Introdução
Maglam Lord é um JRPG que tem a proposta de levar os jogadores em uma aventura com escolhas e romance. O protagonista é um Demon Lord que precisa restaurar o seu poder e para isto ele deve realizar diversas tarefas no mundo e ao mesmo tempo, construir fortes relações com os personagens. Portanto, em um primeiro momento, temos a impressão que o grande foco do título será em batalhas e progressão de personagem, pois, de acordo com a narrativa, devemos tornar o protagonista mais forte. Entretanto, não é bem isso o fator principal. Para saber mais sobre isto, me acompanhe em mais uma análise do Garota no Controle.
Maglam Lord foi desenvolvido pela FELISTELLA inc. e lançado no dia 4 de fevereiro para PlayStation 4 e Nintendo Switch. Além disso, uma versão para PC, via Steam será lançado no dia 30 de maio.
Assumindo o controle do Demon Lord
Quando Maglam Lord começa temos uma curta cinemática introduzindo alguns dos acontecimentos daquele mundo, que basicamente se no Demon Lord, o protagonista, perdendo o seu poder e agora temos que reconquista-lo. O game não se esforça muito para elaborar uma narrativa coerente e que irá intrigar o jogador. Inicialmente, pensei que este fator estaria presente apenas no início e a história seria desenvolvida ao decorrer do tempo. Entretanto, este elemento acaba sendo o primeiro dos muitos fatores que deixa a desejar no jogo. Pois, a obra não desenvolve o storytelling coesamente e de maneira interessante, preferindo focar mais no desenvolvimento dos personagens e nas suas relações. Portanto, falarei mais sobre isto adiante.
Após está introdução que não explica muita coisa sobre a história, podemos escolher entre jogar com um personagem feminino ou masculino. Em seguida, a narrativa começa de verdade, chegamos ao nosso lar e conhecemos nossa serva e um companheiro. Eles nos explicam o básico do funcionamento daquele mundo e que para reconquistarmos nosso poder, devemos cooperar com o governo daquele mundo e realizar tarefas. A maioria delas incluem apenas matarmos monstros para obtermos recursos e recompensas. Logo, devemos iniciar nossa missão, estabelecer relações pelo caminho e recuperar nosso poder.

Esta forma rasa de apresentar a história prejudica demais a experiência no game. Pois, o título precisa que os jogadores se importem com os outros personagens, entretanto, como podemos ligar para os NPCs e as suas histórias se não sabemos o contexto do mundo que eles vivem? Logo, fica evidente que a falta minima de profundidade na apresentação deste universo acaba tornando ele pouco crível e nem um pouco interessante.
Estabelecendo relações
Como foi dito anteriormente, a principal proposta de Maglam Lord é que os jogadores estabeleçam relações românticas com outros personagens. Pois, ao fazermos isto, aumentamos nossa reputação e influência naquele mundo. Entretanto, o game acaba não entregando uma experiência boa neste aspecto. Pois, as relações que estabeleceremos com outros personagens acabam sendo rasas e pouco interessantes. Portanto, funciona da seguinte maneira, nos segmentos que não estamos em combate, o jogo adota o formato de visual novel. Logo, temos diálogos com vários personagens e podemos fazer algumas escolhas.
Escolhas com consequências, mas personagens pouco desenvolvidos
A maioria das nossas escolhas terão consequências no relacionamento do protagonista com os NPCs. Assim sendo, o game apresenta símbolos em cada uma das opções de falas, mostrando o sentimento que aquela sentença causará no outro personagem. Logo, podemos assumir uma personalidade mais engraçada, agressiva e até mesmo romântica. O acumulo destas escolhas irá determinar o rumo das nossas relações com os personagens, que podem ou não se tornar românticas, mesmo que a intenção do jogo é que tenhamos romances. Este acaba sendo um aspecto que me incomodou inclusive. Pois, as conversas no game muitas vezes não soam reais ou convincentes, justamento porque parece que a todo momento existe um clima sendo forçado.

Isto faz com que os personagens em si se tornem menos interessantes. Pois, sempre existe no canto da nossa mente aquele pensamento de “ah, olha só, o jogo tá forçando a barra pra romance”, e isso acaba me tirando completamento da história. Outro fator que não ajuda, é os personagens serem desinteressantes. As conversas normalmente envolvem falarmos sobre uma missão ou algum hobby secreto que eles possuem e dai pra frente se desenvolve um clima de romance. Entretanto, Maglam Lord não faz um bom trabalho dando personalidade aos personagens, o que os torna simplesmente caricatos e nem um pouco relacionáveis. Situação está que acaba sendo extremamente frustrante em um jogo que o foco deveria ser o namoro.
Uma exploração repetitiva e pouco inspirada
Maglam Lord apresenta uma jogabilidade clássica de JRPG. Logo, nos momentos que não estamos em dialogos, podemos explorar pequenos cenários em busca de itens e enfrentar inimigos. Nestes segmentos, o jogo assume a perspectiva em 3D e logo fica evidente mais um grande problema. A gameplay é extremamente limitada e repetitiva. Assim sendo, ao decorrer do título estaremos sempre andando em locais que incluem florestas, cidades e fabricas e todos eles são extremamente limitados. Não existe o sentimento de liberdade aqui, mesmo que o jogo até tente introduzir isto por meio do tutorial. Além de ser a problemática, a exploração não oferece recompensas que incentivam os jogadores a explorem estes locais. Claro, podemos usar estes recursos para construir novas armas e armaduras, entretanto, isto nos leva para outro grande problema.
O combate do jogo é quebrado
O combate não funciona como deveria. Ao explorarmos o mundo desinteressante do game, iremos nos deparar com algumas criaturas. O game trabalha por meio de contratos, estão matar alguns destes inimigos irá gerar recompensas. Além disso, também podemos levar alguns dos personagens que nos relacionamos nestas aventuras e podemos assumir o controle deles. Isto acaba deixando o título minimamente variado.
Quando um combate se inicia, o jogo assume uma perspectiva 2D. Logo, devemos atacar os inimigos usando golpes de espadas, machados e martelos até que todos eles sejam derrotados. E aqui está a maioria dos grandes problemas de Maglam Lord. Tudo ao redor deste sistema não funciona direito. Quando um confronto se inicia, os frames parece que apanham junto com os personagens, porque a cada golpe que damos ou recebemos existem quedas de FPS que tornam a experiencia extremamente frustrante. Além disso, os nossos golpes não funcionam direito e muitas vezes passam reto nos vilões.

A perspectiva em 2D também é outro fator que não funciona. Pois, o personagem possui movimentos que são fluidos, entretanto, isto é extremante limitado pela perspectiva. A impressão que tenho, é que este combate foi feito para ser introduzido em cenários 3D, porém, os desenvolvedores mudaram de ideia no meio do caminho. Como se já não bastasse termos um combate que não cativa, o game constante força os jogadores a farmarem infinitas vezes nestes cenários para craftarmos equipamentos mais fortes. Pois, só assim poderemos derrotar um chefe e avançar na história.
Trilha Sonora
O game apresenta uma boa variação de trilhas que se adaptam dependendo da situação na qual o protagonista se encontra. Durante os segmentos visual novel, em que o foco são as conversas, temos faixas mais calmas e que ajudam a mantermos o foco nos diálogos em questão. Entretanto, nos combates as músicas se destacam por terem ritmos mais épicos. Elas são tão boas, que concluo que se a jogabilidade não fosse problemática, a trilha com certeza deixaria os jogadores com um sentimento de apreciação durante estes momentos.
Gráfico e desempenho
Em relação aos gráficos, existem dois estilos para se avaliar. Primeiro, temos o visual durante os segmentos de visual novel. O jogo faz um bom trabalho nestes trechos, apresentando cenários interessantes e personagens que possuem expressão e irão reagir dependendo das nossas escolhas de dialogos. Agora, o gráfico durante os momentos de exploração e combate deixa muito a desejar. Os visuais sofrem um downgrade muito grande, com texturas de baixa resolução, delays de render e personagens com visuais repetitivos.
Falando nisso, minha experiência foi no PlayStation 4. E olha, ela foi muito frustrante na maior parte do tempo. Além dos problemas de história e jogabilidade, o que mais incomoda são os travamentos durante os combates. O game simplesmente decide funcionar em câmera lenta de uma forma que prejudica o gameplay e a experiência do jogador. Entretanto, nos momentos de visual novel, o jogo funcionou como deveria.
Conclusão
Maglam Lord é um game que apresenta uma boa proposta, entretanto, acaba decepcionando em quase todos os aspectos. O jogo não entrega uma boa experiencia de date, sendo que os personagens que interagimos e nos relacionamos se mostram pouco interessantes. Além disso, a narrativa contribui com este pouco aprofundamento das relações, ao não estabelecer de forma adequada o mundo que estamos inseridos.
O combate e a jogabilidade de exploração são os aspectos que mais tornam o título frustrante. Pois, temos uma jornada que não estimula a exploração dos cenários e as recompensas que iremos adquirir simplesmente não valem a pena. O game infelizmente, força os players a estarem constantemente em um loop de confrontos, pois, está é a única forma de evoluirmos no jogo. Por fim, Maglam Lord é uma obra que tinha tudo para ser um bom título, entretanto, acaba sendo uma experiência esquecível graças aos inúmeros problemas.
*Chave cedida para análise no PlayStation 4