Introdução
Uma continuação digna de seu legado, Rogue Legacy 2 é o tipo de continuação que melhora tudo aquilo que já era bom, corrige o que tinha de errado, e ainda acrescenta novas ideias.
Desenvolvido e publicado pela Cellar Door Games, Rogue Legacy 2 foi lançado no dia 28 de abril de 2022 para PC e Xbox.
Um Novo Legado
Fazer a continuação de um jogo é um processo difícil, que envolve a tomada de muitas decisões. Dentre elas, é preciso escolher que elementos do jogo antigo vão ficar, o que vai ser alterado ou removido, e como realmente criar algo novo, mas familiar para os fãs. Em especial, é preciso identificar aquilo que os jogadores gostaram e o que não.
Estas decisões são mais difíceis de se tomar do que parece, já que não existe uma resposta correta. Às vezes, uma continuação que supera o original segue por um caminho completamente diferente do anterior, enquanto outras apenas entregaram aquilo que os jogadores já conheciam, mas melhor.
Portal 2, por exemplo, expandiu tanto o mundo e jogabilidade do primeiro jogo, que fez este parecer apenas uma Demo, e a continuação o jogo real. Algo parecido aconteceu em Assassin’s Creed 2, melhorando muito a base que o primeiro construiu. Já The Last Of Us 2 não fugiu tanto assim da estrutura do primeiro jogo, mas se aprofundou ainda mais na narrativa e mundo, entregando uma experiência bem semelhante ao primeiro.

Rogue Legacy 2 segue o mesmo caminho de Portal. Esta continuação é simplesmente melhor em todos os aspectos, quando comparado com o primeiro. A arte está mais limpa e variada, os monstros são muito mais interessantes de lutar, o mapa é mais variado e divertido de explorar, e a sensação de jogar este é tão melhor, que há poucos motivos para voltar a o primeiro jogo, que já era excelente.
Dado a temática do jogo, de uma nova geração herdar o crescimento obtido pela anterior, então faz sentido que a segunda geração de Rogue Legacy use os triunfos da anterior para alçar novas conquistas.
Uma aventura em Família
Rogue Legacy 2 é um jogo que mistura Rogue-lite com Metroidvania. Dessa combinação, nós temos um mundo gerado proceduralmente, onde o layout muda em cada nova partida, e um sistema de perma-death, onde devemos começar um novo personagem toda vez que morremos. No entanto, por ser um Rogue-LITE, e não um Rogue-LIKE, não vamos começar completamente do zero, carregando muitos upgrades entre os personagens.

A ideia principal do jogo, e dá nome a ele, é que controlamos os membros de uma mesma família, gerando uma linha de descendentes, cujo objetivo de vida é conquistar o Castelo e derrotar os Lordes que ali moram. Estes descendentes herdarão o castelo da família, que serve também como árvore de habilidades. Assim, o poder de um personagem depende dos esforços acumulados pela família, desde os tempos de seu “tatara-tatara- …..- tatara-vô”.
O grande diferencial de Rogue Legacy, já estabelecido no primeiro jogo, é a forma como os desenvolvedores encontraram para tornar cada personagem único. Pois, antes de começar uma partida, você deve escolher o seu novo herdeiro. Estes são gerados aleatoriamente com classes e magias diferentes, além de vir com alguma condição única. Algumas são inspiradas em deficiências do mundo real, enquanto outras são bem fantasiosas. Por exemplo, o personagem pode ter como característica o ataque de pânico, que escurece a tela por 2 segundos sempre que ele tomar dano. Ou então, ele pode ter Síndrome de Diva, em que um holofote está sempre em cima de seu personagem, escurecendo o resto do cenário. Mas ele também pode ser vegano, e tomar dano se comer items de cura que envolvam carne.
Mas, calma, que apesar dos pontos negativos, estas características também aumentam o ouro que recebemos, trazendo assim uma escolha entre risco e recompensa a cada novo personagem.
As Muitas Melhorias
Para aqueles que gostam de evoluir personagens, e ver os números na tela ficando cada vez maiores, então Rogue Legacy 2 é um prato cheio.
Ao explorar o grande castelo, vamos nos deparar com muitos inimigos e tesouros pelo caminho. Estes, nos darão dinheiro e pontos de experiência, usados para melhorar nossos descendentes. Com o dinheiro, podemos evoluir nosso castelo, com cada cômodo representando um status para melhorar. Portanto, podemos melhorar a vida, o ataque, defesa, liberar novas classes e novos comerciantes, tudo fazendo reformas no castelo.
Já os pontos de experiência evoluem a classe atual do personagem, que a cada level melhora algum aspecto geral das outras classes. Pegar nível com o cavaleiro, por exemplo, aumenta o tanto de peso das armaduras que você pode vestir, enquanto o bárbaro aumenta a vida máxima. Ainda podemos encontrar esquemas para criar armas, armaduras e runas com os comerciantes que vivem perto do castelo.

Eventualmente, também liberamos os desafios dos traumas, onde temos um cenário fechado para cumprir algum desafio, como derrotar uma onde inimigos o mais rápido possível, ou derrotar dois chefes ao mesmo tempo. Estes também dão melhorias ao nosso castelo como recompensa de conseguir os troféus.
Dessa forma, conseguimos melhorar a nossa família um pouquinho em cada nova partida. Isso é bom, pois dá aquela sensação de constante evolução, e ajuda a facilitar um pouco esta difícil aventura.
Uma Continuação Superior em Tudo
A primeira coisa que percebemos, é a mudança no visual do jogo. Enquanto o primeiro era um Pixel Art, Rogue Legacy 2 já traz um visual cartunesco, e bem mais agradável de se admirar. Essas mudanças visuais também são levadas ao próprio cenário, que está bem mais elaborado. Cada região agora tem uma temática única e fácil de identificar. Enquanto começamos nos corredores de pedra da Cidadela Agartha, logo encontramos o vilarejo alagado de Axis-Mundi, servindo de ligação para gelado do Platô Kerguelen e a tempestuosa Torre do Sol.
Os monstros são bastante variados, tanto no visual, quanto no seu combate. Mesmo em criaturas que mudam apenas a cor no visual, como é o caso de alguns magos que voam, os seus ataques variam o suficiente para seu nível de ameaça ser bem diferente.
Quanto às classes e habilidades dos personagens, a seleção está bem maior agora, e temos à disposição algumas classes bem curiosas. Podemos jogar como os já clássicos Cavaleiro, Bárbaro, Mago e Arqueiro, mas também temos classes bem diferentes, como o Boxeador, Chef e o Bardo.

O Bardo em especial, é uma classe tão diferente do normal, que é digna de nota. Pois, a sua arma principal é um Violão que dispara notas musicais no ar, que dão um pequeno dano nos inimigos que encostarem. Porém, para realmente causar dano com esta classe, é preciso pular e quicar nestas notas musicais, para liberar uma pequena explosão. Dessa forma, o Bardo tem de ficar pulando entre as notas, como se estivesse dançando no ar. Em termo de dano, esta é uma das piores classes de se jogar, e ainda é a mais difícil. No entanto, é tão divertida e diferente, que me vi escolhendo ela, mesmo sabendo que seria menos eficiente.
Conclusão
Rogue Legacy 2 é a continuação perfeita. Ela expande tudo aquilo que já era bom do original, e melhora aquilo que não era tão bom. No caso, ele melhorou muito o combate e a variedade de classes, tornando elas únicas, e conseguiu repaginar o visual de uma forma que deixou muito melhor. A jogabilidade básica ainda está lá, de explorar o castelo em busca de tesouros e enfrentar monstros, até a inevitável morte de seu personagem. Mas estão muito melhor, que torna a experiência muito superior.
Assim, o seu loop de evoluir, morrer e começar denovo com um novo herdeiro, é bastante viciante. A sensação de evolução é muito boa, graças em boa parte à forma como nosso castelo se expande ao construir novos cômodos e liberar novas habilidades para nossos personagens.
O sistema de traços ajuda a deixar cada nova partida única, adicionando efeitos que podem ajudar ou atrapalhar esta nova partida, mas que certamente torna ela diferente das anteriores.
Finalmente, Rogue Legacy 2 continua o legado de uma forma perfeita, usando aquilo que seu antecessor construiu, e alcançando novas alturas e feitos.
*Chave cedida para análise no PC