Introdução
Eu tenho uma teoria de que nos anos 90 os games tiveram seu auge. Pois havia vários consoles surgindo; jogos sensacionais; franquias nascendo; excelentes retornos de franquias de antigamente. Além disso, tudo era novidade. Porque houve diversas transformações e novidades. Assim como ascensão e queda nas locadoras e fliperamas no Brasil.
Dessa forma, por ter tanta coisa acontecendo, deixou muitas memórias. Também, deixou um fator nostálgico que afeta, inclusive a produção de games hoje. Por exemplo, os indies com temática 8/16 bit. Porém, gerou um tipo de efeito negativo também. Afinal, por ter sido um período tão marcante, algumas pessoas tentam “recriar” aquele momento. Mas, será que é possível? Hoje vamos conversar sobre como uma “atual guerra de consoles” afeta a comunidade gamer.
O que foi a guerra de consoles?
Eu posso indicar o livro A Guerra dos Consoles, do autor
Por outro lado, vou explicar como foi a Guerra de Consoles versão Batalha de Bairro. Isso mesmo. Porque não havia internet na época. Além de que muita coisa demorava para chegar. Então, naquela época, as revistas até vinham com dizeres “Chegou lá fora” para nos deixar na expectativa.
Primeiramente, temos que entender que a situação financeira de geral não andava muito bem (muito parecido com os últimos anos). Assim, quem tinha console, tinha uma condição de vida um pouquinho melhor (para ser eufêmico). Por isso, houve o surgimento das locadoras e casas de fliperama. Esses lugares davam a oportunidade de jogar por tempo ou até onde você conseguisse jogar respectivamente.
Em segundo lugar, a SEGA se instalou oficialmente no Brasil antes da Nintendo pela Tec Toy. Isso lhe deu uma vantagem de anos de presença. Depois, a Gradiente pegou essa parte de distribuição oficial de consoles e acessórios da BIG N. Mas isso não impedia de as pessoas jogarem esses consoles antes. Porém, esse detalhe é bem importante para explicar a separação de times SEGA X Nintendo.
Isso porque a Tec Toy poderia fornecer assistência especializada oficial. O que dava mais segurança na hora de decidir num investimento caro que era ter um console. Lembrando que ninguém tinha o conhecimento que tem hoje para analisar um custo benefício ou até mesmo arrumar o próprio videogame. Outra vantagem da Tec Toy foi o crediário. Por ter a possibilidade de vender em casas de varejo que parcelavam a perder de vista. Enquanto a Nintendo não chegava oficialmente, se comprava Super Nintendo por importadoras. O que era muito arriscado.
Mas o que isso tem a ver com a Guerra de Consoles?
Tudo. Porque indicava muito o perfil do consumidor de cada produto. E não se fala aqui de preferência de jogo, mas de acesso. Hoje, temos noção de qual era o público alvo de cada empresa. Mas era diferente na época. Ainda falando de acesso, a escolha de videogame era crucial. Mais do que o Pokémon inicial. Dificilmente alguém teria dois consoles naquela época. Por isso, era uma escolha para vida. Assim, era igual time de futebol. Porém, com o “amor ao esporte” acima de tudo.
A galera ia na locadora para se encontrar, escolher os jogos para levar para casa. Dava umas risadas fazendo piada com os consoles alheios. Contudo, era da boca pra fora. Ainda mais, porque todo mundo sabia que o melhor console era o Neo Geo que ninguém tinha.

Se era tão bom, por que não repetir?
Porque os tempos são outros. Ainda utilizando a comparação com futebol, imagine toda vez que vai ao estádio para assistir ao jogo do seu time e tem briga de torcida. Pois é, foi isso que virou a atual guerra de consoles. Porque parou de ser uma rivalidade sadia estilo Ryu e Ken. Virou uma guerra de torcida.
Já houve casos de defensores de uma determinada plataforma até se envolverem em questões preconceituosas envolvendo sua marca de preferência. A coisa foi tão feia que perderam patrocínio e foram banidos de muitas plataformas de stream.
Guerra nas redes
Entretanto, seria muito mais fácil se isso ficasse apenas a alguns bobos da internet. Mas acabou gerando um outro tipo de efeito para os grupos de Whatsapp, por exemplo. Recentemente, a Microsoft comprou mais estúdios. Então, o que era para ser um momento de alegria, principalmente para os donos de consoles caixinha, virou um momento de terror.
Em diversas redes sociais houve proliferação em massa de memes, figurinhas e imagens bem pesadas sobre essa compra. Além de uns dizeres que não convém falar aqui. O problema é porque passou dos limites daquela velha brincadeira de zoar o coleguinha, para chegar a ofensas.
Podemos até entender que há muita gente querendo reviver a grande guerra de console. Contudo, os tempos são outros. As coisas não operam como antigamente. E tentar repetir algo sem as mesmas condições originais, apenas resulta em coisas ruins. Só lembrar daquele remake de filme que ninguém pediu. Há coisas que apenas servem para o seu momento. Mesmo que funcione em outras ocasiões, não adianta forçar.

A disputa fora do fliperama
Empresas compram e vendem desde que o capitalismo exige. Pois, quem está no topo hoje, pode estar no fundo do poço amanhã. E quem já ficou preso no poço, pode receber ajudar e sair. Parece meio filosófico, mas vamos ao que ocorreu no mundo dos games.
A SEGA, poderosa dos anos 90, no início dos anos 2000, saiu da venda de consoles. A empresa não tinha muitos dias bons. Porém, se dedicou a vender apenas jogos. Quem ganhou? Todo mundo. Saiu Sonic até para Nintendo (algo normal hoje em dia). Mais ainda, Sony, uma das maiores contribuintes para derrocada da SEGA, teve jogos exclusivos da famosa dos arcades.
Ou seja, o mundo gira. A gente joga. Nessa disputa de mercado, o que podemos fazer é torcer para que tenhamos sempre nossos joguinhos de maneira fácil e acessível. Não precisamos demonstrar ódio por determinada marca ou empresa. Vamos gastar nossas energias e tempo para jogar os títulos que gostamos.

Os melhores consoles
São os que você se diverte. Qualquer console tem pontos bons e negativos. O tipo de serviço oferecido pode variar. Mas pode agradar tipos diferentes de jogadores. Não há jogador melhor ou pior. Pois, o importante é se divertir com seu console favorito. Então, a grande guerra ninja dos consoles foi há quase trinta anos. Estamos em outros tempos, outros jogos. Por isso, se divirta com seu console e com seus jogos. Não se preocupe em defender/criticar empresas na internet.