Combinando músicas com corridas
Music Racer ficou famoso em 2018 nos celulares como uma proposta bem diferente no gênero de jogos rítmicos. Juntar corridas frenéticas e totalmente arcade com música. Combinação essa que não muito vista na indústria nos dias atuais. Ele também agradou os jogadores por trazer referências visuais de títulos clássicos do gênero. Como por exemplo Beat Saber e Guitar Hero. Além disso trazendo uma temática retro anos 80 com a perspectiva futurista imaginada na época. Com muito neon e cores fortes explodindo na nossa cara.
E após o grande sucesso nos celulares, em 2020 o título recebeu versões para os consoles. Assim ampliando a experiência para mais jogadores. O estúdio AbstractArt retorna com Music Racer: Ultimate. Mas agora com a ideia de ser a versão definitiva dessa experiência psicodélica. Trazendo tudo o que já vimos anteriormente agora com mais ambição e conteúdo. O game tem data de lançamento para dia 3 de março de 2022 para PlayStation 4, PlayStation 5 , Xbox One e Xbox Series X|S.
Mas como funciona?
O jogo é bem simples. Principalmente se você já experimentou jogos rítmico. Entretanto se você não é familiarizado com o gênero, é fácil entender o que precisa ser feito. Primeiramente nós precisamos escolher o nosso carro. Alguns são gratuitos porém outros nós precisamos comprar. Logo de cara fica implícito que ganharemos alguma moeda como recompensa no final das corridas. No total existem 25 veículos, sendo 4 liberados no início. Após a escolha do carro, precisamos escolher uma pista. Existem 14, sendo apenas 2 liberadas no início. Entretanto também é possível adquiri-las posteriormente com a moeda do game.
Após isso precisamos selecionar a música em que “iremos correr”. Parece confuso a princípio. Entretanto é assim que as corridas funcionam aqui. Music Racer: Ultimate não é um jogo de corrida e sim um game rítmico, porém com carros. O foco não são as corridas e sim as músicas. É dessa forma que ele se diferencia dos títulos de corrida tradicionais. Portanto não existem adversários corredores. Nosso oponente são as notas musicais que precisamos acertar no tempo correto. A nossa capacidade de melhorar durante o tempo e conseguir acertar o maior número de notas possível.
Sobre as músicas, existem 3 formas de escolhe-las. A primeira delas o modo Local, com todas as músicas iniciais do jogo. Aqui nós escolhemos a música, a dificuldade e estamos prontos. O segundo modo é o Audius. Nele pesquisamos músicas online. Sendo filtradas por artista ou por tendência, ou as que estão “na moda” se preferir. Além disso, existe o modo Link. onde podemos adicionar nossas músicas favoritas no game. O mais legal disso é que o jogo se adaptar da melhor forma possível para sincronizar as notas com as batidas da música que adicionamos. Isso serve para os modos Audius e Link.
E dentro das corridas?
Antes de tudo, a dificuldade que escolhemos influencia as corridas. São 4 no total. A primeira é a standard. É a dificuldade padrão que os desenvolvedores pensaram para o game. Para os jogadores casuais, existe a dificuldade zen. Basicamente é o modo fácil mas com outro nome. A terceira dificuldade é cinematic. Ela é a mais interessante mas é desnecessária ao mesmo tempo.
Nela nós vemos o carro com uma câmera diferente da padrão do game, vista mais de baixo do carro. Entretanto não jogamos nesse modo. Apenas ouvimos a música e andamos pela pista. Algo mais contemplativo. Portanto mesmo sendo interessante pela proposta cinemática, é a mais desinteressante. Pois aqui não fazemos nada além de assistir a música. E por último temos a dificuldade mais interessante. O modo hard. Ele é para quem quer um desafio maior com uma quantidade bem maior de notas na tela.
Nas corridas existem 3 pistas, como se fossem as 3 cordas de guitarra no Guitar Hero. Basicamente precisamos estar na pista correta, passando com o carro em cima da nota no momento certo. Que é quando a nota chega ao nosso encontro. E a troca de pistas é simples. Elas são feitas pelas setas da direita e esquerda do controle. Cada clique uma mudança de pista.
Acertar gera uma pontuação e quanto mais acertos, mais pontos ganhamos. A pontuação total e quantidade de acertos seguidos é mostrada na tela. Contudo quando erramos ou esquecemos alguma nota, o contador é reiniciado. Mas mantendo a pontuação total já conquistada. Além disso na pista existe barreiras de cor azul e vermelha. Elas servem como obstáculos para os carros. Tentando nos atrapalhar a todo o momento. E acertá-las deixa o carro mais lento, dificultando trocas de pista e consequentemente o acerto das notas subsequentes.
Acessibilidade
Music Racer: Ultimate acerta em alguns momentos sendo bem acessível para os jogadores. Principalmente trazendo dificuldades variadas. Agradando os jogadores mais experientes e os mais casuais também. Ele apresenta uma dificuldade padrão pensada para o game. Entretendo se estiver achando as coisas difíceis, existe o modo zen, com menos notas. E mesmo assim se estiver com dificuldades, existe a opção do modo cinematic. Que aqui serve também como forma de apenas aproveitar, ouvir e curtir a música.
Mas um fator negativo para a acessibilidade de Music Racer: Ultimate são as cores das notas. Aqui as notas possuem a mesma cor, algo entre o branco e cinza claro. É compreensível ela ter uma cor diferente do cenário, que é totalmente colorido. Mas em alguns momentos é difícil isso saber em qual pista a nota está vindo. Então acabamos deixando uma ou outra escapar. Isso porque a pista não é estática, como em outros jogos do gênero.
A pista está sempre em movimento, simulando subidas, decidas e curvas, como em uma corrida normal. Além disso, em momentos de clímax das músicas, tudo fica mais rápido e a tela treme bastante, dificultando ainda mais saber de onde a nota está vindo. Se as notas tivessem cores diferentes, diferenciando elas, facilitariam a visão do jogador. Essa alternativa ajudaria também a antecipar a nota que está chegando. Dando a possibilidade do jogador posicionar o carro na pista correta com mais tempo. Já que na maioria das vezes não conseguimos pegar todas as notas que estão na pista.
A jogabilidade e seus problemas
Music Racer: Ultimate tem grandes problemas na sua jogabilidade. O fato de usarmos carros, limita acertar algumas notas. Em alguns momentos as notas vem rápido demais. E as vezes as notas vem na primeira pista e logo em seguida na terceira pista. Portanto elas ficam muito separadas. E por mais rápido que você tente fazer as trocas, não dá tempo suficiente de acertar as notas. Então temos que escolher abrir mão de tentar acertar uma ou duas notas ou arriscar acertar todas e perder o time da sequência da pista. Isso acontece até no nível zen, que deveria ser mais fácil.
Outro fator que dificulta alguns acertos é o fato da mudança de pista não ser instantânea quando apertamos o botão. Quando de pistas, essa troca demora um certo tempo para acontecer. Como se estivesse simulando um carro mudando de faixa em jogos de corrida padrão. Essa troca demora alguns milissegundos. Contudo em jogos de ritmo é tempo mais do que suficiente para errarmos alguma nota. E como o gênero estimula a pontuação e a competição, essa escolha dos desenvolvedores torna o game desnecessariamente difícil. Gerando frustração entre os jogadores mais exigentes. Em outros títulos do gênero por exemplo, essa “demora” não existe. As notas vem ao nosso encontro e precisamos apertar o botão correspondente no momento correto.
Trilha sonora e gráficos
O ponto alto de Music Racer: Ultimate é sua trilha sonora. Depois da jogabilidade, o mais importante para títulos do gênero são as suas músicas. E aqui a desenvolvedora faz um excelente trabalho. Levando em consideração que trata-se de um jogo independente. Então com recursos limitados, é difícil licenciar músicas conhecidas de artistas famosos.
No total são disponíveis 43 músicas. E divididas entre 6 artistas diferentes. E estamos falando de músicas eletrônicas. Elas variam, desde as mais calmas até as mais agitadas. Portanto, independente do seu estilo musical, vai ter alguma música que agrade. Além disso, elas são recheadas de sintetizadores e elementos de músicas dos anos 80. Dando um toque pop e clima cyberpunk durante as corridas. Inclusive, a maioria das músicas poderiam facilmente compor a trilha sonora de filmes como Tron e Blade Runner.
O que deixa a experiência em Music Racer: Ultimate melhor são os seus gráficos. Lembrando novamente que estamos falando em um jogo Indie. Então não espere nenhum absurdo em gráficos realistas vistas nos triple A da indústria. Mesmo assim o estúdio sabe muito bem usar sua limitação de recursos e criar alternativas criativas na direção de arte.
As pistas são bem coloridas e cheias de elementos psicodélicos espalhados na tela. E é tudo muito colorido, saltando aos nossos olhos. Os carros também são bem diferentes e criativos. Reforçando a ótima escolha da desenvolvedora em trazer uma experiência futurística combinando com o retro.
Uma bela forma de retornar ao gênero
O estúdio AbstractArt volta com tudo em Music Racer: Ultimate. Com uma proposta muito ambiciosa. Essa proposta veio como forma de consolidar a experiência original de 2018 para celulares. Apesar dos problemas de jogabilidade o jogo continua sendo muito divertido. A direção de arte acerta em cheio em criar uma atmosfera psicodélica e futurista para os jogadores. Quando menos você perceber, terá jogado umas 10 ou 15 músicas seguidas. E os gráficos combinam perfeitamente com as excelentes músicas disponíveis para deixar tudo melhor.
No geral a desenvolvedora fez um bom trabalho aqui. Estou ansioso para ver o que o estúdio poderá trazer no futuro. Visto que ele traz novas alternativas para o gênero de jogos rítmicos. Contudo agora com mais experiência e um feedback maior do público. Mas antes disso acontecer, acredito que Music Racer: Ultimate ficará um bom tempo nos holofotes. Porém para isso realmente acontecer será fundamental a chegada de novos conteúdos. Sendo pistas, carros e principalmente músicas.