Imp of The Sun não é o jogo mais inovador que joguei esse ano, mas ainda assim se provou muito divertido.
Com o “boom” dos indies que estamos vivendo já há alguns anos, tivemos também a ascensão de alguns gêneros e subgêneros.
Sejam os RPG mais alternativos, com assuntos mais soturnos ou filosóficos como saúde mental, sejam os jogos multiplayer de baixo orçamento, constantemente lançados para mobile ou Steam e prendem a atenção dos mais novos.
Um dos gêneros em questão é o tão amado pelos fãs, Metroidvania.
O nome criado pela comunidade, faz referência aos dois jogos de maior influência, e considerados “pais” deste subgênero.
Ser um Metroidvania consiste em ter uma estrutura labiríntica e não linear, além utilizar elementos de plataforma 2D, por exemplo.
Outras características envolvem a necessidade de Backtracking, o que significa retornar a lugares que o jogador já visitou, e o desbloqueio de habilidades que ajudam na exploração.
Seja através dos títulos pais, de Hollow Knight, Dead Cells, Ori ou vários outros, imagino que a maioria dos leitores já conheça o termo Metroidvania.
Ainda assim, considero bastante pertinente contextualizar, já que conforme a minha visão, Imp of The Sun é justamente uma simplificação do gênero.
Ele foi desenvolvido pela SunWolf Entertainment, e publicado pela Fireshine Games. Foi lançado no dia 24 de março de 2022 para Nintendo Switch, Pc (Steam ou Epic) , Playstation e Xbox.
A ambição do pequeno diabrete
Bem, afinal do que se trata Imp of The Sun?
O jogo é, como já citado, um Metroidvania com inspiração direta no folclore e na estética do Peru, pais da América do sul.
Isso por si só já conquistou minha atenção logo no primeiro momento.
O jogo conta com uma belíssima arte feita a mão e traz lindos designs de personagens com vestes típicas dos Andes.
Além disso, contamos até mesmo com uma Lhama, animal típico desses locais.
Os templos que exploramos também estão de acordo com a estética das ruínas Incas originarias desses povos.
Fora toda essa estética cativante, Imp of The Sun ainda demonstra ser um Metroidvania bastante diferente do normal.
Level Design em Imp of The Sun
Embora não seja tão óbvio quanto uma fase de New Super Mario Bros, a maioria das áreas de Imp Of the Sun trata com relativa clareza os caminhos que o jogador deve seguir dentro de cada área.
Ou seja, o design de cada uma das quatro áreas de Imp of The Sun é bem menos labiríntico que a maioria dos Metroidvanias.
O que, para mim, foi uma agradável surpresa. Eu sei que a maioria dos fãs do gênero gosta da sensação de estar perdido, mas eu não posso dizer ser algo que eu aprecio.
Ainda assim, o jogo possui diversos puzzles e a necessidade de Backtracking para conquistar os coletáveis, poderes e experiência do jogo.
O jogo possuí, como dito anteriormente, 4 áreas principais, cada uma com seu chefe e semi-chefe.
Ao final delas, o jogador é recompensado com um novo poder que amplia suas capacidades de exploração, como um avanço no ar ou poder escalar paredes.
Isso torna bem única a experiência de cada jogador, já que você pode optar por começar em qualquer um dos locais, o que reflete em quais melhorias você obterá primeiro.
Você pode até mesmo coletar todas as melhorias antes de enfrentar qualquer chefe, já que pode entrar e sair de cada um dos caminhos a hora que quiser.
E isso se torna bastante simples graças ao sistema de viagem rápida do jogo.
Por isso, embora o level design não seja confuso no “micro” ele apresenta varias opções de rotas ao jogador, bem como necessidade de backtracking.
Combate e movimentação
Além das melhorias de exploração que o jogador receberá, existem também habilidades supremas adquiridas depois de cada chefe.
Cada um tem sua própria habilidade. Algumas são focadas em utilidade e garantem ao jogador a capacidade de imobilizar inimigos, enquanto outras ajudam na parte mais prática facilitando a destruição de hordas.
O combate é bem simples, o diabrete possui um combo no ar e outro no chão que vão se fortalecendo com o passar do jogo.
Além disso, o jogador deve coletar pontos abatendo inimigos e ao coletar itens que podem ser trocados para subir de nível.
Quando o jogador sobe de nível ele pode escolher entre três status para melhorar.
O primeiro e mais simples é a vida, ao aumentar o jogador irá receber um ponto de vida extra, sendo que no início possui apenas dois.
O segundo é a barra de sol, que serve como uma espécie de mana para algumas habilidades do diabrete, além de poder também se regenerar através dela.
Essa mecânica lembra Ori, e para encher essa barra o jogador deve estar em algum lugar iluminado.
Com a iluminação natural, a barra enche lentamente, enquanto com a tocha ela fica cheia enquanto na área de ação.
As Gimmicks e habilidades casam bem com as lutas dos chefes e a exploração de seus domínios, tornando Imp of The Sun uma aventura bem dinâmica e intuitiva.
Isso também vale para a movimentação básica do personagem, cuja movimentação é bastante fluída e dinâmica, apesar de não tão precisa.
A velocidade dos movimentos é algo que casa bem com meu estilo de jogo e tornou essa aventura ainda mais interessante para mim.
A mitologia e a arte
Um grande ponto forte desse jogo é sua carismática arte feita a mão, que tornam os movimentos do diabrete agradáveis.
Existe bastante cuidado também na questão de retratar a mitologia através de seus gráficos.
Como, por exemplo, nas planícies do deserto, uma das quatro áreas do jogo, aonde podemos ver as linhas de nazca ao fundo.
Alguns outros detalhes acurados, como a lore do jogo ser contada através de Quipos, um objeto feito de pelo de lhama capaz de registrar informações no império Inca, engrandecem ainda mais a experiência.
A trilha sonora do jogo carrega uma energética sensação de aventura que brilha durante toda a experiência.
Ainda assim, existem alguns problemas nessa questão de áudio do jogo, já que ele trava periodicamente, principalmente em seções cheias de efeitos sonoros.
Tanto que o áudio travou diversas vezes durante as batalhas de alguns chefes, cortando o clima do momento.
Mas fora esse problema técnico, que espero que os desenvolvedores resolvam em breve, a direção de arte do jogo é impecável.
A luz do sol que revigora
Por fim, Imp of the Sun foi uma experiência extremamente divertida para mim.
A proposta de ser uma espécie de Metroidvania simplificado funcionou muito bem comigo.
É uma experiência excelente para iniciantes no gênero bem como para veteranos que querem uma aventura rápida.
O jogo ainda conta com um sistema de conquistas interno, mesmo no Nintendo Switch.
Isso expande o fator replay e as possibilidades para o jogador.
Após finalizar o jogo, você recebe o acesso a um New Game+ que dificulta a aventura.
Ou ainda pode passar novamente os chefes das zonas com contadores de tempo ou explorar qualquer área para completar os colecionáveis ou Quipos que deixou passar pelo caminho.
Por fim esse jogo se provou uma aventura dinâmica completa e cativante.
Embora tenha tido pequenos problemas técnicos pelo caminho, foi uma experiência divertida do começo ao fim.
*Chave cedida para análise