enfrentando inimigos russos ou algum país bem semelhante a Rússia.
A campanha Catalyst, que está disponível no Game Pass é a principal e a melhor das duas disponíveis. Onde vemos o lado dos mocinhos, tendo personagens com uma motivação mais clara e melhores protagonistas. Além disso, o grande destaque aqui é que ela traz novos elementos para jogos FPS. A Remedy deixa sua marca registrada na história de Crossfire X, trazendo vários tipos de colecionáveis. E dos mais variados. Vão desde textos, contanto um pouco mais sobre o mundo, arquivos de áudio e objetos e outros itens. Isso ajuda a aumentar o fator replay também. Já que o multiplayer quase não tem conteúdo. Procurar esses colecionáveis aumenta um pouco o tempo de jogatina.
Ainda assim, outra marca da Remedy é trazer alguns elementos sobrenaturais para a campanha. Servindo como uma folga para os momentos de tiroteio e acrescentando um pouco de suspense no enredo. Isso serviu para contar um pouco mais a história e a motivação de um dos protagonistas do game. Para quem já jogou os títulos mais recentes da desenvolvedora irá adorar essas adições. É uma das melhores qualidades da campanha. E é algo que não vemos muito atualmente em franquias do gênero.

Gameplay
No modo história de Crossfire X os controles são bem fáceis para acostumar caso você já tenha jogado jogos do gênero. Eles também funcionam bem, com poucos bugs e com uma gameplay bem fluída. Logo de cara somos apresentados a mecânica de desacelerar o tempo. Essa é mais uma novidade bem-vinda trazida pela Remedy. Essa mecânica é controlada e acionada por uma barra na tela que é recarregada com o tempo. Mas com a possibilidade de carregar mais rápido de acordo com inimigos que matamos.
Certamente o ponto que mais incomoda na gameplay é que independente da dificuldade do jogo os inimigos tem uma visão de águia. Se o protagonista se move poucos passos para alguma direção já é visto. Mesmo de longas distâncias. Então isso acaba tirando total a possibilidade de usarmos a furtividade. Existem casos onde estamos agachados andando atrás dos inimigos e eles gritam dizendo que nos acharam, iniciando o tiroteio.
No mutiplayer as coisas são diferentes. No modo clássico, além de todos os problemas, existe pouca coisa a se fazer. Tranquilamente seria possível jogar esse modo com um controle de atari, pela pouca quantidade de botões que possui alguma função. No modo moderno até temos mais coisas para fazer e botões para apertar. Mas mesmo assim a jogabilidade é travada e com uma sensibilidade muito lenta. Assim dá uma clara impressão de que o problema não é apenas um modo ou outro e sim todo o trabalho da desenvolvedora. Enquanto a Remedy acerta na campanha, a Smilegate erra em quase tudo no multiplayer.
Gráficos e som
Em Crossfire X os gráficos são bons nos consoles da nova geração. Principalmente comparado a jogos com maior investimento. Outro ponto é que ele está bem otimizado. Rodando super bem em 1080p e 60FPS no Xbox Series S e com opção de jogar a 4K 60FPS e ray tracing ou 4K 120FPS no Series X. Contudo, não há muita variação na ambientação nas fases. Dando impressão de as vezes estar no mesmo lugar de fases anteriores, somente com poucas modificações. Apesar da pouca variação há muito detalhe e elementos nas fases, melhorando a imersão durante a gameplay.
Entretanto, mesmo com uma ambientação bem variada, faltou um pouco de cor em alguns cenários. Em algumas fases, os ambientes são cinzentos demais. Dando a impressão de que estávamos jogando títulos das gerações PlayStation 3 e Xbox 360. Isso atrapalhava as vezes nos confrontos contra os inimigos. Visto que os uniformes cinzentos deles se confundiam com as paredes e chão de cores chapadas iguais.
O sistema de iluminação também é bem competente. Mesmo com algumas exceções aqui e ali. Em alguns momentos acontecem alguns problemas de luzes que incomodam bastante. Acredito que seja uma exclusividade do Series S, que foi a plataforma que joguei Crossfire X. Mas no geral, temos um bom trabalho da Remedy nesse quesito.
Uma coisa que fez falta em Crossfire X foi a trilha sonora. Ela passa quase desapercebida na maior parte do tempo. E em alguns momentos quando aparece não faz tanta diferença assim. Certamente se ela aparecesse em momentos específicos e chaves na campanha, chamaria mais a atenção.

Afinal, é bom ou não?
Se não fossem as campanhas desenvolvidas pela Remedy, Crossfire X poderia facilmente ter sido lançado como uma beta. Afinal o trabalho da Smilegate no multiplayer quase não tem conteúdo. Isso é extremamente preocupante. Estamos falando de um game que ficou famoso pelo seu conteúdo. Seja pelos mapas, skins ou vasta personalização. E além dos poucos mapas e modos de jogo, possui muitos problemas na sua gameplay. Isso pode fazer com que o online do game seja lançado já com os dias contados nos consoles Xbox. Os jogadores têm vários outros jogos no mercado que dão mais opções e melhores como um todo.
O que balanceia a experiência de Crossfire X é a sua campanha. Apesar de não ser tão boa assim, traz coisas legais e não vistas em jogos do gênero. Isso graças ao bom trabalho e o cuidado que a Remedy teve. Mesmo não entendendo o porquê das duas campanhas não estarem disponíveis gratuitamente no Game Pass. E pelo fato da primeira campanha não ter chego no primeiro dia no serviço da Xbox como prometido. Vale lembrar que o título das duas desenvolvedoras não teve nenhum tipo de marketing no lançamento. Então isso pode não ter despertado o interesse dos jogadores também. Talvez a Microsoft já tenha previsto o fracasso que seria título no lançamento.
A Remedy já entregou um bom trabalho no geral com as duas campanhas. Agora o futuro de Crossfire X está nas mãos da Smilegate. Certamente eles devem ter alguma carta na manga para manter o título vivo. Caso contrário ele não irá durar por muito tempo até cair no esquecimento e ser engolido por outros jogos de tiro multiplayer com mais conteúdo.