Um exemplo de MULTIPLATAFORMA
Never Alone foi lançado lá em 2014 para PC,PS4 e One e recebeu alguns prêmios na época, como o de melhor jogo de impacto no Games for Change Award. Porém, só agora em 2022 que a versão para Switch apareceu. Trazendo o jogo e sua expansão no que chamaram de Artic Collection.
Lançado em 18/11/14, desenvolvido pela E-line Media e publicado pela Upper One Games para PS4, Xbox One e Pc. Depois, em 2015, recebeu versões para PS3 e Nintendo WiiU, e agora, no dia 24/02/22 chegou ao Nintendo Switch. Tratando-se de um jogo de aventura, no estilo plataforma 2D com câmera sidescrolling, puzzles e co-op.
A raposa salvadora
Logo de início, nós conhecemos Nuna, uma garotinha nativa do Alasca. Sua vila está passando por uma tempestade de neve terrível. Então, ela, com uma coragem absurda, decide sair para descobrir o motivo da nevasca. Passado pouco tempo, ela encontra uma raposa-do-ártico, que a ajuda na fuga de um urso faminto.
Então, as duas partem nessa aventura!

Cuidado com a ventania
Primeiramente, vamos à gameplay de Never Alone. Os controles são bem simples. A base é pular e correr, como todo jogo plataforma. Porém, como eu disse, Nuna quer descobrir de onde vem à nevasca, por isso, existe uma mecânica diferente. Aqui é possível nos deitarmos no chão para evitar o vento frio. E detalhe, esse vento joga a gente longe, ou seja, essa mecânica de abaixar é essencial.
Vale ressaltar, que esses controles valem tanto para Nuna quanto para a raposa que, ao jogarmos no modo solo, também pode ser controlada. Porém, não tem nenhuma diferença gritante nos controles, a não ser pelo fato da raposa correr mais rápido, poder passar por lugares estreitos e conseguir guiar espíritos. Já sobre a Nuna, ela é mais lenta, mas pode empurrar objetos, e ainda usar a boleadeira que serve para quebrar pedaços de gelo no caminho.

Faltou precisão
Mas, é aqui que entra o primeiro problema de Never Alone: os controles não são precisos. E isso, em um jogo plataforma, é quase a pior coisa que pode acontecer. Não me entendam mal, eles não são injogáveis, mas pecam muito e te deixam na mão em vários momentos. Alguns detalhes para ilustrar: às vezes falta precisão nos pulos, ou o fato de que o jogo não deixa você descer um degrau de uma vez (ao invés disso o personagem trava na beirada) e muitas vezes você precisa descer rápido, para fugir de algum inimigo, mas não consegue, então é forçado a pular, acaba deslizando no gelo escorregadio, e morre…
Posso falar também da boleadeira que os controles me incomodaram bastante. Para utilizá-la, você precisa puxá-la para o lado oposto que quer arremessar. Por exemplo, quer atirar para frente? Então puxe o analógico para trás. Depois, para arremessar, é só soltar o analógico né? Pois é, não. Tem que movimentá-lo para frente, e se você soltar um pouco fora do ângulo, o arremesso falha. E acredite em mim, na hora do desespero de uma perseguição, isso é incrivelmente ruim, por não ser prático e dinâmico.

Simples e fofa
Em seguida, vamos ao enredo de Never Alone. Como eu adiantei, Nuna sai para descobrir de onde vem a Nevasca. Logo depois, ela acaba descobrindo que existem espíritos bons pelo mundo, e que a raposa possui conexão com eles. Então, a jornada continua com essas entidades servindo de guia para a duplinha. Depois de alguns encontros e desencontros, eles acabam voltando para a vila.
Porém, ela está sendo atacada por um homem completamente surtado, que está a procura de algo que não sabemos. Mas, ao avistar a boleadeira de Nuna, ele surta e começa a perseguir a garota! Então, após uma fuga, nós nos vemos perdidos na região gelada e temos que descobrir quem é o homem, qual a razão da tempestade e ainda voltar para casa.
Portanto, a história é simples, porém boa. A relação entre Nuna e a raposa é muito fofa. Ambas se ajudam o tempo todo, e passam por todos os problemas juntas de uma forma bem bonita. Além disso, a relação com os espíritos, por mais que em sua maioria seja silenciosa, é algo bem forte. Mesmo sendo uma aventura curta, é legal ver as duas.

O poder de atravessar paredes
Agora, falando sobre o lado técnico de Never Alone, nós temos mais alguns problemas. Primeiramente, os gráficos são bem feitos. Nuna tem um modelo bem trabalhado, mas os cenários de fundo mereciam mais capricho. É aquela coisa, eu entendo que estamos no Alasca e não temos aquelas paisagens bonitas, e etc. Mas, tudo é muito escuro ao fundo, e vazio. E, em um jogo com câmera 2D sidescrolling, um fundo bem feito faz uma diferença absurda (posso citar Macrotis e Out of Line como exemplos).
Já sobre a trilha sonora, ela é bem simples, e assim, acaba se tornando esquecível. Mesmo nos momentos de ação, ela não te causa um verdadeiro impacto, o que é uma pena.
Além disso, pelo mapa nós podemos encontrar algumas corujas que, ao chegarmos perto, destravam as Sabedorias Antigas, que são um extra (em breve explico). Ou seja, vale a pena dar uma explorada extra.
Mas, a pior parte, sem dúvida, são os bugs. Foi espírito que deveria aparecer, não aparecendo e me obrigando a fechar e abrir o jogo de novo. Teve personagem entrando na parede (mais de uma vez), e até levei um softlock onde eu fui obrigado a carregar meu save, porque fiquei morrendo em loop numa parte específica, e eu já nascia morrendo de novo… Todos esses bugs atrapalham bastante a experiência, e sendo um jogo tão simples, deixa tudo bem triste.

Conhecendo os Iñupiat
Por fim, vamos aos extras de Never Alone. Como eu mencionei antes, existem as Sabedorias Antigas que, nada mais são, do que vídeos de documentário, contando histórias sobre o povo nativo do Alasca, os Iñupiat. E eu vou ser sincero com vocês: essa é a melhor parte do jogo!
Existem várias histórias, contando lendas, costumes, entre outras questões. Realmente é muito interessante ver as pessoas ali, contando uma realidade totalmente diferente da nossa. Sobrevivendo ao frio cruel, e relatando costumes muito bonitos, como quando eles entalhavam contos em madeira, para que os mais velhos possam contar tais histórias, como se fossem livros mesmo. Se você gosta de documentários (assim como eu), vai amar essa parte.
Never Alone ainda conta com uma expansão chamada Foxtales, que traz as duas protagonistas do jogo base, porém em um conto diferente. É bem curtinha, e vale a experiência, principalmente se você gostou do que viu na campanha principal.

Conclusão
Em síntese, Never Alone tem uma história fofa e as Sabedorias Antigas são muito interessantes. Porém, a imprecisão nos controles e os bugs, atrapalham a experiência em vários momentos e acabam frustrando a aventura de Nuna. Mas, se você encontrar por um preço acessível e for fã de jogos plataforma, pode valer a pena dar uma chance.
*Chave cedida para análise