Feito para os fãs
Outlast é a experiência perfeita para aquelas pessoas que são fãs de terror. Frequentemente, os filmes de terror são criticados pela sua falta de originalidade, apostando tudo em jumpscares barulhentos, na intenção de assustar o espectador e pegá-lo de surpresa (porém, é tão batido que fica tudo previsível). Por isso, Outlast traz uma experiência equilibrada e uma grata surpresa para os jogos deste gênero!
Lançado em 04/09/13 para PC, e depois em 2014 para PS4 e Xbox One e, por fim, em 2018 para o Nintendo Switch. Sendo desenvolvido e publicado pela Red Barrels Studios, tratando-se de um jogo de terror em primeira pessoa, com bastante violência, fugas desesperadas e alguns puzzles.
Custava pedir ajuda?
Outlast começa com um jornalista chamado Miles Upshur. Ele recebe uma informação de uma fonte anônima, denunciando acontecimentos em um sanatório conhecido como Mount Massive Asylum, que fica nas montanhas do Colorado. Então, ele decide ir lá, sozinho, investigar (todo dia sai um bobo de casa né). Porém, logo que ele chega, já repara algo errado, pois não tem guardas e o local está trancado. Mas, ele é persistente, consegue achar uma entrada e assim penetrar no sanatório.
E é ai, que Outlast começa.

Só você e seu deus
Desde já, vamos aos controles, bem simples por sinal. Em Outlast, não existe um combate, com a jornada sendo só entre você, seu deus, e uma câmera. Ou seja, nós só podemos correr, nos esconder, e rezar.
Por mais que Miles não morra com um ataque dos inimigos (a maioria deles pelo menos), o objetivo é sempre evitar o confronto, seja correndo ou se escondendo embaixo de camas, dentro de armários e etc. Mas, ele também consegue escalar locais, olhar para trás enquanto corre, espiar pelos cantos e, obviamente, girar manivelas e mexer em objetos para resolver puzzles.
Portanto, Outlast é um jogo que, rapidamente você terá dominado os controles. O que não quer dizer, que vá sempre se lembrar deles, já que o desespero nos faz cometer erros amadores. Além disso, vale ressaltar o que, talvez, seja a parte mais importante dos controles: A Câmera. Ela é a nossa maior companheira, pois conta com um modo de visão noturna, algo essencial, já que o jogo é bem escuro em vários momentos!

A saga das baterias
Em seguida, vamos ao que existe no mapa de Outlast. Assim como os controles, tudo é bem simples. O mapa é linear, e não tem tantas áreas extras para passearmos. O que nos incentiva a explorar, é o fato que toda porta que leva para a saída está trancada. É impressionante como a galera do asilo tem uma neura com segurança, sério! Então a progressão é simples: explora, foge de inimigos, acha a saída, vê que não da para sair, e procura uma forma. E nesse ponto o jogo tenta variar ao máximo. Por exemplo, às vezes temos que ligar a luz, outra ligar a água, e em outra achar um fusível, e por aí vai. Mas, achar a chave necessária continua sendo um clássico, estilo Resident Evil mesmo.
Todavia, no mapa além de encontrarmos coisas bem macabras, como corpos dilacerados, também encontramos documentos essenciais para entender a história. Porque, por mais que ela seja contada durante a trama, existem poucos personagens que não querem arrancar sua cabeça, e os que conversam, não são exatamente bons contadores de história. Então, sempre que achar um documento, leia, pois são bem interessantes.
Além disso, temos o item mais importante de todos, as baterias da câmera! Como eu disse, nossa boa e velha máquina de filmar tem visão noturna. Porém, como tudo que é portátil, ela precisa de bateria. E ao usarmos a visão noturna, fica parecendo que a bateria da câmera está viciada, e vai embora em um piscar de olhos. Ou seja, aqui existe um “gerenciamento de munição” já que não podemos usar a visão noturna como se não houvesse amanhã (mesmo que aqui pode mesmo não ter…). Nesse caso, tente sempre decorar o local escuro com poucas espiadas na câmera, e procure o máximo possível por baterias, que você ficará bem. Ah, e uma dica, cuidado para não esbarrar no botão de carregar a câmera sem querer, enquanto ela estiver com bateria cheia, não seja como esse idiota aqui que fazia isso direto!

Lendo no meio do tumulto
Agora, vamos ao enredo de Outlast. Bom, como vocês perceberam, Outlast é um jogo relativamente simples, com foco na atmosfera de terror que ele apresenta. Portanto, a história também segue a mesma linha. Depois que Miles entra no sanatório, ele vai descobrindo o que ocorre lá dentro com os pacientes. Existe toda uma teoria da conspiração que vemos em documentos espalhados, e até nas falas de “pessoas” espalhadas pela jornada. E vemos de tudo, experiências médicas macabras, seita religiosa totalmente fanática, entre outras bizarrices.
Mas, por mais que a história seja de certa forma simples, ela conta com momentos chocantes, entre relatos macabros e até uma pequena revelação no final. Se você jogar sem ler nada, provavelmente não verá graça nesse universo. Porém, se der uma chance, pode ser que ele intrigue e revolte você na mesma medida! Portanto, mesmo que o mundo esteja vindo abaixo, pare, e confira alguns documentos.

As batidas do coração
Posteriormente à história, vamos ao lado técnico de Outlast.
Primeiramente, os gráficos. Outlast não é o jogo mais bonito de todos os tempos, mas ele tem sua beleza, mesmo na escuridão. Aqui, nós não vemos aqueles cenários com flores bonitas, pôr do sol, ou um mar lindo. Não, não. Aqui é chuva na janela, trovoada, sangue nas paredes, e gente desmembrada. Porém, é tudo muito bem feito, principalmente na ambientação. Existem vários detalhes bem colocados na construção desse cenário que ajudam, muito, na criação da atmosfera tensa da campanha.
Além disso, nós temos um trabalho de som que eu achei maravilhoso em Outlast. Desde a respiração do Miles, até o som dos seus passos e o seu coração batendo forte em um momento de desespero. É realmente muito imersivo. Sem dúvida foi o que mais gostei no lado técnico.
Mas, também temos que falar da trilha sonora, tímida propositalmente, mas que aumenta nos momentos de tensão e corroboram para o desespero, sem dúvida.
Por fim, o level design de Outlast é bem simples. Entretanto, aquele elemento de ‘’leva e traz’’ de itens, é bem feito. Deu para ver que a Red Barrels colocou muito carinho em tudo.
Gostaria de ressaltar também, o design dos inimigos. Não tem uma variedade muito grande, porém, os que existem são bem intimidadores (até os que possuem o seu tamanho), e são o verdadeiro núcleo da atmosfera do jogo. Sendo o doutor o mais maldito de todos para mim. Me da raiva só de lembrar dele!

O terror não tem fim: Whistleblower
Logo depois do lançamento do jogo base, o sucesso foi tanto, que a Red Barrels acabou lançando uma DLC em 06/05/14 chamada Whistleblower.
Nela, nós jogamos como Waylon Park, um engenheiro que trabalhava no sanatório, e foi quem enviou o e-mail para Miles. E sim, a DLC se passa duas horas antes do jogo base.
É impossível eu entrar em detalhes sobre a trama sem dar spoiler da campanha principal. Portanto, vou só dizer que Waylon se viu no meio de um surto no sanatório (o surto que o Miles acabou presenciando o final), e o nosso objetivo é escapar. Aqui, o jogo mantém a mesma linha, e não traz nada de realmente novo.
Entretanto, Whistleblower é mais violento, e possui um perseguidor mais perturbador do que o jogo base. É aquela coisa, se você gostou da primeira parte, é certeza que a DLC vai te agradar bastante! Fora que, ela amplia a lore, contando eventos até dos anos 50. Realmente é uma expansão indispensável.

Conclusão
Em síntese, Outlast é um jogo bem direto. O foco dele é te colocar em uma atmosfera tensa, sem poder se defender, e ver até onde seu psicológico aguenta. Com gráficos bem feitos, uma ambientação com detalhes chocantes, e um trabalho de som de dar inveja em muito jogo grande por aí, ele chegou para mostrar como fazer um jogo de terror que realmente dá medo.
É realmente um deleite para os amantes de terror, e eu não aconselho que pessoas sensíveis joguem esse jogo e nem aquelas que querem começar a jogar coisas do gênero. Por favor, não comecem com Outlast, se quiserem continuar a ter um sono tranquilo à noite.