Introdução
Uma mistura de Crash Bandicoot e Spyro, Kao The Kangaroo é um charmoso platformer 3D com um belo visual e personagens carismáticos, mas cuja jogabilidade não alcança o nível de suas inspirações.
Desenvolvido e publicado pela Tate Multimedia, Kao The Kangaroo foi lançado no dia 27 de maio de 2022 para Xbox, PC, Playstation e Nintendo Switch.
Antes do anúncio deste jogo, eu nunca tinha ouvido falar em Kao (pronunciado como K.O.), porém este é um personagem bem antigo, com o primeiro jogo sendo lançado no ano 2000 para PC e Dreamcast. No entanto, ele teve apenas 4 jogos, com o último saindo em 2005. E agora, 17 anos depois, o personagem é ressuscitado neste remake, em uma aventura divertida para toda a família.
O Canguru Boxeador
Esta história começa com o nosso protagonista tendo um pesadelo sobre sua irmã. Ela nunca mais deu notícias desde que deixou a ilha natal de sua família para procurar seu pai, desaparecido depois de partir em uma missão para derrotar um ser maligno.
Ao acordar, Kao vê uma visão de sua irmã, que o guia pela floresta até um local escondido. Lá, ele descobre um baú que guardava as luvas mágicas de seu pai. Estas luvas dão poder a Kao, mas também são “possuídas” por um misterioso espírito, que se oferece para ajudar Kao a encontrar seu pai e irmã desaparecidos.
Com a ajuda destas luvas, e do seu professor de artes marciais, Kao irá viajar pelo mundo, enfrentando diversos perigos, destruindo cristais malignos, e chegando cada vez mais perto de resolver o mistério do que aconteceu com sua família.
Uma Aventura Confortável
Se fosse para resumir o jogo de Kao: The Kangaroo em uma palavra, eu diria que esta palavra é “competente”. Isto é, seu visual e jogabilidade são bem-feitos, mas não trazem nenhuma surpresa, com os desafios e design das fases sendo parecidos com algo que você certamente já jogou. Dito isso, não estou desmerecendo o jogo de nenhuma forma, já que ele é divertido, e uma aventura bastante relaxante.
A estrutura do jogo é simples. Iniciamos nossa aventura em um mapa aberto, na ilha natal de nosso herói. Aqui não há inimigos, mas há muitos colecionáveis para encontrar. Dentre eles, temos as moedas, diamantes, runas e letras que formam o nome dele, Kao. Com exceção das moedas, os colecionáveis servem para aqueles jogadores que gostam de fazer 100% das fases, mas não tem muita utilidade fora o complecionismo. As runas também servem para abrir os portais para as diferentes fases do jogo. Enquanto isso, usamos as moedas para comprar roupinhas e mais corações para o personagem.
O jogo é dividido em 4 mundos, cada um com uma temática. Passamos por selvas, ilhas, montanhas de gelo, e até estranhos circos em ilhas flutuantes no céu. Em cada mundo, visitamos as fases coletando runas o suficiente para abrir a porta do chefão, para derrotá-lo e seguir para o próximo mundo.
Se aventurando por aí
O objetivo em cada fase é apenas chegar no final, encontrando o máximo de colecionáveis possível. O design destas fases é um meio-termo entre linear e aberto. Isto é, apesar de ter apenas um caminho para chegar no final, podemos explorar cada canto do cenário para encontrar os itens escondidos. Além disso, há muitas caixas para quebrar e coletar as moedas de dentro.
Os desafios que encontramos são bem variados, e já clássicos de jogos de plataforma. Temos a fase de lava, com plataformas que se movem e não podemos cair. Há a fase onde devemos fugir de um gorila gigante, rolando em cima de um barril enorme. Já na fase de neve, descemos escorregando por uma grande rampa de gelo, evitando os buracos e desviando das estalactites que caem do teto da caverna. Em outros lugares, temos de nos pendurar em ganchos para balançar e chegar do outro lado, escalar paredes, e nos pendurar no teto acima de abismos sem fim.
Fora os perigos do cenário, as fases também são cheias de inimigos, que Kao combate usando suas luvas. O combate é bastante simples, onde temos apenas um combo com o botão de ataque e um botão de esquiva. Fora isso, o personagem também pode carregar um especial que dá dano em área, o que derrota quase todos os inimigos com um golpe só.
Os chefões já são mais elaborados, com suas batalhas tendo múltiplos estágios. Geralmente, eles envolvem resolver algum tipo de “puzzle” para nocauteá-los e poder atacar. Este puzzle muda em cada estágio da luta, o que deixa as coisas mais interessantes. Porém, não espere um grande desafio, já que seus ataques são bem fáceis de desviar, e sempre tem corações espalhados pela arena.
É competente
Como eu disse, é um jogo competente. As fases são bem variadas, com uma quantidade boa de desafios que não se tornam monótonas. Além disso, o visual do jogo e o design dos personagens é bem bonito, especialmente do protagonista. Kao tem carisma suficiente para se tornar um personagem bem conhecido, caso os desenvolvedores invistam em continuações desta aventura.
Porém, há algumas coisas que atrapalham no jogo. Mesmo com o design bonito, as animações são bem simples, tendo poucos detalhes. Coletar os colecionáveis, por exemplo, faz o personagem pular na tela e tocar uma musiquinha de comemoração. São poucos segundos, mas que deveriam trazer uma sensação de “vitória” por encontrá-los. No entanto, falta uma certa energia nesta comemoração, algo que se repete no resto do jogo.
Essa falta de energia fica ainda mais evidente com a trilha sonora, que nos melhores momentos é apenas OK, mas nos piores é irritante. Em especial, todos os chefões têm a mesma música, uma das piores do jogo, já que fica em curto loop de alguns segundos, que cansa muito rápido. Dessa forma, sendo mais um detalhe ruim em um jogo que tem um bom potencial.
Conclusão
Kao The Kangaroo é um jogo divertido, que deixa claro as suas inspirações, mas que ainda precisa melhorar bastante antes de alcançar seus ídolos.
Apesar do bom design de personagens e mundos, as animações são bem simples e não refletem bem a energia que esta aventura deveria ter. Uma trilha sonora fraca também atrapalha a experiência, especialmente nas lutas contra os chefões, onde uma música boa faz toda a diferença.
Portanto, mesmo com desafios de plataforma sólidos, e bons cenários, Kao The Kangaroo não supera a marca de apenas um jogo OK. Mesmo assim, ele chama a atenção por quão colorido e charmoso é, e curto o suficiente para valer à pena conferir. A baixa dificuldade do jogo o torna perfeito para crianças, que certamente vão se deliciar com esta pequena aventura.
*Chave cedida para análise