Introdução
Em um pacote com toneladas de conteúdo, Total War: Warhammer 3 é um grande jogo de estratégia, que oferece centenas de horas para você brincar de general batalhando contra as forças do mal, ou, talvez, controlando justamente estas forças.
Jogos de estratégia são um gênero que não joguei por muitos anos. Porém, recentemente, tive a oportunidade de jogar três ótimos exemplos do gênero, Humankind, Age of Empires IV, e agora, Total War: Warhammer 3, cada um com um foco diferente, e uma interpretação única de como criar um jogo de estratégia. Enquanto Humankind foca muito mais no aspecto de construção de uma civilização, desenvolvimento de cidades, e na diplomacia entre nações, Age of Empires é muito mais interessado na criação de exércitos e desenvolvimento de uma economia para sustentar estes soldados. Curiosamente, Total War é um híbrido destas duas interpretações, que em certos aspectos supera o jogo individual, mas em outros, traz uma experiência mais limitada.
A jogabilidade de Total War é essencialmente dividida em duas partes. A primeira é seu mapa de guerra, onde você gerencia suas cidades, sua economia, o relacionamento com outras facções e constrói o seu império, em um modo de estratégia por turnos. Já a segunda acontece quando entramos em combate com algum exército inimigo, onde tomamos controle de nossos soldados, e preparamos as estratégias em tempo real na batalha.
Desenvolvido pela Creative Assembly e publicado pela Sega, Total War: Warhammer 3 foi lançado no dia 17 de fevereiro de 2022 para PCs através da Steam, e gratuitamente pelo Game Pass.
Preparando a Guerra Total
Para uma campanha bem sucedida, é preciso cuidar bem de suas cidades, balancear o poder e custos de seu exército, e de preferência, ter alguns amigos para te ajudar. O mapa é dividido em diversos distritos, cada um com uma cidade ou vilarejo no centro. Estas cidades geram dinheiro para seu império, e vão evoluindo conforme sua população aumenta.
Nas cidades, você deve escolher quais construções ela terá, para preencher os espaços de construção disponível. Cidades pequenas têm apenas 4 espaços, enquanto sua capital pode chegar a ter 10. Você pode escolher entre melhorar as defesas da cidade, construir quartéis para recrutar soldados de um tipo específico, erguer algum monumento aos seus deuses, ou colocar fazendas e armazéns para gerar riquezas.

São nestas cidades que você recrutará seus heróis, poderosas unidades com habilidades especiais, e generais de seus exércitos. Para recrutar soldados, você deve adicioná-los diretamente sob o comando de algum herói. São eles também, quem você movimentará pelo mapa da campanha, patrulhando seus territórios e invadindo o dos inimigos.
Para expandir seu império, você pode fazer isso através da guerra ou da diplomacia. Com a diplomacia, você irá entrar em acordos comerciais e tratados estratégicos com outras facções. Estas, podem precisar de algum incentivo a mais para cooperar, na forma de presentes em dinheiro ou recursos. Porém, às vezes nem isso ajuda, caso vocês sejam inimigos mortais, e a única coisa que os deixará satisfeitos é sua aniquilação.
Agora, se o seu objetivo é a guerra, então entramos no modo de batalha, que muda completamente a jogabilidade.
No meio da Guerra Total
A escala destas batalhas é o que realmente impressiona, e o grande diferencial da série Total War. Normalmente, os embates envolvem mais de mil soldados para cada lado. Portanto, batalhas épicas é o que não falta neste jogo.
Diferente de um Age of Empires, aqui nós não comandamos cada soldado individualmente, mas sim seus pelotões. Além de mover e atacar, você pode indicar a formação das tropas no campo de batalha, para ter o melhor posicionamento para enfrentar o inimigo. Assim, é importante considerar diversos fatores ao montar sua estratégia, já que coisas como o terreno, rios, construções, e até mesmo o cansaço das tropas, pode afetar o desempenho.
É bem nestas batalhas que o jogo brilha. Observar a chuva de flechas de seus arqueiros voando em direção às tropas inimigas. Sua cavalaria circundando o campo de batalha, para atacar os flancos expostos do oponente. É emocionante ver o desenrolar da batalha, e acompanhar o sucesso (ou falta dela) de sua estratégia.

Apesar de ter comparado com outros jogos, estas batalhas são um diferencial para a série que nenhum outro jogo atualmente consegue emular. Some-se a escala das batalhas o fato de estarmos em um mundo tão rico de criaturas fantásticas, e fica ainda mais épico.
Soldados humanos batalhando contra cães do inferno. Ursos elementais de 10 metros de altura trocando tapas com um demônio cuspidor de fogo. Toda a ambientação contribui para batalhas divertidas e empolgantes.
Perdidos no meio da Guerra
Apesar de divertidas, as batalhas também podem se tornar frustrantes com alguns problemas.
O principal está na movimentação das tropas, e em como a vantagem numérica pode acabar atrapalhando. Isto é, durante o jogo, era bastante comum minhas tropas se embolarem para atacar o inimigo, o que impedia meus soldados de combaterem. Mais de uma vez tive que desesperadamente separar dois pelotões que estavam parados apanhando de um grupo menor de inimigos. Pois, os soldados ficavam presos tentando se posicionar para a batalha, mas um grupo atrapalhando o outro.

Tudo piora durante os ataques às cidades, que geralmente contam com espaços menores. Descobri da pior forma possível que selecionar vários pelotões e enviá-los atravessar os portões da cidade é uma má ideia, pois gera um congestionamento difícil de desfazer depois.
Assim, estes problemas atrapalham o jogo, especialmente no começo, quando ainda estamos aprendendo a controlar o exército. Porém, são uma inconveniência que não estraga completamente a diversão do jogo, mas incomoda.
Oito jogos em um
Outro ponto positivo que temos aqui é como jogo diferencia os seus exércitos. Pois, podemos escolher entre 8 facções diferentes, cada uma com suas próprias mecânicas.
Se escolher jogar com os humanos de Kislev, você terá de lidar com uma guerra santa dentro de seu reino. Isto é, além de batalhar contra os demônios, você tem de angariar devotos para sua fé, antes que seu rival o vença.
Agora, se escolher os Demônio do Caos, você tem de conseguir o favor de um dos quatro Deuses do Caos, que presenteiam seu exército com novas unidades para recrutar. Além disso, conforme alcança os objetivos, você libera novas partes para personalizar o seu general demônio, que muda completamente seu visual.

O mesmo acontece com todas as outras facções, tornando o fator Replay desse jogo altíssimo. Mesmo após dezenas de horas na campanha de uma facção, começar uma nova partida com outra trará novas mecânicas que injetam um novo ânimo no jogo. Isto é, apesar de o objetivo geral ser o mesmo para cada facção, dominar seus inimigos e conquistar as forças do Caos, os detalhes de como cada uma chega nesse objetivo é completamente diferente.
Com isso, Total War: Warhammer 3 pode garantir centenas de horas de diversão, com muito conteúdo para explorar.
Visual e Desempenho
Para este review, joguei em um PC com uma Geforce GTX 1050, 16 GB de ram, e sem SSD. Com estas configurações, consegui jogar com as configurações médias, apenas com texturas na qualidade máxima, mas com coisas como sombras e detalhes do terreno no baixo. Dessa forma, a performance se manteve estável em torno dos 30 fps.
No entanto, mesmo em configurações melhores, algumas coisas ficam claras para mim. Apesar de ter adorado a variedade de criaturas e exércitos neste jogo, os gráficos não são dos melhores. Se aproximar bem a câmera dos exércitos, é possível ver como as unidades não são tão bem detalhadas. Da mesma forma, os heróis humanos têm expressões estranhas e se movimentam de forma desengonçada pelos campos de batalha.
Os cenários das batalhas também têm poucos detalhes, sendo que a maioria das batalhas ocorre em grandes terrenos, com poucas árvores ou qualquer coisa muito chamativa. Isso, no entanto, muda durante os cercos nas cidades e castelos, que já têm muito mais coisas acontecendo, e no mapa da campanha, que mostra um mundo extremamente rico em detalhes.

Porém, eu entendo que tenha de ser assim. Com tantas unidades em telas, é uma decisão lógica para manter o jogo estável em PCs que não sejam os mais parrudos de todos. Mesmo com este sacrifício, é fácil de se apreciar a dedicação para que cada exército tenha uma personalidade própria através do design de suas unidades.
Para compensar o visual, a parte sonora está fantástica. Além de ter uma trilha sonora que consegue acompanhar o nível de “epicidade” das batalhas, os sons de guerra deixam tudo mais envolvente. Apenas com o som é possível sentir o poder das magias e dos golpes dos heróis, e acompanhar o terror que é ser atacado pelos demônios.
Conclusão
Apesar de alguns problemas com a IA das tropas, e da qualidade gráfica, Total War: Warhammer 3 é um ótimo jogo de estratégia. A escala das batalhas e a grande variação de unidades para cada facção tornam cada encontro um evento épico e memorável.
O mundo de Warhammer, rico e cheio de exageros como é, combina muito bem com esta série que já é conhecida pela grandiosidade de suas batalhas. Alternar entre lidar com a economia e expansão do seu império, e depois entrar nas batalhas e controlar seus soldados, é algo viciante. Além disso, a variedade de mecânicas entre as facções faz este jogo ter um grande fator Replay.
Portanto, com centenas de horas de conteúdo épico, recomendo fortemente experimentar Total War: Warhammer 3, e se divertir com suas batalhas gigantes e épicas.
*Chave cedida para análise