Introdução
Voltar para casa, depois de muitos anos, pode ser doloroso. O lugar e as pessoas com quem você cresceu não são mais os mesmos, e você também não. Revisitar memória machuca bastante. É nessas ideias que In My Shadow se baseia.
O jogo, criado pela novata Playbae, utiliza puzzles para contar a história de Bella, uma jovem que brigou com a família anos atrás e saiu de casa com um gosto amargo. Agora, encontra dificuldades para responder até às mensagens mais simples do pai.
In My Shadow está disponível para PC, Nintendo Switch, Playstation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X|S.
História cativante
In My Shadow revisita a infância e adolescência de Bella, uma jovem adulta que aparentemente não tem um bom relacionamento com a família. Para descobrirmos o que aconteceu, voltamos à casa onde ela nasceu e cresceu.
O jogo é dividido em cinco partes, e cada uma apresenta o relacionamento da personagem com um membro da família. Eles são o cachorrinho Fisker, o irmão mais novo Dan, e os pais.
Ao voltar para casa, Bella tem a chance de revisitar suas memórias com a família, boas ou ruins. São momentos delicados, felizes no começo, mas que, conforme a história avança, se tornam mais difíceis de assistir por conta das diversas discussões que ela tem com sua família.
Ser adolescente significa brigar com todo mundo, acreditar que ninguém está ao seu lado e pensar apenas com seu próprio umbigo. Quando isso afeta as pessoas ao seu redor, é preciso parar e refletir o que é possível fazer para melhorar isso.
Dessa forma, é possível entender os motivos que fizeram a protagonista sair de casa tão cedo. Apesar de ser curto, o título consegue aprofundar nas relações entre os personagens de forma bastante emotiva.
Jogabilidade diferente
O nome do game dá a resposta básica para a jogabilidade: jogamos com as sombras. Como dito, In My Shadow é dividido em cinco partes. Cada uma representa um cômodo da casa e um membro da família de Bella.
No cômodo, está uma luz que joga sombras na parede de diversos objetos comuns, como caixas, poltronas, brinquedos e outros. Ao organizar os objetos para criar sombras na parede, criamos tentativas para que a sombra da personagem atravesse a parede para pegar suas lembranças e chegar ao outro lado, onde está sua família.
Assim, existem dois momentos na jogatina em In My Shadow: o primeiro é quando organizamos os objetos para criar sombras na parede e o segundo é o plataforma 2D mais clássico.
Dessa forma, o jogo é bastante desafiador em certos momentos. Tentar deixar os objetos certinho para criar sombras na parede parece fácil no início, mas está longe disso. Os obstáculos também complicam.
Ah, e toda vez que voltamos para organizar os objetos, perdemos todo o progresso feito na parte da plataforma. Portanto, é importante deixar tudo arrumadinho para conseguir atravessar de uma vez (spoiler: você não vai conseguir).
No entanto, se você estiver irritado ou simplesmente não quer perder tempo com algum nível de um cômodo, basta ir no menu e selecionar “Avançar nível” e o jogo vai te liberar desse sufoco. Pessoalmente, não recomendo essa opção, afinal o mais divertido é quebrar a cabeça tentando atravessar a parede através das sombras.
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Tudo tem gostinho de infância
Os visuais de In My Shadow são bem bonitos. A ambientação de cada cômodo é bastante acolhedora. São locais comuns de cada casa, que, querendo ou não, acabaram me lembrando de onde eu morava quando era criança. Isso deixa o jogador mais próximo das personagens e da história.
Ao jogar na plataforma com as sombras, é aí que In My Shadow brilha mesmo. A iluminação faz tudo ser bastante plausível. Após jogar, me vi observando as sombras do meu quarto e me perguntando como faria para atravessar a parede se fosse um plataforma 2D.
Você lembra daqueles desenhos com o orçamento de R$10,00 que eram uma cópia mal feita de filmes da Disney? Os modelos dos personagens são bem nessa pegada. Não sei se era a intenção da desenvolvedora, mas foi bastante divertido rever essas características e lembrar dos DVDs desses filmes que eu ganhava na infância.
Por conta dos modelos, as expressões dos personagens são bastante engessadas. Não há uma suavização dos semblantes, e talvez isso seja algo que incomode alguns.
O jogo não possui dublagem, mas isso não faz tanta diferença. Os textos durante as cutscenes contam a história muito bem.
In My Shadow está localizado em português brasileiro; contudo, parece que a localização foi feita no Google Tradutor, com algumas adaptações e traduções que poderiam ser melhores.
Conclusão
In My Shadow é um jogo que convida você a voltar ao passado e revisitar as relações com sua família. Não só com a personagem Bella, mas com você mesmo.
As quase três horas que passei com o jogo foram bastante desafiadoras e emocionantes. A ideia de utilizar sombras para ter um plataforma 2D funciona muito bem.
A Playbae entregou, realmente, um jogo com gostinho de infância, excelente em sua proposta.
*Chave cedida para análise no Playstation 4.