Introdução
ITORAH é um metroidvania que apresenta a jornada de uma jovem garota em um mundo fantástico. O game logo me chamou a atenção com seu estilo artístico pela sua jogabilidade que aparentava ser bem fluida. Particularmente, sou um grande fã deste gênero de jogos, sendo que meus favoritos são Minoria e Blasphemous. De forma semelhante a ITORAH, o que me cativou inicialmente nestes games citados, foi a sua incrível direção de arte e jogabilidade. Logo, minhas expectativas estavam boas em relação ao novo game desenvolvido pela Grimbart Tales.
Além disso, outro aspecto que me cativou, foi a forma que o game prometia apresentar uma narrativa interessante. Pois, logo em sua sinopse, o jogo diz que teremos um grande mistério apresentado na narrativa. Portanto, será que o título realmente consegue entregar algo inédito neste gênero tão amado? Confira agora em mais uma análise do Garota no Controle.
ITORAH foi desenvolvido pela Grimbart Tales e lançado no dia 21 de março para PC, via Steam e GOG.
Uma narrativa que poderia ser melhor desenvolvida
Em ITORAH, controlamos uma garota que se encontra perdida em um mundo estranho. Assim sendo, ela não se lembra como chegou ali e nem qual o seu real objetivo. Logo, devemos avançar por vários cenários, tendo conversas simples com os NPCs, lutando contra inimigos e tentar desvendar o real motivo da protagonista estar neste mundo misterioso.
A história do jogo é simples e as coisas se resolvem muito rapidamente. Pois, a cada cenário que avançamos no game, encontraremos personagens onde as conversas se limitam a algumas linhas de diálogo e eles apenas nos dizem o que devemos fazer em seguida. Para exemplificar, temos o primeiro personagem que encontramos na campanha, que é uma espécie de machado. Ele irá servir de arma principal para a protagonista, entretanto, por ser uma arma viva, também teremos alguns diálogos com este enigmático personagem.
Embora a impressão inicial seja que ele irá ajudar no entendimento da história, com conversas regulares com a protagonista… bom, isto não acontece como o esperado. Pois, semelhante ao que acontece com os NPCs do título, suas funções são apenas informar o próximo local que a heroína deve ir em seguida e não expandir a narrativa. Por falar em storytelling, este elemento acaba sendo outro problema crítico.

Pois, com a falta de personagens interessantes, as revelações na campanha acabam não tendo impacto, situação está que prejudica a imersão do jogador naquele mundo.
Um metroidvania que não transmite o sentimento principal do gênero
Outro aspecto que deixa muito a desejar em ITORAH é o seu elemento principal. Pois, o game é um metroidvania, entretanto, o título acaba deixando de lado uma das principais características do gênero, o vai e volta em cenários já explorados. Pois, em um jogo deste estilo, é esperado que tenhamos que voltar sempre nos mesmos ambientes em busca de segredos e até mesmo de novos itens. Logo, este acaba sendo o charme deste gênero, a sensação que sempre estamos descobrindo coisas novas, mesmo em ambientes já visitados.

Entretanto, isto não acontece em ITORAH. Pois, no game, sempre estaremos seguindo um caminho linear, lutando contra inimigos e chefes e ocasionalmente dialogando com NPCs. Logo, esta linearidade do jogo acaba tirando o sentimento gratificante de explorar vários lugares em busca de segredos. Eu até entenderia esta abordagem direta ao ponto, se pelo menos o game desenvolvesse melhor os personagens e a sua narrativa, situação que infelizmente não acontece no título.
Uma jogabilidade boa, mas que poderia ser mais variada
Em ITORAH, temos cenários em 2.5D, sendo que a protagonista pode andar, correr, atacar usando a sua arma, escalar e até mesmo usar algumas habilidades. Embora a jogabilidade funcione muito bem e não apresente problemas de comandos, o título acaba deixando a desejar na variedade de ações, principalmente em relação ao combate. Pois, ao decorrer da campanha, obteremos novas habilidades, entretanto, a forma de combate não progredi. Logo, sempre estaremos usando o mesmo ataque com o machado, tornando os confrontos pouco variados,

Por falar nas habilidades, este aspecto também deixa a desejar. Elas são muito limitadas e se restringem a coisas como golpes com mais dano, ou ataques mais rápidos. Portanto, acredito que o game teria se beneficiado, se novos movimentos mais complexos tivessem sido adicionados nas habilidades. Durante a minha jornada, a mais eficiente foi uma skill que permitia que a protagonista regenerasse vida de tempos em tempos.
Inimigos repetitivos, chefes divertidos
Outro aspecto que ITORAH acaba se repetindo demais é na variação de inimigos. Ao longo da jornada enfrentaremos várias criaturas que vão desde insetos voadores, aranhas, criaturas da terra que atacam no solo e algumas outras. Embora tenham uma variação visual, não temos uma grande variedade de ataques destes inimigos. Assim sendo, os ataques que conhecemos no começo do game, são os que estarão presentes durante toda a jornada. Isto faz com que o jogador consiga entender o ritmo dos vilões muito rápido e deixa a dificuldade deles quase que inexistente.

Por outro lado, os chefes do título me agradaram. Os bosses apresentam uma boa variação tanto visual como de golpes, sendo que alguns deles possuem até mesmo uma grande variação de ataque. Isto torna estes combates imprevisíveis e exigem uma boa atenção dos jogadores, entretanto, nenhum deles eu diria que é muito desafiador.
Trilha sonora
O game possui uma excelente trilha sonora. Ela é cativante e consegue manter os jogadores imersos na jornada da protagonista. Logo, as sinfonias calmas e serenas da jornada, conseguiam me manter atento ao game, mesmo em seus momentos menos interessantes. O trabalho neste aspecto foi realmente ótimo, e digo que as trilhas são o segundo melhor aspecto do jogo, ao lado de sua incrível direção de arte.
Gráficos e desempenho
A direção de arte de ITORAH é excelente. O título possui um visual fortemente inspirado na América do Sul e Central, sendo que fica claro as inspirações. Logo, o jogo apresenta uma impressionante variedade de localidades, que incluem florestas, pântanos, montanhas e até mesmo cavernas infestadas de criaturas. Assim sendo, o jogador sempre estará explorando lugares diferentes e com visuais distintos.

Outro aspecto que precisa ser elogiado são as animações no título. Mesmo que não tenha uma grande variação no combate, em ITORAH, o movimento da protagonista, a fluidez dos ataques e até mesmo a escalada possuem animações bem feitas e conseguem entregar uma jogabilidade excelente aos jogadores.
Em relação ao desempenho, eu joguei no PC, com uma GTX 1650. O game não apresentou problemas de travamentos, entretanto, jogando com o controle de Xbox Series X|S, o game apresenta um bug que a personagem ocasionalmente fica pulando do nada. Este elemento foi bem recorrente e me atrapalhou em alguns segmentos do título.
Conclusão
ITORAH é um game divertido de plataforma, mas que não transmite o sentimento de um metroidvania. O jogo possui uma jogabilidade fluida, trilha sonora excelente e uma direção de arte que impressiona. Entretanto, a falta de desenvolvimento na história, a linearidade e a repetição constante de inimigos, impedem que o título atinja todo o seu potencial.
*Chave cedida para análise no PC